O que mais me surpreendeu na leitura de «Sibila» foi o amor escondido que esta mulher carregou ao longo de toda a sua vida. Uma mulher cheia de amor mas, em paralelo, com uma vontade muito mais arreigada de o esconder em si mesma. Como uma vergonha, uma fraqueza.
Que livro, meus senhores. Que livro que hoje vos trago.
Esta é a história de Quina, desde menina até ao fim dos seus dias, sob o pano de fundo da sua aldeia e das suas gentes. Começamos desde logo por conhecer a relação ausente com a sua mãe e que viria a pautar, indubitavelmente, a sua vida, bem como a relação mais próxima ao seu pai, Francisco Teixeira, homem leviano e de muitos amores.
Perdida nos afazeres da casa, Quina sempre viu na irmã Estina o protótipo da beleza, no entanto, havia nela uma segurança que em nada estava perdida. Encontrou em si uma força especial, um recobro constante, para si e para os outros, nascendo dessa força estreita nas palavras, e do saber dar-lhe uso, o nome de Sibila: a arte do predizer, do adivinhar, do esmiuçar aquilo que na alma dos outros parecia ninguém ver, a não ser ela.
Parecia ter nascido uma lenda nessa arte que só Sibila sabia manejar. Ler corações da forma mais singela possível. Que o dissesse a Condessa de Monteros, querendo-a só para si. Julgara ela por amizade, ou quiçá, algum amor.
Mas era apenas interesse. No fim, sabia-o bem. Sempre soube, ao longo da sua vida, que do nada que tinha transformando-o em riqueza, que poucos a amaram como desejou. Ou nenhuns. Da ligação com a Condessa, do mais impensável, surgira Custódio na sua vida, fugindo-lhe do controlo tão assumido, essa vontade de mostrar afeto, preocupação e suspiros de mãe aparente. Para o leitor mais emotivo, é impossível não se melindrar com certas passagens deste livro, particularmente, na relação de Custódio (Emílio de baptismo) com Quina. O amor que lhe tem, cegando uma mulher outrora tão determinada, foca o quanto o coração impera face às razões ulteriormente tão acima de qualquer coisa.
No fundo, e não sendo a minha intenção dissertar sobre um livro que exige a leitura e um impacto muito direto, e pessoal, a Sibila revela não só um contexto, mas uma rede de personagens e vivências que poderiam, muito bem, continuar a alastrar-se aos dias de hoje: eu falo do amor deslocado, da inveja que impera em prol dos laços de sangue e no fim, uma mulher que apesar de um trajeto desenhado a mão de ferro, nunca encontrou a mão de um Adão que a segurasse, com um total e verdadeiro afeto, na hora da despedida.
Um dos livros mais magníficos que tive o privilégio de ler.
Recomendo. Recomendo e recomendo, mais uma vez.
Perdida nos afazeres da casa, Quina sempre viu na irmã Estina o protótipo da beleza, no entanto, havia nela uma segurança que em nada estava perdida. Encontrou em si uma força especial, um recobro constante, para si e para os outros, nascendo dessa força estreita nas palavras, e do saber dar-lhe uso, o nome de Sibila: a arte do predizer, do adivinhar, do esmiuçar aquilo que na alma dos outros parecia ninguém ver, a não ser ela.
Parecia ter nascido uma lenda nessa arte que só Sibila sabia manejar. Ler corações da forma mais singela possível. Que o dissesse a Condessa de Monteros, querendo-a só para si. Julgara ela por amizade, ou quiçá, algum amor.
Mas era apenas interesse. No fim, sabia-o bem. Sempre soube, ao longo da sua vida, que do nada que tinha transformando-o em riqueza, que poucos a amaram como desejou. Ou nenhuns. Da ligação com a Condessa, do mais impensável, surgira Custódio na sua vida, fugindo-lhe do controlo tão assumido, essa vontade de mostrar afeto, preocupação e suspiros de mãe aparente. Para o leitor mais emotivo, é impossível não se melindrar com certas passagens deste livro, particularmente, na relação de Custódio (Emílio de baptismo) com Quina. O amor que lhe tem, cegando uma mulher outrora tão determinada, foca o quanto o coração impera face às razões ulteriormente tão acima de qualquer coisa.
No fundo, e não sendo a minha intenção dissertar sobre um livro que exige a leitura e um impacto muito direto, e pessoal, a Sibila revela não só um contexto, mas uma rede de personagens e vivências que poderiam, muito bem, continuar a alastrar-se aos dias de hoje: eu falo do amor deslocado, da inveja que impera em prol dos laços de sangue e no fim, uma mulher que apesar de um trajeto desenhado a mão de ferro, nunca encontrou a mão de um Adão que a segurasse, com um total e verdadeiro afeto, na hora da despedida.
Um dos livros mais magníficos que tive o privilégio de ler.
Recomendo. Recomendo e recomendo, mais uma vez.