SANTA LIBERDADE de Miguel Bayón (Edições ASA)
“Só é digno da liberdade, como da vida, aquele que se empenha em
conquistá-la” Goethe
Este livro já o li há algum tempo, (esta 1ª edição que possuo é de 2000) no
entanto, nas voltas que dou habitualmente pela minha estante voltou-me às mãos
e de imediato me pareceu uma injustiça ou pelo menos uma desatenção nunca aqui
o ter sugerido. A história, aqui com H
maiúsculo, é verdadeira, e para grande estranheza minha não é um episódio que a
Democracia tenha celebrado e acarinhado como devia. Até o facto de o autor não
ser português me gera uma certa surpresa também. Miguel Bayón é espanhol e toma
este tema como seu, no que, também se deve dizer, nos presta a todos um
belíssimo serviço. Na minha geração (os nascidos nos anos 60) o nome de
Henrique Galvão ainda vai dizendo alguma coisa aos mais politizados, mas estou
em crer que para as gerações que atualmente se sentam nos bancos das escolas em
Portugal pouco ou nada significará. E é pena. É provavelmente uma daquelas personagens
reais “larger than life”, um dos poucos portugueses com um percurso de vida
recheado de suficientes episódios para o transformar num herói romântico.
Provavelmente a história não lhe perdoará o ter participado no 28 de Maio de
1926 enquanto fervoroso apoiante de Salazar, facto que toda a sua posterior
luta contra esse mesmo regime ( e sobretudo a forma como o fez ) o deveria ter
posto num patamar superior. Mas isto são suposições minhas. Henrique Galvão e o
aqui retratado de uma forma superior neste livro de Miguel Bayón, “Assalto ao
Santa Maria”, seria sempre um dos momentos mais altos da vida de qualquer
aventureiro e lutador pela liberdade. Do episódio histórico, dos preparativos
até à tomada do paquete com mais de 1000 passageiros a bordo e do seu desvio,
até ao desenlace, deixarei que o livro fale. Até porque o faz muito bem, num
registo literário excelente. Mas há, e aqui o autor que me perdoe, factos que
são maiores do que a sua descrição por melhor que seja, e este acto de loucura
ou bravata, é o que mais me importa que não seja esquecido. E se a Miguel Bayón
devemos mais este contributo, talvez não fosse mau que lhe pagássemos o devido
preço lendo este magnifico livro construído sobre um emblema universal da luta
pela liberdade. É o mínimo. Boa Semana e… Melhores Leituras! J
Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
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