«Brecht, se é lícito dizê-lo, afirmava o sentido, mas não o preenchia. Certamente o seu teatro é ideológico, mais francamente que os outros: ele toma partido sobre a natureza, o trabalho, o racismo, o fascismo, a história, a guerra, a alienação; no entanto, é um teatro da consciência, não da acção, do problema, não da resposta; como toda a linguagem literária, serve para «formular», não para fazer; todas as peças de Brecht terminam implicitamente por um «Procurem uma saída» dirigido ao espectador em nome dessa decifração a que a materialidade do espectáculo deve conduzi-lo: consciência da inconsciência, consciência que a sala deve ter da inconsciência que reina em cena, que é o teatro de Brecht.»
(BARTHES, Roland, «Literatura e Significado», Ensaios Críticos, trad. de Antóni Massano e Isabel Pascoal, Lisboa, Edições 70, 1977, p. 358; só os dois últimos sublinhados não são nossos).