quinta-feira, dezembro 27, 2007
Se a lua me der a mão...eu não vou ficar deprimida com a ausência do sol
Parte-se me o peito...
e não me lembro tê-lo sentido quebrar
mas hoje ele jaz em mil pedaços
e é no chão que esta dor ecoa.
O céu calou-se por respeito
a esta tristeza sem fim
enraizada na carne ...
já não grito.
Estou cansada de gritar
e a garganta não devia ser uma arma de arremesso
mas sim...um jardim para plantar sementes
e para ver o choro das flores
quando brotam das pedras mais duras.
Se as palavras não se ouvem...
então chora-se em silêncio
porque o meu pranto ficou mudo de repente
Queimo o ar que respiro
porque os meus pulmões inspiram fogo
e eu intoxico-me por dentro...
Desconfio que vou ficar
dias a fio abraçada às paredes
a deprimir o olhar
com o sol atrás das costas...
Talvez à noite volte a ter coragem para sonhar
se a lua me der a mão...
Daniela Pereira
segunda-feira, dezembro 24, 2007
Feliz Natal a todos que ousaram entrar no meu coração
Hoje não vou escrever poesia...não vou mascarar as palavras e muito menos vou fazer delas gotas de sangue.
Porque hoje,quero deixar aqui as palavras mais bonitas e profundas que o meu coração consegue soletrar...
Isto deveria ser uma mensagem a desejar Feliz Natal ao mundo inteiro..mas esta manhã apeteceu-me ser um pouco egoísta e quero que esta mensagem chegue a um cantinho especial...o meu mundinho .
É um mundo,não muito grande...mas que tem muita sorte ,porque mesmo quando tem os seus momentos de solidão encontra sempre alguém a bater-lhe à porta com uma palavra amiga.E quando essa palavra não vem da boca de quem desejo...ela voa até de mim dos mais variados recantos e é com surpresa que a recebo com pedacinhos de ternura tão gentilmente partilhada por quem vive no meu peito.Por isso considero-me uma pessoa de sorte...tenho pedaços de mim espalhados por terras com aromas diferentes...com sorrisos distintos...com passos bem diferenciados.
E mesmo quando sofro pela ausencia e pelo silêncio de alguns bocadinhos do meu coração...sei que no momento em que consigo reunir novamente junto ao peito todas as pessoas que amo ,sou a pessoa mais privilegiada e feliz deste mundo .
Por isso quero agradecer a todos que tiveram a ousadia de chegar até mim...espreitar cá para dentro e sem saber o que iriam encontrar,mergulharam fundo e até hoje ainda flutuam neste mar imenso de melancolia e sentimento que eu sou.
A todos vocês(que eu sei,que sabem quem são) eu desejo o Natal mais aconchegante ...mais terno..mais amigo...mais amoroso...mais Tudo...porque para mim,vocês são o melhor que a minha vida tem e não vou descansar enquanto não vos vir a todos realmente felizes:)
Feliz Natal Amigos...Poetas...Familia...Curiosos...Almas da partilha...
beijinhos azuis
daniela
quinta-feira, dezembro 20, 2007
Procura-se um amigo verdadeiro...
Hoje apetecia-me colocar um anúncio nos jornais...Amiga fiel procura por amigo verdadeiro...
Não tem que ser alto...mas tem que ter um ombro onde possa encostar a cabeça,quando me sentir cansada e com vontade de chorar.Não precisa de ter o ombro livre sempre para mim, mas precisa de saber distinguir quando as lágrimas são sentidas e demasiadas pesadas para carregar sozinha.
Não tem que pedir desculpas por não estar presente em todos os maus momentos...mas tem que me fazer sentir que desejava estar .
Não precisa de sorrir sempre...mas de ter um sorriso para me dar quando me sentir triste,por saber que nunca lhe neguei o sorriso quando de um sorriso meu precisou.
Não deve guardar-me numa gaveta com cheiro a passado...e deve sempre dar-me flores se a vida mostrar que o futuro tem espinhos no olhar.
Não deve fazer de mim uma recordação e sim um pedaço...grande ou pequeno...mas um pedaço de si,porque aos amigos dou-me por inteiro.
Não deve perguntar se estou bem...porque o coração deve saber sentir quando não estou,porque algures nesta amizade há-de existir uma ponte para puder viajar de uma ponta à outra do peito.Só a ausência pode ter força para quebrar esta ponte construída com tanta harmonia...Talvez um dia esqueças o caminho...
Hoje procura-se um amigo verdadeiro...com braços para abraçar...ouvidos para escutar..mas com uma boca para nos encher de palavras com gosto a conforto.
Todo o vazio é inimigo do sentimento...todo o silencio é desprezo se não houver um sussurro ouvindo-se ao longe para nos fazer sentir amparados.
Vou para a janela escrever Amizade em mil aviões de papel e vou atirá-los em direcção às nuvens,para ver se do céu ..hoje ainda me chove um amigo assim...
Daniela Pereira
sábado, dezembro 15, 2007
Pede-se um minuto de silencio...
Perdem-se as palavras nas margens de um rio calado...
E pedem-se razões às pedras que as vêem passar tão silenciosas.
Atropelam-se os peixes de boca aberta
E com o peso de um ponto final
Deixam-se ir ao fundo...
Inebriados por um anzol de ideias brilhantes.
Batem-me à porta ...
E eu tenho a garganta cansada!
Diz um grito sufocado
Aos ouvidos empedrados na parede da sala.
Tocam as horas num relógio sem ponteiros
Porque o tempo não se pode marcar
Com dedos de metal
E as palavras já sorriem destemidas
Sem o tempo a vigiar-lhes as costas...
Pede-se um minuto de silêncio...
Que as palavras hoje querem divagar.
Daniela pereira
Direitos Reservados
Foto por Nuno Reis in http://www.noir-sur-blanc.blogspot.com/
terça-feira, dezembro 11, 2007
Calor Vagabundo
Tenho um sentimento aqui dentro que me aperta a carne contra o peito...
Não é um sentimento triste,mas por vezes encontra-me a chorar e não existe uma explicação para as lágrimas que deixo cair.
Talvez seja a forma que a alma possui de se elevar...de ganhar alguma leveza.Sim..porque a queda de uma lágrima é pesada no rosto.
Somos revestidos de uma pele tão fina e delicada e o sal é sempre uma pedra...arranha e rasga quando nos beija.
Já procurei uma cura para este pensamento doentio...mas é um vírus tão poderoso...a saudade contagia até o ar que se respira.
Baixa-nos as defesas e alastra sem cessar cá por dentro e o sangue é o rio que a transporta a 3dimensões...pele..carne e alma...todas sufocam num ar de ansiedade crescente e a febre sobe quando as memórias queimam o olhar.
Sei que não se morre com saudades infestando o corpo...mas há momentos em que juro,que há sentimentos que caminham para um precipício e eu tenho vontade de empurrá-los,só para os ver cair mais depressa.
