Hoje transcrevo aqui, uma pequenina parte de um grande e significativo texto, que eu escrevi há já algum tempo, e apesar de muito pessoal, mas porque hoje é um dia peculiar para mim, estive a reler esses escritos passados e tenho muito gosto em partilhar com vocês, uma das mais sólidas razões de viver que uma mãe pode ter…
…Nestes momentos, sentia sempre umas mãos pequeninas, que para eu limpar os suores frios da fadiga, me esticavam uma toalhinha macia, até aquela apertada arena onde eu já quase jazia. Delicada toalha, tecida com os mais belos sorrisos e carícias, contendo entrelaçadas, finas linhas de esperança, e alegremente colorida de olhares inocentes, de criança e bordada com delgadas palavras doces, onde se lia,” NÃO DESISTAS MÃE!”
Ouvia-os ao longe, os sons das palavras que daqueles inocentes e melodiosos lábios, salpicavam em cima de mim, e sem o saberem, as palavras de uma linguagem cândida mas tão fortes, em que eu me agarrava, afincadamente, para me erguer e combater de novo. Sentia estes apelos miudinhos que me chamavam de novo á vida. Eram como se fossem gotas de um especial tónico de coragem, que eles, os meus filhotes, me davam a beber. Bebia sofregamente essa coragem, por mim sim, por mim. Mas muito, muito mais, e mais por eles.
_ Vai passar mãezinha, vais ver que vais ficar boa! Diziam eles, enquanto me davam, beijinhos repletos de inocentes carinhos, no “dói-dói”.
Acreditem que não são só os beijos de mãe que curam as feridas dos filhos. Os beijos de filhos curam muito mais as feridas de uma mãe.
Necessitavam ainda tanto de mim, aqui, ao pé deles. Queria vê-los crescer, tinha que ajuda-los a crescer afinal.
Corriam, saltavam brincavam alegremente de novo, quando eu e ainda que a custo, esboçava um sorriso forçado, e lhes dizia para os tranquilizar:
_ Sim, a mãe vai ficar boa, já passou, já passou…
Girava a cara depois para o outro lado, para não me verem, enquanto chorava constrangida, e envolta em fracos retalhos de forças, avançava e recolhia-me naquela mágoa e continuava, a lutar pela vida!
Não podia simplesmente esmorecer e dar a vitória ao inimigo, assim de mão beijada, não, nem podia pensar em desistir quando tinha por perto os meus heroizinhos, os meus soldadinhos de chumbo, que tanto me ajudaram para eu não desanimar…
No silêncio sois meu grito
Na escuridão sois a luz
Semente que germinou em mim…