segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Micro-micro-curtas

- Feedback final no estágio foi ótimo. Meu chefe falou que foi um prazer trabalhar comigo, e uma outra chefe falou que admirou demais a minha coragem de vir do Brasil e trabalhar em alemao numa empresa alema. Ok, no Brasil isso seriam como elogios rasga-seda, mas estamos na Alemanha, onde sempre se é 200% sincero sobre tudo. Ou seja, eles realmente ficaram satisfeitos com o meu trabalho. :D

- Depois de me pintar praticamente todo - no final, tinha tinta até no meu cabelo - consegui terminar  a pintura do quarto razoavelmente bem. Claro, o povo daquela residencia estudantil é um bando de malas, e o zelador no último minuto do segundo tempo encrencou com a prateleira da geladeira que tinha uma embalagem de azeite. Mas no final deu tudo certo, e consegui enfrentar a administradora-schlampe com bastante dignidade.

- No último dia de trabalho na Alemanha, advinha o que voce tem que fazer? Sim, levar bolo que voce fez em casa para os seus amiguinhos. Claro, eu trouxe pao-de-queijo e... guaraná (garrafa de 1,5l por 3,5€. No comments), comprei ainda alguns chocolates e fiz algo até muito bem organizado. Fotos mais tarde.

domingo, 29 de novembro de 2009

Das Beginnen des Endes


Falta de posts devido a programacao intensa do final de semana. Fazendo toda a mudanca de volta para a casa do meu amigo alemao, me despedindo dos meus amigos hamburgueses antes do meu tour pela Europa, saindo com os amigos pela cidade, e aproveitando a cidade enquanto posso.

E agora, olhando para o meu quarto semi-vazio (que parece ter sido atingido por um furacão F5), eu compreendi de forma clara o que está acontecendo. A minha viagem está terminando. :( Sim, eu sei que eu tenho muito da Europa pela frente... mas me restam somente 8 dias de Hamburgo pela frente, entre idas e chegadas de viagens. 8 dias. 8 dias para me despedir dessa cidade cinza, fria e escura que eu aprendi a amar, que eu conheci tao bem, na qual eu fui tao incrivelmente feliz, e tao incrivelmente triste. O primeiro lugar do mundo fora do Brasil que eu conheci. E eu que pensava que teria ainda muito tempo pela frente para conhecer ainda mais. E agora, só 8 dias em Hamburgo, e depois, casa de novo.

Quando eu cheguei nesse quarto, em Agosto, eu lembro que a primeira coisa que eu fiz assim que entrei foi deitar na cama, olhar para o teto e pensar "Que porra eu estou fazendo aqui?". Eu tinha acabado de chegar de Londres, todo o furacao que me desvastou ao final da história com o FDP germanico tinha acabado de passar, todos os meus amigos do Erasmus do semestre de verao tinham ido embora para as suas casas, e eu estava sozinho. Sem amigos, num apartamento completamente novo e estranho, completamente fudido emocionalmente e sem nenhum amigo por perto para pedir ajuda. E eu nunca odiei tanto estar em Hamburgo.

Mas aí eu conheci novos amigos. E comecei a jogar volleyball toda quarta e conheci novas pessoas. E os meus amigos alemaes comecaram a se tornar ainda mais próximos. E os amigos do trabalho comecaram a me chamar para almocar junto, e para ir fazer churrasco na beira do Alster aos domingos (eu odeio churrasco). E eu fui. Puxei papo com pessoas que nao conhecia. Sorri muitas vezes quando nao queria sorrir - mas tinha que ser simpático. Fui a muitos programas de índio. Mas com o tempo, os sorrisos começaram a ser mais sinceros. E vontade de estar com essas pessoas ainda mais genuína. Até o ponto que eu percebi que tinha feito novos amigos. E que Hamburgo tinha se tornado mais uma vez a minha casa.

E eu, de alguma forma boba, achei que eu teria para sempre essa cidade, essa vida. Os metros e onibus chegando pontualmente na hora marcada na tabela de horários. Os parques e o lago Alster. Jungfernstieg, as lojas de departamento e vista mais linda da cidade (foto que está no papel de parede desse blog). As noites na Reeperbahn. E os amigos. Os amigos...

Enfim, as malas esperam por mim, o quarto ainda precisa ser limpo e pintado (merda, merda, merda). The show must go on. Amanha ainda tenho o último dia do estágio, arrumar malas para o European Tour, comecar a empacotar o que eu nao levarei nas malas para o Brasil.

E eu nao quero terminar esse post com um sentimento triste. Apesar de ser dificil para caralho, a gente nao tem que chorar pelo que passou, mas festejar a vida que está por vir. Saudades... eu já estou sentindo. :D Sangue tuga é uma merda (nostalgia e pelos demais, senso prático e racionalidade de menos hehehe). Mas, vamos dando um jeito. E seguindo em frente.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Capitalist Guilty Pleasures: Guias de Viagem

Acabai de gastar uma grana boa com guias de viagem, e claro, bateu aquela culpa financeira. Afinal, guia de viagem é aquela coisa - se voce nao compra, voce fica perdido que nem um alce on pills na cidade, nao sabe o que ve, e ao final da viagem fica com aquela sensacao que nao viu nada (= yo em Berlim); se voce compra, pensa "Eu poderia ter planejado tudo isso no Wikitravel" e economizado uma boa grana. Afinal, eu sou estudante do terceiro mundo business class, mamae contribui desde que eu cheguei aqui com 0,00€ e euro é caro - e a H&M acaba sempre levando os poucos que eu ainda tenho.

Bem, quais os guias que eu comprei? Porque?

Paris Encounter, Lonely Planet

Por que Paris?
Porque essa cidade representa os meus maiores cliches, aspiracoes e desejos com relacao ao continente europeu. Porque eu estudei frances no Pedro II (adoraaaava as aulas de frances: enquanto os alunos previsíveis que escolheram espanhol e ingles ficavam nas aulas chatérrimas de gramática, a gente ficava numa sala separada vendo muito filme frances, muita música francesa - ahhhhh, Charles Aznavour... - e muita revista de moda francesa. Resultado? Turma de 14 pessoas, 7 garotos. Chuta quantos desses passaram para o lado de cá do arco-íris mágico do Pequeno Ponei? 6.). E porque Paris é Paris, e Paris vale a pena conhecer muito a fundo (O, e como... rs).

Por que "Encounter - Lonely Planet"?
Porque esse guia vai realmente a fundo na cidade, com atracoes separadas por bairros e interesses, e ainda conta com um muito útil mapa destacável. Porque os itinerários sugeridos sao maravilhosos, e economizam neuronios naquele momento-crise "O que eu deveria visitar agora?". E porque as dicas dadas pelo guia sao realmente incríveis (quando eu saberia que existe em Paris um servico chamado Paris Greeter, onde guias parasienses caminham com um grupo de 6 pessoas por um bairro ou regiao especifica que essa pessoa conhece a fundo, de graca?!).

