O girassol faz nascer
Das suas entranhas
Sementes
Filamentos carentes
De Sol
Das suas tripas ofegantes
Do seu ovário
Ardentes
Emolientes dialéticas
Incomensuráveis grãos
Que o tempo debulha
Nos seus dentes
Depura nos seus hálitos
Apura no seu moinho
De luzes
Que se expõem ao sol
Com suas pétalas amareladas
Para fazer-se cair ao solo
E encher os campos
As roças
Os jardins
Os bulevares
As lavouras
De girassóis famintos
De luz
É determinação do girassol
Ontologia de suas raízes
Metafísica das cores
Da aurora
Dos quadros de Van Gogh
Lágrimas das enxadas
Calos nas mãos
Braços abertos dos espantalhos
Que acaricia as sementes semimortas
Vigia suas almas
Não deixa o corvo comer
Os brotos
Enxuga suas pálpebras
Das tempestades
Cata Nuvens de cata – ventos
Acaricia a terra com amor
E pensa e faz versos
Como Tagore
E pensa a Deus como Santo
Agostinho
Dos belos Salmos
O poeta Salomão
Que fez dos provérbios
Profundos poemas
Conselhos
Que nos faz olhar no espelho
E olhar para os campos
Amarelos de girassol
É anseio dos girassóis
Encher de amarelo
Os olhares
A vida
As pupilas das janelas
Os sulcos dos campos
O balido das ovelhas
Luiz Alfredo - poeta