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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Matando a mãe de vergonha!





Por que será que as crianças têm o péssimo hábito de matar-nos de vergonha?

Com que cara devemos ficar ou fazer?
Ainda não descobri!

Certa vez, estávamos no elevador do nosso prédio e minha filha caçula, que estava no meu colo, olhou para a mulher que estava ao nosso lado e perguntou-me:
- Mãe, por que ela é assim tão feia?
Meu coração disparou, fiquei vermelha, olhei para o lado contrário à mulher e tossi engasgada!
Por sorte , ela não exigiu a resposta imediatamente!

De uma outra vez, ela ganhou uma bolsinha ( feia,verdade seja dita) da avó e disse na cara da avó:
- Não gostei, e jogou a bolsa em cima da mesa!

Acho que devíamos ficar invisíveis durante esses momentos cruéis!
Ser mãe é fazer-se de surda vez ou outra!

 Nana Pereira

As três palavrinhas





Quando minha filha caçula era pequena, eu costumava brincar com ela e dizer-lhe:
- Fale aquelas três palavrinhas para mim!
Ela ria e dizia:
- Eu, Avó e o gordo!
A avó era eu (avó de seus bichinhos de pelúcia), o Gordo era o apelido que ela deu para um leãozinho de pelúcia chamado Leonildo!
Toda vez era a mesma coisa!
Em julho, mandei as meninas para a casa de meus pais no Rio de Janeiro passarem as férias.
Minha filha mais nova que tinha 12 anos nessa época ,disse-me que não queria ir, não queria que eu ficasse sozinha, tinha receio de alguma coisa acontecer comigo em sua ausência.
Tranquilizei-a dizendo que estava bem e que nada me aconteceria.
Dois dias depois que elas haviam voltado das férias, fui almoçar em casa como sempre fazia e na hora da refeição de repente fiquei quieta.
Ela estranhou , olhou para mim e perguntou:
Mãe, você está passando bem?
Respondi que não, aí ela perguntou:
- Quer ir para o hospital?
Respondi quase sem forças que sim!
Saímos imediatamente e quando entramos no elevador, desmaiei!
Ela, desesperada repetia para mim:
- Mamãe, não morra, por favor!
Não morra porque eu preciso de você não! Não morra porque eu te amo!
Depois disso apaguei totalmente.
Um homem negro que fazia uma entrega no prédio, tomou-me em seus braços e colocou-me dentro de um carro com minha filha e levou-nos para o hospital.
Não vi nada disso acontecer, mas quando cheguei ao hospital, tinha 5 de pressão, estava morrendo!
Engraçado é que fiquei num estado de semi-consciência, dentro de mim, lutava para sobreviver e pensava em quem iria cuidar de minhas filhas.
Não podia morrer!
Não naquele momento!
Tentava orar, mas não conseguia lembrar de nenhuma oração.
Então repetia para mim mesma : Senhor meu Deus, cuide de mim!
O hospital localizou horas mais tarde minha filha mais velha que estava no trabalho ,e só quando ela chegou consegui ficar mais calma.
Passei cinco dias internada, tinha tido um choque anafilático, havia misturado muitos medicamentos.
Estava com uma gripe muito forte e havia ido ao médico. ele receitou vários remédios e após 2 dias eu ainda não havia melhorado.
Voltei ao médico e ele medicou-me novamente.
Naquela manhã eu havia piorado e passei na farmácia e tomei uma daquelas injeções "levanta defunto" para poder ir trabalhar.
Pouco antes do almoço, tomei um outro remédio para aliviar minha dor nas costas.
Este coquetel de remédios quase matou-me.
Hoje, olho para trás e fico imaginando o sofrimento de minhas filhas e agradeço por estar viva!
Vejo algumas pessoas passarem a vida inteira e não conseguirem verbalizar seus sentimentos.
Mas também vejo pessoas banalizando as TRÊS PALAVRINHAS , fazendo com que elas percam o seu real valor!
 

