aaaaaaO post de hoje será apenas uma breve indicação de algo que refleti vendo "Janela Indiscreta" [Rear Window] de Alfred Hitchcock. Produzido em 1954, este longa-metragem, protagonizado pelo (lindhão do) James Stewart e pela sofisticadíssima Grace Kelly (época em que as atrizes não eram apenas rostos bonitos, mas possuíam talento) traz à tona uma possibilidade muito peculiar de observar o homem tanto no recorte público quanto no domínio privado. Jeff, um fotógrafo afastado do cargo, passa horas a fio como um flanneur; observa, de um ângulo deveras privilegiado, toda sorte de atividades e comportamento dos seus vizinhos. Até que em uma destas janelas algo de muito suspeito e insólito acontece (afinal estamos falando de ninguém menos que Hitchcock). Não quero fazer o party-pooper e contar o final do filme, porque sempre achei isso uma #putafaltadesacanagem, sobretudo quando se trata de um suspense, mais ainda quando estamos falando de um cineasta do caralho, como é o Hitchcock.
aaaaaaPois bem, "Janela indiscreta" me lembrou Rousseau devido à passagem do estado de natureza para o estado de cultura (ou de civilização), que pode ser irresponsavelmente resumido com a introdução da razão. Para o filósofo, viver em sociedade foi o começo do fim para o homem, porquanto o homem recém-civilizado não se contenta mais com os recursos que estavam ao alcance de sua mão no estado de natureza, a inteligência desestabiliza o equilíbrio que predominava neste homem primitivo e que doravante torna-se um indivíduo que se compara o tempo todo, que quer possuir o que o seu par não possui.
aaaaaaGuy Débord me ocorreu pelo seu conceito de "espetáculo" forjado na obra "La Societé du Spectacle". Grosso modo, a sociedade do espetáculo é o meio no qual estamos, circulamos e vivemos, alienados, evidentemente. Essa alienação subverte a ordem original e faz a aparência travestir-se de essência. Como um pensador marxista, Guy Débord não relega sua discussão para um plano metafísico, pelo contrário, articula mercado, capital, produção e modo de produção para ilustrar como a condição humana na contemporaneidade é violentada e mutilada basicamente por uma abstração chamada capital, ou mais popularmente falando, dinheiro!
Uma coisa eu garanto: Ver Hitchcock pode até não dar esse monte de nó na cabeça do espectador comum, mas que garante uma ótima experiência de ansiedade e imersão, isso está fora de discussão!
11 comentários:
Esse filme é uma ode ao voyeurismo
Adoro
Ol´´aWagner
Tradução da receita
Molho de repolho no alho e óleo rsrsrsr
Tenha uma linda semana
Abração
"Janela Indiscreta" é um dos melhores filmes de Hitcock.Ele ´um gênio do suspense, sou grande fã.
Interessant indicação Wagner! Nunca vi nada de Hitcock, apesar de ouvir falar muito bem dos seus filmes.
Obrigado pela visita amigo! e uma EXCELENTE semana.
Que análise, hein, meu caro!
E "Janela Indiscreta" é um clássico, fato.
...
Passe lá no meu blog e deixe seu comentário!!!
Bah, Hitchcock é o cara! Confesso que Rear Window não é o meu favorito, mas há quem goste.
Não vou me atrever a comentar os meandros filosóficos / téoricos, nesse momento meus olhos ardem demais. Culpe a minha faculdade.
Beijos sumido!
Wagner, vc como sempre brilhante em suas contextualizações. Esta sua percepção antropológica em cima da obra de Hit foi perfeita ...
bjux
;-)
ops ... esqueci ... por enquanto, só vc pescou a verdadeira perspectiva de meu post de hoje ... rs
Que venha a SEVERINA e q possamos ser felizes ...
bjux
;-)
Bela dica de filme, bacana ver esse lance de voyeurismo....
Abração!
Já ouvi falar, mas nunca vi esse filme... Pelo que você relatou, eu não consegui entender muito bem a história, mas parece bom... Hh
Quando eu tiver a chance, irei assistir sem pensar duas vezes. ^^'
;*
Excelente dica, colega "absurdo"
Já te sigo no Twitter!
:)
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