Ainda não consegui perceber o porquê dos portugueses não terem grandes hábitos de leitura. Nesta época festiva em que grande maioria dos presentes são peças de vestuário, e logo depois do Natal com os saldos, é impossível ao mais comum dos mortais não folhear as belas páginas das etiquetas com que cada peça de roupa nos brinda.
Por muito pouco que se goste de ler, deveríamos aproveitar esta época para fomentar esse hábito dentro de nós, porque algumas peças até trazem etiquetas com histórias relativamente pequenas, que se lêem num dia. Agora também existem marcas que exageram..., ao bom estilo José Rodrigues dos Santos, em que folheamos, folheamos, e nunca mais chegamos ao fim, para sabermos de uma vez por todas a que temperatura podemos lavar a camisola, se pode ser passada a ferro ou não, ou se se pode secar na máquina. São etiquetas destas que nos prendem do primeiro ao último segundo de leitura, criando em nós um efeito de grande ansiedade e curiosidade.Eu vou-vos segredar uma coisa..., estou completamente agarrado às etiquetas da Springfield, não conseguindo passar uma noite sem folhear as etiquetas de uma bela camisa ou de uma camisola quentinha. Já meias não fazem muito o meu género de literatura, são de poucas linhas, histórias sem pés nem cabeça. As da Tiffosi já não são grande coisa, trazem pouco para ler, funcionam mais como um resumo da obra.
Portanto é assim, não vejo motivo para não gostarmos de ler, se o povo português é daqueles povos que mais bem arranjadinho gosta de andar, não há desculpas para não ler, porque actualmente é rara a peça de roupa que não se faz acompanhar de uma bela obra de literatura...
P.S. Sugiro a algumas marcas de roupa que juntamente com as etiquetas onde vêem os botões suplentes, comecem a colocar também uma tesoura para facilitar a remoção das etiquetas depois de lida a obra.
