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terça-feira, 2 de novembro de 2010

um apelo à racionalidade [sobre a campanha de José Serra] - 3/3








As Mentiras de Serra
Serra, o homem que criou os genéricos. O que diria Jamil Hadad se estivesse vivo? Não foi o Serra que criou os genéricos. Os genéricos foram criados no governo Itamar Franco. O próprio Serra admitiu:
- Não fui eu quem inventei genérico. O genérico já existia, eu nem sabia quando assumi o Ministério da Saúde. No meu discurso, não tinha a palavra genérico. Um dia, o Ronaldo César Coelho, que é banqueiro e amigo nosso, disse: tem esse negócio de genérico, você não quer dar uma olhada. Eu disse: boa briga, vamos em frente – contou o tucano.

Quem publicou foi O Globo, a Globo não falou nada, ela esconde tudo que prejudique o Serra. Afinal quem lê o Globo, e quem assiste a Globo? Assim, a família Marinho faz a áurea de imparcial:
Vale tudo? Vale a mentira?

Serra, o homem que criou o Seguro-Desemprego:
O seguro-desemprego foi criado junto com o Plano Cruzado, em 1986, quando Serra era Secretário de Planejamento do Montoro. E ele afirma, reafirma e mente descaradamente ao dizer que ele criou o seguro-desemprego.
Vale tudo? Vale a mentira?

Serra, o homem que criou o Fundo de Amparo ao Trabalhador:
O autor do projeto de lei que criou o FAT foi o ex-deputado federal Jorge Uequed (PMDB-RS). O PL de número 991 foi apresentado em 11 de outubro de 1988. Já o projeto de José Serra sobre o tema foi apresentado sete meses depois, em 5 de maio de 1989, e recebeu o número 2250. Na sessão de 13 de dezembro de 1989, ele foi considerado prejudicado pelo plenário da Câmara dos Deputados devido à aprovação do projeto de Jorge Uequed.

No link abaixo tem toda a documentação comprovando que o FAT é de autoria de Jorge Uequed:

Vale tudo? Vale a mentira?

Serra, o homem que cumpre os compromissos. O homem que se comprometeu a concluir o seu mandato na prefeitura. Que garantiu no debate da Record:

Veja o documento, assinado em cartório:

Vale tudo? Vale a mentira?

Em toda eleição aparece um dossiê contra o Serra. Nas eleições de 2006, quando era candidato ao governo do estado - mesmo tendo se comprometido a cumprir o seu mandato de prefeito até o fim - os aloprados do PT iam comprar o dossiê contra Serra. Nessas eleições apareceu outro dossiê. O problema é que não é um dossiê. É um livro, do jornalista Amaury Ribeiro Junior, também desempregado. Amaury se comprometeu a publicá-lo apenas após as eleições. Abaixo reproduzo a introdução do livro, que ao cair na internet, a grande mídia chamou de dossiê e fez de Serra uma vítima:

Os porões da privataria
Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil … 

Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção. 

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.
(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se  der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA) 

Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2). 
 
O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York.  É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.

A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão. 

O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde. 

O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br,  em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia  do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC. 

Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.

Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para  Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.

De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.

Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria… 
 
Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.
 
(1) A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2) As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.




E a filha de Serra, vítima de quebra de sigilo da Receita Federal? Ela foi responsável - junto com Verônica Dantas - irmã de Daniel Dantas, aquele que recebeu dois habeas corpus em 24 horas, concedidos por um juiz do STF, Gilmar Mendes - pela quebra do sigilo de 60 milhões de brasileiros. Isso mesmo 60 milhões. Não foram 3.000 dos quais 5 do PSDB. Foram 60 milhões. A reportagem pode ser lida abaixo:

Veja a reação da Folha, diante do silêncio da grande mídia:

Vale tudo?
Serra e a democracia
Reportagem da Folha de São Paulo afirma que José Serra ligou para o ministro do STF Gilmar Mendes, durante o julgamento da ADIN, Ação Direta de Inconstitucionalidade, movida pelo mal institucionalizado PT, contra a obrigatoriedade de apresentação do título e de um documento com foto nas eleições de 2010. É de conhecimento de todos que parte considerável dos eleitores de Dilma são das classes baixas do Brasil, e que não tem o título eleitoral. Até as eleições de 2010 bastava um documento com foto para votar.

O telefonema foi relatado pelos repórteres da Folha Catia Seabra e Moacyr Lopes Junior, em que afirmam que Serra chamou o Gilmar Mendes de “meu presidente”. O que aconteceu em seguida? Gilmar Mendes pediu vistas ao processo, que só foi retomado no dia seguinte, quinta-feira, dia 30 de Setembro, três dias antes das eleições. Só para lembrar a votação estava 7 a 0, e era impossível mudar o resultado, a não ser que se pedisse vistas. Após o pedido de vistas quem já votou pode voltar atrás, mas não adiantou, a votação terminou 8 a 2, a favor dos demoníacos petistas. 

A grande mídia passou quinta, sexta e sábado, martelando que o STF tinha jogado fora o título eleitoral, um documento que não serviria mais para nada. Para eles o documento vale mais do que a pessoa, pois se você prova que você é você mesmo, para que o título? O título serve para cadastrar o eleitor e sua zona eleitoral. É um documento importante, mas é inferior aos documentos que garantem a cidadania do brasileiro: RG, Carta de motorista, passaporte e carteira de trabalho. O cidadão vale mais do que o papel, diferente do que pensa a grande mídia.

Porém, o adiamento do julgamento, devido ao pedido de vistas do Gilmar, depois do telefona de Serra, fez com que o Tribunal Superior Eleitoral fizesse uma propaganda às pressas na qual afirmava que bastaria um documento com foto para votar. Essa propaganda foi vinculada entre sexta e sábado, vésperas das eleições.
No domingo foram inúmeros os relatos de eleitores que foram para os locais de votação sem o título, e por isso não sabiam a zona eleitoral. Resultado: 

No primeiro conjunto (RS, SC, PR, SP, RJ [estados em que Serra ganhou]) as taxas de abstenção foram de 14,86%, 14,03%, 16,46%, 16,44% e 17,37%. No segundo conjunto (MA, AC, AL, BA, RO, PA, MT, CE, AM, PI, PE, TO, PB, MG, MS, GO, ES [estados em que Dilma ganhou - com exceção do AC]) as taxas de abstenção, em ordem decrescente, variaram de 23,97% no Maranhão, até 17,40% no Espírito Santo.