Quanto?

Europe Eyewitness Travel Guide, DK
Por que Europa?
Porque eu ainda tenho Frankfurt, Madrid, Roma, Pisa, Florenca, Viena, Praga, Budapeste, Cracóvia, Breslau e Zurique (ufa!) para visitar antes de voltar ao Brasil, e se eu for comprar um guia específico para cada uma dessas cidades eu terei que repensar a minha carreira profissional (=Brazilian job in Europe).

Por que "Eyewitness Travel Guide"?
Porque eu nao tenho grana para comprar um guia Encounters para cada uma dessas cidades (solucao: ir a livraria, papel e caneta na mao e escrever cada um dos itinerários que eles sugerem) e ao mesmo tempo nao quero ficar sem guia para essas cidades. Sim, eu conheco o Europe on a Shoestring da Lonely Planet, mas acho qualquer guia regional da Lonely Planet muito, muito ruim (textos demais, detalhes demais, informacoes boas de menos e eu nao quero saber agora o que se tem para fazer na Bielorússia e Macedonia). E porque eu acho que o Eyewitness Travel Guide vai ficar lindo na minha prateleira quando eu voltar ao Brasil (e quando eu nao tiver dinheiro para ir nem a Petropolis no final de semana poderei abri-lo e ver de novo todos os lugares que eu já conheci).

Quanto?
€18.90, Amazon.de

European Diet Nightmares: Tender


Tempo continua no combo chuva+vento+frio? Bateu saudade do FDP - que nao merece um segundo da sua atencao, mas que mesmo assim voce ainda nao esqueceu? Tá puto e estressado com o trabalho?

Hora de enfiar a cara no chocolate! E a minha escolha do dia: Tender. Tipo um enroladinho de bolo molhadinho, envolto em uma camada de chocolate ao leite. Tem nos sabores leite e tiramisú. Em dias normais como um só - afinal, isso deve ter zilhoes de calorias. Mas em dias como hoje, enfio dois na boca de uma vez e saio feliz. Pelo menos uma vantagem em ter um metabolismo rápido. :)

P.S.- Mein Arschloch que eu vou ficar triste pelo FDP teutonico! Agora? Non, non, non! To indo para Paris em uma semana, realizarei o sonho da minha vida (Fernando voltando a infancia: Enquanto todas as criancas diziam que queriam ir a Disney, eu sempre afirmava que queria ir a Eurodisney. Por ser em Paris, bien sur! E adoooorava um mapa de Paris que tinha das Galleries Lafayette. Sempre tive mesmo um pé no rosa... rs), tenho dois amigos franceses increibles me esperando lá. Tudo dando super certo na minha vida. E vou ficar triste agora? Triste a gente fica de vez em quando, claro. Mas dessa vez será em Paris. Pah! e nem confianca.

P.S.2- MERCI BEAUCOUP pelas dicas nos comentários! Tudo super anotado (querendo mandar mais, mandem!), e com certeza os seguirei (terei quase 10 dias em Paris, portanto, MUITO tempo).

Foda

6 meses eu tomo o mesmo onibus do trabalho para casa. 6 meses eu faco esse trajeto todo dia.

Hoje, minha última sexta-feira no estágio, decidi ir mais informal: jeans, tenis, camisa polo, casacao. Nao é o meu melhor look, mas é casual friday, e a última sexta aqui, entao nao achava que teria tanto problema.

Entro no onibus com o meu novo guia de Paris, sento numa das cadeiras (tipo aquelas do metro, com uma fileira de frente para a outra). E levanto o olhar. Quem está do outro lado? Marco. Mais conhecido como melhor (e único) amigo do FDP germanico, ex-namorado dele, e maior "suporte" do cara. Ele me reconheceu, eu tenho certeza disso, principalmente depois que um amigo portugues me ligou e falei em portugues no telefone.

O cara fingiu nao me reconhecer no trajeto, mas eu sei que ele me reconheceu.

Sai do onibus em frente a empresa, pensei em dizer "Saudacoes a X", mas a minha chefe estava no onibus também.

Pronto. Sexta-feira ficou ainda mais cinza. :/

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Puto II - O retorno

Depois de 3 estudantes me ligarem querendo pegar o quarto, eu percebi o absurdo que seria eu (estudante brasileiro fudido e mal-pago) pagar 40€ pelo erro da administradora da residencia e para uma pessoa morar no meu quarto enquanto eu estaria viajando pela Europa - ainda mais fudido de grana. 40€ é grana braracaí - é o preco de uma passagem de ida-e-volta entre Madrid e Barcelona, 40 cheeseburgueres no Mac Donalds, ou a próxima refeicao que eu jamais vou esquecer em Paris. E mesmo se fossem 4€: carajos, eu ralo para conseguir essa grana! Muito, e auf Deutsch! Trabalhei até em bar aqui (nada contra, mas aturar alemao reclamando que o colarinho da cerveja estava 0,05cm abaixo do ideal mantenando o sorriso no rosto foi PHODA), batalhei pelo estágio onde estou agora, e ralo 8h por dia em um idioma que é uma incógnita para a maioria dos habitantes do planeta. Mein Arschloch!

Liguei para o meu melhor amigo americano, perfeito nessas horas. Tudo para americano é "I will fucking sue you, bastard!", e ele abriu os meus olhos: a gente já é fudido, vem do terceiro mundo (ele tem origem mexicana, papi cruzou o deserto nas canelitas) e se mantem aqui com o suor do nosso trabalho. Tudo isso para passar mais aperto ainda na minha viagem pela Europa e levar o rótulo de latino desorganizado?! Mein Arschloch.

Liguei para o antigo-futuro locatário (estudante de direito, que tinha visitado o meu quarto e decidido ficar com ele quando eu pensava que ele sairia por somente 210€) perguntando educadamente se ele tinha algum outro quarto em vista. Resposta fofinha do alemao?


" Claro que nao! Nós temos um contrato verbal, e nao fui eu que fiz o erro com relacao ao valor. Portanto, se foi voce ou a Frau Dakn que cometeram o erro, eu nao vou pagar por isso." (em tom escrotinho)
 


No primeiro instante: puto, muito puto. No mesmo dia, dois rótulos "latino desorganizado" na testa, enquanto eu tentava ser justo e legal. Meus genes arabe-judaico-barraqueiros gritaram "Sangue!".

Mas aí eu pensei: "Fernando, do que adiantou esse 1 ano na Alemanha se voce reage impulsivamente a tudo? Titio Goethe nao te ensinou nada?". E pensei: sim, eu sou uma nova pessoa! Meus genes agoram falam alemao fluentemente, esperam o sinal ficar verde mesmo que nao tenha nenhum carro vindo, e compram o ticket de metro mesmo sabendo que ninguém vai te fiscalizar. Meus genes sao sim, parte alemaes agora.