Sou tão pequena para compreender a imensidão deste sentimento mesquinho e egoísta...talvez seja apenas inocente ao sentir que nenhum sentimento vive solitário e que cada dor tem uma sombra gémea que a vê ao espelho.
Talvez a saudade seja cega e surda...não veja a tristeza que deixa nos olhos dos outros e acredite que a ausência seja um pedaço de magia que se oferece a quem gosta de viver intensamente...Talvez seja surda,porque passa os dias a cantar tão alto canções de amizade e de amor,que nem repara que esqueceu a voz no bolso e por isso da sua garganta funda só ecoa um silencio magoado.
Eu não sei porquê..mas tenho um sentimento aqui dentro que faz cócegas no nariz e deixa o meu coração destapado...sinto frio assim despida desse calor vagabundo que morava na minha casa.
Daniela Pereira
foto by http://aquasixio.deviantart.com/
terça-feira, dezembro 04, 2007
Ver para crer...
Foto by DeviantArt-Watch the weather change by ~DreamerDeceiver
Queria ter um par de olhos
com asas nas pestanas
para conseguir voar com o olhar ...
Para ver quem quero ver...
e cegar a saudade
que às vezes machuca no peito.
Queria ter o grito mais alto
guardado na garganta
para me fazer ouvir
quando sinto as palavras enrodilhadas cá por dentro.
Queria ter o sorriso mais rasgado
para mostrar a todos que amo
que ainda sei sorrir com gosto...
mas queria tanto que vissem o meu sorriso
e não ficassem só com ele preso à imaginação.
Se esta lágrima teimosa
se afastasse um pouco do meu rosto...
para deixar brilhar os fios de ternura
que normalmente trago escondidos no cabelo...
Talvez aqueles braços
que vejo estendidos ao fundo da rua
fossem para mim...
Porque hoje preciso de um abraço daqueles que amo...
daqueles que não me odeiam
ou daqueles que simplesmente não sabem quem sou.
Preciso que me ouçam...
ou que me deixem ficar calada
a olhar para as palavras dos outros
como se já não soubesse ler
e as letras fossem somente gotas para beber.
Sinto-me cansada desta solidão
de querer ser Tudo para Todos...
desta fome imensa que nos cola o estômago ao pé da boca
quando pensamos que todo o mundo depende de nós
e esquecemos que somos viciados nele.
Quem olha para o meu olhar pedinte
e afirma ver-se ao espelho?
Quem morre aos poucos
por não viver inteiro na sua pele?
Quem finge ser Verão
mesmo com o Inverno a gelar-lhe as carnes?
Quem fita os olhos de uma sombra
e jura ter visto por momentos a sua alma gémea?
Hoje não queria estar sozinha
a perguntar porque é que as paredes
não me respondem...
porque é que as portas não se abrem
para deixar entrar de par em par aqueles abraços
que preciso...
Vou abrir a janela
e derrubar todas as paredes
que me querem sufocar...
Talvez assim alguém se lembre
que ainda respiro.
Daniela Pereira
Direitos Reservados
quarta-feira, novembro 28, 2007
O Livro Afectos Obsessivos
O livro Afectos Obsessivos - A poesia curiosamente sem açúcar,Edições Ecopy de Daniela Pereira
Reserva de exemplares com dedicatória minha e com muito prazer:),através do email:ielapausas@gmail.com ou através do meu hi5: http://BLUEIELA.hi5.com
Outros Postos de venda:
Livraria Leitura
Rua de Ceuta 88
4050-189 Porto
Livraria Buchholz. Lda
Rua Duque de Palmela, 4
1250 - 098 Lisboa
Catálogo on line das Edições Ecopy:Colecção On Demand
http://ecopy.macalfa.pt/
quinta-feira, novembro 22, 2007
Apresentação do livro Versos nus de Tiago Nené
Aqui fica o convite do poeta Tiago Nené,para que estejam presentes dia 24 de Novembro,pelas 16h na Fnac do Algarve Shopping para a Apresentação do seu livro Versos Nus...
Como não poderei estar presente, aqui ficam os meus votos para que seja um sucesso e um momento especial para ti,Tiago:)
Toda a informação da página do autor em http://www.tiagonene.pt.vu/
Obrigado
beijinhos
daniela pereira
quarta-feira, novembro 21, 2007
Afectos Obsessivos
O Livro Afectos Obsessivos-A poesia curiosamente sem açúcar de Daniela Pereira-Edições Ecopy:
Pedido de informações para o email:ielapausas@gmail.com ou através do hi5: http://BLUEIELA.hi5.com
terça-feira, novembro 20, 2007
Um livro infernal com olhos de anjo
Lê-me por favor!
Tira-me da estante e rouba-me a poeira do corpo...
Quero ser o teu tesouro mais bem guardado...
o teu objecto preferido.
Lê-me apressado
ao chegares a casa depois de um dia de trabalho...
ou então , lê-me descansado
num sofá juntinho à lareira.
De cigarro na mão...se quiseres ser um leitor com estilo...
Ou então,não fumes...se o fumo te incomodar.
Mas não me deixes esquecida
a sufocar com ele num canto.
Lê-me nos versos puros
com olhos de quem devora a sua última estrofe de carne.
Absorve-me no odor preso à capa
porque passeias nas minhas linhas
a imaginar todas as viagens que realizei com os meus dedos.
Leva-me debaixo do braço...
sempre segura ou só aconchegada...
mas mostra-me o sol que brilha lá fora
para eu ganhar outras cores.
Lê-me com cheiro a mar
ou molha-me com pingos de chuva
mas não me deixes com o sorriso humedecido.
Lê-me em poemas
e mostra-me emocionado
que me adivinhas as histórias...
mas lê-me inteira e com amor!
Procura-me nos segredos e folheia-me com cuidado...
Tens medo de me estragar a beleza
com a avidez do teu toque.
Saltita-me com os dedos no papel
e espreita-me nas palavras como se fosses um miúdo curioso.
Mas..não morras inculto de mim!
Partilha-me as emoções e empresta-me ao vizinho do lado...
mas promete-me que vais perder a cabeça
se me devolverem com os sentimentos machucados.
Fechas-me os olhos...?
Será que já te sentes cansado desta leitura...
supostamente infernal?
Então...atira-me à fogueira platónica
e quando me vires sucumbir nas chamas
com os sonhos a gritar de dor...
Recorda-me que fui sonhadora
e que com olhos de anjo ...sonhei para ti.
Depois...
Deixa-me voar
com letras queimadas na boca e cinzas fundidas ao peito...
Cheguei ao fim!
Daniela Pereira
Direitos Reservados
P.s:Post também editado no blogue das artes em http://bloguedasartes.blogspot.com/
quinta-feira, novembro 15, 2007
Blogue das Artes
Quero aproveitar este ar saudável das palavras que por aqui respiro...para vos dar a conhecer mais uma lufada de ar fresco.
