A guerra estará iminente?
(Publicada no Semanário O DIABO em 26 de Dezembro de 2018)
Li, há dias. O artigo “Fukuyama enganou-se redondamente”, do Major-General Carlos Branco, no ‘Jornal Económico’. Gostei da análise elaborada, mas acho que o título é demasiado duro para o filósofo que deixou à Humanidade uma possibilidade desejável, uma sugestão e uma proposta às grandes potências, para orientarem todos os seus projectos e planos no sentido da Paz e da Harmonia universal.
Mas, infelizmente, os destinos dos Estados não estão em mãos de competentes e com boa formação ética, e nada as levou à rejeição dos maus instintos primários da vaidade e da ambição de poder financeiro e de imagem social de ostentação e arrogância sobre os mais fracos.
O maior obstáculo surgiu logo após a II Guerra Mundial quando, com a aparência de uma estranha interpretação de democracia, foi criada a ONU, com um Conselho de Segurança em que, entre 193 parceiros, foi dado poder ditatorial a 5 (cinco), que se consideraram vencedores da II GM, a quem é permitida a arrogância de serem membros permanentes do CS, com direito a veto. Isto significa que nada poderá ser decidido para bem da paz mundial sem a concordância destes cinco imperadores.
Uma decisão tomada sem que a maioria dos restantes membros se tivesse oposto, foi a imposição da “desnuclearização” a todos os Estados, excepto aos cinco. Não se pode pôr em dúvida o enorme perigo do emprego de armas nucleares, principalmente após as modernizações e aumentos de potência que têm recebido. Mas, como qualquer lei, esta decisão devia ter sido geral e obrigatória, devendo os cinco dar o exemplo, destruindo as que tinham, de forma bem testemunhada por grupos de cientistas nomeados pelo conjunto dos restantes estados membros da ONU, com liberdade ilimitada para observação de todos os possíveis esconderijos e com a máxima segurança, para dar credibilidade ao assunto. Mas os cinco não caem nessa e, daí, a conclusão do artigo atrás referido de que a próxima guerra mundial pode ocorrer dentro em pouco, dada a agressividade já em curso entre os poderosos, quer com ofensas verbais quer com ostentação de poderio militar.
Perante esta aberração, em ambiente que pretende ser democrático, a Coreia do Norte quis evidenciar tal erro e mostrou ter direito a ter uma arma nuclear. Por esta denúncia da anormalidade atrás referida, feita por este pequeno país sem grande poder financeiro, bem merecia o Prémio Nobel, não pelo fabrico da bomba mas pela atitude de evidenciar a caricata decisão do Conselho de Segurança com discriminação entre os cinco e os restantes, Se a arma é perigosa nas mãos dos outros, não o é menos na mão de cada um dos cinco.
Não esqueçamos as ameaças à Coreia do Norte, com exercícios militares de grande poderio nos mares seus vizinhos. Não devemos esquecer: a “bomba mãe de todas as bombas”, recentemente explodida pelos EUA no Afeganistão, sem depois serem referidos quaisquer efeitos benéficos de tal arrogância; a Guerra contra o Iraque e a Líbia, com efeitos altamente nocivos para ambos estes Estado que ainda não recuperaram; os bombardeamentos à Síria com apoio da Grã-Bretanha e da França a pretexto de pretenso uso de gases tóxicos; as saídas ostensivas da América dos acordos de Paris, do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), do acordo comercial com a China, do acordo nuclear com o Irão, etc. E, pelo outro lado, não esqueçamos o recente agravamento entre a Rússia e a Ucrânia, e a criação de uma completa base aérea russa na Venezuela, na proximidade dos EUA. Qualquer guerra pode eclodir devido a qualquer erro de interpretação e pequeno incidente.
As convulsões sociais que estão a ocorrer no Ocidente, consequentes da “ideologia de género” e completa e artificial igualdade de todas as pessoas, podem complicar todas as análises e vir em apoio da conclusão retirada no referido artigo. ■
A Decisão do TEDH (400)
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