Só para lembrar, foram esses votos que a Maria Rita Khel defendeu em seu artigo e foi demitida do Estadão por isso.

Mas isso não é o mais grave. O mais grave é a interferência de Serra em um julgamento do STF. Interferência direta de um candidato ao poder executivo, no poder judiciário. O fim da tripartição de poderes, o fim da harmonia e equilíbrio entre os poderes, o fim dos princípios iluministas, de Montesquieu, que sempre nortearam as democracias e o ex-iluminado PSDB. Se serra não é presidente, apenas como um postulante ao cargo e ele já interfere no Judiciário, o que ele vai fazer se ganhar as eleições?

Só para lembrar: o FHC fez a emenda da reeleição, passando por cima da Constituição, apesar da aprovação do Congresso. Houve um movimento que visava uma emenda parlamentar para permitir mais uma reeleição. Lula, como todo o capital político que tem, 77% de aprovação popular, foi contra. Dilma foi contra. O demônio personificado José Genoíno, relator da Comissão de Constituição e Justiça, fez um relatório veemente contra o projeto. Reprovado na CCJ, nem foi levado à votação.
Quem é democrático?

Quem tem medo do lobo mal, ou melhor, da loba má?
Acho o governo Lula o melhor da história desse país. Tivemos quatro presidentes - em toda a história brasileira - que realizaram políticas favoráveis aos estratos inferiores da sociedade brasileira: Deodoro da Fonseca, Getúlio Vargas, JK e Lula. Deodoro foi o marechal de ferro, massacrou os federalistas, usou de força e violência como presidente. Vargas instalou uma ditadura próxima do fascismo. JK quebrou o país. Lula manteve as instituições democráticas, manteve uma política econômica racional, não utilizou de violência e repressão contra a população, e todos, dos maiores banqueiros, empresários e empreiteiros, até as classes mais baixas foram beneficiadas pelo governo Lula. E Dilma é a continuidade.

Diante disso fica muito difícil para Serra apresentar seu projeto político. Apela para um populismo antiético, hipócrita e demagogo. Aumento de 10% para os aposentados, salário mínimo de R$ 600,00, 13º para o Bolsa Família. Apela para uma campanha moralista, com apoio da TFP, com os setores mais retrógados das igrejas evangélicas e do catolicismo, levando o Brasil para as “trevas”, e não para as luzes, como era o objetivo inicial do PSDB. O que diriam Ruth Cardoso, Franco Montoro, Mário Covas, e Magalhães Teixeira, ex-prefeito de Campinas e que foi o primeiro a implementar um programa de transferência de renda? O que tens a dizer FHC? O que tens a dizer Aécio? O que diria seu avô?
Vale tudo? Vale a mais baixa estratégia, o apelo ao medo?

Pensei muito se deveria usar a palavra covardia, mas não consigo pensar em outra, Serra é covarde. Serra terceiriza o ataque. Todo mundo bate, a grande mídia, seu vice Índio da Costa, o jogo sujo da internet, até a sua esposa. Que apelação. Botar a mulher para bater. E agora, após cinco semanas de ataques contra Dilma, no momento em que ela faz graves acusações - como o sumiço de 4 milhões de dinheiro da caixa 2 da campanha de Serra, feitas pelo homem que Serra não conhecia, mas depois de afirmar que “não se larga um homem ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro”, Serra sai em sua defesa - no momento em que Dilma é assertiva, o que faz o Serra? Se coloca como vítima. Afirma que não vai baixar o nível. Tenta inverter toda a campanha. Afirma, como toda a grande mídia, que Dilma é agressiva.

Isso é covardia. Isso é apelação. Isso é fazer de tudo, independente de ética, valor, moral, ou qualquer coisa, para ganhar votos e as eleições.
Vale o terrorismo de usar o José Dirceu na campanha?

Vale apelar para a acusação de ligação entre o PT e as FARCs? Só para lembrar, qual foi o primeiro país que o presidente da Colômbia Manuel Santos escolheu para visitar após assumir o cargo? Os EUA de Barack Obama? A Alemanha de Angela Merkel? Não, foi o Brasil, que tem o presidente do PT e a própria Bruxa como candidata do presidente da República que é do PT, e que é tudo articulação do diabo para assumir o poder no Brasil.

Vale mandar e-mail de antigos integrantes da juventude nazista do Brasil? Abaixo está o link explicitando com provas uma das origens dos e-mails apelativos da campanha de Serra:

Por que a campanha serrista não resgata a Regina Duarte?
Vale a hipocrisia, a mentira, a demagogia, os acordos espúrios?
Vale o terrorismo, o baixo nível, a terceirização do ataque?
Vale o mais baixo populismo?
Vale queimar a bruxa no dia 31 de Outubro?
Vale tudo?

José Gabriel Labaki Tomaselli,
Campinas, 14 de Outubro de 2010.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

um apelo à racionalidade [sobre a campanha de José Serra] - 2/3

Seguindo a linha da discussão política real, fugindo de máscaras e de dicotomias "bem contra o mal", seguimos com o texto publicado por José Gabriel Labaki Tomaselli, o Zé, historiador pela UNICAMP e professor da rede pública. A idéia é fomentar uma reflexão sem intolerância nem preconceito: uma discussão política de fato, dos projetos políticos em jogo, das estratégias que estão sendo utilizadas nas campanhas, etc.