Nana Pereira

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Cada macaco no seu galho




Estávamos de mudança de São Bernardo do Campo para são Paulo e fui com as meninas fazer uma visita de  despedia a uma amiga.
Ela tinha três filhos lindos, duas meninas e um menino.
Eram realmente lindos!
Chegamos por volta das 15h e ficamos conversando na sala enquanto as crianças brincavam.
Lá pelas 16:30h minha amiga nos levou para a cozinha para servir um lanche para a criançada!
Ela abriu o armário , pegou uma lata de farinha láctea e  um pote de plático onde havia açúcar e os colocou sobre a mesa.
Retirou a tampa  da lata e   a tampa do pote de açúcar, pegou 5 bananas na fruteira, descascou-as e deu uma para cada criança.
Qual não foi o meu espanto quando percebi que não haviam pratos nem talheres  sobre a mesa!
O ritual era o seguinte: Pá, Pá, Pum!
Minha filhas ficaram apenas observando com os olhos bem arregalados as crianças enfiarem as bananas , primeiro no pote de açúcar ( Pá ) , em seguida na lata da farinha láctea ( Pá ) e depois na boca ( Pum ).
Pedi educadamente que ela me desse dois pratinhos , um garfo e duas colheres, amassei as bananas e coloquei por cima um pouco de açúcar e depois a farinha. Dei um pratinho na mão de cada uma e então elas comeram o lanche.

Pois é! Cada um é que sabe a delícia de preparar o lanche dos filhos!

Nana Pereira

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A melhor hora do dia




Ana Carolina tinha três anos e resolvi colocá-la na escola.
Comprei o uniforme , mochila, cadernos, lápis , borracha e a lancheira, é claro!
Era uma esolinha pequena de nome "Mundo Colorido", o prédio era pintado de azul e ficava a uns quatro quarteirões de nossa casa.
Qual não foi a minha surpresa quando no primeiro dia de aula, ela pediu para ir no colo e enganchou-se na minha cintura.
Não houve meios de desgarrá-la de mim , ela agarrou-se aos meus cabelos e chorava sem parar e sentindo-me vencida acabei levando-a de volta para casa.
A história se repetiu por vários dias , foi então que tive a ideia de inventar a "melhor hora do dia"!
Conversei seriamente com ela e expliquei que ela precisava ir para a escola para brincar, aprender coisas legais, comer os lanches deliciosos que eu faria e além disso, o que era o melhor de tudo , teríamos a melhor hora do dia.
Então, muito curiosa ela perguntou :
- Mas qual é a melhor hora do dia?
Então,  abracei seu corpinho , beijei seus cabelos cheios de cachinhos e respondi:
- A melhor hora do dia é a hora de buscá-la na escola , porque estarei cheia de saudade.

Foi assim que a convenci de ir todos os dias para a escola.

Nana Pereira

domingo, 23 de setembro de 2012

Encantos e doçuras!



Hoje é domingo e domingo é dia de arrumar gavetas, olhar fotos, ler bilhetinhos que vão ficando pelos móveis e guardá-los dentro de um baú.
Tenho um baú que me foi dado pela minha querida vovó Hilda, e nele guardo todos os bilhetinhos, cartas e cartões e algumas fotos das pessoas mais queridas da minha vida.
A esse baú dei o nome de "Encantos e doçuras"!
Hoje reli bilhetinhos de minhas filhas e como tenho um problema sério de "vazamento" nos olhos, me emocionei e chorei . Senti saudade do tempo em que eram pequenas e vivíamos juntas na mesma casa.

Que coisa mais maravilhosa ter motivos para sentir saudade!
Porque só sentimos saudade do que foi bom, do que nos fez feliz.

