saber
da sua
pequenez
da sua grandeza
conhecer
a própria
relevância
um grão de areia
em meio à imensidão
da bela praia
pedaço de paraíso
não irá apreciar
o ocaso
da mesma forma
que aqueles incautos
ali deitados
mas certamente
será notado
ao invadir, de um destes, as intimidades
impregnado em suas roupas de baixo
saber
da sua
pequenez
da sua grandeza
conhecer a própria
relevância
um pobre cão
solto pelas ruas
entende que pisa
o mesmíssimo chão
que aquele pobre menino
nada entende do mundo
ainda, a criança
só sente
que
carinho
é o que basta
para nutrir aquele animalzinho
não sei
se o cão
sabe mais
que o infante
mas certamente soube retribuir
saber
da sua pequenez
da sua
grandeza
compreender
a própria
relevância
o aglomerado de gente
de um grande país
desse mundão de meu deus,
que nem sabe ao certo
de onde veio,
que mal se sabe onde vai parar...
pois essa gente
busca motivos pra sorrir
em meio às pancadas que levam
de outros tantos
iguais
irmãos
de dentro dessa mesma massa
que cresce, sim,
de forma
desordenada,
desenfreada
e ainda sem saber...
saber da sua pequenez
da sua grandeza
ser capaz
de perceber
a própria relevância
borboletas
soltas no jardim,
pássaros
a voar
perto daquelas árvores
mal imaginam
o que tinha em mente deus
quando asas lhes deu
ou mesmo
que serviram de inspiração
para o bicho homem,
que criou o avião
que levaria
gente
a voar
a morrer
e a poesia
para voar
em pensamento
saber da
sua
pequenez
da sua grandeza
entender a própria
relevância
a natureza
morta
-viva
não foge
segue lutando
com todas as suas forças
com toda sua revolta
contra tudo
contra todos
os malditos exploradores
que lhe sangram sempre
homens
que não conseguem entender
o que os cães,
os pássaros,
as árvores,
os poemas
e até mesmo um grão de areia
sabem:
saber sua pequenez
saber sua grandeza
saber sua própria
relevância