Desliguei o telefone. Teutonicamente liguei para o primeiro estudante da lista, ele ainda queria o apartamento, me agradeceu muito por ter ligado para ele, desliguei o telefone. Liguei para o estudante-de-direito-mala:

"Querido, to ligando para avisar que já dei o quarto para outro. Vi uma bolsa na Zara MARAVILHOSA, e custava exatamente 40€. Boa sorte da próxima, e tenta ser mais educado que quem sabe voce consegue. Beijos!". 

Pronto. Fernando completamente integrado a cultura alema. Agora eu planejo os meus impulsos. :D

Puto

Novela do momento: dois dias atrás, a administracao da residencia estudantil de onde eu moro me avisou que eu teria que pagar o mes de dezembro (ou seja, 210€) ou entao procurar alguma outra pessoa para assumir o meu quarto. Ou seja, em 1 semana, eu teria que que encontrar alguém para sublocar o lugar onde eu moro.

Gott sei Danke, o mercado imobiliário de Hamburgo é super disputado, e eu consegui oferecer o quarto em alguns sites, e em 2 horas 3 pessoas já haviam me ligado. Perfeito, uma das pessoas foi conhecer o quarto (ou seja, eu tive que transformar o meu quarto em visitável em menos de 1 hora) e decidiu ficar com a vaga.

Stress 1: um empregado da administracao foi visitar o meu quarto, e encheu o saco com uma pequena marca da minha mala de mao na parede. Marca realmente bem leve, que com um pano úmido sairia. Mas estamos na Alemanha, onde tudo tem que ser feito do jeito alemao: o cara pediu para eu pintar todo o quarto para que eu pudesse passar ao novo locatário. Tinta é o de menos: eles oferecem isso e o material para do-it-yourself. O foda: eu sou mortalmente alérgico a qualquer produto de construcao. Pagar alguém para fazer isso tá fora de cogitacao. O jeito vai ser enfiar um Polaramine na veia e pintar sozinho mesmo.

Resultado: Fernando puto, MUITO puto.

Stress 2: Agora, eu fiquei sabendo que o valor para sublocao para nao-estudantes é maior, de 310€. E a administradora nao tinha me informado disso, mesmo depois de eu ter perguntado especificamente por informacoes. A minha escolha de Sofia? Procuro outro locatário que seja estudante ou que aceite pagar os 310€ (e corro o risco de nao conseguir ninguém e ter que pagar 210€ do meu bolso para ter um quarto vazio em Hamburgo enquanto viajo pela Europa), ou pago o excedente para alguém morar no quarto que deveria ser meu. Felizmente o novo locatário aceitou dividir o valor, mas mesmo assim, estou muito puto de ter que pagar 40€.

Resultado: Fernando puto a enésima potencia. E Fernando ligando para a administradora, a administradora sendo escrota até o ultimo decibel, falando "que na Alemanha as coisas possuem regras". Eu odeio gente escrota, mas eu odeio mais gente que duvida da minha inteligencia e vem com esse papo "que latinos nao entendem regras". E Fernando simplesmente falando "Ok, nos vemos amanha as 9h" e desligando o telefone na cara da megera. Sim, corro o risco de ela ser ainda mais escrota. Mas pelo menos evito uma úlcera no meu estomago de raiva contida por uma idiota dessas.

Blöde Kuh!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Wake up call!


Voce é daqueles que acham que a Europa é "nooossa, um lugar tao civilizado, tao tolerante..."? Fica encantado com os todos os direitos que as bess daqui usufruem: casamento, poder adotar criancas, poderem até se casar na mais tradicional das igrejas (como na Suécia)?

Pois entao amigo: eles batalharam (e muito) por tudo isso. Afinal, enquanto estavamos tomando sol nas praias de Copacabana, há 60 anos atrás os gays de Hamburgo estavam sendo deportados para campos de concentracao e exterminados pelos nazistas. Isso no mesmíssimo local onde hoje gays andam de maos dadas enquanto casais turcos passeiam pela rua, criancas vao a escola, e senhores mais idosos vao as compras.

Direito nao se conquista, direito se batalha. Portanto, se movimenta ae, entra aqui no site no Senado Federal e vota na enquete sobre a lei que criminaliza a homofobia no Brasil. É um sim pelo nosso direito de sermos respeitados como cidadaos que somos.

Porque a Europa é fantástica sim (e os europeus, nossa, wunderbar...). Mas nada vai me dar mais prazer do que poder fazer tudo aquilo que eu faco aqui aí em casa, na minha terra, no meu país. Somos conhecidos por sermos um povo liberal e tolerante, nao é? Chegou a hora de cobrarmos isso!

P.S.1- Para os que ainda nao se convenceram do absurdo que essa enquete vive, dá uma passada no site do Celso Dossi. Se mesmo depois disso voce ainda for contra essa lei... honey, entra no site da Universal e AVOA daqui!

P.S.2- E para voce, bee phyna que acha que essa lei nao vai afetar em nada a sua vida... melhor lembrar que viado nao é um fenomeno surgido em conjunto com patricinhas, que só dá em condomínio de classe média nao, honey... Get out of the bubble, darling: afinal, dar pinta na Farme de Amoedo ou na Frei Caneca naquela sua Diesel skinny nova é muito fácil, mas vai ser assumido e causar em Santarém ou Campina Grande. Bem menos cool, néam?

P.S.3- Saiu do Brasil por mais de 1 mes, e a língua portuguesa anda dando um meltdown na sua cabeca e misturando com o seu espanhol/italiano/frances? Corretor ortográfico always. Conselho do amigo daqui... ;)
Momento militancia: toda pessoa bem informada deve estar sabendo que o site do Senado Federal está fazendo uma enquete sobre a criminalizacao da homofobia no Brasil.
E também deve estar sabendo que devido a um lobby de evangélicos, o "Nao" está ganhando por cerca de 4 pontos.
O "Nao" dos evangélicos significa o sim ao direito deles de discriminar, maltratar e nos manter como cidadaos de segunda classe, sem direitos plenos, porque eles acreditam nisso. É uma defesa uma sociedade desigual, tolerante, hipócrita, onde as pessoas só devem pensar no que eles acham que é correto. Chegou a hora de parar de ser complacentes com eles, e pensar que NÓS temos que fazer alguma coisa para mudar essa situacao, nao é?
Afinal, vir para a Europa e EUA e ficar falando "Ah, na Europa as pessoas sao tolerantes/ As pessoas sao civilizadas" é muito fácil. Difícil é lembrar que nada aqui foi dado de graca, e tudo foi conquistado na base do sangue, suor e muita persistencia.
Direito nao se ganha, direito se conquista. E eu quero sim conquistar o direito de poder me sentir livre e respeitado como eu sinto aqui na Europa, mas em casa, no Rio de Janeiro, sem medo de ser perseguido ou maltratado por isso.
E como o Celso falou, ganhar nessa enquete virou uma questao de honra. Portanto, se movimenta ae e clica aqui no link do site do Senado Federal e ajude a transformar o nosso país em um lugar mais tolerante.
P.S.- E se voce é um gay phyno e acha que essa lei nao vai mudar nada na sua vida... lembra que o país inteiro nao é Ipanema nem os Jardins, tá? Afinal, ser bee na Farme de Amoedo e Frei Caneca é muito fácil, mas quero ver ter culhao suficiente para dar pinta em Campina Grande ou Santarém. E pelos gays que vivem, assumidos, nesses locais tao intolerantes, é que devemos continuar lutando. A luta é grande, mas uma hora a gente chega lá!