Boa leitura,
Alberto Geraissate




A Ficha Limpa do Serra
E a grande mídia fica escandalizada quando a Polícia Federal algema os colarinhos brancos desse Brasil. E a grande mídia não noticia que Serra tem uma denúncia aceita por decisão monocrática por danos ao erário público, improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. Serra continua inocente, pois recorreu e enquanto não for julgado nas altas instâncias do judiciário é inocente. Mas ele já tem uma denúncia aceita em primeira instância. Por que nem a Globo, a FSP, o Estadão, ou a Veja noticiam? Onde está a ficha limpa de Serra, que ele tanto martela em sua propaganda? Imaginem se a Dilma tivesse uma denúncia aceita, o que esses mesmos órgãos de imprensa fariam com ela. E o Serra? Nada.

Essa denúncia foi aceita pela juíza DANIELE MARANHÃO COSTA, da 5ª Vara Federal de Brasília:
O Proer foi um programa implementado no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso para sanear instituições financeiras que enfrentaram dificuldades na virada do período de hiperinflação para o início do Plano Real. Na época, Serra era o ministro do Planejamento. As ações envolvem diversas pessoas que tiveram algum grau de responsabilidade nas decisões relativas ao Proer. Os nomes mais conhecidos são  Serra e do então ministro da Fazenda, Pedro Malan. As ações questionam a assistência prestada pelo Banco Central,  no valor de R$ 2,975 bilhões, ao Banco Econômico S.A., em dezembro de 1994, assim como outras decisões - relacionadas com o Proer - adotadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Conforme verificado, já houve uma decisão monocrática (ou seja, de um único juiz) em favor da denúncia. A juíza Daniele Maranhão Costa, da 5ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, considerou que houve dano ao erário, enriquecimento ilícito e violação aos princípios administrativos no caso. 

Volto a dizer, o Serra é inocente. Ele ainda não foi julgado em definitivo. Mas, outras acusações aparecem contra ele, como a do Fabio Bierrenbach. Leiam o que o Maierovicht fala do Serra:

Abaixo tem todas as artimanhas que Serra usou para abafar e impedir as denúcias de serem investigadas.

Além disso, tem todas as acusações envolvendo a Alston, a Simens, o metrô, etc.

E no último debate da Band, a Dilma levantou a bola do Paulo Preto, ex-presidente da Dersa. A revista Istoé publicou a reportagem sobre o sumiço de 4 milhões de reais arrecadados por Paulo Preto - via caixa 2 - para a campanha do PSDB.

Diante da acusação Serra afirmou que não conhece Paulo Preto. No dia seguinte Paulo Preto - ex-presidente da Dersa, responsável pela construção do Rodoanel, eleito engenheiro do ano em 2009, que aparece em fotos e vídeos ao lado do Serra na inauguração-não-inauguração do Rodoanel, e que o Serra não conhecia - afirmou à Folha que Serra o conhece sim, e que “não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro”. O que faz o Serra no dia seguinte? Tem uma retomada de memória fulminante e sai em defesa daquele, que no dia anterior, ele não conhecia.


Ah! A Globo não noticiou. O Globo sim, a Globo não.
Cadê a coerência? Cadê a ficha limpa? Onde está o bem e o mal? Cadê a ética?
Vale tudo?
O Projeto Político
Voltando ao projeto serrista, ele foi o grande incentivador das privatizações da Vale e da Light. Quem diz isso é o FHC:

Não concordo com as privatizações, que o ferrenho petista Elio Gaspari chamou de privataria - e que ocorreu no “limite da irresponsabilidade”, e que se continuasse assim “ia dar m...”. Para os que não sabem frases pronunciadas por integrantes do governo e que participaram das privatizações. Porém, acho que tivemos um ganho imenso na telefonia, por exemplo. Outras foram terríveis, como o modelo de energia, mas volto a afirmar, privatizar faz parte do projeto político de Serra. A Nossa Caixa só não foi privatizada porque o BB comprou, e a CESP não foi, pois após três leilões ninguém quis comprar. Qual o problema de privatizar?

É uma diferença de projeto político. Tenho certeza que os eleitores de Serra são favoráveis às privatizações, que faz parte da diminuição do tamanho do Estado, e, dentro dessa concepção política, permite mais crescimento, melhora da gestão dessas empresas, estimula o investimento privado, acaba com os “cabides de emprego”, etc. Ótimo, é um ponto de vista.

Porém o que faz o candidato José Serra? Afirma categoricamente que é contra as privatizações, que não vai privatizar nada, que inclusive vai reestatizar as empresas públicas que são controladas por interesses partidários e pessoais.  Como o fez no estado de São Paulo:
Há mais de dois anos guardo uma revolta dentro do peito que diante do cinismo e da vilania da direita tucano-midiática não posso mais conter. Melhor do que ninguém, sei o que faz gente como José Serra quando chega ao poder e sinto que tenho obrigação de contar por quê.
Para quem não me conhece, devo explicar que tenho uma filha de 12 anos, Victoria, que sofre de paralisia cerebral (Síndrome de Rett). No início de 2008, a doença de minha filha começou a se agravar. Sintomas como escoliose e crises epilépticas começaram a se pronunciar.
Os médicos nos orientaram a colocar a nossa filha em uma dessas clínicas em que crianças como ela – que, então, tinha dez anos – recebem terapias e estímulos pelo menos 5 dias por semana durante todo o período diurno.
Essas instituições, se privadas, são caríssimas, além da capacidade financeira da minha família. E como os médicos diziam que ou Victoria recebia esse tratamento intensivo ou a sua doença passaria a progredir com maior velocidade, minha mulher, como mãe, apelou ao impensável.
Disseram a Cristina que havia uma instituição municipal de São Paulo que poderia acolher a minha filha e dar a ela o que necessitava, mas que era preciso um “pistolão” para conseguir a vaga e deu o nome de uma vereadora da base do governo da cidade de São Paulo.
Minha mulher entrou em contato com essa vereadora, que se prontificou a interceder por minha filha junto à instituição, mas cobrou de minha mulher que participasse de um ato público com ela.
Minha mulher se recusou, sob minha orientação – entre o pouco que escutou do que lhe avisei ao saber que se meteria com políticos –, mas, em novas ligações, conseguiu que a vereadora indicasse uma instituição.
Em contato com a instituição, foi informada de que, sim, havia uma vaga. Preencheu documentos, apresentou Victoria para que seu estado fosse mensurado e ficou aguardando a liberação da vaga para a menina.
No prazo estipulado, Cristina foi até a instituição já dando como certo a admissão de minha filha porque ela se encaixava perfeitamente no perfil de pacientes que por lá eram admitidos. Contudo, foi informada de que a vaga para a filha teria sido “cancelada”.
Minha mulher nem esperou sair da instituição para recorrer à tal vereadora, mas foi atendida por uma assessora que lhe disse que não teria como interceder por Victoria e que, “de mais a mais”, Cristina não havia revelado que a menina era “filha do blogueiro Eduardo Guimarães”.
Em seguida, a assessora disse que não tinha mais nada a conversar com a minha mulher e desligou. A mãe de Victoria não conseguiu mais falar com essa assessora porque ninguém atendia o telefone. E não conseguiu mais falar também com a vereadora nos dias seguintes.
À época, amigos jornalistas me exortaram a denunciar o caso. Contudo, minha mulher me impediu dizendo que “por causa dessa maldita política a nossa filha estava pagando com a saúde e talvez, futuramente, até com a vida”. E me proibiu de revelar este assunto.
Diante do cinismo de Serra, de seu jogo imundo, Cristina mudou de idéia. Pelo menos me autorizou a contar esta história para que as pessoas saibam que tipo de país teríamos se esse homem chegasse ao poder. Não só por ele, mas também por conta dos que o cercam.

