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22 julho 2006

49


( Pré-parceria e homenagem ao amigo Pituco )
( Em 07/08/06 Pituco musicou esses versos - emocionante )
Ouça aqui na voz do Pituco

Breque do Guioza
Letra:ROGERIO SANTOS
Música: TONY "PITUCO" FREITAS

( Para Pituco Freitas )

Quem se mudou para o Japão
Não renega jalapeña
Essa bossa ficou massa
Spaghetti com pimenta
Na dose exata
( Olha o breque ! )

Tenho um amigo lá da Móoca
Que cansou de comer churro
Um dia pegou o metrô
Foi parar na Liberdade
Gostou tanto de guioza
Que zarpou dessa cidade:

- De minha vida paulistana
As vezes sinto saudade
Nas férias ia ao Playcenter
Andar de montanha russa

Hoje que mudei para Tokyo
Me equilibro em terremoto
Cansei de " la dolce vita"
Viciei no ajinomoto !!!
( breque )

- Olha o Chuuuuurrrro, Signore !

19 julho 2006

48


( poema sobre foto de Danilo Grimaldi )

Relicário
ROGERIO SANTOS

Não venha
lembrar
de gavetas
de mofo
umidade
ou bolor

jogou-se
um sorriso
no tempo
brilhante
de raro
valor

ferrugem
fissura
e tormento
dobraram
em nome
da cruz

persiste
o amor
barlavento
pois tudo
que é ouro
reluz



17 julho 2006

47




Corpo Cidade
ROGERIO SANTOS

a casa
é o coração
da gente
a rua
a primeira
artéria

depois tem
a avenida
e o refluxo
que agita
a vida
na colméia

os olhares
e os cílios
toldos
varandas
sacadas
secretas

o bairro
é o pulmão
os arrabaldes
são rins
fígado
e traquéia

o centro
é o cérebro
a zona industrial
estômago
e a comercial
sistema nervoso
e cefaleia

o corpo
se move
e avança
no espaço
cotidiano
de pura
matéria

16 julho 2006

46


( ajeitando a lua - maria fernanda filardi ferreira )

Observatório
ROGERIO SANTOS

Um dia essa lua cheia
Posou na minha janela
Não por nenhuma aposta
Mas por trilhar seu caminho

Tomei um chá de sumiço
Para abafar o meu uivo
Guardar mais esse elogio
E disfarçar meu desejo

Ninguém escutou um pio
No meio da madrugada
Em meio aos raios lunares
Levita uma tênue resposta

Do maravilhoso astro
Imaginários lugares
Determinado em seu rastro
Serenos raios de olhares

12 julho 2006

45


( poema sobre foto de João Kaarah )
Encanto do mar
ROGERIO SANTOS

o encanto do mar
mora no pano de vela
costura de paus, cadafalso
em cada palmo salgado de alma
velacho alto, velacho baixo
mastaréu de joanete

o encanto do mar
mora nas ondas, no vento
nos contos de sereia
faróis e lua cheia
iara, albufeira
bujarrona polaca
estai de traquete 

o encanto do mar
mora no exílio
no milagre dos peixes
na dor da partida inerente
sobregávea, sobre grande
ampulheta e torniquete

44


( poema sobre foto de João Kaarah )

Frente Fria
ROGERIO SANTOS

um avião risca o céu
rumo ao norte
entre olhares incapazes
de ler seu rastro

na luz crepuscular
círrus e saudade
tempo de mudança
estrondo e nebulosidade

quem parte
rompe o hemisfério
de horizontes findos

quem fica
parte à metade
cúmulus-nimbus


10 julho 2006

43


( letra para o tema " Sete de Ouros " de Marcelo Maita )

Sete de Ouros
ROGERIO SANTOS

( Compensa dizer
que temos um jogo prá viver )

Pelos rios dessa vida
Vi muito temporal
Sei com quantas canoas
- Sete de Paus

Nunca zombei da sorte
Quando ela me sorriu
Tive muitos amores
- Sete de Copas

Jogo com pouca carta
Mostro que sei blefar
Nunca fugi da briga
- Sete de Espadas

Na mesa do destino
Sempre joguei por ti
Fui garimpar um beijo
- Sete de Ouros

Todo trunfo
tem seu peso, amor
e nos convida
a aprender como jogar

Pelos rios dessa vida
Vi muito temporal
Sei com quantas canoas
- Sete de Paus

Nunca zombei da sorte
Quando ela me sorriu
Tive muitos amores
- Sete de Copas
Nunca fugi da briga
- Sete de Espadas

