O campeonato terminou e, pelo que se ouve, o Benfica é campeão levado ao colo pelas arbitragens. Olhemos então para os números.
O Benfica foi a equipa que mais golos marcou (72 contra 71 do Porto e 68 do Sporting) e a que menos sofreu (18, curiosamente metade dos 36 do Sporting e menos um do que o Porto). Ao maior caudal ofensivo deveria corresponder mais grandes penalidades favoráveis e até, por a equipa provocar mais problemas às defesas, mais adversários admoestados. Estranhamente, não foi o que aconteceu. O Benfica beneficiou de sete penalidades, para nove do Porto e 13 do Sporting. Com uma nota adicional, o Benfica teve apenas duas penalidades com o jogo empatado, que compara com sete do Porto e oito do Sporting. Já quanto a expulsões, o Porto lidera destacado a tabela dos beneficiados: nove adversários expulsos (284 minutos em superioridade numérica, contrastando com os 100 do Sporting e um singelo minuto para o Benfica).
Se fizermos uma análise mais fina, cingindo-nos apenas aos jogos em que o Benfica perdeu pontos, notaremos que em todos houve erros de julgamento. Também o Benfica pode afirmar: não fora os árbitros, teríamos sido campeões mais cedo.
Moral da história: todos têm razões de queixa das arbitragens (é da natureza do jogo) e o mérito está, também, na forma como se supera os erros arbitrais. No fim, o campeão tende a ser o clube com mais qualidade individual e que foi mais estável emocional e taticamente. Como benfiquista, espero, por isso, que Porto e Sporting continuem a justificar as suas prestações com o que os árbitros fazem e não com a forma como jogam. Afastam-se das vitórias e aproximam-nos dos triunfos.
publicado no Record de 23 de maio