O Blogue das Artes...um espaço fundado por Tiago Nené e Duarte Temtem.É um ponto de encontro de artistas e amantes da arte em geral.
Tive o prazer de ser convidada a participar neste projecto e por lá ando a divulgar a poesia:)
Passem por lá...vale a pena!
Deixo aqui o endereço... http://bloguedasartes.blogspot.com/
Bons devaneios
Daniela Pereira
quarta-feira, novembro 14, 2007
O Perfume mais que perfeito
Aproveito para deixar aqui o convite a todos os que aqui passarem,a visitarem um novo espaço...o sitio irreal. Um blog onde as ideias de 3 pessoas se fundem num só pensamento...eu estou por lá;)
O tema sobre o qual divagamos neste momento é o "perfume"
http://sitioirreal.blogspot.com/
Hoje queria perfumar as palavras...
Estou cansada
de as ver com cores desfocadas
e quero tanto encher o ar
com odores pintados.
Não quero escrever um mundo cinzento...
quero cheirá-lo e senti-lo doce...
quero tocá-lo e sentir os dedos pegajosos
para deixar as palavras coladas
na moldura dos rostos distraídos que vejo a passar.
Mas que perfume escolher?
Que odor posso deixar pingar
na pele de uma letra?
Chocolate ou baunilha...
São doces na boca
mas se eu deixar cair uma lágrima
não matarei a doçura do papel?
Gosto do aroma do vento...
Sim,porque o vento tem perfume...
Cheira a amores abraçados
despidos à beira do mar
e a sonhos soprados em segredo no horizonte.
Mas será que o vento
vai se deixar prender numa garrafa de vidro
só porque eu quero perfumar um poema?
Talvez tenha que aprender
a amar apenas
o perfume dos corpos
nas memórias que flutuam junto ao peito...
Mas hoje vou mergulhar
despida no vazio...
Quero ouvir o sussurrar
do meu perfume
mais que perfeito.
Daniela Pereira
Direitos Reservados
domingo, novembro 11, 2007
Quentes e Boas...
Olhem para as palavras...
Tão quentes e boas quentinhas...
Chegam aos molhos como as cerejas
para matar a fome
e há que devorá-las antes que arrefeçam.
Tão quentes e tão boas
assim...quentinhas...
Abraçadas...
só podem trazer muito mais calor para casa.
Olhem para as palavras
embebidas em vinho
e ensopem a língua do poeta
que triste passa os dias
a salivar por elas...
Hoje sonha que a poesia
tem gosto a castanhas
e apregoa para todo o mundo ouvir...
Olhem para as palavras...
Tão quentes e boas quentinhas...
A estalar num coração
que se quer sempre na brasa!
Daniela Pereira
Direitos Reservados
segunda-feira, novembro 05, 2007
Vives nas Quatro Estações...e eu vivo só...
wonder by *omGermDiggity on deviantART
E se o Inverno chegar
com lábios frios e promessas geladas...
ainda fará sentido
guardar o teu Verão no meu peito?
Sonhar que o sol
foi pintado por ti
numa manhã
só porque querias
afastar melancolias do parapeito da janela?
Talvez a Primavera
seja a estação ideal
para este desejo...
Tem a melodia dos pássaros na algibeira...
as flores para vestires e eu despir...
os rios serenos para prendermos o olhar
e os dias de luz
com poucas sombras a esconder o teu rosto.
Mas por enquanto...
temos o nosso Outono
gravado em todas as folhas caídas.
Daniela Pereira
segunda-feira, outubro 29, 2007
Eu e o meu medo...o meu medo e Eu...
EStou deitada de olhos presos num tecto pintado de branco e o tempo passa devagar...
Tenho os olhos pesados pelas lágrimas, mas não os consigo fechar e as horas vão passando todas iguais...estupidamente iguais, só porque não tenho forças para adormecer com tantos pensamentos a correr cá por dentro.
Sinto medo...de quê?Não sei!Mas é medo aquilo que sinto...
Tento explicar o que ele me faz sentir e reviro todas as palavras que conheço e até invento algumas...
Crio paisagens com os dedos, e só para fugir do escuro, imagino que planto candeeiros no cimento e fico à espera que a luz nasça em mim como se de uma flor tardia se tratasse.E são os meus olhos que esta noite a vai regar...
Eu sei que tudo á minha volta está calado...mas ouço gritos sem voz que me baralham a paz e me lançam para outras guerras e eu vou...
E o medo dá pontapés cá por dentro e grita...És culpada da escuridão e de todos os males que no teu mundo se atravessam sem pensar.Então..eu arranco a minha mente e flutuo vazia sem hesitar...
OK-Do you want something simple?The Gift
Cruelmente...Daniela
quarta-feira, outubro 10, 2007
A fobia de um poema
Hoje fiz um poema...
Abri o peito devagarinho
e baixei a cabeça para deixar sair uma letra de cada vez ...
Mas quando ergui o olhar
estava cercada por um mar de palavras.
Como não sei nadar... fiz-me ilha a flutuar
e procurei um barco de papel ainda vazio em todas as gavetas.
Mas todas as folhas que possuía
navegavam cheias de pensamentos ...
e o meu corpo não tinha espaço para atracar.
Então, encorajada pelo medo da água bravia...
descobri que tinha asas escondidas nos dedos
e tatuei na pele borboletas para voar mais serena...
Direitos Reservados
Daniela Pereira
sábado, outubro 06, 2007
Pulsações nocturnas...
Estás aí?
Sabes dizer-me
porque é que esta noite
este amor perdido
ainda doeu cá por dentro?
Porque é que o mundo
tão esperto e sabido...
não consegue sentir
o meu desespero
quando na minha cabeça
nascem poemas à toa
a cada segundo de escuridão?
Como dói...
não saber como pregar
folhas de papel no ar
e sentir que da respiração
não escorre tinta
porque a tua boca
nunca poderá segurar uma caneta.
E se me esqueço
de uma só palavra que seja?
Saberei amanhã
descrever com exactidão
o que me fez sentir esta dor...
Ou lamentarei ao acordar
por não lhe ter decorado o rosto?
Ainda ouves as minhas dúvidas...
ou pensarás tu
que és rei e senhor de todas as certezas!
E eu?
Quanto tempo mais
ficarei aqui...?
Assim...agarrada às 24 horas do relógio
a dar murros na cama...
à procura de uma navalha
esquecida debaixo do travesseiro...
Quero ver se a lâmina
faz feridas na pele
se eu ousar virar a carne do avesso
Pára de chorar!
Digo eu...a mim mesma
revoltada com as lágrimas
que desperdiço para o chão.
Pára de chorar aí dentro...
Grito eu para o coração
que se agita no peito...
Não sabes,
que lá fora
só existem bocas a sorrir?
