por André Muhle
É muito provável que no dia 18 de fevereiro de 1980, lá em Natal, quando minha mãe estava deitada na mesa de parto prestes a dar luz à minha pessoa, o médico tenha se aproximado dela e dito baixinho “Dona Cristina, eu vou só aqui na sala ao lado fazer um partinho rápido e em seguida volto pra tirar seu filho daí”. É muito provável também que aí, nesse exato momento, tenha nascido essa síndrome que já me acompanha há tanto tempo: a triste realidade de ser sempre o segundo. Uma tormenta que, espero eu, não seja uma exclusividade minha. Definitivamente, algumas pessoas nascem nesse mundo para serem as segundas. E quis o destino que eu fosse uma delas. Na verdade não é só o destino, acredito que no fundo eu também queira isso. Se eu chegar no cinema e encontrar todas as bilheterias vazias, por exemplo, vou dar uma volta pelo shopping até que a fila comece a ter pelo menos uma pessoa. A mesma coisa na academia. Nunca vou para um aparelho se ele estiver vazio. Tenho medo de chamar muita a atenção das pessoas. Dificilmente vou ser o primeiro a dar em cima de uma menina linda na boate. Mesmo que a menina linda esteja olhando pra mim, mordendo os lábios e levantando sutilmente o vestido. Provavelmente eu nunca serei a pessoa que alguém mais amou na vida. Nem serei a pessoa mais legal, mais inteligente ou mais descolada que você já conheceu. Acredite em mim, no máximo, mas no máximo mesmo, eu serei a segunda. Bom, é isso. Preciso correr agora pra ver o jogo do Brasil. E espero muito que se ele não ganhar essa copa, que pelo menos fique em segundo.
9 comentários:
Eita, rs.. Olha, a tua mãe tem um coelhinho rosa que bate palmas no msn (vc já deve ter visto) que se eu tivesse como juro colocaria um monte deles agora pra bater palmas pra vc! Rs.. Vc cumpre suas promessas! Eita! (O Menino Muhle não existe! Rs..)
E, vem cá (duas vezes): na boate que tu frequenta a menina que está te dando mole levanta (mesmo que sutilmente) o vestido?!?!?! (Cristina Galvão! Rs..); e tua mãe já te contou a cruzada de pernas que ela deu na hora do teu nascimento? (Adoooooooooooro essa história!)
Enfim, é sempre muito bom ler palavras tuas, alegra realmente o nosso dia, e quem tem poder assim, de trazer boas risadas ou aquelas boas risadas de canto, estão definitivamente proibidos de deixar de exercer os seus poderes, sabia não? ai, ai, ai, ai..
Eu vou ler o texto da Rita aqui em baixo depois leio esse, tá?
Textos que sempre tiram risadas de canto de boca da gente, lembrando de mim mesma!
Eu espero também alguém chegar na fila primeiro e tenho o mesmo temor de chamar atenção na academia... um horrooor! ou seja, não é exclusividade tua!
muito bom!
gilvanycynthia
Aaah quanto pessimismo e tristeza num post só hein.
As pessoas tem mania de se "auto menosprezar", mas geralmente são bem mais do que costumam dizer. (:
Um beijo.
é,
Brasil nem chegou em Segundo lugar
=/
Sabe que adoro tudo que você escreve (sim, vez ou outra venho bisbilhotar aqui)? Não sei sequer de onde você é, mas confesso que, tantas das vezes, suas palavras me caem muito bem.
Patrícia
(patriciaduarte85@yahoo.com.br)
pois seus textos são sempre os primeiros que eu leio.
E eu, que sou a terceira...
Estilo de escrever também tem a ver com astral, não é? Para alguns, isto seria um drama, para outros apenas uma constatação. Pois bem, pela primeira vez (e não segunda), entro aqui, pulo o primeiro texto (do dia 11 de julho) e venho ler o teu, ou seja, transformou-se, pra minha visão, na primeira leitura neste blog. Que máximo, não?
O bom mesmo, André, é quando a gente descobre que, em algumas situações, o melhor mesmo é ser o último.
Beijo de uma também segunda,
Magna
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