10 abril 2011
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09 junho 2009
Pastilhas do Amor
Aproveitei a ideia dessa "bula" que surgiu num tópico do DSM Memories, simplifiquei...
Decorei uma caixinha de balas, juntei a bula e dei o meu toque:
E hoje tem Carlos Drummond de Andrade:
Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
(Carlos Drummond de Andrade)
Recheio poético
Mais alguns cartões , esses são da revista Cards, Sim, são bonitos, mas nada melhor do que belas palavras para enfeitá-los ainda mais.
Aproveitando a proximidade do Dia dos Namorados, vamos encher isso aqui de ideias poéticas. Prepare um cartão, coloque algo seu ou escolha um texto para o recheio, entregue para o seu amor e beije muuuito!
E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também!
(Osvaldo Montenegro)
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil".
(Clarice Lispector)
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder... pra te encontrar!
(Florbela Espanca)
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários
(Carlos Drummond de Andrade)
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinicius de Moraes)
Ouço um passarinho cantar perto da cozinha. Não posso vê-lo, mas, porque canta, ele me alcança e perfuma a textura do meu instante.
Como o pássaro é o coração que ama: canta o seu perfume sem imaginar onde ele chega. E, ao amar, imperceptivelmente, ajuda a amaciar a textura do mundo.
(Ana Jacomo)
Para viver um grande amor, fiquem com o grande poetinha do Amor, Vinicius de Moraes:
Amanhã tem mais...