O amor é uma dávida
e quem ama vive contente
diz o mundo apaixonado
com o Sérgio Godinho nos olhos...
Então...
Porque sentes
que ter amado intensamente não chegou
para matar a tua tristeza!
Que tanto amor inventado
e tantas formas de amar por ti descobertas
foram todas em vão...
A felicidade não te ama...
seduz-te e faz-te carinhos
mas vive com molas amarradas aos pés...
porque logo te abandona
num salto.
Mas como pode ela abraçar-se a ti?
Se nos teus olhos
nunca ninguém viu o pulsar da tua alma...
Daniela Pereira
Direitos Reservados
sexta-feira, outubro 05, 2007
Mais de 1000 razões...para não deixar o mundo no prato
Hoje, tenho mil braços...
e apesar de serem tantos os abraços
eles não chegam para me reconfortar.
A canção dizia...
Tenho uma lágrima no canto do olho...
e eu...
tenho somente um oceano a transbordar
bem no centro do olhar.
Logo perdoem-me
se as palavras salgarem o papel...
mas uma tempestade...deixa sempre as suas marcas.
Desaparecem com o tempo...
O sol é milagroso
e eu sou fiel à luz do dia
mesmo quando me sinto escrava da noite nos meus pensamentos.
Hoje tenho mil e uma gargantas...
Porque cada grito mudo
é um hino à tolerância humana
e hoje a capacidade de resistência
é o meu feito olímpico.
Editors-Smokers Outside The Hospital Doors
Por isso tragam a mim...
os braços e os abraços...
os sorrisos e os laços...
as cores e os arco-íris reflectidos nas gotas de chuva
para quebrar a monotonia do branco...
Por fim atirem-me lá de cima
o sol ainda embrulhado na lua...
porque o amor e o sexo
prolongam-se nos astros
com o mesmo prazer
com que se ama e se entrega
a alma e o corpo numa rua.
Porque hoje...
eu quero engolir o mundo
como recompensa...
e se um só pedaço dele escapar à avidez
que pinga desta boca...
então...a minha fome de viver
não será mais gula!
Daniela Pereira
Direitos Reservados
terça-feira, outubro 02, 2007
Rugas no papel...
Colder by ~NanFe on deviantART
Faltou dizer aquele pequeno nada
que por medo ou protecção
deixamos ficar encaixado na garganta
até o sentir desvanecer...
Será que o mundo sabe...
que todos os dias
inventei uma cor diferente
para pintar o teu céu?
Queria ter um acordar original
e tu fazias parte do meu quadro mais que perfeito.
E quem conhece...
o sorriso que eu pregava na cabeceira
só porque algumas palavras
deitavam-se na cama comigo?
Faltou dizê-lo...
mas a língua travou
na minha boca cerrada.
E a força de um sentimento inexplicável?
Não usava cordas...
muito menos amarras.
Dava-me toda a liberdade
e muitas vezes elevava-me aos céus num segundo.
Mas nunca ninguém
me soube explicar
porque é que a dor da queda era tão atroz..
E eu levantei-me sempre
mesmo quando do meu corpo
só sentia os ossos
porque a carne
dentro de mim
converteu-se em pó...
Feridas na pele...
rasgos no peito...
mares à solta na madrugada do olhar...
beijos trocados nas cinzas da noite...
Tantos nadas que ficaram por contar...
Acho que espetei a caneta na alma
com tanta força...
que nunca mais fui capaz de a tirar
para rejuvenescer o meu poema
e eu envelheci calada.
Daniela Pereira
Direitos Reservados
quarta-feira, setembro 26, 2007
Sonho em contra-mão
___ by ~Katarinka on deviantART
Abro os olhos com lentidão
porque ainda abrigo a preguiça nos lençóis
e o nariz sente o frio matinal
equilibrado na ponta.
Tenho a vaga ideia que sonhei...
era de noite...
mas também podia ter sido madrugada...
a escuridão pendurada nos cortinados
baralhou-me o tempo .
Vi flores no papel de parede do meu quarto
e esqueci que as paredes
agora são pedra nua rosada...
Inspirei o aroma da relva molhada
prisioneira no meu tecto
e fiz caracóis no cabelo
que faziam inveja
a qualquer mar turbulento...
Escrevi meia dúzia de livros
com os dedos sem tinta
porque nos lábios usava bâton
e as palavras assim avivadas de vermelho
carimbam-se facilmente em qualquer folha de papel assimétrica...
Joguei às cartas com o tapete
e o candeeiro de areia roubou-me a cor do dinheiro
porque estava cansado de tanto azul
a mergulhar nas suas costas...
Quis fazer bolas de sabão
com a água das garrafas
e pastilhas efervescentes com sabor a laranja...
mas elas não voaram
para fora do copo
e foi mesmo ali
que fizeram todas as manobras arrojadas...
Morreram todas em poucos minutos
mas deixaram no vidro
fortes marcas da sua existência.
Dá-me vontade de rir
quando me lembro da demência deste sonho...
Mas depois ...
pensando bem...
Porque haveria eu de rir
de um sonho tão cheio de sabor...
só porque ele me aparece no cérebro
em contra-mão?
A sensaboria em demasia
na realidade que se apresenta
impecavelmente vestida com linhas rectas
Pode parecer que não...
mas também enjoa!
Daniela Pereira
Direitos Reservados
quarta-feira, setembro 19, 2007
O original sabor do amargo...
EROTIQUE102 by ~luizovega on deviantART
Hoje despertei leve e serena...
Com o olhar sorridente e o peito cuidadosamente escancarado.
Mas a poesia em mim
Não costuma jorrar na tranquilidade.
Não me importa
Que as palavras hoje surjam nas horas mais estranhas
Ou nos momentos mais relaxados.
Estão-me a fazer cócegas nos dedos
Pedindo-me para sair
E eu até sinto
Um friozinho na barriga
Quando elas dão voltas e mais voltas à procura de um buraco...
Não tenho lágrimas nos olhos...
Nem sequer tenho um sorriso especial a cintilar nos lábios...
Mas sinto-me bem assim
Espectacularmente normal e natural...
Deliciosamente doce e amanteigada...
Vigorosamente fresca e regenerada...
Hoje despertei sentindo-me bem na minha pele
Apreciando todas as imperfeições da minha carne
E descobrindo um original sabor em todas as pedras que engulo.
Daniela Pereira
Direitos Reservados
domingo, setembro 16, 2007
Quando se perde um amigo...
"É com uma felicidade imensa k eu partilho este poema...porque apesar de ser um poema feito de palavras tristes, hoje devolveu-me o sorriso pk essa amizade resistiu a mais uma tempestade.E sinto cá dentro k será uma amizade para a vida inteira :)
Quando sentimos que perdemos um amigo
parte de nós é lágrima que cai desamparada...
mas cá dentro, há um sorriso triste
a recordar os bons momentos
que esta amizade nos deu.
