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Orange Poem lança EP Ancient com Mateus Aleluia em 13 de agosto



Mateus Aleluia e o som “ancestrodélico” com a Orange Poem

Desde janeiro de 2014 que a banda baiana The Orange Poem vem lançando EPs com algumas das vozes mais referenciais do rock baiano, como Nancy Viégas e Mauro Pithon, e agora apresenta uma inusitada parceria musical no novo EP Ancient (antigo em inglês), que será lançado na quarta, 13 de agosto. A voz aveludada, forte, de floresta e ancestral do cantor e compositor baiano Mateus Aleluia (ex-Os Tincoãs), 70 anos, um dos mais importantes e referenciais artistas da música afro-baiana, encontra o som progressivo e psicodélico do Orange Poem, inaugurando, de primeira mão, o som “ancestrodélico”.

“Encontrei Seu Mateus gravando umas músicas no estúdio de Tadeu e depois de uma boa conversa, sugeri que gravasse umas canções laranjas, pois a psicodelia é transcendental, assim como a voz do mestre cachoeirano. Para minha surpresa, ele topou, depois de ouvir o som e achar interessante, gostar das letras. Foi inacreditável ele aceitar assim tão de boa, na maior humildade. Fiquei impressionado, é uma honra imensa pra mim e para o poema laranja”, ressalta Emmanuel Mirdad, o produtor e compositor do EP. A gravação, feita por Tadeu Mascarenhas, ocorreu em julho no estúdio Casa das Máquinas, em Salvador/BA.


Mateus Aleluia grava a voz no
EP Ancient em julho de 2014
Foto: Mirdad

O EP Ancient”, que tem o encarte feito por Glauber Guimarães, traz duas composições de Emmanuel Mirdad, o blues épico “Cuts” e a psicodélica “Clouds, Dreams”, e a parceria entre Mirdad e o seu pai, o poeta Ildegardo Rosa, morto em 2011, na música-poema “Illusion’s Wanderer”. “Ancient” é um trabalho que destaca os belos solos do guitarrista Marcus Zanom que, na última faixa, troca a guitarra pela sanfona etérea, com delay, uma opção inédita no som laranja. Um dos motivos que fizeram Mateus Aleluia topar o desafio de cantar pela primeira vez num som psicodélico progressivo foi a afinidade com o sentimento dos solos de Zanom.

“Seu Mateus é um ancestral, que tem uma multidão de guias que ilumina os caminhos por onde ele trilha. A experiência da gravação foi sobrenatural. Quando ele gravou Cuts, pedi que imaginasse um navio negreiro, pois o blues é fruto do banzo e da diáspora forçada dos africanos pelo abominável sistema escravocrata. O velho mestre conectou-se com o astral e a sala onde gravava ficou repleta de antigos. Ele nos disse que trouxe na voz o lamento negro dos porões dos navios”, revela Mirdad. O blues “Cuts” traz no refrão um coro com sete vozes e na canção inteira muito sentimento e força interpretativa e timbrística da voz e das cordas.


Mateus Aleluia grava a voz no
EP Ancient em julho de 2014
Foto: Mirdad

O EP Ancient” também proporcionou o encontro de dois antigos “caboclos”. Mateus Aleluia, que sempre teve uma ligação muito forte com a poesia, com a elaboração das palavras no melhor do verbo para propagar uma mensagem, se identificou com o trabalho filosófico-poético de Ildegardo Rosa, o Mestre Dedé, morto em 2011. “Propus pra Seu Mateus gravar vocalizes espirituais enquanto meu pai recitava seus bardos metafísicos e a fusão ficou de outra dimensão, dois seres da mata e todos seus guias num encontro além da matéria, perpetuado pelo som”, viaja Mirdad.

Illusion’s Wanderer” encerra o EP Ancient” e é a primeira faixa em português do repertório laranja. O produtor Mirdad separou trechos de 15 poemas inéditos do seu pai e montou-os em um texto só, seguindo a lógica do pensamento metafísico dele. Retirou a voz e melodia de uma canção laranja descartada e colocou no lugar o próprio pai recitando os poemas (gravação feita em 2008 para um outro projeto, LÄZRE, que não rolou).

O EP Ancient” estará disponível para audição e download a partir do dia 13/08 no Soundcloud da banda (www.soundcloud.com/theorangepoem) e também no Youtube aqui.


Emmanuel Mirdad, Mateus Aleluia
e Tadeu Mascarenhas na gravação
do EP Ancient em julho de 2014

A BANDA

De 2001 a 2007, a Orange Poem apresentou sua singular sonoridade baseada no psicodélico rock progressivo em inglês, com pitadas de blues, folk, groove e hard rock setentista. Formada por desconhecidos do cenário do rock baiano (e até entre si mesmos), conduzida pelo multifacetado Emmanuel Mirdad (escritor, compositor e produtor da Flica), foi uma banda guitarreira de canções autorais do seu produtor e então cantor. Marcus Zanom e Saint, guitarristas tão antagônicos de estilo, combinaram como yin-yang seus timbres em solos de puro feeling ou velocidade intensa. Na gruvada cozinha laranja, a segurança e técnica dos músicos Hosano Lima Jr. (baterista) e Artur Paranhos (baixista).

