Texto por Milene da Mata em A terapia de Alice

Texto por Milene da Mata em "A terapia de Alice"

Eu tentei, me esforcei, me dediquei, tentei mais uma vez e outra…  Eu pensava que deveria haver algo de errado comigo e me frustrava tentando te agradar, porque nunca parecia ser o suficiente. Eu não parecia ser o suficiente. Eu esperava que você reconhecesse o meu esforço, o meu valor. Eu esperei uma ligação, esperei por você – tempo demais para contar no relógio.

Eu me iludi, me decepcionei. Doeu. Você já sentiu a dor da decepção? Dói tanto que dá vontade de arrancar, esfaquear, apagar o que o outro fez, como se, em um passe de mágica, fosse possível simplesmente esquecer. Mas na vida real não é assim, e a decepção fica ali, absorvendo todas as suas forças, e quando você pensa que não tem mais força alguma, é justamente o momento em que você se torna mais forte.

E foi assim que aconteceu, a decepção me ensinou o caminho para seguir em frente, sem meios de voltar atrás. Enquanto eu estava sozinha, eu não tive outra opção a não ser olhar pra mim mesma, e foi quando eu percebi que eu realmente não era o suficiente… eu sou mais do que eu imaginava, muito mais do que você merecia. Obrigada por me decepcionar. A melhor parte de se decepcionar muito com alguém, é que você descobre que a felicidade não está naquilo que o outro te oferece, ela mora dentro de você.

Que ironia do destino, você não iria acreditar no tamanho do meu sorriso quando eu me dei conta que o valor que eu esperava um dia receber, esteve comigo o tempo todo. Eu estava cega, mas a decepção me fez enxergar, por isso obrigada por me decepcionar e me mostrar que eu estava errada sim. Eu nunca deveria ter colocado você em um lugar que, na verdade, era só meu.

Uma das coisas que mais gosto de fazer para distrair é ouvir música.
Hoje estava indo para o trabalho, ouvindo música, como sempre.
Escutava Ed Sheeran. Mais especificamente a música Lego House.
E fiquei divagando, lembrando da minha infância, quando eu tinha uma caixa de lego e brincava quase todo dia.
E partindo dessas memórias e pensamentos, me veio a ideia de escrever um conto (ou qualquer coisa assim.)

Lego House, casa de Lego. Vida de Lego.

Já parou para pensar em como a nossa vida se parece com uma caixa de lego?
Quando você ganha uma caixa de lego, você não sabe quais peças estarão lá. E hoje em dia, dependendo do tipo de jogo de lego que você compra, ele pode vir em cores e formas diferentes.
A nossa vida pode ser comparada com uma caixa de lego.
Você não sabe quais são as peças que virão. Assim como você não sabe o que virá amanhã, não sabe que peças as pessoas vão te trazer, que peças Deus vai te dar.
Não sabe o que vai acontecer na sua vida e como a sua vida vai ser.
A questão é: o que você vai fazer com essas peças?
Quando eu era criança e tinha a minha caixa de lego, eu não podia escolher ter outras peças. Mas eu podia escolher o que fazer com as que eu tinha.
Eu poderia construir uma casa gigante, ou várias pequenas. Eu poderia construir um carro, ou um caminhão. Eu poderia construir coisas grandes, pequenas. Usar a minha criatividade. Poderia criar o que eu quisesse, com as peças que eu tinha.
E acredito que a nossa vida seja assim. Deus te deu várias peças. As vezes você gostaria de mais peças vermelhas, ou mais peças maiores. Mas Deus não te dá. A vida não te dá. As pessoas não te dão as peças que você quer.
E ai cabe a você, decidir o que fazer com as peças que tem em mãos.
Você percebe? As escolhas são suas. Cabe à você decidir o que fazer com a sua vida.
Cabe a você decidir o que fazer, o que criar. com a sua caixa de lego, com a sua vida de lego.

Patrícia Geiger

Para ouvir: Lego House (Ed Sheeran)

Nada melhor para ilustrar esse texto do que a minha foto no meio de um monte de peças de lego. (Lego Fun Fest - Santiago - Chile- Fev/2015)

~Lili

Patrícia Liana Ritter Geiger

Palavras...
Preciso das palavras
não apenas como um engenheiro precisa de números
ou um químico de elementos.
Preciso das palavras para viver.
Preciso das palavras para sobreviver.
Palavras me alimentam.
Escrever virou uma necessidade. 
Respiro palavras.
Elas entram em mim, descem até o coração, onde são
bombeadas pelo meu sangue.
Circulam na minha alma
e refletem no meu espírito.
E saem pelas pontas dos meus dedos.
Não me privem das palavras! 
Elas são os gritos da minha alma. 
Gritos expressos em palavras.
Não me privem das palavras!
elas são ar, são vida, alimento
são esperança. 