Nasce um vazio
de um todo quebrado
e um mar cinzento
chora despedaçado
pelas memórias que perderam a cor.
Abre-se um buraco no peito
e a enxada deve ter lâmina dura
porque nos escava uma ferida tão profunda
que esburaca o corpo só para nos atingir
em cheio o recheio da alma.
Se eu tivesse uma pedra no lugar
onde vi plantado o meu coração
Talvez,soubesse como impedir
que a dor me roube mais esta seara...
Quando sentimos que perdemos um amigo...
as pernas caminham sem destino
porque os passos esqueceram o seu rumo
e dormem sozinhos junto á estrada.
Há braços com frio
porque sonham com um abraço...
Há um pássaro a baloiçar naquele ramo
mas já sem vontade de cantar
para aquele banco de jardim vazio...
Há palavras sem força suplicando vozes na garganta
e restos de gritos que dela saíram altos demais...
Há quadros pintados com os dedos logo pela manhã
e arco-íris que desmaiam lá pela noitinha...
Há lágrimas abençoadas
que se ajoelham fielmente a rezar por nós
e sorrisos danados a rir do desespero das minhas preces.
Há poemas colados ao tecto
porque querem preservar no céu esta história
sem acreditarem que ela chegou ao fim...
Há sonhos por perto rasgados no chão
e folhas de papel tão teimosas que se recusam a voar para longe...
Ai se eu tivesse asas nas costas
para dar utilidade a todas estas penas!
Se eu soubesse o valor da eternidade dos gestos
e das promessas que se proferem sem olhar.
Mas, porque é que a tristeza me faz pensar
que hoje perdi um amigo...
se ainda ontem sorria tão feliz por o encontrar?
Blue
sexta-feira, agosto 31, 2007
A morte de quem sou...
Calam-se as palavras e os dedos são mortalhas apagadas...
Os olhos não olham mais para o céu e o chão só me leva os passos.
Tudo o que sou...e fui morreu.
A alma foi fogo...hoje é cinza
O corpo foi sol...hoje é a sombra de todas as luzes escondidas nos becos escuros.
Não choro..porque querem que não chore.
Não grito...porque querem que não grite
Então, sou uma pedra seca e escura perdida em qualquer caminho
não sinto...não dou...
Cortei os braços e encurtei as pernas para não andar e proibir o sonho de se encontrar em algum pedaço do poema da minha vida.
Não mereço ser poeta,porque nada tenho para cantar no papel...
a minha canção tem pranto
tem lágrimas num pincel..
mas já não a canto pelos jardins
nem me apoio nos beirais dos telhados para caçar borboletas
e soltar papagaios de vinil.
Estou calada para sempre...
Hoje amarro a minha boca e enterro as minhas mãos
cruzadas junto ao meu peito
cravadas no meu caixão.
É de mel esta boca e de esperança viviam as minhas guitarras
Rasguem todas as minhas linhas escritas...
Hoje os meus devaneios chegaram ao fim...
Daniela Pereira
The end
quarta-feira, agosto 29, 2007
O povo é quem mais te ordena!
Imagem in Deviantart- Body I by ~pixieonprozac
Porque pensas tu
Ser mais dono da razão…
Só porque a sorte te sorriu?
Também eu, um belo dia …
Dei o meu olhar de bandeja
com ternura e dedicação
para que todos os cegos
pudessem ver as cores deste mundo
e enterrassem no horizonte
o seu melancólico mar de cinzas.
Julguei ser a mulher mais abençoada do mundo…
Para quê?
Hoje são eles
que solidários com a minha negritude
arrancam-me os olhos
e cruzam os braços quando outros
se divertem a pintar o meu olhar com escuridão .
Hoje, estou aqui …
A despertar de um sonho bom com o coração rasgado
envolta num pesadelo nada cor-de-rosa
Tenho marcas fundas e ensanguentadas
que a pele
por mais que seja espessa
não encobre…
Porque todas as ervas daninhas que abraças
têm os seus espinhos bem afiados e escondidos numa vastidão de verde
E eu… só tenho esta eterna transparência
depositada num peito de papel…
Porque não te cravas em mim sem dó
em nome de uma Força maior
e apregoas protecção divina?
Quando trepas para o meu pescoço
com vontade de me sufocar os gritos
eu juro por Deus
que me arranhas os gestos
e que me congelas as veias
com essas pedras geladas
que agora tens na tua mão!
Pelos vistos, sou eu que tenho o diabo no corpo…
Por isso, vai salvar
todos os teus supostos anjos perfeitos
à custa da minha dor …
E como sabes que as chagas em mim
estão sempre na moda.
Ainda vais poder dizer com toda a certeza
que me estás a fazer um favor
e não te sentirás culpado.
Fico tão graciosa
Assim chorosa e a flutuar mais uma vez destruída nos meus pedaços…
Porque não haveria de ficar?
Alguém te disse que sim..
Porque não irias tu acreditar?
Daniela Pereira
Direitos Reservados
domingo, agosto 26, 2007
Quando os opostos se cruzam...
I don't know by ~1hermanadedexter on deviantART
Quando os opostos se cruzam no caminho...
o inicio dos teus passos soam no fim daquela rua.
A luz enfeita-se de sombras e a escuridão penteia as estrelas
porque o dia ama a lua e a noite tem ciúmes do sol.
Quando os opostos tocam o olhar...
O chão tem nuvens dificeis de lavrar e no céu nascem mantos de tulipas
A chuva chora de luto porque uma lágrima no fogo morreu...
o vento assobia com espanto e jura que o mar se incendiou...
Quando os opostos se abraçam...
anulam-se todas as diferenças
e todas as certezas beijam-se na boca
a troco de um nada.
Daniela Pereira
Direitos Reservados
segunda-feira, agosto 20, 2007
Caprichos
.bury me by *caspell on deviantART
Queria o céu por capricho…
Deram-me as nuvens lá do alto para me compensar
E eu criei as tempestades na terra.
Queria o sol para ser o meu espelho nas manhãs…
Deram-me a lua, mas esqueceram-se de embrulhar o luar
E eu vi a escuridão a fazer-me festas no rosto.
Queria o mar para descobrir novas melodias num olhar calado…
Deram-me o grito das ondas
E eu baixei os olhos na areia só para não o ouvir.
Queria sentir o mundo a fervilhar debaixo dos meus dedos…
Deram-me o amor para guardar junto ao peito
E a noite para sufocar de paixão.
Ficaram com todos os meus desejos…
Queriam-me ver pobre de alma e solitária de corpo
Estes sonhos forretas!
Mas , fiquem a saber
Que é com um coração vazio em cima da mesa
Que me torno mais suculenta.
Daniela Pereira
Direitos Reservados
quinta-feira, julho 26, 2007
La luna blanca
La luna blanca...prendia nos meus olhos para sempre...
