sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ante o sol posto


Não é verdade que eu te esqueci.
Se me esquivo ante o sol posto,
é que sob os escombros da memória,
dorme sossegada a tua ausência
e já não posso levantar
o véu de impossibilidades
que cobre o teu rosto.

Procuro-te com o pensamento
e, de olhos fechados, te contemplo,
mas não sentes minha mão
a acariciar-te com os gestos
nem minha boca a beijar-te
como se fizesse uma oração.

Atrás desse muro de hera
que ergui com o silêncio
das ausências inevitáveis,
abri uma janela pra minha solidão
e, através dela, te vejo passar,
meu amor, todos os dias,
sempre noutra direção...

CICLO INEVITÁVEL

  “Faz tempo, sim, que não te escrevo, ficaram velhas todas as notícias”, disse o poeta num soneto à mãe nos anos 40. A velocidade do temp...