Lisboa: Dia Quatro, Sábado

Como a noite na Lux foi ótima, acabei acordando no sábado somente as 11h (minha filosofia de férias: conhecer a cidade é importante, mas dormir bem é mister!), portanto os meus planos para conhecer Sintra... ficaram para uma próxima viagem a Portugal. Resolvi entao ir somente ao Parque das Nacoes, a regiao de Lisboa que foi reconstruída para a Expo 1998 (Cais do Porto do Rio - watch and learn!).

No metro para a Estacao Oriente
A regiao do Parque das Nacoes era até os 1990 uma regiao predominantemente industrial da regiao oriental de Lisboa, e como eu disse acima, foi totalmente reconstruída para a Expo de 1998. O resultado é simplesmente fenomenal - como eu também disse num post anterior, eu sou um grande fa de arquitetura moderna, mas sei que vários projetos excelentes acabam se tornando elefantes brancos por nao levarem em conta como eles serao integrados ao que já existe e as necessidades reais da cidade. O exemplo do Parque das Nacoes é um exemplo a ser seguido: a regiao - somente com excelentes prédios de arquitetura contemporanea - faz um contraponto perfeito a tradicao arquitetonica da regiao central de Lisboa. Extensas áreas verdes a margem do rio Tejo, prédios espacosos, modernos e funcionais, e ao fundo de tudo isso, a linda Ponte Vasco da Gama. Tudo isso sendo efetivamente utilizado pelos lisboetas. Definitvamente um exemplo para seguirmos na hora de reconstruirmos a regiao do cais do porto do Rio.

O tempo nao estava dos melhores (na verdade, um céu de nuvens bem escuras), mas mesmo assim resolvi desafiar o meu famoso medo de altura e entrei no teleférico. Um passeio bem digno, por um preco bem razoável, que provavelmente num dia de sol deve ser ainda mais fantástico.

E o teleférico tremia...
Depois do teleférico, andei um pouco pelos jardins do Parque, e quando resolveu chover de vez, resolvi entrar no shopping Vasco da Gama e fazer um pouco de terapia capitalista (compras). Na verdade, acabei nem comprando nada - uma das maiores surpresas foi constatar que os precos das lojas de Lisboa nao eram nem tao menores assim em comparacao com os precos de Hamburgo (uma cidade com fama de cara para os padroes alemaes - Berlim sim seria uma cidade bem mais barata). Alemanha barata demais mesmo, ou os efeitos do euro se deram com toda a forca em Portugal? Nao sei responder, mas acabei decidindo nem levar os livros que tanto pensei em levar - títulos que na Alemanha saem por 5€ estavam sendo vendidos em Lisboa por quase 15€.

Depois do shopping, resolvi voltar e conhecer melhor a Estacao Oriente. Eu amo arquitetura moderna, mas eu amo mais Santiago Calatrava. A imaginacao desse cara parece nao ter limites - ele e Zaha Hadid parecem ter um estoque sem fim de solucoes e idéias para provocar uma reacao de "Nooooossa" das pessoas que utilizam os prédios construídos por eles. Acima é o hall de entrada da estacao para quem ver do shopping Vasco da Gama, e abaixo, a cobertura das plataformas de embarque e desembarque dos trens. Uma das impressoes mais marcantes para mim em Lisboa é que os portugueses sabem construir prédios modernos e de bom gosto - nada de Barra da Tijuca, mas construcoes que realmente se integram a cidade e que ficam claro que sao atemporais.

Eu tinha que ir da Estacao Oriente para o Centro, e assim que vi o Alfa Pendular (o TGV da terrinha) chegando na estacao em direcao a Estacao Apolonia... resolvi que valia o risco (afinal, quem vai me fiscalizar num trem vindo do Porto, nos cinco minutos finais de uma viagem?!) e fui ver como o trem era. Me pareceu bastante justo, chegou aos 150km/h no pequeno trecho entre as duas estacoes, e pronto: posso falar que andei de Alfa Pendular. :D

Voltei a cidade para tentar tirar algumas últimas fotos, dos lugares que eu mais gostei, e também andar um pouco para me despedir da cidade a luz do dia. Foto do café A Brasileira e da estátua do Fernando Pessoa (acredita que eu nao sentei na cadeirinha e pedi para alguem tirar a foto para mim? Ia ser a foto perfeita: Fernando e Fernando!), um pouco da praca Luís de Camoes...

Policiais tugas: me prende, vai... :D
De lá desci para o Chiado mais uma vez, as ruas cheias (europeu adora um retail therapy aos sábados), encontrei a famosa livraria Bertrand (todo mundo que estudou em federal já teve ou terá alguma bibliografia dessa famosa livraria - na verdade, nada demais, uma loja parecida com uma Siciliano ou Saraiva qualquer -e mais uma vez, precos nao muito convidativos).

Livraria Bertrand: origem de todos aqueles textos que temos que ler 3 vezes para entender

Fernando Pessoa meets The Godfather? :)
Tinha andado tanto, mas tanto... que na hora que eu vi a fila quilométrica para subir em um dos famosos elevadores, eu desisti na hora - nao queria ficar naquela fila gigante para escutar brasileiro falar "AmoRRR, olha: igual ao elevador Lacerda, né?!". E ai pensei com os meus botoes: o que é viajar? É conhecer novos lugares, e se apaixonar por eles. E se eu já tinha me apaixonado por uma coisa e um lugar especial, porque nao cruzar a cidade inteira e ir fazer algo para me lembrar para sempre?

Pastéis de Belém em Belém...
Sim, eu voltei a Belém, e terminei o dia com mais pastéis de Belém. :) E voilá: mais um dia perfeito. :)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Lisboa: Dia Tres, Sexta-feira

(E os posts da viagem para Lisboa continuam: sorry, Novembro tem sido um mes mega complicado!)

Na quinta fiz uma night/balada mais light, pois queria aproveitar bem Lisboa na sexta e tentar conhecer o máximo da cidade. Acordei cedo na sexta, e seguindo a sugestao do Bernardo, tomei a barca de Belém para Trafeira com ele, fazendo um passeio muito interessante pelo Tejo.

O problema? Lisboa resolveu me sacenear e virar Hamburgo.

Enfim, quem mandou vir a Lisboa em novembro...

