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sábado, 16 de setembro de 2017

Futuro

O futuro é a soma do agora e do antes
Igual todos, o meu passado não conserto
Dessa maneira, nunca há dias sobrantes
Nem algum futuro absolutamente certo.

Despreocupados, então, nossos semblantes
Só traduzem o visível que está por perto
Contudo, muitas vezes, por poucos instantes
Vislumbramos o futuro longínquo aberto.

Cada novo dia traz refrescante brisa
Então o presente vai passando ligeiro
O futuro está vindo à frente, ele avisa
Mas pra um novo dia, falta o dia inteiro.

E acode-nos uma sensação imprecisa:
É, de que virá por anônimos sendeiros.

sábado, 9 de setembro de 2017

Elo

Leva a um lugar cinzento a escada
Porque não há nada naquele lado
É tal qual num vazio colocada
Prá ligar este presente ao passado.

Passado e presente tem via barrada
Viagens no tempo têm fracassado
Máquina do tempo? conto de fada
Nalgum livro de ficção bem bolado.

Para que o que foi, então se procura
Se aquilo que existiu já levou o vento
E perdeu-se pra sempre a tessitura
Então é oco todo e qualquer alento.

Meu amigo, até a ciência mais pura
Ver o passado não mais tem intento.

sábado, 12 de agosto de 2017

Ontem, hoje e amanhã

Entre ontem e amanhã, hoje é a distância
E, fundamental é, que assim seja, no entanto
Entre passado e futuro há discordância
Discretos, cada um ocupando seu canto.

Passado deixa ao futuro uma fragrância
Mas, o futuro existe apenas como encanto
Jamais o visitou nossa vã ignorância
Que a ele dedica veneração no entanto.

Daqui, pro futuro, vivo caminho ledo
Porém, ignora-lo, não existe algum meio
Então se imperativo, não resisto, acedo.

Então o Homo para contestar, aqui veio
Pois sê vê impetuoso, sem nenhum medo
Assim leva a ciência ao cume, de permeio.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Butterfly Effect

E não há como manter-se o homem, sereno
Frente a preconceitos e males seculares
Quando queimando-se incenso nos altares
Deseja-se, dos pecados um perdão pleno.

Acorda sociedade, preconceito é obsceno!
Em nome dessa aberração enlutam os lares
Banham-se de sangue apesar dos pesares
Por o primata Homo é um ser tão pequeno?

Em nome da paz, trucidam-se as multidões
Ficando a imaginar aqui com meus botões
Se Homo sapiens não seria vírus do planeta.

Planeta este que sequer terá algum futuro
Degradado, destituído do sonho mais puro
Porque vítima inocente do efeito borboleta.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Pósteros

Para nós, apenas sombra, o passado
Pretensiosos, nos vemos demais
No futuro o hoje será julgado
Por aqueles nossos ditos iguais.

Aí, aos olhos deles, noutra dimensão
Reflexos de nossos enormes feitos
Como objetos de sua reflexão
Onde rir-se-ão desses nossos jeitos.

Motu continuum: julgado será
Porque somos peças da engrenagem
E relativamos o que existe acolá.

Devemos zelar pela nossa imagem?
Não! essa expectativa que não há
Pois pósteros também farão bobagem.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O agora

Porque passado é caminho já feito
Refazê-lo não traz nova conquista
E o futuro, não o tenho, só espreito
Sendo que do dia-a-dia ele dista.
Então aqui só presente do seu jeito
Nele, nosso cotidiano está na lista
Tarde, manhã, noite e até no leito
E todas as coisas que estão à vista.

sábado, 23 de julho de 2016

Ao futuro

Um dia vamos acordar e sumiu o país
Meio aos destroços vagueiam crianças
Porém, a população assim não o quis
Apenas viveu as crenças e esperanças.

Ímpios seres roubaram o quadro e o giz
Sobraram só maracutaias e lambanças
Dizer tão somente: isso aí nada me diz!
Oblitera o futuro onde finge-se bonança.

Futuro será hoje, meu caríssimo amigo
Um presente ajustado, futuro promissor
Tanto bem faço agora, confiante eu sigo.

