ENCANTAVENTOS: Anoite[s]eu...

domingo, 15 de junho de 2014

Anoite[s]eu...

Desabotoaste um por um dos meus sóis

Afastaste o meu céu

E entraste na minha noite adentro

(Wania)

3 comentários:

Macário Campos15 de junho de 2014 às 09:05
Encantador, como sempre. Bjs.
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Celso Mendes21 de junho de 2014 às 12:39
Pura poesia. Lindo!

Beijo, Wania.
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Thuan Carvalho26 de junho de 2014 às 23:07
o amor nu e cru.
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"Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes..."
(Cecília Meireles)

Que bons ventos te tragam mais vezes!

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Ventos do lado de lá...

A Parte de Dentro do Coração

À Wania Victoria,

No vão das escadas,

Onde guardo os aparas que trouxe

Da expedição no espaço

Meu

Quase sobrenatural,

A que qualquer poeta pagão

Decretaria como detritos, encontro

- Antiquados postais das viagens

De sítios que nem conheci

[Passei, sem sentir],

Retratos antigos, que o

Tempo, nem soube como gastar,

Uniformes de guerras

Que nem me lembro de terem acontecido.

Teço tecidos de mares

Que se perderam no meu

Grande escuro sideral, e

São agora folha de papel

Almaço, apenas,

Meia dúzia de poemas, que são

O buraco onde escondo o coração.

No vão mais interior das escadas,

Acumulam-se em vão

Mais anos que as minhas idades;

Dias do sem fim, como as balas perdidas

De lutas de onde só guardo

O pouco pedaço de sal,

Das lágrimas dos combatentes;

Arrecadados os uniformes de guerras

Que nem me lembro de terem acontecido,

Todas as infâncias que nunca fui

Guardo

Como se fora um papel

Em branco

Aflito, onde encontro

- Ausência é cinza, tinta

Impressa,

Já sem pressa de existir,

Como o tempo que acumulei

E já não me faz falta.

Guardo não mais que um retrato

Feito à pressa,

Dum improvável sol tardio

Dentro da branca Campânula,

Da sua textura,

De todos os meus cegos,

Caminhos vacilantes,

Como um vagabundo caminhante

Do mar alto

Em branca tinta,

Um contrário poço da vida,

Onde escondo, não a artéria

Mas a sombra interior do coração.

Palavra,

Apenas ilha no papel!

Rumo ao mundo?

Basta-me a bússola

Que em ti trago,

Feita de silêncios

Distâncias frágeis

Atadas por um frágil cordel.

O que tudo abarca,

Nada reclama,

E de todos os mares que sobrevoa,

Na frágil distância, adentro

A peregrina chama,

Clara superfície, mais não!

Aí, esse o buraco onde escondo o coração.

Colmeal Velho, 18 de Abril

Leonardo B. Da “Barca dos Amantes”

http://abarcadosamantes.blogspot.com/