Abandona sua base política, sua história política, sua atuação como ministro, prefeito e governador. Joga tudo fora.

Aí eu pergunto: quem é incoerente? Serra, por que mentes? Ou isso é demagogia? Cadê o valor à vida?
Vale tudo?

O salário mínimo foi reajustado acima da inflação durante todo o governo Lula. Existe um critério para o reajuste real desse valor, e é muito simples: a inflação mais o crescimento econômico de dois anos antes. Esse critério foi estabelecido após a pressão da oposição, liderada nesse caso pelo Agripino Maia, senador reeleito do DEM, pois a base aliada de Serra estava preocupada com os custos dos aumentos do salário mínimo. Esse acordo foi bom para o país, pois a inflação significa perda de poder aquisitivo dos salários, por isso o reajuste, porém, o crescimento econômico significa aumento de arrecadação, que se repassado na mesma proporção para o salário mínimo, garante aumento real do valor dos salários, sem colocar em risco as contas públicas. Foi proposta da oposição, um acordo político.

O que faz o candidato Serra diante desse acordo? Joga fora, rasga, e estabelece um critério só dele. Qual o critério? Pergunte para a base aliada dele, qual o critério? Serra, qual o critério? Aumentar o salário mínimo para R$ 600,00 é uma conta que apenas o candidato sabe qual é. Aumento para R$ 600,00? De onde vem esse valor? Do nada?
Quem é populista?
Vale tudo?

A esposa do Serra - a mesma que disse que a Dilma é “matadora de criancinhas” e que afirmou que “a questão do gênero está superada” (...) “Os eleitores de Serra precisam saber que ele não chega sozinho, mas com a família e seus princípios e valores”. - afirmou que “As pessoas não querem mais trabalhar, não querem assinar carteira e estão ensinando isso para os filhos”. O Jarbas Vasconselos chamou o Bolsa Família de “grande compra de votos”. A oposição chegou a chamar o programa de “Bolsa-Esmola”. A base aliada de Serra sempre foi contra o Bolsa Família. Muitos eleitores pensam dessa forma. E tudo bem, é um ponto de vista. Muitos consideram o programa assistencialista, paternalista, populista, que compra votos, seja lá o que for. Tudo bem. Mas o que faz o candidato Serra? Promete dobrar o número de famílias beneficiadas pelo programa e ainda promete um 13º salário. 13º salário? E as contas públicas? Qual o critério? Por que abandonar sua base aliada e os eleitores que votam no Serra por discordarem do Bolsa Família?
Serra vai passar por cima de sua base? De seus eleitores? Ou isso é demagogia?
Quem é o populista?
Vale tudo?

E o aumento para os aposentados? No governo do SP, Serra criou a SPPREV, para racionalizar as aposentadorias, utilizar a gestão e a boa governança. Busca um equilíbrio entre receitas e despesas de forma a equalizar as contas públicas. Em 2009 o aumento para os aposentados de São Paulo foi ZERO. Em 2010 foi de 3%. E o que faz a campanha de José Serra? Promete 10% de reajuste para os aposentados. Simples assim, 10%. Aposentados que receberam 7% esse ano. E as contas públicas? E a boa governança? E a gestão?
Quem é o populista?
Vale tudo?

Enquanto escrevo esse texto vejo na GloboNews que o TSE impede a divulgação de dados de pesquisa no horário eleitoral de Serra, do dia 12 de Outubro, programa no qual Serra afirma que deve “prevalec[er] o dever de falar a verdade”.

A Globo não deu. A Globo só dá o que favorece o Serra e esconde tudo que o prejudica.
Vale tudo?
Serra e a imprensa
A liberdade de imprensa é pilar fundamental para os sistemas democráticos. Tanto é assim, que nenhum país ocidental - à exceção dos EUA depois do Bush, e do Brasil - permitem que o dono de veículo de comunicação seja o proprietário de outro veículo. Ou seja, se você é dono de uma rádio, não pode ser dono de um jornal, ou de uma TV. Se você é dono de uma TV não pode ser dono do jornal. Em nenhum país democrático do mundo isso é permitido, com exceção dos EUA e do Brasil. Essa regulamentação visa evitar o monopólio da informação e o controle das notícias. Na Itália o Berlusconi só não é processado porque inventou uma lei que impede o 1º ministro de ser acusado, lei que está para ser julgada inconstitucional. Na Inglaterra a BBC pode, mas a BBC é estatal, e portanto é uma porcaria de um órgão de imprensa, utilizado pelos governos para noticiar apenas o que interessa para eles.

