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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Obama o Presidente sem vaidades



«O dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens sábios ... e a humildade faz grandes homens !!!»

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domingo, 24 de janeiro de 2010

Conselhos aos estudantes

O que disse o Presidente Obama aos alunos da América

Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.

Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.

A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."

Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.

Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.

No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.

E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.

Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.

Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.

No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.

E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.

Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.

Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.

Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.

Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.

Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.

Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.

A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.

E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.

Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.

E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.

A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.

É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.

Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.

No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."

Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.

Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.

Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.

E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.

A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.

É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.

Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?

As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes.

NOTA: Neste aspecto o que é verdade para os USA também é para Portugal.

Extraído do blogue Sempre Jovens

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sábado, 23 de janeiro de 2010

Obama e os problemas da sua missão

Transcrição do artigo de opinião do Jornal de Notícias, seguido de NOTA:

O herói e o vilão
Jornal de Notícias, 23 de Janeiro de 2010. Por Pedro Ivo Carvalho

Um ano de Barack Obama foi um ano de paz no Mundo? Não. Um ano de Barack Obama foi um ano de recuperação económica no Mundo? Não. Um ano de Barack Obama foi um ano sem injustiças no Mundo? Não. Mas será que um ano sem Barack Obama podia ter sido pior para os Estados Unidos da América (EUA) e para o Mundo? Certamente que sim.

Há um ano, caminhava-se na estratosfera. As trompetas produziam música celestial: eis o Messias, o homem novo, o desejado, o conciliador de comunidades que num ápice foi alcandorado à condição de conciliador do Mundo. Sim, nós podemos. E gerou-se uma onda tão avassaladora que transformou Obama no primeiro presidente da República global.
O Mundo carecia de um herói - já agora norte-americano, como nos filmes -, o Mundo ansiava por uma América que falasse mais e disparasse menos. E a Europa esfregava as mãos de júbilo por finalmente ter diante de si um presidente norte-americano que pensa estruturalmente como um líder europeu.

Um ano volvido, o Mundo desceu à terra e trouxe Obama na viagem. A taxa de popularidade do presidente norte-americano desceu de 80% para 50%, a América não conseguiu sacudir a crise, o desemprego mantém-se nos píncaros, os soldados do Tio Sam continuam a tombar nos vários teatros de guerra de onde parece impossível sair, a tentativa bem intencionada de garantir um sistema de saúde gratuito para toda a população arrisca-se a ser apenas uma tentativa, porque custa muito dinheiro e a minoria beneficiária não tem capacidade de influenciar as decisões políticas. Os EUA permanecem no Iraque, reforçaram a presença no Afeganistão, não fecharam Guantánamo. A herança era pesada. E só passou um ano.

Mas Obama não foi só a "vítima" do exercício colectivo de endeusamento que conduziu à sua eleição. Obama foi parte integrante dessa estratégia. Obama alimentou os slogans, as redes sociais, o "yes, we can" - monumento ao marketing agressivo -, Obama criou, em suma, uma plasticidade que funciona porque somos levados a crer que ele é assim sempre, assim determinado, assim determinante, que deixa uma pegada de História em cada palavra que profere, em cada decisão que toma. Mas Obama é apenas um. Um.

E o que devemos, então, concluir? Que Obama falhou? Não. Obama não podia mudar os EUA e muito menos o Mundo num ano, pese embora haver quem pense que ele, ao final do dia, se senta no Olimpo, com os deuses, a discutir a Humanidade.

A verdade é que Obama representou, representa, a mudança. Mas Obama tem de ser mais do que isso. Tem de calçar, para usar a imagem de um feliz cartoon que ilustra a capa da mais recente edição da revista "The Economist", as luvas de boxe e começar a distribuir uns ganchos. Obama tem de deixar de ser o herói para passar a ser o vilão. No fundo, tem de passar a ser mais o homem e menos o deus. E um mandato pode não ser suficiente.