Nana Pereira

sábado, 5 de março de 2011

O anel





















Ela era uma menina tão doce, tão amorosa...
Aos quatro anos era uma exímia caçadora de joaninhas, entrava embaixo do chuveiro de guarda-chuva e morria de medo de pisar no canteiro de margaridas e cair no Japão.
Um dia , tomada de imensa alegria e transbordando de amor, me disse:
- Algum dia vou te dar um anel bem lindo , com uma pedra bem grandona.
Enchi suas bochechas de beijos e respondi sorrindo :
- É uma pena que você ainda não saiba escrever para colocar isso num papel e assinar embaixo.
Os anos se passaram, muitos anos, e em março deste ano , dentro do carro, indo comemorar meu aniversário ela tirou da bolsa uma caixinha e me entregou dizendo:
- Mãe, este presente, eu te prometi há muito tempo!
Sem imaginar o que seria , abri a caixinha pequenina e encontrei um anel com uma pedra azul.
Nossos olhos se encontraram e nesse momento, por uns segundos , o tempo voltou e milagrosamente vi a minha menina de quatro anos me abraçando e dizendo:
- Mãe , algum dia vou te dar um anel bem lindo , com uma pedra bem grandona.
Fiquei sem palavras, o coração transbordando de felicidade e silenciosamente agradeci à vida por mais esse presente.
A pedra do anel é um topázio azul .
Segundo os gregos, foram reunidos no topázio azul os deuses do céu e da terra , onde deliberavam sobre a exclusão dos males para fazer com que o céu e todos os mares aparecessem transparentemente azuis .
Então, hoje, especialmente hoje, o céu apesar da chuva, subitamente ficou azul e uma única estrela pingou no meu dedo.

Nana Pereira

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Baú do tesouro!












Sabiam que piscianas adoram guardar coisas?
Há muitos anos ganhei um baú da vovó.
Talvez tenha sido um dos mais importantes presentes de minha vida!
Dentro dele há infinitos tesouros e recordações:
Fotografias, bilhetinhos das filhas, cartões, entradas de teatro,
um brinco perdido, postais de Paris, convites das formaturas das minhas filhas,
poemas, letras de música, os cachinhos da Favinho de Mel,
desenhos com declarações de amor, bilhetes de reclamações.
E o maior dos tesouros: o nome ANA escrito pela primeira vez!
Minhas duas filhas chamam-se Ana!

By Nana Pereira

sábado, 4 de julho de 2009

A melhor hora do dia


Quase 23h , estou cansada, com fome , mas estou muito feliz.
Vou explicar porque.
Hoje foi a comemoração de final de semestre da orquestra que faço parte.
A cada seis meses fazemos um Festival onde se apresentam corais, bandas, orquestras, e afins.
A apresentação começou às 7:45 ( com atraso, é claro!), mas estávamos no clube desde as 15:30h.
Correu tudo bem, alguns deslizes,uns tropeções, mas final feliz.
Nem sei porque estou falando de música, já que o assunto é totalmente diferente.
Ah! Lembrei!
Tivemos um intervalo antes de começar ao Festival e fiquei pensando em como estava frio e em como seria bom estar em casa tomando um capuccino quentinho.
Seria , definitivamente a melhor hora do dia.
Lembrei de quando minha caçula era pequena e não queria de jeito nenhum ir para o jardim de infância.
Todas as manhãs era a mesma coisa, uma choradeira sem fim, leite entornando na toalha da mesa, ela agarrando-se aos meus cabelos, aos meus brincos e uma vontade de chorar junto com ela.
Afinal, ela só tinha 3 anos de idade e era dona dos cachinhos mais lindos que já vi na vida..
Após várias semanas de soluços e corações partidos, tive uma idéia brilhante!
Sentei ao lado dela no sofá enquanto penteava seus cachinhos e perguntei:
- Você sabe qual a melhor hora do dia?
Ela olhou bem dentro dos meus olhos e respondeu:
- Não sei mamãe, qual é?
- É a hora de buscar você na escolinha, respondi.
Ela ficou quieta e eu continuei , por isso você tem que ir para a escolinha.
Se você ficar em casa, como teremos a melhor hora do dia?
Aquela hora em que você pula nos meus braços, engancha as pernas em torno da minha cintura e me conta tudo o que aprendeu, as musiquinhas que cantou, os desenhos que pintou e eu aperto você , encho suas bochechas de beijos e vamos para casa almoçar.
A partir daquele dia, ela parou de chorar e quando ameaçava um choramingo eu perguntava:
- Qual a melhor hora do dia?
Imediatamente ela gritava:
- Hora de "bucar"!