No Brasil, quatro famílias dominam - ou dominavam - a informação no Brasil: A família Frias, dona da FSP, a família Mesquita, dona do Estadão, a família Civita, dona da Abril (Veja) e a família Marinho, dona da Globo. Os baluartes da liberdade de imprensa. A chamada grande mídia sempre foi contra qualquer governo popular no Brasil, que insistem em chamar de populista. Bastam alguns exemplos: A FSP fornecia para a operação bandeirantes, seus carros para transporte de presos políticos que foram torturados nos porões da ditadura - que por sinal chamou de ditabranda. A FSP moveu ação contra o site humorístico falhadesãopaulo.com.br, pois esse utilizava a marca da Folha, não dá mais pra ler. Porém, o que o site fazia era tirar um sarro da absurda imparcialidade de seu jornal, apesar de ter inclusive um ombudsman. O que faz a Folha? Move um processo, pois não aceita ser criticada. Cadê a liberdade?

A Globo, que demitiu o Franklin Martins nas eleições passadas, simplesmente ignorou o acidente do avião da Gol em 2006, que matou 187 pessoas. Por quê? Porque naquele dia houve o escândalo dos aloprados. A morte de 187 pessoas não era notícia, os aloprados eram. Hoje, dia 13 de outubro, o JN só fala do resgate dos mineiros chilenos, que de forma maravilhosa estão sendo resgatados. É emocionante assistir. Porém a Globo fala do resgate esse ano, e não fala do acidente da Gol em 2006. Por quê? Porque ela esconde o Paulo Preto. Ela esconde os 4 milhões. Ela esconde o caixa 2 do PSDB. Ela esconde a vaia do Serra. Ela só fala do que favorece ao Serra e esconde tudo o que o prejudica.

Até hoje, dia 14 de Outubro, a Globo não falou nada do Paulo Preto. Nada. Silêncio absoluto. Ele não existe para a Globo.

E o Estadão? O Estadão troca articulistas. É só a Maria Rita Khel escrever um artigo que vai contra os interesses do Estadão de eleger o Serra e o que acontece? Ela é demitida.

E a Veja? A Veja não merece comentários.
“Desde 2004, especialmente de 2007/2008 em diante, a FDE pagou no mínimo R$250 milhões (R$248.653.370,27) [valores não corrigidos] à Abril, Folha, Estadão, Globo/Fundação Roberto Marinho”, denuncia NaMaria, do NaMaria News , ao Viomundo. “A maioria sem licitação.”
Coincidência, não?

Poderia citar inúmeros exemplos mais, mas vou ficar no tratamento dado por essa mídia a candidatos dessa eleição que lutaram contra a ditadura: Dilma Rousseff, Aloysio Nunes e Fernando Gabeira. Os três fizeram parte de grupos que utilizaram a luta armada contra o regime opressor, que a Folha chamou de Ditabranda. O Aluysio fez parte da Aliança Nacional Libertadora, o Gabeira sequestrou o embaixador americano - escreveu o livro Que é isso companhiro? Que virou filme e concorreu ao Oscar - e a Dilma participou da VAR-Palmares. Parabenizo os três por terem lutado contra a ditadura - que sempre é dura, nunca branda. Lutar pela liberdade e pela democracia deve sempre ser motivo de orgulho. Porém, qual o tratamento dado pela grande mídia aos três candidatos? A dilma é guerrilheira, pegou em armas, bandida, etc. Por que a Folha insiste tanto em ter acesso aos arquivos de Dilma? Alguém chamou o Aluysio ou o Gabeira de terrorista, assassino? 

Não! Porque a grande mídia apóia o Serra, tem lado, não é imparcial, e faz de tudo para instaurar o medo. Medo, preconceito, intolerância... Essas são as estratégias do Serra.

Mas como o Serra trata a mídia? Se a mídia o afaga tudo bem. Inclusive pede desculpas para jornalista da Globo, após - como sempre faz quando recebe perguntas que não gosta - agride jornalistas. Em entrevista (entrevista?) à jornalista Miriam Leitão na Rádio CBN, Serra partiu para a truculência, quando perguntado sobre a autonomia do Banco Central:

E o pior de tudo é que eu concordo totalmente com o Serra. Mas cadê a autonomia do BC? Essa é a forma de tratar os jornalistas?

Se olharmos na internet veremos dezenas de vídeos de Serra atacando, agredindo repórteres que fazem perguntas incômodas para o candidato. Quando perguntado sobre os pedágios, pelo Heródoto Barbeiro no Programa Roda Viva teve a reação truculenta e intolerante de sempre:

E o que aconteceu com o Heródoto depois? Foi afastado do Roda Viva, hoje apresentado pela Marília Gabriela. Mas, ele vai reestatizar as empresas estatais, não haverá interferência na gestão das empresas públicas. E o que ele faz quando é perguntado sobre os pedágios? Afasta o Heródoto. Ah, não foi ele, foi o Sayad. E não foi só o Heródoto. O Priolli também foi demitido.

Cadê a coerência, cadê a liberdade? Cadê a ética?
Vale tudo?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

um apelo à racionalidade [sobre a campanha de José Serra] - 1/3

Recebi por e-mail um texto muito criterioso fazendo uma avaliação da campanha de José Serra (PSDB) à presidência do Brasil em 2010. Inconsistências da campanha, falsas promessas, histórico do político, a relação do candidato com a imprensa, processos que correm na justiça contra ele, projeto político dele e de seu partido, mentiras e algos (sic) mais.
Como todo discurso, o texto não é imparcial, ele defende uma visão política - assim como a Globo, a Record, a Folha de São Paulo, o Estadão, e todos os meios de comunicação. O grande diferencial desse texto é que ele busca uma análise minuciosa, fugindo do "criticar por criticar", da intolerância e do preconceito. O texto mostra por "A+B" que essa imagem de "Serra bonzinho" que estão tentando transmitir não passa de propaganda pra enganar eleitor desatento. E o principal, o texto foge do maniqueísmo de colocar o "bem" contra o "mal": são apenas projetos políticos distintos, e vamos deixar bem claro quais são esses projetos, por favor. É essa a idéia central...A autoria é de José Gabriel Labaki Tomaselli, o Zé, historiador pela UNICAMP e professor da rede pública. Por ser um pouco longo, dividi seu conteúdo em três postagens, que serão realizadas entre hoje e sexta-feira (29/10), uma por dia, aqui no blog.