Na mesa do destino
Sempre joguei por ti
Fui garimpar um beijo
Comprei a boa
Acho que bati

06 julho 2006

42



Rodosentimento
ROGERIO SANTOS

coração pneu de carro
desvia dos sobressaltos
resiste derrapa na curva
machuca se cai no buraco
altivo se roda alinhado
é rei conduzindo vassalo
até que a morte os separe
até que termine furado

04 julho 2006

41



Mundinho
Rogerio Santos

fui menino de rua
não desses que vejo hoje
daqueles que se divertiam
com brincadeiras vadias

esconde-esconde, pega-pega
queimada, pipa e balão
tratorzinho-de-lata-de-óleo
futebol nos campinhos de chão

formava fila na escola
cantava o hino nacional
o da bandeira também
ao ser hasteada no mastro

canoa dos anos setenta
plena e cruel ditadura
tristeza, medo e tortura
nos braços da guerra-fria

fui menino de rua
daqueles que se divertiam
com brincadeiras vadias:
- era feliz e não sabia

28 junho 2006

40



Fotopoema
ROGERIO SANTOS

Guardo imagens
Impressas na alma

Multicoloridas
Preciosidades

Palavras
Num velho agadê

Recheado de saudades
Criptografadas


23 junho 2006

39



Textura
ROGERIO SANTOS
( Para Valéria Tarelho )

verão
nos
teus
versos
que
nunca
se
despe
da
própria
pele
a
veste

38


Conversa Ribeira
Música: ANDRÉA DOS GUIMARÃES
Letra: ROGERIO SANTOS

A melodia ecoa
trina o pássaro
tem cheiro de café
e bolo de fubá

Menino vem prá cá
é hora de banhar
arruma esse terreiro
que a noite vai chegar

O sino badalou
é hora de respeito
pensar na mãe do amor
no rumo desse vento

Na luz desse suor
que inunda o meu leito
mistura o sal do amor
com força de tormento

O cheiro no quintal
na chuva que bateu
na terra que molhou
o dia amanheceu

Menino vem prá cá
é hora de acordar
arruma tua cama
arranja esse bambá

O sino badalou
há missa na capela
rezar pro meu amor
voltar com alimento

Partiu na lua nova
no rumo desse vento
a lágrima derrama
na terra, o meu lamento

O cheiro no quintal
que hoje anda vazio
carrega o bem-me-quer
é pó no sal do amor

20 junho 2006

37



Lacuna
ROGERIO SANTOS

Na
flor-de-lis
da
farda
que
não
vesti
reside
perfume
voraz

no
fundo
dessa
gaveta
do
tempo
notas
que
aqui
jazz

16 junho 2006

36



Courvoisier
ROGERIO SANTOS

o
hálito
de
conhaque
contém
a
dose
certeira

o
gole
espessa
a
saliva
enquanto
acaricia
a
carne

o
cerne
absoluto
do
ser
-
a
chama
inexata
do
estar

os
verbos
seduzem
adjetivos
e
criam
a
fórmula
fugaz

alquimístas
secretos
de
odores
e
sabores
que
se
complementam
e
se
esvaem

12 junho 2006

35



Hai - Cais
Rogerio Santos


O beijo

A intimidade do beijo
Tem a força de um torpedo
Disparado com desejo

Constelação
Brilham estrelas:
- São os lindos olhos
da madrugada

Olfato
O bom perfume
Acende a chama
Espalha o lume



10 junho 2006

34



Cáucaso
ROGERIO SANTOS

mesmo
transpondo
montanhas
vencendo
terremotos
e cataclismos

mesmo
conhecendo
cada passo
que une
e separa
povos

mesmo
provando
o sabor do sal
do Mar Negro
do Cáspio
do Aral


jamais
trilharemos
caminhos
iguais
portanto
jamais
diferentes
caminhos

nunca
aceitando
outra língua
senão a que prova
nossa própria
saliva

06 junho 2006

33



Click!
ROGERIO SANTOS

céu azul celeste
sol oriente de outono
ar seco, brisa fresca
manhã de serôdio luar