Mas enfim, quem enfrentou passeio de barco no Rio Elba em Fevereiro, com 0°C e vento, uma semana depois de ter chegado na Alemanha (ich!), aguenta qualquer parada. E já estava super feliz com a possibilidade de poder sair de casa sem o combo casacao+cachecol+pullover, portanto já estava super no lucro.

Entramos na barca na estacao de Belém (perto do Padrao dos Descobrimentos). Primeira coisa que eu dou de cara na barca?

Hamburgo stalking me

Depois do momento "Até aqui essa cidade me persegue!!!", tentei aproveitar o passeio de barco pelo Tejo. Obviamente, na primavera e verao esse passeio deve ser espetacular, mas ele também tem o seu charme no outono lisboeta.

O paciente Bernardo, que aturou os meus acessos hiperativos durante 4 dias :)


Eu, de novo, em uma das minhas 350 auto-fotos

Bernardo desceu na primeira parada, e me deu a sugestao de ir até Trafaria, de onde eu pegaria um onibus para ir até a praia de Caparica (diretamente no Atlantico). Trafaria parece uma comunidade um tanto quanto decadente de pescadores, mas achei interessante ver um lado B de Lisboa (afinal, Rio de Janeiro nao é Ipanema, nem Sao Paulo é Jardins, certo?). Caparica me pareceu ser uma daquelas cidades somente de veraneio - grande estruturas, mas ruas bem vazias e aquele clima de "esperando o próximo verao chegar".

Trafaria, e do outro lado do Tejo, Belém

Caparica parece nao bombar muito no outono...

Confesso: eu tinha pensado "Pra que ver o Atlantico?! Eu quero é comer pastel de Belém!" na hora em que foi me sugerido o passeio. Mas foi uma experiencia incrível poder ver o Atlantico mais uma vez. Na adianta: eu sou carioca, eu adoro o mar, e um dos meus programas preferidos é pegar um coco gelado, sentar na areia e curtir o por-do-sol escutando aquele barulhinho de ondas batendo na areia (de preferencia escutando "Alone in Kyoto", do Air). Aqui em Hamburgo até eu tenho um programa semelhante a esse: sentar na Jungfernstieg e ficar olhando as luzes dos prédios refletirem no Alster. Mas nao tem onda, tem vento demais, e quase sempre chove (novidade em Hamburgo, hein?). Portanto, foi um momento "Back to my old self" sentar naquela areia da praia e ficar durante uns 5 minutos sosessagado (uma eternidade - amigos meus, qual foi o máximo de tempo que voces ja me viram ficar calado + quietinho?), somente curtindo o paisagem.

Surfistas tugas: Porreira... :)
O tempo nao se decidia entre ficar bom e ficar ruim, mas como quem enfrenta Báltico e Norte da Europa acha que chuva só incomoda na hora em que uma camada de gelo comeca a se formar no seu nariz, estava yo no lucro. O Bernardo me ligou, e fomos almocar em um dos restaurantes-clube localizados na praia.

Com vista para o Atlantico e sol!
Depois do nosso almoco, voltamos em direcao a Belém, onde Bernardo (depois de duas horas de trabalho já estava cansado - eeeee tradicao portuguesa de trabalhar muito, hein? :) Brincadeira!!!) me abandonaria para fazer o tour de atracoes histórias em Belém.

Pelo Tejo...
O Padrao dos Descobrimentos foi o meu primeiro alvo, e sinceramente o meu preferido da regiao. Sou um grande entusiasta da arquitetura dos anos 60-70 e acho interessante como foi levado a cabo esse desafio de construir coisas belas sem insistir na batida fórmula coluna grega + alto relevo + estátua sem braco no jardim da frente. O monumento é simplesmente magnífico... e claro, bate um orgulho de estar representado nele.


Mosteiro dos Jeronimos: o prédio mais incrível... que eu nao entrei na minha vida
Depois do Padrao dos Descobrimentos, segui para o destino mais óbvio que é a Torre de Belém para tirar somente algumas fotos, pois já eram quase 17h e entrar na torre em si já nao era mais possível. No mapa, o bairro de Belém nem parece tao grande assim, mas depois de ter andado Lisboa inteira no dia anterior (sobe-desce-sobe-desce-anda-na-rua-de-paralelepipedo), eu cheguei ao Mosteiro dos Jeronimos sem forca alguma para entrar dentro do Mosteiro (que já estava fechado) e ficar mais outra hora observando a arquitetura incrível do local. E na verdade, eu resolvi ser sincero comigo mesmo: eu vim para Belém, na verdade, eu vim para Lisboa por um motivo muito claro, e tava enrolando até entao. Qual o motivo?

Os Pastéis de Belém!
Os pastéis de Belém realmente merecem toda a fama que eles tem. No dia anterior eu tinha comido dois pastéis de nata na Confeitaria Nacional (a antiga confeitaria que abastecia a família real portuguesa, entao nao era qualquer confeitaria!) que tinha considerado muito bons (claro, meu parametro de comparacao eram os pastéis de nata do Habib's e daqueles quiosques "Delicias Portuguesas" nos Sendas do Rio). Mas na hora que eu coloquei esses pastéis de Belém na boca, eu me xinguei por cada centavo de euro gasto em qualquer outro pastel de nata. E olha que os pastéis de nata nem sao caros - somente 0,90€, um preco bastante acessível em se tratando de Europa. Eu poderia comer dezenas, centenas, milhares desses pastéis de Belém sem enjoar. Sim, eu adoro doces (para mim a parte salgada do almoco/jantar é meramente uma desculpa para a sobremesa), e esse pastel é simplesmente magnífico: o doce da nata, a crocancia da base em mil folhas se despedacando na sua boca... Para complementar, o garcom ainda me alertou "Tem guaraná aqui, tá?!". Meus olhos brilharam. Eu só lembrava daquele comercial do "Pipoca e Guaraná / Que fome que dá...", aquele barulhinho de guaraná fazendo tshhhhh... Eu nao aguentei, e pedi um. Sim, eu consegui comer 4 pastéis de Belém e um Guaraná (que em Portugal é bem mais doce do que no Brasil... Nao sei porque) e sair da Antiga Confeitaria de Belém sem uma diabete. Acho que o meu pancreas deveria seriamente ser enviado para estudos.

Bernardo no Pavilhao Chines
Depois da orgia da glicose em Belém, voltei para casa, me arrumei e eu e o Bernardo partimos para o Chiado. Jantamos num restaurante chamado Sacramento, onde eu comi o melhor prato que eu já pude comer na minha vida: steak tartare. Eu já havia lido sobre o prato, várias recomendacoes de restaurantes para comer o delicioso e um tanto quanto exótico prato (afinal, é ainda carne crua, néam?), e quando li o prato no menu, resolvi tentar. Nao me arrependi: foi o melhor complemento aos meus pastéis de Belém que eu poderia ter no mundo. E quando olho para o lado, vejo a frase do Fernando Pessoa que inspirou um dos meus posts in Lisboa. De lá partimos para o Pavilhao Chines, um bar member of the family com uma decoracao absolutamente incrível, onde eu e o Bernardo bebemos até ficarmos bastante sorridentes... E de lá, segui sozinho em direcao a famosa boate Lux, perto da Estacao de Santa Apolonia, do outro lado da cidade (outro detalhe: taxis em Lisboa sao MUITO baratos em comparacao com o resto da Europa. E eu diria, em comparacao com as cidades brasileiras também).

