Poemas, contos, imagens... palavras e silêncios. Mergulhos e naufrágios de AílaSampaio
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Ainda
Eu ainda preciso de ti. Do teu suor escorrendo em minha pele; do teu cheiro de mar quebrando nas pedras; do teu sorriso desenhando a lua em meus olhos, como se a noite começasse para sempre. Eu preciso de ti, para que o sol entre pela janela nas manhãs de chuva e o silêncio não seja uma sentença de morte. Mesmo longe, mas ao alcance do meu pensamento, eu preciso de ti, para que a vida pareça sem fim e o mundo não acabe antes do previsto.
AílaSampaio
domingo, 20 de maio de 2012
Filha do circunstancial
Sempre tive resistência a fórmulas e fôrmas;
sempre a minha tesoura foi desobediente a formatos, modelos, linhas
retas e curvas... a tudo o que já vem com picote, rótulo ou carimbro
de 'pronto'. Sou senhora dos improvisos, filha mesmo do
circunstancial... Só o meu coração tem casa e gosta de estabilidade.
Todo o meu resto é filho do imprevisível.
AílaSampaio
AílaSampaio
Quedas
Depois da queda, o desafio é reaprender a andar, readquirir confiança
nos passos e fixar um horizonte. Entender a sua finalidade, só com
reflexão e sabedoria: às vezes ela é o impulso para se ganhar velocidade
e ir mais longe; às vezes é um sinal de que precisamos ir mais devagar
para não ficar no meio do caminho.
AílaSampaio
AílaSampaio
Mais um enigma
Quando eu pensava que nada mais moveria os ponteiros daquele relógio
parado, esquecido entre os guardados que não se utiliza mas não se quer
jogar fora, eis que eles se movimentam como se bombeassem sangue novo
para o velho coração. Foi tanta a
surpresa que perdi as palavras e o chão, mas continuei caminhando,
esperando as respostas que o tempo ainda não trouxe para as perguntas
que eu não fiz, mas estão em fratura exposta sobre os dias, as horas, as
semanas e os meses que parecem não ter passado a cada vez que o
telefone toca e o teu nome pula dentro dos meus olhos. Foi outra vez o
inesperado que abriu fendas na terra árida e plantou flores... não sei
se irei colhê-las, mas poder vê-las da minha janela já é um bom motivo
para abrir a minha caixinha de segredos e guardar mais um enigma.
AílaSampaio
AílaSampaio
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Sou
Sou intensa, trago a vida em superdoses, daí os mais inusitados efeitos colaterais. Mudar? Como? Sou naturalmente sem trégua, sem fio que desligue. Tudo em mim é intermitente e grita urgência. Aprender a espera, apaziguar as guerras íntimas (minhas-tuas-nossas) são desafios diários dilacerantes e intransferíveis. Não tenho culpa de ser irremediável...
AílaSampaio
sexta-feira, 4 de maio de 2012
O meu tempo
Faço e desfaço anos
todos os dias, pois o meu tempo tem a sua própria intensidade, que nem
sempre corresponde à organização dos calendários. Vivo meses em semanas
e décadas num só numa noite. Posso viver a eternidade num momento e
desviver por semanas se perco as vontades e os motivos pra acordar, pôr
os pés no chão e encarar o mundo. Meu ritmo não é o dos relógios; é o
das batidas do meu coração, quase sempre desobediente às ordens e às
regras. Meu tempo é HOJE todos os dias...
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CICLO INEVITÁVEL
“Faz tempo, sim, que não te escrevo, ficaram velhas todas as notícias”, disse o poeta num soneto à mãe nos anos 40. A velocidade do temp...
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Finalmente vi, sem dor, teu olhar colher a tarde e o vento cobrir-te do vermelho-alaranjado que desceu do céu. Não eras mais meu... parei ...
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O Livro das ausências , de Hermínia Lima, traz dezenas de poemas acerca de faltas que habitam, ausências presentificadas pela saudad...