Espero que colabore com a reflexão de cada um para escolha do projeto político que mais lhe representa.
Abraços,
Alberto Geraissate

Um apelo à racionalidade


A campanha política eleitoral para presidente de república toma ares de um obscurantismo lastimável.
Escrevo esse texto porque acredito que a racionalidade deva prevalecer nessas eleições. Contra ódio, intolerância, preconceito e intransigência não existem argumentos. Os que votam baseados nisso, podem fazer outra coisa. Mas os que votam de outra forma, leiam até o fim. O texto é longo, cada afirmação que faço tem um documento para comprovar, e por isso a leitura é demorada. Porém, acredito que o nosso voto mereça reflexão e conhecimento. Aqui existem informações relevantes para aqueles que votam sem preconceito, ou ódio.
José Serra, no último debate da Band (dia 10/10) usou a palavra iluminar pelo menos quatro vezes, sempre se referindo a iluminar o voto dos eleitores. A concepção de iluminar, como a história nos explica, vem dos filósofos iluministas do século XVIII, que partiam do pressuposto que a razão é o guia do homem, a racionalidade deveria ser o mote de nossas atitudes e de nossa vida.
Apesar de concordar apenas em parte com essa concepção, discordo e repudio veementemente a apelação que Serra faz nessa campanha. Será que alguém que é “do bem” tem que insistir tanto que é do bem? O primeiro pressuposto serrista é que ele é do bem e que a Dilma é do mal. Maniqueísta, simples assim. Do bem e do mal. A partir do momento que reduz a campanha a bem e mal, joga fora toda a racionalidade e joga com preconceitos, visões deturpadas e distorcidas sobre a política, sobre o processo eleitoral e sobre a candidata Dilma Rousseff.
Escrevo esse texto, pois todas as pessoas com que conversei e que não votam na Dilma, afirmam que a Dilma não convence, que ela é falsa, que não tem luz própria, é uma invenção do Lula. Pois bem, a minha pergunta é: quem é o Serra?
Tenho certeza que a maioria dos eleitores de Serra assim o são, por considerarem que o projeto político de Serra é melhor do que o projeto de Dilma. Porém, a única proposta de Serra nessa campanha é a continuidade do governo Lula. E depois que o debate religioso entrou na campanha, a apelação para o “nascer” - está nascendo um novo Brasil, etc. - não para, o apelo aos valores cristão é interminável. Teremos uma campanha baseada na religião, ou na razão? Nos valores morais, ou nos valores democráticos e republicanos?
Aborto
A primeira reflexão que gostaria de levantar é sobre o aborto, infelizmente. O aborto no Brasil é crime, mas descriminalizado na prática. Ninguém nunca foi presa por cometer o aborto. Ainda bem que a racionalidade impera nesse aspecto, pois uma mulher é internada por hora no Brasil, em decorrência de complicações de abortos mal feitos. Há alguns anos houve um juiz que mandou fechar clínicas de aborto e prender as mulheres, médicos e profissionais de saúde que praticavam o aborto. A reação da sociedade civil foi tão grande, que nunca mais houve esse tipo de atitude.
Desde então, ninguém denunciou, ou prendeu uma mulher por ter cometido esse “crime”, e nunca mais será. Isso é valorizar a vida, a vida da mãe que optou por realizar o aborto. Ou o José Serra vai mandar prender a sua assessora para a internet, Soninha Francine, ex-petista, atual PPS e que declarou publicamente que fez o aborto? Ela tomou essa atitude como uma forma de despertar o debate fundamental para a sociedade brasileira de considerar o aborto uma questão de saúde pública. Obrigado Soninha, Cássia Kiss, Cissa Guimarães, Hebe Camargo por terem tido a atitude corajosa e brava de assumirem que fizeram o aborto. Quem não conhece alguém que não tenha abortado? Eu conheço três mulheres que optaram por abortar.
Ah, isso tudo foi publicado na revista Veja.
De acordo com a revista Carta Capital, uma em cada cinco mulheres com menos de 40 anos no Brasil, já abortaram. (edição de 13 de outubro de 2010). E o que faz a campanha difamatória de José Serra? Martela na contradição de Dilma que afirmou em 2007 ser favorável à legalização do aborto, sem considerar que Dilma falava dessa questão como uma questão de saúde pública. O que fez o candidato José Serra em 1998, quando era ministro da saúde? A norma técnica que ele próprio apresentou assim:

MINISTÉRIO DA SAÚDE
NORMA TÉCNICA
1ª EDIÇÃO
BRASÍLIA
1998
I - APRESENTAÇÃO
As mulheres vêm conquistando nas últimas décadas direitos sociais que a história e a cultura reservaram aos homens durante séculos. No entanto, ainda permanecem relações significativamente desiguais entre ambos os sexos, sendo o mais grave deles a violência sexual contra a mulher.
É dever do Estado e da Sociedade civil delinearem estratégias para terminar com esta violência. E, ao setor saúde compete acolher as vítimas, e não virar as costas para elas, buscando minimizar sua dor e evitar outros agravos.
O braço executivo das ações de saúde no Brasil é formado pelos estados e municípios e, é a eles que o Ministério da Saúde oferece subsídios para medidas que assegurem a estas mulheres a harmonia necessária para prosseguirem, com dignidade, suas vidas.
José Serra
Ministro da Saúde

