Minha
cidade
Tinha o hálito
de uma vila
Calma
O trem
demorava passar
E chegar à
estação
As ruas iam
devagar
Devagar trafegam
os velocípedes
Vai à
menina pro grupo escolar
Horizontal na
travessa um jipe
As ruas nem
tinham mãos
Nem quilômetros
Nem contramãos
Eram
floridas de flamboyant
Frutificadas
de mangueiras
Flores selvagens
nas beiras
Das calçadas
descalças
Nas íngremes
ladeiras
Pontes de
madeiras
Ligavam os
horizontes
Outra de
aço inglês
Atravessa o
igarapé esverdeado
De vitórias
– régias
E aguapés
transbordados
Nas ruas
azuis
Voavam pássaros
em arribação
Nuvens brancas
Pedaços de
sonetos
Descalços curumins
Papagaios descaiam
nos céus
Sedas em
talas de buritis
Calçadas de
flores selvagens
Caladas ruas
Sem semáforos
Cruzamentos
digitais
Iluminados sinais
Mas minha
cidade criou tentáculos
E caminhou
rapidamente por avenidas
Sufocadas
Agora repletas
de prédios altos
Que não lhe
deixam respirar
Nem deslumbrar
o horizonte
Nem as
estrelas
E o luar
Calçadas com
vitrines iluminadas
Latas de
lixos ocidentais
Transversais
com tempos marcados
Muros pichados
Veículos com
taquicardias
Narinas descargas
carbonizadas
Transeuntes
apressados
Sem poesias
do Vespasiano Ramos
E Bolívar
Minha cidade
aprendeu escrever
Versos concretos
Marginais
Para atravessar
os córregos
Afogados
E a pós-modernidades
digitais...
Luiz Alfredo - poeta
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