Pati Geiger

Texto por Mylena Gama

Ei você que não chegou, eu espero mais um pouco se for pra você vir inteiro e de corpo e alma. Estou contando esses dias incontáveis até o momento da gente se encontrar e saber desde o primeiro instante que toda essa espera valeu a pena.

Já tenho uma dúzia de músicas que seriam perfeitas para nossa trilha sonora, dezenas de lugares que quero ir com você. E mais uma lista inteira de coisas sobre mim que você vai precisar saber. Ah, além das inúmeras perguntas que eu tenho pra fazer, claro.

Eu sei, tudo bobagem. Tudo vai acontecer sem eu perceber, de forma natural, mas é que essa coisa de sonhar deixa meu coração contente. Até você chegar, essas fantasias me fazem companhia. E eu juro que não vou ficar decepcionada se esses meus planos infantis não acontecerem, porque eu tenho certeza que você vai me surpreender de um jeito que eu ainda nem ouso imaginar.

Ei você que não chegou, usa esse tempo para fazer suas descobertas, para viver o que você acha que precisa. Daqui a um tempo vamos conversar sobre tudo isso. Vamos passar horas enrolados num sofá falando sobre o que vivemos antes e sobre tudo que não fez sentido.

Juntos, mas em silêncio, vamos entender o porquê os outros e outras não deram em nada. Juntos, mas cada um na sua, vamos agradecer por estas tentativas terem sido infundadas. Porque foram esses recortes do passado que fizeram cada um de nós chegar aqui, do jeito que somos e com as vontades e intenções que temos.

Em bem pouco tempo todo esse acolhimento e conforto vai transbordar o meu coração e o seu também. Passeios de mão dada, planos de viagem, tardes ouvindo vinil, risos simultâneos, conversas introspectivas e mais todo um universo que será só nosso.

Eu não sei exatamente como, mas eu sei que tudo isso e mais toda a sua carga de surpresas está perto, está para acontecer. É por isso que eu ando com esse sorriso antecipado estampado no rosto. Você ainda não chegou, mas isso está prestes a mudar. Eu só sei.

Sou uma colecionadora de "quase".
Tantos quases, que quase aconteceram em minha vida.
Quase fiz um intercâmbio para a Holanda.
Quase fiz um intercâmbio para a Inglaterra.
Quase morei na França.
Quase aprendi a tocar violão.
Quase aprendi alemão.
Quase consegui a vaga no emprego dos meus sonhos.
Quase casei.
Quase noivei.
Quase namorei,
Quase fui amada.
Quase ganhei uma viagem para lugares que queria conhecer.
E tantos outros "quases" que coleciono.
Alguns que nem me lembro mais.
Alguns que apareceu algo melhor depois.
Alguns que esqueci.
E alguns que ainda me machucam.
Eu sei que tem quases que são a minha culpa, por exemplo,
eu poderia ter me dedicado mais ao violão ou ao curso de alemão,
mas escolhi me dedicar ao inglês.
Há os "quase" que são nossa escolha.
Mas há aqueles que são escolhas dos outros.
E são esses "quase" que nos machucam.
Eu sei também, que não sou a única pessoa que coleciona quases.
Afinal, a vida acontece.
Tomamos as nossas decisões e nos afetamos ou afetamos os outros.
Eu sei que não posso viver olhando para esses "quases" do meu passado.
Já me falaram que eu não devo viver presa ao passado.
E eu realmente não quero isso.
Mas esse texto surgiu a partir de um "quase" que ficou entalado na minha garganta,
que me arranha e faz meu coração doer.
Tantos "quases" sem explicação.
Mas como falei, a vida acontece.
A única coisa que eu não quero é chegar no final da minha vida e falar:
- eu quase vivi.

~Lili

E sabe, desde que fiz aquele compromisso, tenho tentado manter isso todos os dias. Não apenas em ser uma filha e irmã melhor, mas também em ser uma pessoa melhor. Ser um presente na vida de qualquer um que me rodeia.

2015 está começando. Será que você pode firmar um compromisso assim com a sua família? Seus amigos? Aqueles que te cercam?

Patrícia L. R. Geiger

Uma foto de Natal do ano de 199algumacoisa.

Eu coleciono histórias de rejeições.
Já me falaram que eu sempre falo sobre isso, que parece que fico remoendo o passado.
Não é.
Sabe aquelas coisas que você já espera que aconteçam na sua vida? Então.
Amores e amizades que me rejeitaram.
São tantas histórias que eu poderia escrever um livro. Mas hoje não.
Hoje eu vou contar como essa coleção começou.

Graças à minha excelente memória fotográfica.