Nana Pereira

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Teste de honestidade

















A história se passa nos anos 80 , sala de aula da escola americana do colégio Mackenzie.
Minha filha Ana Carolina resolveu fazer um teste de honestidade com um amiguinho da classe.
Pega de sua mochila uma nota de UM REAL , amassa e joga perto da carteira do menino e imediatamente pergunta ao mesmo se o dinheiro é dele.
Rapidamente o coleguinha diz que sim , pega a cédula amassada e coloca no bolso.
Ela chega em casa e conta o episódio , meio decepcionada, mas aliviada por ter descoberto que o menino além de mentiroso é desonesto , portanto não é digno de sua admiração.

Pois é!
No mundo em que vivemos, o normal é ser desonesto e mentiroso, quando encontramos uma pessoa honesta ficamos surpresos.
A honestidade deveria ser uma coisa preciosa para nós, mas vamos combinar, com os políticos que temos, que acham normal roubar , que desviam dinheiro para suas contas pessoais no exterior e que dizem que estão se lixando para a opinião do povão, o que podemos esperar de nossas crianças?
Quando lembro desse episódio ainda tenho esperança de que nem tudo está perdido.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Confissões de uma mãe


Minha relação com crianças sempre foi de uma certa estranheza.
Diferente da maioria das mulheres, nunca fui dada a fazer festinha para bebês e ficar encantada com nenenzinhos babões passeando no carrinho com sua mãe.
Fazer bilu bilu então, nem pensar.
Nunca tive esta vontade louca de ter filhos!
Talvez por vê-los sendo educados como bonecos ou como monstrinhos egoístas e sem limites.
Porém, aos vinte anos , uma semente em meu ventre transformou-me em árvore frutífera .
Nesse momento comecei a colocar em prática tudo aquilo que imaginava de como se devia educar uma criança.
Sem nenhuma experiência , fui desenvolvendo um tipo de educação personalizada, não estereotipada, nem copiada de livros.
Queria educar com conteúdo, com respeito , com humor e com amor.
Minhas filhas dormiam ao som de Berceuse em alemão e Frére Jacques em francês , cantarolados em voz baixa , quase num sussurro.
Brincávamos de aprender, líamos histórias , nas quais eu dava um final menos bobo e infantilóide, lia para elas Guy de Maupassant, contava as histórias das óperas, comprava livros que instigasse a inteligência , a criatividade e a sensibilidade.
Brincávamos de fazer poesias, desenhos, bordados, escrevíamos bilhetes e cartinhas umas para as outras.
Livros eram encontrados em toda a parte da casa, cartazes com citações, provérbios e declarações de amor eram espalhados pelas paredes, nas portas dos armários e na lousa que tínhamos na cozinha.
Não queria ter filhos, queria ser mãe!
Mãe de criaturas pensantes e amadas.
Aquelas festinhas da escola, as apresentações de música, as competiçoes de ginástica olímpica,as formaturas e os espetáculos de dança, eram compromissos importantíssimos e preciosos na minha vida.
Não, eu nunca quis ter filhos, queria ser mãe!
Não daquele tipo tradicional, mandona , autoritária e repressora, mas do tipo amorosa, conselheira , brincalhona e companheira.
Do tipo que diz não e explica os porquês, do tipo moleca que entra na dança e chora de tanto rir, do tipo que se coloca no lugar do filho e entende suas limitações.
Cometi alguns erros , mas quem não os comete?
O importante não é nunca errar, não pecar, não tomar decisões erradas e ser alguém exemplar.
O importante mesmo é é ter a coragem de admitir as falhas, a humildade de pedir perdão, calar na hora certa e falar quando a situação assim o exigir; o importante é deixar as lágrimas caírem e permitir que os filhos saibam que somos humanas , cheias de defeitos , manias e sonhos .
Não quero ser lembrada apenas num único dia do ano, não quero que me visitem por obrigação.
É muito pouco ser lembrada apenas nas datas comerciais, por isso não me desejem feliz dia das mães.
Deixo esta comemoração para aquelas que quiseram "ter filhos".
Para as outras, as que desejaram ser mães, minha simpatia e meu desejo de feliz vida , todos os dias.

