Quando eu era pequena [eu cresci?] minha mãe dizia: “Carol pinta o sete, borda o oito e inventa o 9.” Hoje sou Eva, mas já fui Carol. Eva virou adulta, mas não perdeu a inquietação de Carol – curiosa, ansiosa, inventadeira. Essa reinvenção de mim mesma se aplica em minha casa enquanto decoro, e a máxima de Lavoisier se manifesta: "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". E se transforma ligeiro, pois não sei deixar pra depois. Planejamento a médio e longo prazo não é meu forte!
Então, se não posso esperar, meto a mão na massa e faço logo, quase me atropelando de ansiedade e expectativa! E então, faço algo que adoro tanto quanto inventar: fotografo! Sabe por quê? para eternizar aquilo que nasceu pra ser efêmero, tão passageiro e breve como vida de borboleta, porque logo, logo, o que era cama vira sofá, o que era prato vira quadro e o que era velho vira novo.
Vejo a minha casa de forma poética, mundo que consigo abarcar, administrar, conceber, melhorar, alegrar... É a minha forma de continuar criança, representando o mundo do adulto na minha brincadeira de casinha. É o mundo possível de beleza plena, de conforto, de aconchego. É o mundo no qual eu posso deixar a minha marca, quase igual àquele desejo adolescente de colocar o nome nas paredes da escola, na árvore do parque, nos cadernos de recordação das amigas e colegas. Eu decoro como quem sonha, buscando a beleza e a perfeição do único mundo justo - e modelável! - possível: a minha casa.
(Por Léa Cristina)