Serra, você está absolutamente certo! Por que voltar atrás? Porque você mesmo reconheceu que essa norma técnica o fez perder de 500 mil a um milhão de votos:
Em 2002, porém, quando concorria pela primeira vez à Presidência da República, o ex-ministro calculou que perdeu algo entre 500 mil e 1 milhão de votos dos conservadores pelo fato de a normatização ter sido feita na gestão tucana, quando ele comandava a pasta da Saúde.
Retirado do Estadão:
Desde então mantém uma postura veemente contra o aborto, apesar do ato falho escondido pela Globo. Por que a Globo escondeu?
Talvez porque também tenha escondido a vaia do Rodoanael.
Afinal, alguém que se preparou a vida inteira para ser presidente obviamente abandona uma questão de saúde pública para conquistar os votos perdidos em eleição passada, e explora de forma baixa e obscura o assunto para retirar votos de sua opositora.
Onde está a ética?
Vale tudo?
Vale até por a mulher para apelar e dizer que a Dilma é matadora de criancinhas? A que ponto chegou a sua campanha? E para aqueles que acham que o aborto é um tema apenas para os evangélicos, basta ver o que a CNBB região Sul e São Paulo está fazendo. A CNBB nacional teve que reagir:
 Basta ver que dentro do comitê de campanha do PSDB havia um manifesto da TFP - isso mesmo, da TFP -, conforme podem ver no blog do grande dilmista Noblat:
Reparem no que o deputado do DEM que não quis se identificar disse:
- Vamos bater, sim, nessa questão do aborto que está no programa do PT. Vai ser o embate da vida e do aborto, vida e aborto. Nada de questão econômica ou qualquer outra, mas de princípio.
É sempre bom lembrar que esses setores conservadores religiosos exigirão o seu espaço no governo, caso Serra ganhe as eleições. E quais as consequencias disso? Ninguém sabe até que ponto eles vão chegar. Basta lembrar que nos EUA, enquanto havia espaço para os religiosos - os chamados neocons - o grande estadista Geroge W. Bush proibiu, durante todo o seu governo, as pesquisas com célula-tronco. Em menos de dois anos do governo Obama os cientistas norte-americanos já estão conseguindo os primeiros resultados com essas pesquisas. Sinceramente não acredito que José Serra mudaria a lei de biossegurança, mas que ele será muito pressionado para fazê-lo, isso ele vai. Terá que abrir espaço para os neocons brasileiros e qual espaço será destinado a eles?
Qualquer tipo de artimanha gramatical do parágrafo acima, não é inocente. É de propósito, pois é assim que faz a grande mídia.
Serra, Marina e o PV
Se Marina Silva foi a maravilha do primeiro turno, por acabar com uma falsa polarização entre dois projetos - PT e PSDB -, e que incluiu questões fundamentais na âmbito da disputa política brasileira - principalmente a questão ambiental que não fazia parte de nenhum dos programas, nem de Serra, nem de Dilma - o que todos esperamos, eleitores de Marina ou não, é que essas questões entrem nos programas dos candidatos no segundo turno. Pois bem, o que fez o candidato José Serra? Ofereceu quatro ministérios para o PV. Qual o peso político do PV no Brasil? Quase nenhum:
Número de governadores: zero
Número de senadores: zero
Número de deputados: 15, em 517.
Como pode um partido de tão pequena expressão política receber quatro ministérios? O que os eleitores da Marina querem? Cargos ou que os projetos do PV entrem na pauta? O que sempre fez a grande mídia? Acusou o PT de fisiologismo. Em um país complexo como o Brasil, não polarizado, como bem demonstrou a Marina, é impossível governar sem alianças e acordos políticos. Nas últimas eleições inglesas, nem os conservadores, nem os trabalhistas formariam maioria no parlamento. O que se faz diante de uma situação dessas? Uma aliança: os liberais-democratas se aliaram aos conservadores e formaram a maioria que levou o David Cameron ao poder. Qual o problema disso? Nenhum, é assim que se faz política, buscando agregar setores da sociedade no governo. Porém, quando o PT faz um acordo político, ele é fisiologista, quando o PSDB entrega quatro ministérios para o PV, um partido de pouquíssima representação da sociedade brasileira, ele é o que?
Marina criticou veementemente o acordo de bastidores PV-PSDB:
Em tom de ironia, Marina criticou o fisiologismo de parte da cúpula verde, sugerindo que a oferta seria alta demais para alguns dirigentes de seu partido. “Quatro ministérios pro PV… Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta pensar num conselho de estatal, já estaria muito bom. Certo? Tem esse tipo de mentalidade´, disse ela. A senadora reclamou do assédio a aliados e prometeu não curvar à “velha política´, referindo-se à oferta de espaço no futuro governo. “Quem estiver oferecendo cargo não entendeu nada do que as urnas disseram. As pessoas que votaram na gente têm uma coisa de postura, de valores que foi identificada. Isso deve ser mantido como referencial´´, disse.
Marina rebateu a reportagem da Folha:

Em relação à matéria “Marina ataca apetite da direção do PV por cargos” (Folha 7/10) a senadora Marina Silva esclarece que na mencionada reunião com ativistas de sua campanha não se referiu a dirigentes do Partido Verde. Os trechos reproduzidos na reportagem faziam uma crítica a práticas da velha política e comentavam uma nota do jornal especulando sobre um hipotético oferecimento do PSDB que sucitara comentários na sala. Ao dar enorme destaque a declarações retiradas do contexto e ao lhes atribuir um objetivo que a senadora não visou, a reportagem termina por desinformar o leitor e cria uma situação inexistente no PV que já definiu que seu processo de discussão com os dois candidatos ao segundo turno será exclusivamente programático.
O que José Serra quer é o apoio a qualquer custo do PV, e tentar atrair todo o capital político da Marina. 
Vale tudo?
O que a Marina quer é que o seu projeto de governo seja incluído - dentro dos limites dos acordos políticos - nos programas de governos de Serra e Dilma. E isso José Serra não fez, afinal ele sempre foi ambientalista, - até ambientalista ele foi a vida inteira -  assim como se preparou a vida toda para ser presidente. Imagino o José Serra, ao lado do João Goulart - quando presidente da UNE e que não para de repetir em seu programa eleitoral - imagino o Serra olhando para o Jango e pensando: estou me preparando para estar no lugar dele...
Ah! Essa cadeira vai ser minha.
Que é isso? Alguém se preparar a vida toda para ser presidente? Megalomania é o mínimo que se pode dizer de alguém assim.
Além disso, no programa do PV existem três plataformas partidárias que são: a legalização do aborto, a descriminalização da maconha, e a legalização do casamento homossexual. Sou plenamente favorável a esses três itens. Gostaria muito que isso pudesse se realizar no Brasil. Mas, não é contraditório o Serra receber o apoio dos neocons e do PV ao mesmo tempo? Ou o PV vai recuar e não vai apoiar ninguém? Ou vale tudo para ganhar as eleições? O PV também propõe a cobrança de 1% sobre os combustíveis fósseis, para ser investido em pesquisa de energia limpa. Também sou totalmente favorável a essa matéria. Porém como o Serra vai conciliar uma proposta de aumento de impostos com o DEM? Com a bancada ruralista?
Vale tudo?
O Perfil de José Serra
Voltando à ideia de bem e mal, o candidato José Serra alega ter sido o melhor deputado na Assembleia Constituinte, afinal ele é do bem. Não vou dar nota para Serra, mas vejamos os votos dados pelo candidato:
Serra negou seu voto pela garantia do salário mínimo real.
Serra negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário.
Serra negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio.
Serra negou seu voto pelo aviso prévio proporcional.
Serra votou contra mais garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego.
Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas.
Serra negou seu voto pelo direito de greve.
Serra negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical.
Serra votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias.

Isso significa que Serra é mal? Não, absolutamente. Significa que Serra tem um projeto político, do qual particularmente discordo, mas é um projeto que muitos acreditam, e que votam nele justamente por esse projeto. Setores da sociedade brasileira acreditam que com desregulamentação, ou flexibilização das leis do trabalho, haverá espaço para um número maior de contratações, crescimento da geração de empregos, os empregadores teriam maior espaço para contratar - pois os custos do trabalho seriam menores - gerando um dinamismo no mercado de trabalho e alavancando o crescimento, os salários e a renda.
Ótimo, é um projeto para o Brasil. Isso não significa ser bom ou mal, são visões diferentes do Brasil, que deveriam estar na pauta do debate político. Dentro do projeto serrista, que ele implantou no Estado de São Paulo, vale o princípio da gestão, da boa governança corporativa, da aplicação racional dos recursos públicos, do caráter técnico do governo, da meritocracia, etc, etc. É um projeto político. Dentro dessa concepção de Estado e sociedade, o Estado deve ser pequeno e bem administrado, para que a sociedade possa libertar as forças produtivas e não ficar estrangulada por um Estado gigante. Ótimo Serra, temos vários exemplos de países que aplicaram essas políticas: a Inglaterra de Thacher, os EUA de Reagan, Bush pai e Bill Clinton, o Chile de Pinochet - e depois a continuidade com a concertación - são os três grandes exemplos de “sucesso” dessa política.
Foi essa política que o candidato Serra adotou enquanto era ministro do planejamento de FHC e governador do Estado de São Paulo. Para ficar em apenas um exemplo do governo estadual, Serra adotou uma política de valorização dos professores por mérito. Ou seja, as escolas que atingem metas recebem bonificações no final do ano, repassadas para funcionários e professores, de acordo com a evolução do desempenho. Além disso, concedeu aumentos significativos (em 2010 foi de 25%) para os professores que fizeram, e tiveram bom desempenho no exame de promoção do magistério. É a valorização do bom profissional. Aqueles professores que trabalham em escolas que não atingem as metas, ou que não fizeram o exame, ou que fizeram e não atingiram a nota mínima, continuam ganhando o imenso salário de R$ 1.600, 90 mil deles sem concurso.
Ótimo, isso é um projeto político, valorizar os bons professores, capacitar os que ainda não são bons professores e subir a média geral do salário, afinal o Estado mais rico do Brasil não pode ter o 14º salário do país. E qual a promessa de campanha do candidato à presidência? Aumento salarial para todos os professores. Todos. Está na sua propaganda política. Serra, não haverá aumento para todos os professores, e sim, para aqueles que conseguirem atingir determinados critérios. Ótimo, é um projeto político. Mas por que prometer aumento para todos? Para ganhar votos?
Vale tudo?
E aí, entra outro problema: o pacto federativo. Pela Constituição Federal, apenas a educação superior é de responsabilidade do governo federal. O ensino infantil, básico fundamental e médio, é de responsabilidade dos estados e dos municípios. Para você conceder aumento salarial deve ocorrer uma parceria com os estados. São as federações que decidem sobre a educação, não o governo federal. Para o governo federal agir, deve fazer acordos com os governadores, como fez o Lula ao criar o piso salarial nacional - piso que por sinal, sofreu forte oposição de sua base aliada. Foi um acordo, articulado ao longo de meses entre o governo, a oposição e os governos estaduais. Não se resolve a educação com uma canetada. Você acha que vai conseguir estabelecer critérios de metas em todo o Brasil? Vai ter que negociar, com a própria base e com a oposição. Prometer duas professoras em sala de aula - que por sinal deve ficar bem claro, não são duas professoras, é uma professor e uma estagiária, que ganha menos de R$ 500,00 - significa passar por cima do pacto federativo, significa rasgar a constituição. Você não vai implementar nada. Caso ganhe as eleições, quem irá fazê-lo serão os governadores, se quiserem.
Quando Dilma promete as UPPs, ela sempre deixa claro que só vai instalá-las nos estados onde houver acordo, estabelecendo parcerias. Parcerias com os governos estaduais, e não canetada. Governar o Brasil é muito mais complexo que governar a prefeitura e o estado de São Paulo, pois exige negociação, negociação da qual o candidato Serra não gosta. Basta ver a forma como ele negocia com professores, policiais e estudantes.
Ah é! Ele votou contra o direito de greve.
Ou ainda, como a PM paulista trata mulheres e crianças.
Isso é forma de negociar?
Vale tudo?

[continua...]
José Gabriel Labaki Tomaselli,Campinas, 14 de Outubro de 2010.
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