ALERTA O PRESIDENTE DA ADEGA DOS BISCOITOS Faltam jovens interessados na cultura vinícola
Falta uma massa laboral nas vindimas e no processo de elaboração do vinho na ilha Terceira. O alerta parte do presidente da Adega Cooperativa dos Biscoitos (ACB). Para contrariar a situação, Alcino Meneses pretende lançar um projecto em parceria com a Escola Profissional da Praia da Vitória (EPPV) no sentido de motivar os alunos para a prática vitícola, em curso abrangente.
A partir do próximo ano lectivo irá arrancar o novo projecto da ACB em parceria com a EPPV, que visa incutir nos jovens o gosto e a dedicação para as actividades relacionadas com as vindimas. Uma iniciativa estratégica criada para garantir o futuro de uma tradição cultural que actualmente parece estar confinada aos entendidos mais velhos.
Na prática, os alunos do curso ligado ao sector agrícola vão poder conhecer e experimentar as diferentes fases por que passam a vinha e as uvas, em terreno disponível para o efeito, desde a plantação até ao copo de vinho servido à mesa.
“Temos um campo experimental de cinco mil metros quadrados junto às instalações da Adega, onde poderão ser feitos novos ensaios de castas tintas e brancas da região, não descurando as já existentes, claro, de modo a entusiasmar os mais jovens”, revela o responsável por aquela organização sedeada na freguesia dos Biscoitos, concelho da Praia da Vitória, em declarações à “a União”.
De acordo com Alcino Meneses, a ideia procura inverter o cenário actual da falta de mão-de-obra disponível na Terceira para a laboração na referida área. “É um projecto muito importante não só para a Adega, que quer-se dinâmica, mas também para a cultura vitivinícola na nossa ilha”, considera. E acrescenta: “Se nada for feito, daqui a alguns anos serão poucos os entendidos na matéria”.
Verifica-se um número crescente de vinhas abandonadas naquela zona, alerta o produtor, sublinhando que as razões apontadas vão “muito para além de um problema económico”. “Há falta de novos interessados. Esse abandono prejudica as vinhas tratadas nas áreas vizinhas, pois atrai pássaros e outros bichos, e dá um mau aspecto à paisagem demarcada, quer para turistas e visitantes quer para a comunidade local”, considera.
Turistas passam “ao lado”
Neste sentido, a maior parte dos turistas que visitam a ACB o fazem por conta própria, segundo Alcino Meneses, sendo que os autocarros de excursão, apesar da passagem obrigatória pelos Biscoitos, não têm por hábito fazer paragem junto às instalações para conhecer e provar o vinho da casa. “Temos condições para receber turistas e visitantes, inclusive grupos grandes, e as agências de viagens têm conhecimento disso”, garante.
Para afirmar a divulgação e promoção dos vinhos “Magma”, “Moledo” e “Tinchão” – as marcas em circulação da ACB –, o responsável revela que neste momento está a ser elaborado um novo panfleto informativo em bilingue português/inglês, que deverá ser distribuído dentro em breve.
Outro aspecto a ter em consideração no sentido de facilitar o contacto com turistas e visitantes, refere, é o horário de abertura, o qual será revisto depois do mês de Setembro. “Nos meses de Agosto e Setembro estamos abertos das 9 às 17 horas. As mudanças dependem da disponibilidade de ter alguém a trabalhar a tempo inteiro”, explica.
Já sobre os mecanismos de comercialização e promoção dos vinhos mencionados, o produtor responsável afirma que a questão terá mais sucesso a partir do momento em que o vinho verdelho dos Biscoitos passar a ser encarado por todos como um produto turístico da ilha Terceira. “A maioria dos cardápios dos nossos restaurantes não tem os vinhos locais representados, e quando o têm o preço praticado é muito elevado”, critica Alcino Meneses.
Das marcas de vinhos disponíveis, em termos gerais, o “Magma” (2007) – com mais de 85 por cento de verdelho, lançado há um ano –, tem mais procura pelo consumidor jovem, ainda que todas as faixas etárias o apreciem, revela o presidente. Já a população de idade mais avançada mostra preferência pelo “Moledo” (2006) – de cor mais “alourada” se comparado com o anterior –, ambos comercializados nos Açores, Madeira e continente, “com muita aceitação”, diz.
Campanha deste ano marcada pelas chuvas
Os números da campanha de 2009 apontam para 12 a 15 toneladas de verdelho e cinco a sete toneladas de castas tradicionais.
Em comparação com o ano passado, enquanto os registos do verdelho deverão manter os valores, as quantidades das castas tradicionais indicam uma possível descida de duas toneladas.
Segundo Alcino Meneses, as razões para justificar esse decréscimo relacionam-se com as más condições meteorológicas verificadas no passado mês de Junho. “As chuvas e a humidade originaram a propagação do míldio e podridão dos cachos”, precisa.
No entanto, adianta, como os fungos estabilizaram e as temperaturas quentes deverão manter-se, as previsões apontam para uma “boa colheita” a decorrer na primeira semana de Setembro.
Rede de frio em falta
Passado um ano da inauguração das novas instalações da ACB, verifica-se a necessidade de apostar numa rede de frio e numa nova cuba, revela o responsável. Alcino Meneses aguarda um possível contributo da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas e Direcção do Desenvolvimento Agrário, entidades governamentais apoiantes, para a aquisição desta maquinaria.
“Vai aumentar ainda mais a qualidade dos vinhos e também permitir uma redução significativa dos actuais custos do consumo de água. Esperamos que para 2010 já possamos ter acesso a esse equipamento”, conclui.
Fundada em 1998, a ACB viu um ano depois o seu primeiro vinho a ser engarrafado. Actualmente conta com 55 sócios, mais 29 do que há 11 anos.