Nana Pereira

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Bilhete de amor para uma filha























Não é fácil aceitar as pessoas assim como elas são, não como queremos que elas sejam, mas como elas são!

Sei que é difícil, muito difícil! É coisa para poucos.

É preciso escutar com os olhos e ouvidos, escutar com a alma .

Escutar o que diz o coração, o que dizem os olhos, as mãos que se movimentam sem parar.

Escutar a mensagem que se esconde nas entrelinhas; Descobrir a tristeza disfarçada, a insegurança , a solidão encoberta.

Desvendar o sorriso amarelo, a alegria inventada, o sono exagerado.

Comemorar as pequenas vitórias, as pequenas grandes alegrias partilhadas.

Só quem ama verdadeiramente consegue perceber estes mínimos detalhes,

Você consegue ver a minha alma, os meus defeitos, minhas qualidades, meus acertos e meus erros e ainda assim continua a me amar do jeitinho que sou.

Para você, eu tiro meu chapéu, meus sapatos;

Para você , eu daria todas as estrelas do céu, se pudesse;

Para você , entrego todo o meu amor e meu coração para sempre.


Nana Pereira

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Festa de Reis










Ao longo destes anos maravilhosos vividos com minhas filhas, uma das datas mais esperada era a da noite de Natal.
É uma data de muita alegria para mim e quem me conhece , sabe o quão apaixonada sou pelo Natal.
Minhas noites natalinas perderam um pouco de sua alegria quando minha filha mais velha casou.
Ela normalmente dá uma passada rápida aqui em casa, trocamos presentes, ela come sua torta favorita e vai para a casa dos sogros.
Sinto uma enorme falta dela durante a ceia, nas brincadeiras e na hora da oração.
Ano passado, resolvi criar uma festa especialmente para tê-la ao meu lado a noite toda.
Comecei a comemorar a "Festa de Reis"!

Preparei uma ceia parecida com a que fazemos no Natal, com rabanadas, peru, frutas e a torta predileta dela.
Não faltou incenso de mirra , a famosa romã ,nem os amigos queridos que convivem conosco durante todo o ano.
Diz a tradição que foi nesse dia que os Reis Magos viram a Estrela de Belém no céu e foram ao encontro de Jesus que havia nascido há pouco.
Todavia, para mim, passará a ser o dia que em que estaremos reunidas como família, como os "Três Reis Magos"!

