(imagem retirada do site do Museu dos Coches)
O meu filho tem ficado comigo em casa enquanto não têm início as aulas na sua nova escola.
Na passada Terça-feira, aproveitando o facto de o Sol nos desafiar para uma brincadeira de esconde-esconde, resolvi fintá-lo e trocar a habitual manhã de praia por um dia de passeio e História.
Ao adquirir o bilhete de entrada no Museu dos Coches, o meu sorriso perguntou ao senhor que os vendia se, por acaso, não faziam um desconto a pessoas desempregadas. O sorriso dele respondeu-me perguntando se eu não teria dois euros. Guardei a nota de dez e dei-lhe a moeda de dois, pensando que, afinal, o preço aquém do que eu esperava.
Se, inicialmente, o Vasco atentava na história de cada coche, rapidamente ficou ávido de seguir, de forma a mais rapidamente chegar às galerias superiores.
Numa destas, deparámos com uma exposição dedicada ao rei D. Carlos e lembrei ao meu filho que já havia visto uma exposição sobre o mesmo monarca no Museu do Mar, esta última virada para a vertente de velejador do rei.
Nesta fase, estávamos sentados, seguindo o filme que era exibido; falámos também sobre o Museu da Marinha.
Um casal brasileiro, que chegara na véspera para a sua primeira visita a Portugal, encetou uma conversa comigo acerca deste quando nos ouviu. A troca de impressões foi desde a minha opinião sobre o Museu da Marinha e seus conteúdos até ao facto de o casal já ter viajado muito pela Europa e se ter deparado com um museu francês cujos coches eram meras réplicas, tocando ainda na percepção de que no Rio, quem visita o Pão de Açúcar e o Corcovado serem, essencialmente os estrangeiros e nacionais não cariocas.
Mais tarde, de volta da Agenda Cultural de Lisboa, o Vasco entusiasmou-se com as actividades pedagógicas para crianças que o museu desenvolve. E eu, observando os bilhetes, constatei que o funcionário do museu me vendera a tarifa de jovem, dos 15 aos 25 anos.
Combinei logo com o Vasco que voltaríamos ao museu e não só agradeceríamos a redução da minha idade, como nos informaríamos acerca daquelas actividades.
São no penúltimo domingo de cada mês, destinadas a serem programa familiar e gratuitas, dando ainda direito a uma recordação. E, bem organizado, ainda permite assistir, no final, ao render da guarda presidencial. Mas isso fica para outro post.
Após o mata-bicho, o miúdo brincou no parque dos relvados de Belém, enquanto a mãe dividia a atenção entre ele e a almejada leitura do livro corrente.
Quando ele deu por finda a brincadeira, desafiei-o a ir ver se o repuxo em frente ao Mosteiro dos Jerónimos estava ligado e, confirmando-se a negativa, "abri-lhe o apetite" para o Padrão dos Descobrimentos.
A caminho dos seis anos de idade, isto soou-lhe a aventura. Quis logo subir ao topo do monumento, numa clara rota de colisão com as vertigens da mãe.
Na bilheteira, a rapariga explicou-me que o muro em torno do miradouro tem 1,4 metros e que, se eu não pegasse no Vasco, ele não conseguiria desfrutar da vista.
-"Ok, vamos lá ver como me sairei desta. Depois conto-lhe"- respondi.
E foi a decisão acertada; ele apreciou, eu também, e não me senti incomodada, embora tivesse subido desafiando as tonturas e a aceleração cardíaca.
A vista é espantosamente bela e eu encarreguei-me de fazer uma bela reportagem, como de todo o dia, aliás.
No regresso, o meu filho exclamou: "Não te disse que lá em cima íamos encontrar um novo queijo?", numa alusão à história do Quem Mexeu no Meu Queijo.
E eu concordei: "Claro! Eu alcancei um novo queijo: enfrentei o temor de sentir vertigens".
Agora, parto para outro: conseguir, um dia destes, subir ao Cristo-Rei, em cuja base já estive duas vezes, sem me atrever a elevar-me até ao cocuruto.