Mais fotos nao foram permitidas pelo meu estado de equilibrio depois de 3 tacas de um excelente vinho branco e um seguranca incrivelmente lindo (sabe aquele tipao modelo Hugo Boss? Alto, cara de sério, usando um terno... O único clube que eu já entrei onde os segurancas conseguiam ser mais bonitos do que a clientela já bonita). Mas o clube vale toda a hype que tem: estrutura excelente, música excelente, gente bonita e zero de carao. Sai da melhor boate de Lisboa me perguntando: porque insistimos tanto no carao em algumas nights do Rio (00, The Week)? Afinal, se os lisboetas bem nascidos e bonitos estao afim somente de curtir e viver a vida.... porque nós nao seguimos esse exemplo? Enfim...

domingo, 22 de novembro de 2009

Locomia?

Definitvamente, o melhor de conviver com gente do mundo todo é poder ter acesso a coisas extremamente malucas e especificas de um país. Afinal, se eu nao conhecesse o espanhol estudante-de-filosofia-com-a-bunda-peluda, quando eu iria conhecer essa MARAVILHA chamada Locomia?

Sin palabras. Tem que assistir para entender. Completamente trendsetters. :D






Questionamento: Porque toda música em espanhol sempre tem "caliente", "besame" e/ou um "baila" com vozinha sussurando?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Curta: Fernando's European Bitch Tour 2009

4 horas de passagens, uma porrada de sites e planilhas de Excel (economista: vejo o mundo por uma planilha de Excel) montadas tentando achar o roteiro perfeito, mas que ao mesmo tempo me permitisse ter pelo menos uma refeicao diária (sem precisar me prostituir ou vender algum orgao sobressalente meu pelo caminho). Porque sim, os meus excessos consumistas em terras alemas agora sem vingaram de mim, mas eu finalmente consegui montar o meu roteiro de viagem para dezembro!

E as escolhidas sao:

2 de Dezembro - 5 de Dezembro: Frankfurt am Main, Alemanha


5 de Dezembro - 14 de Dezembro: Paris, Franca


14 de Dezembro - 21 de Dezembro: Madrid, Espanha


21 de Dezembro - ? (se conseguir algum lugar para dormir por lá, alguns dias, senao é só mesmo um passeio diurno que terá que ser rápido...): Roma, Itália

24 de Dezembro - 26 de Dezembro: Pisa, Itália (e claro, também um passeio a Florenca).


26 de Dezembro: Hamburgo, noch einmal.

(E ainda terá o tour pelo Leste da Europa durante o Ano Novo!!!! Definitivamente, 2009 será um ano que eu lembrarei para sempre. E o gerente do meu banco também. :D).

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Curtas: O tempo em Hamburgo está acabando...


- Muito, mas muito atolado com o final do estágio aqui na grande empresa alema (mais genérico, impossível) em que eu trabalho - por isso os post mais curtos (logo isso mudará, e os meus posts gigantes voltarao hehehe). A vida é injusta: quando eu cheguei aqui na empresa, achei os estagiários todos um bando de nerds chatos. Agora, depois de quase 6 meses, fico triste só em pensar que nao vou encontrá-los mais todo dia, nem escutar as piadinhas que eles fazem sobre o meu sotaque em alemao. :(

- Esse sentimento também se espalhando com a minha relacao com a cidade: quase ontem estava chegando de Lisboa e odiando ter que voltar para Hamburgo. Ontem comecei a planejar as minhas viagens finais aqui na Europa (em dezembro), e percebi que tenho somente mais duas semanas em Hamburgo, depois o curto período entre Natal e Ano Novo, depois mais alguns dias em 2010... e logo depois embarco para Zurique, de onde volto para o Brasil - somando tudo, dá menos de 30 dias aqui. Meus amigos hamburgueses já me ligam pedindo para fazer mais coisas com eles, porque eles também já perceberam que o meu tempo está acabando aqui. E eu percebi somente isso... ontem. Depois de quase 1 ano aqui, eu vou ter que me acostumar sem a vida que eu me acostumei a levar em Hamburgo. E nao sei como eu vou fazer isso. :(

- Medinho de voltar ao Rio. Medinho de ter que retomar a vida que eu deixei ai em fevereiro de 2009. Medinho de as coisas terem mudado demais desde que eu vim para a Europa e eu nao reconhecer quase nada. Medinho de os meus amigos encherem o saco de mim durante o período de adaptacao, que eu sei que será bem dificil, e dos meus discursos (que serao inevitáveis) "porque na Europa eu fiz isso". Medinho de ter que me readptar mais uma vez a uma realidade completamente diferente. :(

- Mas saudades do Rio. Saudades do cheiro de mar. Saudades de suco natural feito na hora. Saudades da sensacao boa de pele bronzeada. Saudades do por-do-sol em Ipanema. Saudades de sair com os meus amigos num chopp para o Odorico. Saudades de ver o Pao de Acucar nas janelas do IE (Instituto de Economia - UFRJ). Saudades de falar portugues o dia inteiro, de utilizar vocubulário complexo.

(Ok, chega de momento nostálgico-depre: vamos aproveitar o tempo que ainda resta, que dá para causar muito em Hamburgo ainda!)

 - Viagens em dezembro? Até agora, destinos definidos: Frankfurt e Paris. Depois, na dúvida entre Itália... ou Estocolmo mais uma vez. Itália é um lugar novo, é Itália, Itália é tutto, I know, I know... Mas estou num orcamento mega apertado (tipo, somente um pouco acima da linha de prostituicao forcada), portanto nao daria para fazer as loucuras turísticas que uma viagem na Itália merece. Ficaria em Pisa, iria a Florenca, e talvez um bate-e-volta em Roma. Entao porque Estocolmo? Porque lá eu sou feliz sempre, porque lá eu tenho uma das amizades mais fortes que eu fiz aqui na Europa, porque lá tem pessoas que gostam muito de mim e me fazem sentir em casa. E porque eu nao quero sair da Europa sem ve-las e dar um último adeus, sem saber quando as verei mais uma vez. Motivo meio bobo, né? Mas é assim que eu sou: um daqueles que acha que tudo muda quando se tem pessoas que se gosta por perto. Enfim, veremos.