By Nana Pereira

domingo, 12 de outubro de 2008

Sinfonia inacabada





















Tenho que admitir que Deus me fez perfeita!
Não no sentido de só ter qualidades e não ter defeitos, mas no sentido de enxergar, ouvir, falar e andar.
Acordo todos os dias com uma sensação de felicidade e sou agradecida por ser saudável e estar viva, mas tenho que confessar que tenho um pequeno defeito de fabricação : - Um vazamento crônico!
Parece que tudo é motivo para uma torrente de lágrimas em minha vida.
Tudo é motivo para meus olhos transbordarem em lágrimas : se vou ao jardim molhar as plantas e descubro uma nova flor, se recebo um cartão junto de um vaso de flores em comemoração à entrada da primavera, se minha filha caçula vai ao shopping com o namorado e me liga perguntando que sabor de bolo eu prefiro que ela me traga.
Fico me perguntando se este vazamento é normal.
Quando estou na igreja e o coral canta a "Lacrimosa" de Mozart, é inevitável a enxurrada de lágrimas que invade meu rosto sem pedir permissão.
Ás vezes estou arrumando uma gaveta e lá encontro um bilhetinho de uma de minhas filhas , emociono-me de uma tal maneira, que fica até impossível terminar de ler sem que meu óculos fique todo embaçado e o meu nariz fique parecendo um narizinho de palhaço.
E o engraçado é que conforme o tempo passa, o tal vazamento piora, aparece com mais frequência e intensidade.
Ultimamente, durante os ensaios da orquestra e mesmo nos concertos, tenho passado maus bocados com esse vazamento impertinente.
Fizemos recentemente um concerto na Loja Maçônica de São Paulo e fui presenteada com a presença de duas amigas e da minha filha caçula ( ela sempre comparece quando pode).
Antes de começarmos a tocar uma das peças, olhei para a platéia e meus olhos encontraram-se com os de minha filha, ela sorriu e fez um desenho em forma de coração com as mãos.
Pronto!
Foi o suficiente para que meus olhos se enchessem de lágrimas !
O espantoso é que nem tem sido com Mozart ou Beethoven,pode ser com qualquer um que toque meu coração. Nos últimos tempos tem sido com Schubert, para ser mais exata, com a sinfonia inacabada.
Não sei que analogia meu cérebro (ou coração) faz com esta sinfonia e minha primogênita.
É alguma coisa inexplicável!
Talvez por ela nunca ter ido assistir um concerto meu ou talvez por ter casado e levado ao pé da letra o versículo do Gênesis que diz "Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher..."
Não há um concerto sequer em que durante as pausas da música, meus olhos não procurem insistentemente por uns olhos de "peixinhos de aquário"!
Quase não nos vemos, pouco sei de sua nova vida, a não ser pelo seu blog.
Entro como uma espiã para saber algumas novidades do seu dia a dia, se está feliz, cansada,resfriada , animada ou triste.
Às vezes descubro pequenas coisas que gostaria que compartilhássemos , coisas bobinhas como a compra de um novo vaso de flores, ou uma não tão boba como sua viagem de férias.
O incrível é que Schubert me faz sentir uma saudade imensa da "minha caçadora de joaninhas" com olhos de peixinhos de aquário, e nem sei explicar o porquê!
Acho que na realidade, nossa vida é como uma sinfonia inacabada, ela só termina quando fechamos os olhos e partimos rumo à eternidade.

Nana Pereira

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Enfim, dia dos pais

























Eu tinha o costume de dizer que era uma mãe bombril, com mil utilidades
Era uma forma alegre de executar funções que não eram minhas.
Algumas vezes, senti-me sobrecarregada, mas nunca infeliz!
Aprendemos a bordar juntas, a fazer biscoitinhos, a ser feliz com o que tínhamos.
Sempre fui uma feroz defensora da importância da educação em nossa vida e vivia à espreita de novos livros de histórias, contos e tínhamos até uma noite de sarau.
Líamos em voz alta enquanto desenhávamos, todas as quintas-feiras.
Fernando Sabino e Guy de Maupassant estavam sempre muito presentes em nossas vidas.
Achava que a vida precisava de poesia e música, e num ato de extrema bravura financeira, comprei nosso primeiro órgão.
Ainda guardo no coração as músicas que eram tocadas especialmente para mim.
A casa se enchia de luz, alegria sem fim. Sentia-me a mãe mais sortuda do mundo.
Corri muitas vezes, para assistir as apresentações musicais, as festas anuais do colégio, mas as que ficaram marcadas foram as de cada formatura.
Persegui bolsas de estudo durante anos, descontos e vagas no curso de inglês, nas aulas de música, nas aulas de dança.
Acho que eu era uma maratonista incansável.
Nunca tive a intenção de fazer um papel que não fosse o meu, mas algumas vezes foi necessário.
Durante muitos anos recebi presentes no dia dos pais, dia dos namorados, dia das mães ,dia das crianças, além daqueles de Natal e de aniversário.
Todavia, o melhor presente foi ter minhas duas filhas.
Hoje é dia dos pais, só queria dizer da minha alegria de ainda ter um pai e sentir muito pelos pais que não aproveitam sua paternidade e a vivem plenamente.

Nana Pereira

O dia que o Juquinha morreu!






