o tempo não é de flores
mas sempre será primavera

jardim, varanda, janela

- violeta singular -

08 maio 2006

32


Foto de Sebastião dos Santos - Meu bisavô paterno
Herança
ROGERIO SANTOS

uma saudade não se traduz
numa imagem
mas sim pelas marcas carregadas
no sangue

05 maio 2006

31



Girândola
ROGERIO SANTOS

os mil mundos
que moram em mim
orbitam em sol
solfejam em si

são acordes
quando durmo
são sonares
quando aprumo

03 maio 2006

30


Foto: Casa dos Prados, colhida na página do ORKUT do compositor Flávio Henrique

Casa dos Prados
ROGERIO SANTOS

Quero uma casa
Com varandinha
Cheiro de mato
Pelas manhãs

Quero uma casa
Cheia de verde
Com primavera
Pelos quintais

Quero uma casa
Feita de sonho
De onde veja
Meus horizontes

Quero uma casa
Cheia de amigos
Que seja abrigo
Que seja ponte

Quero uma casa
Que cheire a bolo
Que tenha rede
Que eu sinta a chuva

Quero uma casa
Morada simples
Com muito alpiste
Prá passarada

Quero essa casa
Com tanto amor
Que mesmo mudo
Eu lhe diga tudo

26 abril 2006

29




Calafrio
ROGERIO SANTOS

Nas luzes
dos teus cabelos
moram finais
de tarde
de interminável
verão.

09 abril 2006

28



Registre-se
ROGERIO SANTOS

no tempo,
no vento,
a erosão.
nas asas da borboleta,
o alimento.
no relógio,
na ampulheta,
a estação.
na porta do guarda-roupa,
o giz é tinta a óleo
e persiste em ser espelho.

04 abril 2006

27



Fight
ROGERIO SANTOS

Claro
que
sim !
- digo

Com
um
simples
olhar
fixo

No
ato
sou
prato
vivo

No
não
do
chão
que
me
sirvo

28 março 2006

26


Tragar e Trazer
ROGERIO SANTOS

Trago num cesto
palavras
e treze letras
avulsas

Trago no sexto
sentido
os doces segredos
da nuca

Trago um bom pesto
picante
um vinho verde
frisante

Trago um charuto
cubano
autêntico
camarada

Trago Hennessy
duas taças
e fondeu de
chocolate

Trago verdades
mutantes
nos verbos
remanescentes

26 março 2006

25



Templo
ROGERIO SANTOS

teu
corpo
é
templo
sagrado

ajoelhado
em
tua
porta
sou
fiél
confesso

mato
minha
sede
quando
toco
tua
verdade

fanático
religioso

17 março 2006

24

















Moça na janela
ROGERIO SANTOS

a moça bonita
abre a janela
e me vê passando
com seu sorriso
maior do que a boca

penso na sorte de alguém
com ângulos privilegiados
vendo de perto esse sorriso
quem sabe por dentro
de um conto bonito

a moça bonita
debruçada na janela
vê a tarde passar
e seu sorriso é maior
que a fome que sinto
ao ler um bom conto

não tenho um bom ângulo
e até, confesso, me escondo
mas vejo daqui uma flor
nos cabelos da moça
e que ninguém se atreva a negar
que chegou a primavera.

15 março 2006

23



Over lock
ROGERIO SANTOS

desse encontro
e sacrifício
em ponto cruz
alinhavado

dessa parede
de hospício
do céu da boca
nublado

aguda dor
de seus dentes
mundo a fora
cravados

(mais-) valia
pelo tempo
de dois corpos
sincopados

14 março 2006

22



Dia de poesia
ROGERIO SANTOS

hoje é dia!
hoje é dia!
de bife
batata-frita
e poesia
prato-feito
sobremesa
chocolate
e especiaria

24 fevereiro 2006

21



Remanso
ROGERIO SANTOS

A noite
tem encantos,
e são tantos
e santos,
que entre um
e outro pranto,
sopra manso
um acalanto.

22 fevereiro 2006

20



Ângulos
ROGERIO SANTOS

Por
quatro
carícias
e
quatro
paredes
sou
viajante
embarcado
no
quadrante
de
teus
quadris