NOTA: Realmente, as esperanças eram exageradas e não havia milagre que, num ano, permitisse as mudanças necessárias. E estas, por lesarem as rotinas e os interesses instalados pelos donos da alta finança, exigem que, como diz o texto, calce as luvas de boxe e bata sem dó naqueles que travam a justiça social e a Paz no Mundo. Tal reacção é natural porque qualquer mudança levanta sempre descontentes entre os que estão bem instalados. Por isso, além das luvas, poderá ter de usar miniaturas da estátua da liberdade para fazer carícias nos dentes dos renitentes!

Deve estar preparado para enfrentar os sérios riscos que está a correr. A falta de escrúpulos que leva os poderosos da economia e da finança a sacaram o máximo de lucros pode levá-los a exercer pressões sem limite até ao assassinato como o de John Kennedy.

Oxalá este jovem presidente tenha sorte e beneficie a América e o mundo reduzindo ou acabando com a exploração das multinacionais, dos bancos e das indústrias de guerra. Não lhe deve faltar motivação, porque espera muito tempo de vida e não deve estar disposto à aceitação e acomodação como se fosse um veterano a quem a idade não permite esperar muitos anos. Estas palavras também são válidas para Passos Coelho, candidato à liderança do PSD.
Ver o post Obama leu Thomas Jefferson
e os respectivos comentários.

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Obama leu Thomas Jefferson?

O presidente norte-americano, Barack Obama, deseja limitar a dimensão e a actividade das instituições financeiras, segundo fonte do Governo citada pelas agências internacionais.

O presidente dos EUA começou a discutir com os seus conselheiros económicos, há cerca de dois meses, a necessidade de incluir na reforma financeira algumas disposições “mais restritivas” e “específicas” sobre a limitação da dimensão e das áreas de actividade das instituições financeiras. O objectivo é o de reduzir os custos de riscos excessivos.

Como seria de esperar não lhe faltam opositores como, por exemplo, Warren Biffett. No entanto, Presidente dos EUA vai propor ao G20 que adopte o seu novo imposto sobre a banca.

Curiosamente, já em 1802, Thomas Jefferson alertava para os perigos criados pelo poder da banca.


Para ler melhor faça clic na imagem

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domingo, 23 de novembro de 2008

Reacção de um País

Fruto fatal dos anos que se vão acumulando, surgem-me, cada vez mais, de supetão, no ecrã da memória, frases vindas dos tempos da juventude, daqueles saudosos tempos em que éramos obrigados a saber de tudo um pouco, ao contrário dos dias de agora, em que a NET lá está para nos informar, se nos informar, e com a condição, apenas, de sabermos o que é que lhe queremos perguntar…

Foi assim que, por estes dias, me veio à superfície uma velha “lei”que dizia que causas idênticas, em condições idênticas, produziam, ou tendiam a produzir, idênticas consequências, só que sendo, realmente, uma mais que remota recordação, não terá sido sem um porquê que ela me surgiu do baú das recordações.

Trouxe-a à tona, na verdade, o “facto” do momento, a vitória de Obama nos “States”, e surgiu a ligar dois momentos e dois locais diferentes. Sendo um dos factos, necessariamente, essa vitória é o outro uma vitória muito semelhante em Portugal: a de Sócrates na sequência do desgoverno que o antecedera..

E não será uma possível semelhança de ideais políticos entre ambos que me leva a olhá-los em conjunto. O que me move nessa ligação é a circunstância de, numa como na outra, e sem querer retirar mérito a qualquer dos vencedores, o factor mais relevante dessas vitórias, que não podiam deixar de acontecer, ter sido a acção ou a inacção dos verdadeiros vencidos, e digo assim porque, nos Estados Unidos, quem realmente foi vencido foi todo um demasiado longo governo de Bush Jr., e não o candidato à eleição que soube perder com a maior dignidade.

Seja qual for a soma das virtudes dos vencedores, a verdade é que as suas vitórias nunca poderiam ter sido tão expressivas se os seus antecessores não tivessem sido quem foram, particularmente no caso de Obama que, há meio ano, ninguém ousaria antever Presidente….dos Estados Unidos.