Juquinha era o boneco predileto de minha filha caçula!
Um bonequinho todo amarelo de bonezinho, com uma carinha de travesso!
Ela não dormia sem ele, e andava arrastando o coitado pela casa durante o dia!
Certa vez, ela estava no jardim de infância, tive a brilhante idéia de fazer uma super faxina no quarto delas, coloquei colchas novas nas camas, arrumei as prateleiras cheias de bonecos e bichinhos de pelúcia e resolvi pendurar na parede um palhaço (que era da minha filha mais velha) e o Juquinha!
Toda contente com o resultado da arrumação, lá fui eu buscá-la na escolinha!!
Quando ela chegou em casa e viu o Juquinha pendurado na parede, começou a chorar, chorar, chorar....
Nunca entendi o porque de tanto choro.
Nunca mais ela brincou nem dormiu com o boneco!
Anos mais tarde, ela confessou-me que para ela , naquele dia eu havia matado o Juquinha!
Senti-me a pior das criaturas!
Moral da história: Nunca pendurem um boneco na parede!
By Nana Pereira

Ao vencedor, as bananas!






















Quando as crianças eram pequenas, minha especialidade era fazer "Bananas amassadas" com farinha láctea.
Não pensem que eram quaisquer bananas, havia todo um ritual:

Separar as bananas e descascá-las;
Amassá-las totalmente, sem deixar pedaços inteiros;
Colocar açúcar;

E por fim........................soterrá-las com farinha láctea!

Certa vez a avó paterna de minhas filhas, foi fazer banana amassada para minha caçula e foi cruelmente esculachada: "Não é assim que a mamãe faz"!!
E não comeu!

Tive uma amiga em São Bernardo do Campo, que tinha 3 filhos.
Minhas filhas ficaram chocadas quando viram como ela preparava a banana dos filhos:
Ela dava uma banana para cada filho, abria o açucareiro e a lata de farinha láctea e eles mergulhavam a banana inteira em cada recipiente e depois mordiam a banana.

Machado de Assis já dizia: "Ao vencedor, as batatas" , eu digo: Ao vencedor , as bananas!
O carinho com que eram feitas as bananas amassadas não tinha preço!
By Nana Pereira

Aprendendo a bordar!



















Quando as crianças eram pequenas eu vivia inventando coisas para fazermos nos fins de semana.
Certa vez comprei umas revistas que ensinavam a bordar ponto cruz, linhas e agulhas.
Após o almoço nos reunimos em minha cama para a nova empreitada.
Cada uma de nós escolheu um desenho.
Enquanto eu tentava entender as explicações na revista, elas escolhiam as cores das linhas e ansiosas esperavam para começar.
Minha nossa! Que troço mais complicado!
Tentei começar o meu bordado e a linha contorcia-se na agulha, embolava e eu desmanchava tudo e recomeçava.
Minha filha mais velha também tentou, mas logo sua linha estava cheia de nós.
Após meia hora de tentativas mal sucedidas fui ficando com raiva da tal revista.
Minha vontade era de jogar tudo pela janela e pegar um filme para vermos enquanto comíamos pipocas.
Quase que em uníssono, minha filha mais velha e eu dissemos: Desisto!
De repente, olhamos para a menorzinha do grupo e com espanto vimos que já tinha bordado um coração cor-de-rosa!
Envergonhadíssimas, sentimo-nos duas incompetentes!
Pegamos de volta nossos bordados em branco e tentamos até conseguirmos.
No final, bordamos várias coisas e foi uma tarde bem agradável!
Rimos muito , bordamos galinhas, flores, ursinhos e coelhinhos.
Até hoje tenho o coração cor-de-rosa guardado!
Tão bom lembrar desses momentos!
By Nana Pereira

Pessoas sem cultura!


