- Felicidade bobinha do momento: irei de Frankfurt para Paris em um TGV! :) Somente 39€, mais barato até do que de onibus. Amo trens: nunca entendi a fixacao dos garotos por Autorama, porque achava o Ferrorama infinitamente mais legal. Ah, e desconsiderem o meu conselho de nao ver passagens de trem pelo site da Deutsche Bahn: o preco estava infinatamente menor no site alemao. O problema? Somente na versao em alemao do site alemao (mas se os meus leitores forem bonzinhos comigo, eu até aceito prestar consultoria na busca de passagens, de grátis. Ou melhor, de grátis nada: por um pacote de Haribo, importado daqui. :D).

- E como sempre o final fica para o melhor, tive que tomar a minha decisao de como passaria o meu final de ano. Plano 1: com o meu melhor amigo alemao, no apartamento mega ultra fodástico dele, jantando com vista para o Alster com a porcelana Versace (odiava essa porcelana: ela nao pode ser lavada na máquina de lavar-louca, portanto, é jantar e depois partir direto para a pia. Conceito de luxo e sofisticacao torto para mim), tomando um Dom Perignon enquanto vejo os fogos da cidade refletindo no lago. Plano 2: 7 dias de viagem, 6 cidades em um carro alugado de 9 lugares pelo Leste Europeu com 9 amigos héteros (mas gostosos), tomando vinho e vodka barata e dormindo no carro. Roteiro: Praga, Bratislava, Budapeste, Cracovia, Wroclaw e Berlim. Qual voces acham mesmo que eu escolhi? :D

P.S.- Caso nao tenha ficado meio claro a minha escolha no último ponto, claro que eu escolhi o plano 2. Vista bonita, Dom Perignon e Porcelana Versace dá para encontrar em qualquer lugar. Experiencias malucas, viagem com amigos e um final de ano inesquecível... certamente nao. :D (Isso para alguns amigos que acham que eu sou "... extremely materialistic and snob...". Vafanculo, carissimo amico! :D).

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Meda: O que está acontecendo com Hamburgo?


Na sexta, fazendo um happy hour com amigos alemaes num bar gay friendly daqui, sou abordado por uma criatura que tinha me visto há milenios em um clube de Hamburgo com a seguinte pergunta "Posso fazer uma oferta e um pedido? Sai comigo para jantar, na segunda?". Na L-A-T-A, assim mesmo. Fernando com cara de choque. Fui pego tao de surpresa, mas tao de surpresa que a única reacao que eu consegui esbocar foi um "WIE BITTE?" (= Como assim?).

Mais tarde no Moondoo, parecia que Afrodite tinha baixado na concha de Boticelli por lá, girado o cabelo num drag queen move, e falado "Rodada de pocao do amor para todo mundo ae! Vamos beijar, galeeeeera!!!" - todo mundo suuuuuuuper animado. Lá pelo meio da noite, só sinto alguém pegando no meu braco, e falando no meu ouvido "I zhink you are SOO pretty!" e preparando "aquele abraco" para cima de mim - olho para trás, era um one night stand dos meus primórdios de Alemanha (quando eu ainda estava na fase primeira "I love Germany" - que foi seguida das fases "I hate Germany", "I hate Germany - The English didn't bomb here enough" e finalmente "I can stand Germany, because buses come on time there").

Ontem, estou voltando para casa feliz e contente ("Pela estrada afora eu vou bem sozinha, levar esses doces para a vovozinha..."), e enquanto passava em frente ao café gay que existe do lado da minha residencia estudantil, só escuto um sonoro "WOW... Lecker!" ("Uau, gostoso!").

E hoje, enquanto descia para a cantina daqui do escritório em busca do meu café sagrado de todos os dias, uma outra respeitável criatura lá embaixo acompanha a minha descida dando uma olhada, mas uma daquelas olhadas que eu quase que me desconcentro e desco o resto do caminho rolando escada abaixo - (gente, afinal é ambiente de trabalho, e vocacao para estagiário-piranha eu nao tenho nao... Bem... na verdade, depende do chefe, néam?).

O que tá acontecendo com essa cidade, meodeus? Tamos em Hamburgo: simpatia, clima de paquera e azaracao defintivamente nao é forte dos locais - afinal, eles nao devem ter nem vitamina E suficiente para se motivar a fazer isso! Isso nunca tinha acontecido antes nao... Andaram fazendo currywurst com base naquela receita do amor da Elvira e distrubuiram para a alemaozada toda?

(Bem, se continuar assim, nao sei se quero voltar para o Brasil nao... :D).

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lisboa: Dia Dois, Quinta-feira

(Achtung! Post longo, muito longo, eu sei. Nao adiantou: eu tentei resumir o que eu tinha escrito, diminuir o número de fotos... mas ao mesmo tempo nao queria perder os detalhes, o espírito da viagem para Lisboa. Entao ficou do jeito que está: para quem aguentar ler apesar do tamanho, obrigado... e para quem reclamar, clica ali no canto direito e vai ler Twitter, tá? :D)
Finalmente, Lisboa de dia! :) O dia amanhece com um tempo nao muito bom para quem vem dos trópicos, mas perfeito para quem vem de regioes “mais desfavorecidas de vitamina E natural” (nada como morar na Europa do Norte para mudar completamente as suas percepcoes de tempo ruim / tempo bom). O apartamento onde estou fica incrivelmente bem localizado, com uma vista mais bela ainda durante o dia para o Tejo. Essa minha viagem para a Europa tem me deixado muito mal acostumado: RÁ que eu podia tomar meu pequeno-almoco com uma vista dessas no Rio.

A primeira surpresa com Lisboa durante o dia é com relacao as formas. Enquanto tudo em Hamburgo é ordenado, planejado, correto, uniforme, plano... Lisboa é uma explosao de cores, telhados, ruas inclinadas e texturas. E isso se aplica em tudo, inclusive nas pessoas, com as mais diversas origens e tons de pele. Sempre tive uma grande paixao por tudo de diferente, exótico e novo, e em alguns momentos me questionei “Será que deveria ir para Lisboa mesmo?” (afinal destinos exóticos na Europa nao faltam...) mas confesso que fiquei feliz de me “sentir em casa” de novo. Precisava desse “home sweet home” por alguns dias e Lisboa cheira, parece, vibra como casa, como o Rio de Janeiro.

Enfim, chega de crise do “eu-sinto-saudade-do-feijao” e vamos para o turismo puro e simples! Como eu falei no post sobre viagens, eu sou especialmente ruim para criar planos de viagem inovadores e totalmente originais. Aquela coisa de “eu nao compro guia de viagens, mas simplesmente me deixo levar pela cidade” nao funciona de forma alguma comigo: o máximo que eu chego assim é no Mac Donalds da esquina. Portanto, seguindo o meu guia de viagem, vamos a atividade mais turística possível de Lisboa: O Eléctrico 28! :)

O Eléctrico 28 é perfeito: parte do sistema de transportes de Lisboa, passa pela maior parte dos pontos turísticos e históricos da cidade – portanto, voce entra em um daqueles horrendos bondes turísticos (com turistas americanos vestidos como se estivessem indo para um safári) só se voce realmente quiser. Como Lisboa é uma cidade bem inclinada (do tipo de fazer Salvador parecer Brasília), é uma ótima pedida para todos aqueles com um espírito meio Garfield, e também para olhar brevemente os pontos turísticos principais e depois ir decidindo onde se quer parar. Além disso, o próprio bonde em si é lindo: os lisboetas tiveram a sacada de deixar os bondes mais antigos para os trechos mais históricos, e somente nos percusos mais urbanos os bondes mais modernos tomaram o lugar.

