terça-feira, dezembro 05, 2023

À LUZ DO ARTIFÍCIO

Não sei por certo deslindar o que enxergo, bem como o que escuto. Por vezes, tudo se me encena estranho. Ainda assim, procuro ser ágil em modelar as suas finuras representações. Tanto quanto desfraldam as afinidades presumidas que daí irmanam convenientes fachadas. Ajeitando ângulos, e com eles em harmonia, as astuciosas artes daí cinzeladas. Os tempos modernos, absorvidos como vanguardeiros, facilitam a sigilosa sagacidade e proveitosa aceitação. As analogias e as suas referentes vizindades vão capazmente atarracando o acerto dos seus juízos. A reflexividade e a alienação com prontidão aí se enlaçam na espinal medula talhada pelo artificio de viver. Parafraseando Zygmunt Bauman [1], "por decreto das circunstâncias, como que seguindo os esquemas de um kit de montagem". Todavia, um engenho montado pelo próprio usador e em caprichada liberdade.



[1] Em A ARTE DA VIDA. 

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