Estou lavando alface para a salada do almoço quando minha filha de 8 anos chega da escola , coloca a mochila na cadeira da cozinha e dispara:
- Mamãe, na minha escola ninguém tem cultura!
Paro imediatamente o que estou fazendo e pergunto:
- Como assim?
Ela senta no banquinho que tem perto da pia e responde:
- Você acredita que na minha classe ninguém conhece Guy de Maupassant?
Arregalo os olhos e deixo que ela desabafe!
- Nem a professora conhece!
Respiro fundo e fico pensando no que devo responder!
Ai meu Deus, o que devo dizer?
Por fim , respondo que nem todo mundo conhece mesmo e que ela só conhece porque sou fã de seus contos!
Ela pega um punhado de cenouras raladas da travessa e diz:
- Mas , todo mundo não deveria conhecê-lo?
Volto a lavar as folhas de alface e respondo sorrindo:
- Sim , todo mundo deveria conhecê-lo, afinal é meu autor preferido!
Ela me abraça, me beija e vai para o quarto trocar de roupa.
Acho que vou começar a ler apenas Monteiro Lobato para as crianças......
Mas, será que conhecem Monteiro lobato?
By Nana Pereira

Piquenique




















Nada se compara a um piquenique em família!
Penso que seja preciso criatividade e uma certa dose de bobagens alegres para alimentar nossa alma.
Lembro-me com muita saudade do tempo em que fazíamos piquenique no carpete branco da sala.
Acho que um piquenique tem que ser saboreado para tornar-se inesquecível.
Às vezes nem precisa ser num dia de sol, basta forrarmos uma toalha no carpete, preparar alguns sanduíches, um bolo de chocolate, algumas frutas e um livro para ler para as crianças.
Nos domingos, feriados ou naqueles dias em que as crianças não têm nada para fazer, um piquenique sempre é um bom programa.
Soltava minha imaginação, estendia a tradicional toalha xadrez no chão e fazia com que um dia de chuva se transformasse em um dia especial.
Enquanto as crianças comiam as guloseimas , eu lia uma história, ou contava algum episódio interessante sobre nossa família.
Durante muito tempo, planejei um piquenique de verdade num lugar bonito, num dia ensolarado.
Cheguei a comprar uma cesta de piquenique , mas nunca consegui colocar em prática.
As crianças cresceram e o piquenique foi deixado para um futuro que nunca chegou.
Gosto de lembrar do sorriso das crianças, dos olhos brilhantes, da alegria que invadia nossa casa nos dias em que fazíamos piquenique no carpete da sala.
Não há dinheiro que pague essas doces recordações!

By Nana Pereira

O amor que tu me destes






























Lembras do tempo em que caçavas joaninhas?
Dos cadernos de estudo, da bicicleta, do boneco grande de plástico, das roupinhas de bonecas que eu fazia para você?
De entrar com guarda-chuva embaixo do chuveiro, de colher morangos na horta, das tardes vendo "Sítio do pica-pau marelo", dos desenhos que mandávamos para o "Bambalalão" ?
Lembras das festinhas de aniversário, dos bolos de chocolate e dos brigadeiros crocantes?
Você sempre dizia que meus brigadeiros eram os melhores do mundo e que quando casasse, ia querer que eu fizesse uma bandeja só para você!
Quantas cartinhas para o papai noel e para o coelhinho da Páscoa escrevemos juntas!
Sempre foi dia de festa armar nossa árvore de Natal!
Esperávamos o ano todo por esta data.
Lembras?
Lembras do vaso de violetas que me destes certa vez?
eu nunca esqueci!
Lembro do disco que você comprou e fez surpresa , colocando para tocar enquanto eu estava na cozinha fazendo bolo.
Chorei como criança, feliz pela surpresa tão carinhosa!
Eram tempos difíceis, mas tão felizes!
Lembro também da época do vestibular, do orgulho que eu sentia em ser sua mãe!
Lembro com saudade do tempo em que tocavas órgão e que enchias meu coração de felicidade quando tocavas minhas músicas prediletas!
Como era bom voltar para a casa à noite!
Os anos passaram tão rápido, mas tenho as mais lindas recordações daquele tempo em que éramos tão unidas.
O amor que tu me destes alimentava-me a alma,era o meu maior bem.
O amor que tu me tinhas era grande , mas se foi...

Nana Pereira