É certo que cada ano ou época de nossas vidas sempre nos ensina muito, mas para mim particularmente 2009 está sendo tão marcante, tão cheio de trancos e barrancos, que eu passei a chamá-lo de "o ano que nunca acaba".
Foi (e ainda é) um tempo de muitos estragos, de cicatrizes imensas, de mudanças bruscas, um ano de aprender "na marra" e tudo isso vai andar grudado comigo por todos os anos que ainda virão.
Em 2009 eu perdi a razão tantas vezes, eu chorei como nunca entre dores, muletas, pupilas dilatadas, morfina, velórios, hospitais, ambulância, delegacia... Foram muitos tombos, muitas noites em claro no travesseiro, tentando entender o motivo da bola de neve interminável de problemas: se era acaso, descuido, karma... Sigo aqui sem saber enquanto 2009 nunca acaba....
O ano sem fim perdura não só nos resultados práticos e em tudo aquilo que se aprende no exato momento de cada acontecimento, mas também naquelas coisas que servem de aprendizado para a vida inteira. O duro e teimoso 2009 me reconceituou os sentimentos mais básicos: amor, amizade, desprezo, saudade, solidão. Eu pensei que conhecia o sentido e a sensação de cada uma dessas palavras. 2009, que nunca acaba, me mostrou que não. Poucos, muito poucos mesmo, são os amigos e os amores que sobrevivem em meio ao caos. Antes eu achava que me faltavam mãos para contá-los, depois de 2009 eu aprendi que sobram dedos, mas que os poucos que ficam fazem valer os faltantes na qualidade.
2009, o ano que nunca acaba, ainda não acabou e eu sei que com o passar do tempo, apesar dos pesares, eu vou olhar para trás e saber que foi no ano que nunca acaba que eu comecei de fato a descobrir o melhor de tudo: da vida, dos outros e de mim.