Pertencente à geração 00 do rock baiano, de bandas cantando em inglês como The Honkers e Plane of Mine, a Orange Poem gravou dois discos no estúdio Casa das Máquinas, de Tadeu Mascarenhas. “Shining Life, Confuse World”, o primeiro, chegou a ser prensado e lançado no extinto World Bar em 2005, de forma totalmente independente, sem gravadora nem selo. A banda optou por não trabalhar a divulgação dele e partiram pra gravar o seguinte, “Sleep in Snow Shape”, que foi concluído no final de 2006, poucos meses antes da banda acabar em março de 2007. Não chegou a ser lançado, e os membros se mudaram para estados distintos.

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A NOVA FASE

Depois de sete anos cabalísticos, Mirdad retomou o som laranja com a inusitada proposta de várias vozes distintas. “Pra que ter um vocalista fixo? O original, por exemplo, comprometeu as músicas e merecia ter sido demitido”, comenta ironicamente, pois era ele mesmo o tal vocalista ruim. Devido à velocidade da contemplação moderna, que não tem mais o tempo para apreciar os álbuns com dez, doze músicas, o produtor decidiu investir no lançamento de EPs com três músicas cada, com a novidade de uma nova voz a cada lançamento.

As músicas foram gravadas entre 2005 e 2006 e estavam engavetadas desde o fim da banda. Com a volta da Orange Poem, as músicas ganharam uma nova mixagem e a presença do novo membro da banda: o tecladista Tadeu Mascarenhas, responsável pelos sintetizadores que estão temperando mais ainda a psicodelia do som laranja. Engenheiro de som das gravações e co-produtor das músicas, Tadeu sempre orbitou pela banda e topou fazer parte do grupo. “Somos amigos há 10 anos, curtimos as sequelas criativas proporcionadas pelo poema, e como a Orange é uma banda de estúdio, não interfere em sua agenda concorrida”, informa Mirdad.

EP Ground com Glauber Guimarães (janeiro/2014)
ouça aqui

EP Unquiet com Rodrigo Pinheiro (abril/2014)
ouça aqui

EP Wide com Nancy Viégas (junho/2014)
ouça aqui

EP Balance com Mauro Pithon (julho/2014)
ouça aqui

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AS CANÇÕES

Cuts
(Emmanuel Mirdad)

Blues épico de mais de 10 minutos que traz no poema a constatação dos cortes que a humanidade faz em sua própria carne frágil. O nobre Mateus Aleluia interpreta a canção com o pesar grave do blues, filho do banzo e da diáspora forçada dos africanos durante a abominável escravidão. Na maior parte da canção, os ricos arranjos do baixista Artur Paranhos, a segurança do baterista Hosano Lima Jr. e a linda performance sentimental dos solos do guitarrista Zanom (acrescidos da cama harmônica do piano de Tadeu Mascarenhas na 2ª parte). No refrão psicodélico e mântrico, o clímax do coro de sete vozes e o slide etéreo do guitarrista Saint.


Clouds, Dreams
(Emmanuel Mirdad)

Etérea progressão de tom menor para maior construída pela combinação de vários vocais entoados como um cântico espiritualista, violão 12 cordas, riffs e slides psicodélicos e a potente voz de floresta de Mateus Aleluia, com o seu grave de chão, terra, e o seu agudo de folhas e vento. O poema é de devoção, um ser que ajoelha o ego e confunde-se entre o bem e o mal, guiado por uma fé enigmática.


Illusion's Wanderer
(Ildegardo Rosa / Emmanuel Mirdad)

Uma ode ao despertar do homem, com a voz do poeta e filósofo Ildegardo Rosa (1931-2011), o Mestre Dedé, recitando em português uma compilação de quinze poemas seus elaborada pelo filho Emmanuel Mirdad, compositor da harmonia. Pela primeira vez na Orange Poem, além da língua pátria ao invés do inglês, a faixa apresenta Zanom na sanfona psicodélica ao invés da guitarra. O cantor e compositor Mateus Aleluia apresenta o poeta Mestre Dedé e faz vários vocalizes na parte épica-progressiva da música.

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O EP ANCIENT

01. Cuts
      (Emmanuel Mirdad)
      BR-N1I-14-00014

02. Clouds, Dreams
      (Emmanuel Mirdad)
      BR-N1I-14-00015

03. Illusion's Wanderer
      (Ildegardo Rosa / Emmanuel Mirdad)
      BR-N1I-14-00016

Mateus Aleluia (voz e backing vocal)
Marcus Zanom (guitarra e sanfona)
Mirdad (violão 12 cordas e backing vocal)
Saint (guitarra)
Hosano Lima Jr. (bateria)
Artur Paranhos (baixo)
Tadeu Mascarenhas (piano na faixa 1)

Convidado especial:
Ildegardo Rosa (voz na faixa 3) – in memorian

“Illusion's Wanderer” contém fragmentos de 15 poemas de Ildegardo Rosa, montados por Emmanuel Mirdad

Gravação, mixagem e masterização: Tadeu Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas)

Produção artística e executiva: Emmanuel Mirdad

Arte do EP: Glauber Guimarães

Comentários

marcos disse…
a parte em inglês não consigo traduzir tudo
Emmanuel Mirdad disse…
Olá, Marcos, você pode acessar a tradução de todas as letras aqui:

http://elmirdad.blogspot.com/2014/09/orange-poem-letras-traduzidas-para-o.html

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