Utopia não é um melhor futuro compor
Ruim é olhar apenas o próprio umbigo
O melhor é distribuir exemplos e amor.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Paz

Eu tiro daqueles tempo idos, lições
Que o mundo marcaram na história
Ouço a poesia, os cantos e canções
Também gritos que anunciam vitória.

Eu vejo o caminhar da humanidade
Que erra mas com erro não aprende.
E enxergo o degradar da sociedade
Que faz guerra e nunca se arrepende.

Parar pra pensar é portanto urgente
Perguntar, chegar queremos aonde?
Não como faz avestruz simplesmente

Que vê o perigo e a cabeça esconde.
Pois se quisermos viver plenamente
Da paz, compulsório é pegar o bonde.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Acróstico

Costuma-se antecipar futuro benfazejo
Ou pincelar o que virá com belas tintas
No entanto isso tudo é somente desejo
Já que o futuro promissor jamais pinta.

Uns dias melhores, todos dizem, virão
Nem que vaca tussa a mim me parece
Talvez depois da primavera virá verão
Uma sequência que só o clima oferece.
Realidade desse futuro que virá, verão
Algo pior do presente que se conhece.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Navergar

Nas vagas sucessivas sem regresso
A navegar você suspira essa loucura
Vem e vai enquanto eu apenas peço
Encontre em mim aquilo que procura.

Goze em cada submersa convulsão
Abandone-se nesses gestos parados
Redobrado, queime o fogo da paixão
É navegar nesse barco abandonado.

Perdidos numa noite crua sem sonho
Rindo do que não tem a menor graça
Eu em você enlouquecido me ponho
Confiante que ao navegar tudo passa.

Inundado de você então eu componho
Se navegar é tão preciso, que se faça
O seu não regresso me fará tristonho.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O tempo


O tempo, os traços do desenho apaga
Esgarça a renda dos vestidos também
O branco do sorriso por vezes estraga
Mas distancia amores perdidos, porém.

O tempo esse ente soberano mas cruel
Vilipendia sonho adormecido e memória
Rasar passado e presente é seu papel
E escrever uma nova página da história.

Nos faz estranhos em frente ao espelho
Ali o que nos contempla ninguém parece
Porém impermeável a qualquer conselho
Vai lento o tempo, os seres não esquece

Então, nas nossas vidas mete o bedelho
E daí nada mais escuta nem uma prece.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Passado


Quando penso sobre o que escrevo
Eu concordo que invoco o passado,
Muito mais fundo lembrar me atrevo
E àquilo que foi, me sinto algemado,

Mas como lembrar é viver, isso posto
Não me cabe indagar porque e como
Se de outrora me recordo de um rosto,
Este de repente surge, num assomo.

Mas pelo acontecido não me lastimo
Sei que tudo não foi somente flores
Que ora estive embaixo, ora no cimo.

Houve, contudo, frustração de amores.
E que, jamais se repetirá, assim estimo,
Para mim parecer teatro de horrores.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Acróstico


Onde houver uns segredos ordinários
Seja obviamente em qualquer lugar
Esqueletos estarão nalguns armários
Sem que tenha direito de sequer julgar.

Quando lembrarmos nosso passado
Umas coisas não bem digeridas virão
Logo vira mistério tão bem guardado
Entre trastes bem velhos e outros não.

Todos temos porém alguns mistérios
Ou nos livramos deles os revelando
Senão habitarão conosco o cemitério
Nada resolvemos deixando de lado.

O agora passado, então já foi presente
Assim está no baú de ossos guardado
Receamos que um dia venha à mente
Mexendo com aquilo que foi abafado.

Átimos de eventos formam lembrança
Recordamos sem nos comprometer
Investigando fundo tempo de criança
Ouvimos o que não queremos saber.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Vagamundo

Pela estrada o destino vou buscando
Assim como toda gente costuma fazer
Reflito sobre esta vida enquanto ando
Pois sei, vida é passagem do vir a ser.

Sou portanto o peregrino, um viajante
Que desta vida não espera mais nada
Sigo pesaroso, triste por essa estrada
Olhando para além para mais adiante.

Essa é a busca de um tempo perdido
O qual eu talvez não encontre jamais
Porquanto o passado por mais querido.

São tantos caminhos agora desiguais
Que certamente foram muito divertidos
Antes presentes, no presente não mais.