Eu tinha, 6 anos. Pasmem.
Estudava na pré escola da cidade onde nasci.
Me apaixonei por um coleguinha da minha turma. (O que uma criança de 6 anos sabe sobre o amor? Absolutamente nada.)
Gostava do Éverton. Loirinho, de olhos castanhos, super meu amiguinho, simpático, querido, fofo.
Lindo. Ah, ele era lindo. Por isso eu gostava dele. Porque não sabia nada sobre o amor, então se o menino era bonitinho, eu dizia que gostava dele.

Éramos inseparáveis. Eu, ele e a Alice, minha melhor amiga. Vivíamos juntos, faziam os nosso lanchinho juntos no recreio, brincávamos juntos.

Até que um dia, a Alice, minha melhor amiga, lembra? me contou que gostava do Éverton.
Na minha cabeça de 6 anos, aquilo foi meio confuso, não consegui nem falar que eu também gostava dele, deixei a história quieta.

Até o dia em que estávamos brincando na hora do recreio e o Éverton virou pra Alice:
- Eu gosto de você. Vamos casar?

Claro que sim. Claro que duas crianças de 6 anos vão se casar. Eu nem sei se ficava feliz ou triste. Acho que queria sair correndo dali. Mas não podia. Não né?

Achei que a história terminaria ali. Mas não, claro que não.
O menino teve a brilhante ideia:
-Vamos lá atrás do colégio e vamos nos casar. A Pati casa a gente.
Caso, Claro que caso. Minha melhor amiga com o amor da minha vida. Por que não eu mesma pra realizar o casamento né?

Não era brincadeira de criança. A coisa era séria.
Fomos lá, eu, Alice e o Éverton.
-Éverton, você aceita Alice como sua legítima esposa?
-Alice, você aceita Éverton como seu legítimo esposo?

Então, eu os declaro marido e mulher.

Fim da história? Não né. O pior ainda estava por vir.

O Éverton, de 6 anos, deu um selinho na Alice, de 6 anos.
Selinho. S-E-L-I-N-H-O.
Assim, na minha frente.

Não apenas casei o amor da minha vida com a minha melhor amiga, como ainda presenciei o primeiro beijo deles.

E viveram felizes para sempre. Ou não. (Lembre-se que éramos apenas crianças.)

E essa foi a minha primeira rejeição.
E desde então, coleciono histórias como essas.
A diferença é que eu não tenho mais 6 anos.

Aqui está a resposta (por uma criança de 6 anos):

Sendo um veterinário, fui chamado para examinar um cão irlandês de 13 anos de idade chamado Belker.
A família do cão, Ron, sua esposa Lisa e seu pequeno Shane, eram muito ligados a Belker e esperavam por um milagre.

Examinei Belker e descobri que ele estava morrendo de câncer. Eu disse à família que não poderia fazer nada por Belker, e me ofereci para realizar o procedimento de eutanásia em sua casa.

No dia seguinte, eu senti a sensação familiar na minha garganta quando Belker foi cercado pela família. Shane parecia tão calmo, acariciando o cão pela última vez, e eu me perguntava se ele entendia o que estava acontecendo. Em poucos minutos, Belker caiu pacificamente dormindo para nunca mais acordar.

O garotinho parecia aceitar a transição de Belker sem dificuldade. Sentamo-nos por um momento nos perguntando por que do infeliz fato de que a vida dos cães é mais curta do que a dos seres humanos.

Shane, que tinha estado escutando atentamente, disse:'' Eu sei por quê.''

O que ele disse depois me espantou: Eu nunca tinha escutado uma explicação mais reconfortante que esta. Este momento mudou minha maneira de ver a vida.

Ele disse:'' a gente vêm ao mundo para aprender a viver uma boa vida, como amar aos outros o tempo todo e ser boa pessoa, né?''

'' Bem, como os cães já nascem sabendo como fazer tudo isso, eles não tem que ficar por tanto tempo como nós.''

O moral da história é:

Se um cão fosse seu professor, você aprenderia coisas como:

* Quando teus entes queridos chegarem em casa, sempre corra para cumprimentá-los.

* Nunca deixe passar uma oportunidade de ir passear.

* Permita que a experiência do ar fresco e do vento, na sua cara, seja de puro êxtase.

* Tire cochilos.

* Alongue-se antes de se levantar.

* Corra, salte e brinque diariamente.

* Melhore a sua atenção e deixe as pessoas te tocarem.

* Evite "morder" quando apenas um "rosnado" seria suficiente.

* Em dias quentes, deite-se de costas sobre a grama.

* Em um clima muito quente, beba muita água e deite-se na sombra de uma árvore frondosa.

* Quando você estiver feliz, dance movendo todo o seu corpo.

* Delicie-se com a simples alegria de uma longa caminhada.

* Seja fiel.

* Nunca pretenda ser algo que não é.

* Se o que você quer, está "enterrado"... cavoque até encontrar.

E nunca se esqueça: " Quando alguém tiver um mal dia, fique em silêncio, sente-se próximo e suavemente faça-o sentir que está aí...