Os seus 330 m2 dividem-se em escritório, laboratório (análises feitas em colaboração com a Universidade dos Açores), secção de apoio, armazenagem e laboração de vinho e instalações sanitárias.
(in Sónia Bettencourt sonia@auniao.com - A União)
A partir do próximo ano lectivo irá arrancar o novo projecto da ACB em parceria com a EPPV, que visa incutir nos jovens o gosto e a dedicação para as actividades relacionadas com as vindimas. Uma iniciativa estratégica criada para garantir o futuro de uma tradição cultural que actualmente parece estar confinada aos entendidos mais velhos.
Na prática, os alunos do curso ligado ao sector agrícola vão poder conhecer e experimentar as diferentes fases por que passam a vinha e as uvas, em terreno disponível para o efeito, desde a plantação até ao copo de vinho servido à mesa.
“Temos um campo experimental de cinco mil metros quadrados junto às instalações da Adega, onde poderão ser feitos novos ensaios de castas tintas e brancas da região, não descurando as já existentes, claro, de modo a entusiasmar os mais jovens”, revela o responsável por aquela organização sedeada na freguesia dos Biscoitos, concelho da Praia da Vitória, em declarações à “a União”.

De acordo com Alcino Meneses, a ideia procura inverter o cenário actual da falta de mão-de-obra disponível na Terceira para a laboração na referida área. “É um projecto muito importante não só para a Adega, que quer-se dinâmica, mas também para a cultura vitivinícola na nossa ilha”, considera. E acrescenta: “Se nada for feito, daqui a alguns anos serão poucos os entendidos na matéria”.
Verifica-se um número crescente de vinhas abandonadas naquela zona, alerta o produtor, sublinhando que as razões apontadas vão “muito para além de um problema económico”. “Há falta de novos interessados. Esse abandono prejudica as vinhas tratadas nas áreas vizinhas, pois atrai pássaros e outros bichos, e dá um mau aspecto à paisagem demarcada, quer para turistas e visitantes quer para a comunidade local”, considera.
Turistas passam “ao lado”
Neste sentido, a maior parte dos turistas que visitam a ACB o fazem por conta própria, segundo Alcino Meneses, sendo que os autocarros de excursão, apesar da passagem obrigatória pelos Biscoitos, não têm por hábito fazer paragem junto às instalações para conhecer e provar o vinho da casa. “Temos condições para receber turistas e visitantes, inclusive grupos grandes, e as agências de viagens têm conhecimento disso”, garante.
Para afirmar a divulgação e promoção dos vinhos “Magma”, “Moledo” e “Tinchão” – as marcas em circulação da ACB –, o responsável revela que neste momento está a ser elaborado um novo panfleto informativo em bilingue português/inglês, que deverá ser distribuído dentro em breve.
Outro aspecto a ter em consideração no sentido de facilitar o contacto com turistas e visitantes, refere, é o horário de abertura, o qual será revisto depois do mês de Setembro. “Nos meses de Agosto e Setembro estamos abertos das 9 às 17 horas. As mudanças dependem da disponibilidade de ter alguém a trabalhar a tempo inteiro”, explica.
Já sobre os mecanismos de comercialização e promoção dos vinhos mencionados, o produtor responsável afirma que a questão terá mais sucesso a partir do momento em que o vinho verdelho dos Biscoitos passar a ser encarado por todos como um produto turístico da ilha Terceira. “A maioria dos cardápios dos nossos restaurantes não tem os vinhos locais representados, e quando o têm o preço praticado é muito elevado”, critica Alcino Meneses.
Das marcas de vinhos disponíveis, em termos gerais, o “Magma” (2007) – com mais de 85 por cento de verdelho, lançado há um ano –, tem mais procura pelo consumidor jovem, ainda que todas as faixas etárias o apreciem, revela o presidente. Já a população de idade mais avançada mostra preferência pelo “Moledo” (2006) – de cor mais “alourada” se comparado com o anterior –, ambos comercializados nos Açores, Madeira e continente, “com muita aceitação”, diz.
Campanha deste ano marcada pelas chuvas
Os números da campanha de 2009 apontam para 12 a 15 toneladas de verdelho e cinco a sete toneladas de castas tradicionais.
Em comparação com o ano passado, enquanto os registos do verdelho deverão manter os valores, as quantidades das castas tradicionais indicam uma possível descida de duas toneladas.
Segundo Alcino Meneses, as razões para justificar esse decréscimo relacionam-se com as más condições meteorológicas verificadas no passado mês de Junho. “As chuvas e a humidade originaram a propagação do míldio e podridão dos cachos”, precisa.
No entanto, adianta, como os fungos estabilizaram e as temperaturas quentes deverão manter-se, as previsões apontam para uma “boa colheita” a decorrer na primeira semana de Setembro.
Rede de frio em falta
Passado um ano da inauguração das novas instalações da ACB, verifica-se a necessidade de apostar numa rede de frio e numa nova cuba, revela o responsável. Alcino Meneses aguarda um possível contributo da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas e Direcção do Desenvolvimento Agrário, entidades governamentais apoiantes, para a aquisição desta maquinaria.
“Vai aumentar ainda mais a qualidade dos vinhos e também permitir uma redução significativa dos actuais custos do consumo de água. Esperamos que para 2010 já possamos ter acesso a esse equipamento”, conclui.
Fundada em 1998, a ACB viu um ano depois o seu primeiro vinho a ser engarrafado. Actualmente conta com 55 sócios, mais 29 do que há 11 anos.
Os seus 330 m2 dividem-se em escritório, laboratório (análises feitas em colaboração com a Universidade dos Açores), secção de apoio, armazenagem e laboração de vinho e instalações sanitárias.
(in Sónia Bettencourt sonia@auniao.com - A União)