Cortei castanhos e subtraí pretos ao olhar.
Pintei a pele de dourado e o sorriso roubei às rosas
O luar é mais bonito assim...com reflexos multicolores
Foge-me a escuridão por entre os dedos molhados...
penso no vazio que se apodera de mim...quando penso
fazia bem em não pensar...em ser apenas mais uma brisa sem voz
a soprar para o tecto segredos que ninguém quer apanhar...
La luna blanca...prisioneira deste meu olhar sem nome ou destino
tem gotas de orvalho no retrato e aromas esquecidos a lamber-lhe a testa fria...
La luna blanca...escreve-me no seu peito de amêndoa amarga e com pedrinhas frutadas coloca-me um vestido negro para a noite invejar as minhas sombras. Tenho ciúmes do teu brilho imenso ...leva-me contigo que a terra assim sem ti é tão escura…
Blueiela
quinta-feira, junho 28, 2007
Pinta-me de cinzento!
disaffected by ~nosurp on deviantART
Deito-me numa rocha imaginária...
Não tenho tempo
Para escolher uma cama mais mole
porque hoje a mente está dura comigo...
Fecho os olhos...
As cores que pintam o mundo
Metem-me nojo
Porque inspiram os quadros dos amantes
E o amor deixou-me tinta cinzenta nos dedos.
Então...fecho os olhos!
Não há mais céu
com o seu azul a acenar
apelando para a ternura dos corpos verdes.
Não há mais mar...
E ainda bem
Que ele se evaporou vestido de branco
Porque hoje até na maré negra me afogava
De tão pesado que estou a sentir este peito.
Sonhos de algodão doce...
Afinal eram sonhos de algodão em rama...
Para curar as feridas
Que se adivinhavam no fim.
Dá-me luz!
Peço eu à escuridão adormecida...
À nuvem que atravessa o meu nevoeiro...
Dá-me luz!
Faz-me esquecer as verdades...
Ou então inventa novas mentiras
Para eu acreditar.
Não gosto de me sentir assim tão vazia...
Se calhar não estou vazia...e afinal estou mas é cheia...
Demasiado cheia de sentimentos inexplicáveis
Para que em mim possa caber
Algum amargo de boca descartável
Se não...
Hoje espumava de raiva
E odiava de morte
A minha franca estupidez.
Estou lotada!!
Com lotação esgotada...
Não fico mais à porta de sorriso cruzado
À espera que o meu sonho
compre um bilhete para conhecer o mundo
de mãos dadas comigo
Pinta-me mas é de cinzento...
Porque a dor
É para curar com pinturas de guerra.
Daniela Pereira
sábado, junho 09, 2007
Noite salgada
Voz-Rui Diniz-Ex-Lyra | ||||||
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noite fria sem gelo nas pontas
tens orvalho nos olhos e não és manhã
tens rios que correm fugindo do mar
e luas que se escondem por detrás das estrelas..
Viste o meu amor por aí a vaguear?
Dei-lhe tantos braços…
que fiz dos meus abraços rotinas
Dei-lhe tanta guarida…
que fiz do pão..colheres de mel para a boca
que fiz do mel..uma cama densa
Noite...
Que conheces todos os amores que achei perdidos…
Que viste com que força entrei nas suas almas…
Porque me deixas tão fraca e só?
Porque me tiras um pedaço
se eu só tenho espaço para dois no peito?
Se me escavas mais fundo...não tens como cobrir de novo este buraco imundo
Noite…
Que és minha amante
e minha mãe
Porque me deixas chorar com palavras vãs?
Porque levaste de mim o sorriso
e me deixaste na boca um lamento?
Noite..
que és minha e tua...
Diz-me..
Quando chega de novo o dia?
Daniela Pereira
(Escrito com a cumplicidade de um certo "Mateus")
domingo, junho 03, 2007
Acordar com vontade de esquecer
3eme main by ~Nads-pix on deviantART
Com poucas moedas nos bolsos…
É como amar uma paixão vadia.
Mas mesmo sabendo
que o meu corpo ao morrer
se irá desfazer em ossos pedintes nas ruas
e que na minha despedida
o mundo inteiro
vai querer doar a minha carne ao esquecimento
Sou bem capaz
de morrer feliz
nesta pobreza…
E se a morte for tão doce
Como as palavras que dei em vida…
Sei que deste amor
Com que eu sempre escrevi
nas costas da minha alma…
O mundo nunca terá coragem
de não se lembrar.
Daniela Pereira
(Direitos Reservados)
segunda-feira, maio 21, 2007
A implicância de um desejo
terça-feira, maio 15, 2007
Vamos falar de amor...calados?
Imagem by DeviantArt -tell me something by ~ashnicsunday
O tempo passa e o coração permanece parado
Estático na sua timidez de amar…
Ávido por uma batida mais intensa
Por um fôlego apressado..
Por um toque na pele sentido na boca.
O amor não pensa…
O amor entrega e rouba
Tudo o que é racional…
Prende-te os sorrisos
Com teias de mel…
Amarra-te os sentidos
Com abraços sem folga..
Bebe-te o olhar
Com dois copos de vinho branco bem servidos.
Devora-te o peito
E tu lambes os restos que amores antigos deixaram
Ansioso pelo gosto de uma nova sobremesa.
Como mostramos o que sentimos ao amar?
Como se pinta o tecto com beijos multicolores
Usando o vermelho como fundo na tela?
Como se respira devagar
Quando os pulmões
Fazem redemoinhos com ar na boca?
O amor não pensa…
Fecha os olhos à noite
E a tua imagem vem-lhe à cabeça
Como um sonho bom
Que cortas em pedaços
Para saborear com sumo de limão.
Amas demais…
Esqueces tudo à tua volta
E só vês um corpo
Esculpido nas sombras…
Todos os rostos
São monótonos
Se não são aquele rosto
Que idealizaste em ti.
Todos os beijos
São iguais…
Sabem a pouco
Se os teus lábios
Não estão despidos
De beijos passados.
Então amas com cuidado…
És frágil nas entregas
Porque o teu coração dos portões de ferro
Fez portas de cristal.
Amas com o coração
Mas amar... fode-te sempre a cabeça
Daniela Pereira-15/05/07
domingo, maio 13, 2007
Comunicado
É com imensa pena que venho hoje aqui fazer este comunicado a todos vocês...
Infelizmente, já não haverá lançamento do livro Curiosamente Obsessiva por Afectos como tinha anunciado.
Lamento muito, só agora poder estar a dar esta notícia, mas devido a problemas surgidos de ultima hora com a Editora.Não me sentiria bem comigo mesmo se avançasse com este projecto.
Por isso mesmo, decidi que ele deixaria de existir.
No entanto, não queria deixar de agradecer a todos vocês que nestes ultimos tempos têm sido incansáveis no carinho e estima que me têm oferecido.