Santana Lopes soube unir a vontade de um País no sentido de o mandar embora, tal como Bush conseguiu unir aos democratas a parcela dos americanos que tradicionalmente não acreditam que haja político que justifique a maçada de ir votar e que, desta vez, entenderam que se impunha fazê-lo, e até mesmo uma fatia dos tradicionais republicanos, já farta de um governo absolutamente autista e desejosa de algo de novo, virado para os interesses do povo, que não para meros mitos da economia.

Será que este gesto higiénico que põe fim a uma política desastrada para a América e para o Mundo virá transformar tudo num Éden? Obviamente que apagar quanto de mau se fez no seu país com as políticas aí seguidas e, no resto do Mundo, com as políticas aí induzidas, seria uma obra impossível para oito anos de mandato que sejam. Basta olhar para os danos ambientais causados pelo aquecimento global, em boa medida resultantes da cegueira bushiana nessa matéria, vetada que foi pelo capitalismo selvagem, a que sempre esteve vendido, qualquer medida que pudesse aumentar as despesas ou diminuir os lucros dos detentores do capital.

Mas, por muito verdadeiro que tudo isto seja, o que não deixa dúvidas é que algo tinha de mudar e sem ser para que tudo continue na mesma.
Estará, porém, Obama à altura da tarefa que o espera? Será que as maiorias que, entre nós, se denominam maiorias absolutas e, lá, residem na convergência política da Presidência e das duas Câmaras não são portadoras de graves riscos para uma sã democracia? Restarão dúvidas de que o ter “a faca e o queijo na mão”, sendo essencial para a realização de um programa coerente, pode ser também o “caldo de cultura” ideal para o posso, quero e mando gerador de todos os abusos? Abstraindo da generalização que encerra, não teria um fundo de razão o geógrafo e pensador anarquista francês Elisé Reclus ao afirmar que “é uma lei da natureza que toda a árvore dá o seu fruto natural, que todo o governo floresce e frutifica em caprichos, tirania, usura, infâmias, morticínios e desgraças”, desde que o deixem, acrescento eu?

Do poder absoluto de mandar, da necessidade íntima de mostrar esse poder aos insubmissos, da convicção de que se é dono exclusivo da verdade e da razão, do esquecimento de que o poder de que num determinado contexto se dispõe não é de origem divina mas provém de um mandato popular, concedido com base na confiança em promessas mil de dedicação à defesa dos interesses do mandante, não estarão, neste momento, entre nós, pais, professores, estudantes a sofrer consequências que não se sabe aonde poderão chegar? Não estará também a massa anónima dos contribuintes a perguntar a si própria se o seu dinheiro não irá servir para “indemnizar” especuladores mergulhados em mais que duvidosos investimentos da alto risco, escondidos atrás de pequenos depositantes e aforradores, esses sim a justificar a protecção do Estado?

Questões importantes, por certo, mas que muito longe nos levariam…

Para já, certo é apenas que, lá como cá, foi pronunciada uma sentença popular que condenou um estilo de exercício do poder a que urgia pôr fim. Do resto, só o tempo permitirá julgar, não se podendo, porém esquecer que, cá, o novo veredicto se aproxima a passos largos.

De momento, só nos resta ao “God bless America”, de Irving Berlin, acrescentar um “God bless the World” e, à cautela, ir “fazendo figas” para que se não venha a, por desmedido orgulho, gerar por aqui alguma nova “reacção” de contornos desconhecidos que possa redundar no divórcio entre o eleitorado e a classe política, sempre passível de consequências dramáticas de que a História regista exemplos, e que possa tornar baldados quantos sacrifícios nos foram e estão a ser exigidos em nome da correcção do “défice orçamental”.

João Mateus

NOTA: Caro João Mateus, do alto da tua quase vetusta idade e do muito saber fermentado na experiência de uma profissão consolidada em contactos diversificados, pareces um oráculo, deixando em aberto muitos temas para reflectir e definir dúvidas que buscam respostas assentes em sérias análises.
Obrigado por mais esta douta colaboração para este modesto espaço que fica à espera de mais textos com o teu habitual timbre.

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