2.9.15

Notas 15/16 (#3): Um dragão irreconhecível

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Porto - O jogo com o Estoril foi, para mim e relativamente às expectativas que tinha, a grande novidade desta jornada. O Porto venceu, mas não só não convenceu, como me parece ter dado sinais de preocupação que, pelo menos eu, não esperava. Não está em causa a justiça do triunfo, ou a superioridade portista relativamente ao seu adversário, antes sim a qualidade da exibição relativamente àquelas que eram as expectativas iniciais. E, a esse nível e na minha leitura, esta terá sido tão só uma das mais fracas exibições que a equipa portista realizou no Dragão nos últimos anos, por ventura atenuada pelo conforto oferecido pela vantagem conseguida bem cedo no jogo. Mais do que tu, surpreendeu-me a incapacidade que a equipa revelou em impor-se territorialmente no jogo, algo em que, no ano passado e apesar de algumas debilidades noutros planos, a equipa de Lopetegui se revelou fortíssima. O problema, obviamente, tem a ver com a dinâmica colectiva, mas as diferenças virão sobretudo das alterações individuais realizadas, já que o modelo e as ideias são essencialmente as mesmas. Aqui ficam algumas das minhas notas pessoais: Lateral-esquerdo: referi-me na semana passada a este problema, mas se me ficaram dúvidas relativamente a Cissokho, bem mais certezas terei quanto ao pouco ajuste de Martins Indi como alternativa para esta posição. Layun poderá ser a resposta, veremos o que entende Lopetegui. Meio-campo: Há muito a dizer relativamente a este sector, e a meu ver grande parte das dificuldades resultam das mudanças de características dos médios, relativamente à época anterior. Imbula é um médio com uma vocação muito diferente de Oliver ou mesmo Evandro, parecendo-me menos propenso ao envolvimento na fase de construção, e isso deverá ser tido em conta para encontrar novo equilíbrio entre as diversas soluções para o sector. Surge agora a hipótese de colocar Brahimi numa zona mais central, mas à primeira vista isso irá colocar ainda mais em causa o tal equilíbrio de funções, onde me parece que as novas unidades - nomeadamente Imbula e Danilo - revelam ainda muitos problemas de adaptação, sobretudo em termos de ajuste posicional defensivo. A melhor notícia será André André, que na minha opinião tem sido quem tem oferecido melhor resposta, nos minutos que lhe foram dados. Extremos: Aborda-se muito a falta de capacidade de desequilíbrio da equipa no último terço de campo, e nesse sentido o foco acaba por recair muito nos extremos. Parece-me, porém, que essa poderá não ser a abordagem mais correcta. Aqui, claramente, há que separar Brahimi das restantes opções, porque o rendimento do argelino volta a ser muito bom, e para além de qualquer suspeita, neste inicio de temporada. O mesmo não se poderá dizer de Varela e Tello, é certo, mas creio que as dificuldades do Porto a este nível têm muito mais a ver com os problemas de dinâmica colectiva (e que, estes sim, não são novos), do que com a resposta individual destes jogadores.

Benfica - Novo jogo muito sofrido por parte do Benfica, com muitos dos mesmos sinais revelados nos jogos anteriores, sobre os quais já escrevera após o jogo com o Arouca. Concretamente, um volume ofensivo considerável, e um domínio claro do jogo. Novamente, também, problemas no controlo do momento de transição defensiva, que ditaram novo golo sofrido, ainda que seja também justo sublinhar que o Moreirense foi muito menos afoito do que haviam sido Estoril ou Arouca. Há um ponto interessante sobre a forma como o jogo acabou por se resolver. Diz-se que não é por se ter muitos avançados que se está mais próximo do golo, e em princípio será verdade. No entanto, foi mesmo por ter muitos avançados que o Benfica ganhou este jogo, porque como o Moreirense não se equilibrou nessa zona, passou a estar em constante desvantagem na sua última linha, e qualquer cruzamento - mesmo os mais largos, como aconteceu - era suficiente para colocar em sobressalto o extremo reduto minhoto. Mais um exemplo de como o futebol dá pouca margem para dogmas ou verdades absolutas. Uma nota mais em relação ao Benfica para assinalar a dificuldade que Rui Vitória está a ter em encontrar uma solução para o lado direito do seu meio campo, uma tarefa que me parece ter sido agravada com a saída de Ola John.

Sporting - Sem dúvida, a exibição mais conseguida da jornada, a dar novos sinais sobre o acréscimo de qualidade do Sporting 15/16 em diversos planos. Já escrevi aqui sobre as melhorias nos processos colectivos, com a entrada de Jesus, mas queria também salientar um aspecto que me parece importante e que também era uma marca do Benfica nas épocas anteriores, estando-me a referir à utilidade de um número muito largo de jogadores nas situações criadas no último terço. Laterais, extremos, médios e os dois avançados, todos eles com influência criativa. Notas individuais para a manutenção de Carrillo, que me parece ter um potencial que pode até vir a ser determinante para as aspirações da equipa nesta temporada, e para João Mário, que aparece num registo diferente, é certo, mas com consistência sem paralelo com o que se havia visto até aqui. O jogador é mesmo, note-se.

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