E quero dizer e prometer aqui...que o que aconteceu não será motivo para eu desistir de acreditar no meu trabalho e no sentimento que transmito nas minhas palavras.
Amo a poesia..sou uma apaixonada pelas palavras e pelas emoções que elas encerram e nada...mesmo nada me fará calar esta paixão.
Por isso, estarei em breve de regresso com um novo projecto e nessa altura sei que todos os que acreditam no meu valor ainda aqui estarão em silêncio aguardando o meu grito.
Obrigado...
beijos
Daniela Pereira
quinta-feira, maio 03, 2007
Inspiração invertida
Apagam-se as luzes
Com as estrelas
Encaixadas nos quebra-nozes.
A noite enfeita-se de negro
Porque as memórias
Só dão filhos na escuridão
E a lua é a madrasta má
Dos meus sonhos de encantar.
Fecham-se os olhos
Porque o dia
Tem luz a mais
Para leres estas linhas tão sombrias.
Morram as sombras
Que as paredes querem-se nuas!
Deita-te no chão…
Quero ficar a desenhar a carvão
O teu corpo vestido de asfalto
até ficar sem pilhas nos dedos.
Tens ganas pelo limite?
Então saltamos os dois despidos de miolos
daquele penhasco afiado
De onde gritei um nome esquecido
3 vezes sem o cansar.
Depois deixo que
Grites 5 vezes o meu novo nome
Quando o chão nos abrandar a queda
E te partir os dentes.
Não acreditas nas minhas doces promessas?
Não tenhas medo de me deixares com feridas profundas
Porque há muito que a escuridão
Esfola-me os joelhos.
E se é verdade que nas minhas veias
O sangue corre com pressão alta nas despedidas…
É mentira dizer que o meu coração explode
Só porque tu também me vais dizer adeus no fim da corrida.
Já rasguei muitos quilómetros
Com ele em bicos de pés…
Chegar a ti
É só mais um metro de alma perdida.
Porque me perfuras o ventre
Com flashes lânguidos
E não me abres à queima-roupa?
Odeio esperar desejos
Com a saliva batendo-me à porta!
Dizes que estou a chorar?
E então?
Bebe-me as lágrimas num copo
E imagina-me a soltar gargalhadas pelo nariz!
Eu tenho espaço na minha boca
Para os teus beijos
E quero-os já!
Hoje a poeira do chão
É só minha…
Amanhã serás tu o pó
Que ficará por soprar.
Daniela Pereira
quinta-feira, abril 12, 2007
A explicação do inexplicável é só mais uma dúvida a ganhar pó na prateleira…
O que sinto por ti…
Não sei explicar
Porque apenas sei sentir.
Não te odeio
Por nada sentires por mim
Como podias sentir
Se nunca fizeste parte do meu corpo?
Como poderias saber
Que a minha pele grita pela tua?
Que a noite é o meu diário
Onde escondo os meus segredos
E quando ela chega..
Eu paro o meu coração
Para poder ouvir a tua voz bater no meu peito
Porque só assim
adormeço tranquila.
Não te odeio mais que tudo no mundo
Porque olhas para as estrelas
E vês outro rosto que não é o meu…
Mas odeio o resto do mundo
Quando ele está junto de ti.
Não explico a origem destas lágrimas
Mas a dor é uma possibilidade
Que dificilmente ponho de parte.
Já olhaste para os olhos de uma flor quando ela murcha?
É tão bela a pureza da dor..
Daquele sentimento nascido no seu seio.
Como podem dizer
Que as flores só têm perfume
Ao desabrochar…
Se é no momento que sentem que vão morrer
Que expelem todo o seu verdadeiro aroma ?
Basta fechar os olhos
E inspirar
Aquela maresia
Com odor a cravos e jasmins.
O que sinto por ti…
Também é assim.
é quando te sinto partir
Que preciso abraçar-te com mais força …
De esconder os lenços brancos
Porque não quero que me acenes um adeus…
Que atropelo as palavras como louca
Por temer tanto o teu silêncio nos meus dias…
Que ponho de pernas para o ar todos os relógios da casa
Na esperança que o tempo não caminhe mais em frente
E imite os caranguejos nas passadas…
Não explico de onde nasce este sorriso que trago na boca
Quando visitas serenamente os meus pensamentos
Nem tão pouco
Te sei dizer
porque por vezes surge nevoeiro a escondê-lo de ti…
Mas alguém sabe dizer
Porque existe chuva em dias de sol?
O que sinto por ti…
Já me disseram que podia ser amor.
Eu digo que talvez possas ser um vício…
Uma cocaína rara
Que vicia mas não mata
Quando injectada em excesso.
Deixa-me apenas tonta
Presa a sonhos e fantasias
Livre de amarras e de limites.
Preparada para voar por cima de todos os muros
Com este sentimento espetado nas veias.
Que se lixe que o mar não seja meu…
Ninguém me pode impedir de o adorar
E de o querer com todas as minhas forças!
Vem prender-me à realidade se conseguires…
Se fores capaz
De impedir que o meu coração arda …
Se tiveres água nas mãos
Então afoga-o bem lá no fundo
Porque se ficar mal apagado
é certo que vai reacender
para incendiar com mais coragem todo o mato que lhe surgir pela frente
só para chegar ao sonho onde tu estás
Queres saber o que realmente sinto por ti?
Pergunta a outra
Porque de sentimentos há muito que nada sei
quarta-feira, abril 11, 2007
Estradas e encruzilhadas...
Foto by DeviantArt-Voyage Immobile by *Alyz
Entra…
Bate à porta e entra devagar
Hoje o meu peito está aberto
Para quem o quiser ver.
Não o reconheces assim?
Parece-te vazio e sombrio?
Que pena….
Não é impressão tua
Ele agora é assim..
Negro…feio e oco de beleza.
Atirei tudo boca fora…
Tudo…
Não vi se era mau ou se era bom
Se estava ali encolhido a um canto a murchar
Então é lixo
E como lixo por mim será tratado.
Dizes que não querias que eu me sentisse assim?
Não acredito
Porque ou estavas surdo quando te supliquei uma palavra
Ou então tapaste os ouvidos para não ouvires os meus gritos…
E isso não te desculpa
Nem te tira o peso da culpa
Por me teres morto por dentro
Por me teres feito sentir
Que a palavra Confiança era só mais uma miragem
Por teres apedrejado o meu coração
Com pregos de aço
Por me ensinares que as feridas
Por mais que doam
sempre se suportam
basta que se ame muito quem nos feriu.
Amar é uma loucura…
Odiar um caminho sem regresso
Fico-me pela ponta da navalha
Suspensa por cima de duas estradas
Curvando-me na direcção que o vento quiser.
Agora vai…
Já moras cá dentro
Tatuado em sangue neste chão de carne
Deixa que o odor forte
Te indique um dia o caminho de volta.