Quero casar A-Q-U-I
O meu objetivo era ir ao Castelo de Sao Jorge, mas claro, peguei o bonde na direcao errada, e fui para o lado contrário do que eu queria. Sem problemas, estamos de férias, Lisboa é linda, e fui aproveitando a vista da cidade – tanto do lado de dentro, como do lado de fora. Os lisboetas, principalmente os mais idosos, sao uns fofos: todos com aquele jeitinho de vovo Manuel, elegantemente bem vestidos e cheios de atitude. Chego no ponto final, e como tenho que esperar o bonde voltar, decido dar uma volta. Uns turistas interessantes se encaminham para uma igreja, e como eu tenho que esperar ainda também, sigo atrás. Afinal, virtude e pecado sao o meu sobrenome (hehehe).

Velinhas para promessa de LED: Amei o Capitalism meets Religion meets Eco-Sustaintability
Depois do momento “menino católico bonzinho”, sigo em direcao ao Castelo de Sao Jorge, parando antes no Largo Portal do Sol. Enfim, quando o guia descreve, voce acha que só um lugar com vista bonitinha, nada de muito importante. Mas quando voce chega, voce se depara com isso:

Fiquei um cinco minutos com o queixo caído, e a única coisa que eu conseguia pensar era "U-A-U!". Nenhuma foto que eu tirei conseguiu captar de forma exata a vista que esse lugar tem: uma infinidade de telhados, torres de igreja, prédios com essas paredes em tom pastel, enfim: Lisboa inteira descendo em direcao ao Tejo. Eu adorei todas as cidades que eu vi até agora na Europa, mas esse tipo de vista panoramica... até hoje eu só tinha encontrado no Rio de Janeiro.

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graca...
E enquanto eu tentava sair daquele estado de extase com uma das vistas mais lindas que eu já pude ver na minha vida, esse senhor aí da foto consegue tornar tudo ainda mais perfeito. No momento em que eu me convencia que tinha que seguir em frente, ele comeca a tocar "Garota de Ipanema". Aí já foi impossível para o carioca nostálgico e fa de bossa nova aqui manter o coracao frio: eu parei, escutei ate o final, e deixei os meus 2€ para o senhor que certamente me deu uma memória inesquecível.

Depois de me desvencilhar de uns 3 (irritantes) vendedores angolanos de bugingangas turísticas (todos falando comigo em italiano - merda de nariz proeminente!), fui seguindo em direcao ao Castelo de Sao Jorge. Ruas calmas, castanheiras fazendo sombra em pequenos largos, e mesmo com o intenso fluxo de turistas, as pessoas seguindo a vida normalmente como se estivessemos num bairro residencial.

Cenas lisboetas: esse senhor, discutindo seriamente (inclusive, batendo com a bengala) com... esse limoeiro. Motivo? Nao faco a mínima idéia...
O Castelo em si é um forte que tem suas origens na época da dominacao árabe da Pensínsula Ibérica (Fernando meeting family?) e tem uma exposicao permanente de achados arqueológicos que conseguiu atrair a minha atencao por mais de 15 minutos ( acho arqueologia super válido... mas sinceramente: caquinho de prato de ceramica, agulha de cobre enferrujada e panela velha de barro? Meio chato, néam?). Mesmo assim, claro que o principal fato de se visitar o forte é a vista – no topo de Lisboa, a vista do forte é simplesmente fenomenal e vale cada centavo de euro gasto na entrada. Duvida?

Uau, uau, uau...
Devo ter tirado uns 30 fotos, todas dessa mesma vista de Lisboa, todas absolutamente fantásticas. A cidade inteira aos meus pés, e todos os turistas completamente sem palavras com a belíssima vista de Lisboa. Algo parecido talvez com a reacao que se tem quando se visita o Corcovado ou o Pao de Acucar no Rio.


A pessoa que vos fala :)
Depois de ver a cidade inteira de cima do Forte, surge a vontade de descer e ir conhecer Lisboa realmente das ruas... e junto com isso a fome aperta. Em Lisboa, como um lisboeta: preciso comer algo da culinária portuguesa, penso eu. O problema: eu sou alérgico a tudo o que vem do mar (afinal, até o meu sistema imunológico tem HORROR a "bacalhau".. :D), portanto metade da culinária portuguesa está vetada a mim. Bem, ainda tem a outra metade, néam?

Pastéis de Nata... valendo!
Confeitaria Nacional, um ótimo capuccino, pastéis de nata e croquete de carne (comprado somente para servir de desculpa psicológica que eu tinha feito uma refeicao, e que os pastéis de nata eram meras “sobremesas”), e algum tempo sentado vendo a vida e Lisboa passar na minha frente. Depois do momento de relax, mais um ponto turístico – a belíssima rua Augusta, que concentra as tradicionais lojas lisboetas e vendedores de castanhas portuguesas assadas, em direcao a Praca do Comércio (que infelizmente estava em obras! A tradicional foto desse ponto turístico fica para uma próxima viagem para Lisboa entao).

You say yes.... I say no...
Depois de mais um momento "uau" resolvi que eu já merecia um pequeno descanso do intensivo dia de turismo (afinal, nada melhor que um bom dolce far niente - preguica é definitivamente o meu pecado preferido :D), voltei para a Praca do Rossio e segui a dica do meu guia de viagem - a famosa ginjinha lisboeta, por somente 1€. Engracado nao conhecermos essa tradicional bebida de Lisboa: um brandy de cerejas, com um gosto muito bom e muito apreciado pelos locais. Enquanto bebia aproveitei para me sentar num pequeno largo, enquanto via os imigrantes africanos conversarem em alguma idioma incompreensível e olharem para mim com aquela cara "O que esse italiano está fazendo aqui?".

Ginjinha... Hmmm...
Com o dia caindo, eu pensei que seria uma boa idéia terminar o dia de turismo com alguma bela vista, portanto claro, nada melhor do que ir para perto do rio Tejo. A escolha nao podia ter sido melhor - o dia nublado se tornara ligeiramente mais ensolarado, permitindo algumas fotos incríveis, o sol se punha e as pessoas tentavam fazer uma pequena pausa para aproveitar o espetáculo de final de tarde. Novembro, e vida ao ar livre: saudades das possibilidades oferecidas por um tempo melhor. E o dia ideal em Lisboa termina da melhor forma possível. :)

Podia ser melhor? :)