Mas se quiseres regressar
Trás contigo sonhos que cheirem a novo
Para pendurares no meu pescoço
Porque os que eu tinha semeado na pele
Estão podres graças a ti.
Daniela Pereira-11/04/07
domingo, abril 08, 2007
Matas sonhos à paulada
Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste…
Nisso, sei que tenho razão
Desenho com giz quadrados
E declaro tudo o que em mim mataste…
Foi um tiro certeiro
São meus os todos que sangram aos bocados
Nisso , sei que tenho razão
Foste tu que erraste primeiro
Planeaste um tiro certeiro…
Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste…
Mas foi da tua boca
Que lambi o meu coração
Nisso, sei que tenho razão
Foi um tiro certeiro…
Ñem avisaste primeiro
Porque é que o chão tem pedras?
Porque é que a tua mão…mata a palavra
Como quem mata sonhos à paulada?
Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste
E a minha alma
Para a morte empurraste.
Porque é que o chão tem pedras?
Porque é que a tua mão..mata a palavra
Como quem mata sonhos à paulada?
Desenho beijos com rebuçados
E escondo de ti todos os meus passados…
E declaro tudo o que em mim mataste
Quando com a tua boca me provaste
Nisso, sei que tenho razão
Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste…
Mas foste tu que a atiraste…
Daniela Pereira
sexta-feira, abril 06, 2007
Um pedaço de mim
O meu obrigado ao Luis Gaspar e também à LusoPoemas por me ter dado a conhecer esta voz cheia de alma na garganta
P.s: Podem aceder ao site directamente pela link exibida na secção de links do blog,através do "Lugar aos Outros"
http://www.estudioraposa.com/index.php?id=192
beijinhos
daniela pereira
quinta-feira, abril 05, 2007
Até que as palavras morram de tristeza...
A ti …que és poema
E fazes do meu grito a tua voz
Confesso-me!
Não esqueço…
Não apago…
Não perdoo…
Que o mar seja sempre azul
Mesmo que nos meus olhos
Ele seja só um ponto cinzento
Difícil de avistar.
Não me lembro
Quem lhe roubou a beleza da cor…
Quem se atreveu
A dizer-me que os meus olhos sabiam a sal grosso
E que o mar
Tinha nas ondas
Uma mordaça para o meu pranto.
Não perdoo
Que o céu tenha nuvens carregadas
E que esconda as estrelas do meu olhar
Quando a noite em mim cai…
Não perdoo…
Que o mel que barrei em mil palavras
Seja saboreado como se fossem fel.
Não apago…
Todos os passos que dei às cegas e com o coração às costas…
Não esqueço…
Que não caminhei em círculos
Porque sei que em todos os momentos
Não tinha os pés no chão.
Estou certa que neles sempre voei
Então porque me iria esquecer
O que é ter asas num segundo ?
A ti… que és poema
E sabes que no luar me refugio
Confesso-me!
Não sonho…
Não sinto…
Não vejo…
Que o tempo seja a cura
Mas acredito
que os dias nascem e morrem a toda a hora.
Não sinto…
Que o coração tenha segredos
Que o corpo desconhece mas que a alma confia…
Mas confiei…
E ele parou na areia
E quis ver o mar de perto
E eu confesso
Que o levei lá.
Que não pensei
Que ele fosse sentir frio
Quando o verão o abandonasse
Para aquecer outras paisagens.
Não sonhei
Com jardins de folhas caídas no chão
Mas dentro do meu peito
o Outono parece não ter mais fim.
A ti…que és poema
E em silêncio agora me contemplas
Não olhes para mim
Com os teus olhos piedosos
Suplicando que deixe os meus versos
Pingarem no teu rosto…
Hoje não…
Deixa-me ser eu…
a egoísta desta vez
e que todas as lágrimas dos poetas
nasçam e renasçam vezes sem fim
na ponta desta caneta
até que exaustas na sua confissão
morram de tristeza.
Blue-5/04/07
segunda-feira, março 26, 2007
Amanhã...é sempre cedo demais
Não me digas
com esse ar frenético
que eu te levo ao céu
quando montas nas minhas pernas
porque eu atiro-te ao chão
nesse mesmo segundo.
Por isso
ouve bem o que te digo
enquanto ainda consigo
trincar com calma
o teu ar afoito…
Se eu soltar a minha alma esta noite
não será o teu corpo
que a irá prender entre 4 paredes
e 5 grades de ferro
hoje não chegam
para encerrar as asas
que o meu coração
ontem amarrou às cegas ao pensamento.
Por isso
até que o dia nos corte às postas o desejo
e nos arrefeça irremediavelmente os beijos…
Deixa-te ficar
estupidamente em silêncio
aqui abandonado
no chão da minha boca
Daniela Pereira-26/03/07
quarta-feira, março 21, 2007
A poesia não tem mais alma
Nas palavras um coração não bate
e o palpitar de uma letra
numa folha de papel
é tão lento e sossegado
que nem o escutas...
Mas se soprares um doce verso
Com o teu ar enternecido
O sangue do outro ferve mais depressa
E palidez do teu rosto
É mais uma miragem
Que jamais verás...
WORDSONG-OPIÁRIO
Faço uma coroa com as palavras azuis
Que me costumam enfeitar os cabelos
Mas distraída como sou
Esqueço-me que as palavras que o meu coração sente
Não são mais do que rosas disfarçadas
E todos os meus beijos
Pintam-se de sangue
Quando a língua
Se despede de um céu
Que sangra no alto da tua boca.
Depois ....
invento um poema com os teus olhos
Igual a tantos outros
Que imaginei a acordar
dos braços de um sonho meu
E a escuridão sem ti
Já não me assusta..
Porque tenho a lua na memória
E dos sorrisos retalhados
No acaso de uma estrela
Que não cai
Tenho a lembrança...
Do meu choro perdido..
Posso escutar mil vezes o eco
Se o sono não vem...
Do meu riso
Sei prever o rasgar dos lábios
Que colo à força
Quando um sorriso
Insiste em ir mais além ...
Dos meus dedos
roubo canções de embalar
que a noite escreve em segredo
só para não perturbar o sono de um anjo
temendo o despertar do diabo
que como mulher escondo nas sombras
Com a poesia mal alinhavada ao peito
cometo todos os crimes
Que o meu corpo incansável sempre deseja.
Mas se a alma por vezes
Recusa-se a ir por aí
Vagabunda e com rumo incerto...
Então eu rasgo a realidade com os dentes
Sem me importar com os restos
Que deixo á vista de todos no chão.
E mesmo que me digam
Que sonhar solitária é uma prisão
Levarei os poemas
para trás das grades
quando o sonho acabar.
E se a poesia
um dia perder-se na minha alma
Saibam que amarei ainda mais cada palavra
Que encontrar carpindo as dores do mundo
em silencio no meu corpo.
Blue-21/03/07