Declamação de João Villaret do poema If de Rudyard Kipling (Nobel da Literatura em 1907), segundo a tradução de Félix Bermudes (esse mesmo) ícone do benfiquismo. Além de autor do hino benfiquista Avante, Avante p´lo Benfica (que seria censurado pela ditadura), foi também Presidente do Clube na conquista do tricampeonato de Lisboa (1915/16, 1916/17 e 1917/18).
Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,
Se és capaz de confiar em ti, quando de ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,
Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam
Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício,
Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,
Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,
Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas,
Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio o resultado,
E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir a teu lado,
Se és capaz de forçar teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,
Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!
Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou de passear com Reis conservando-te o mesmo,
Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo,
Se podes preencher todo o minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada,
Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo o que nela existe
E não receies que to tomem,
Mas (ainda melhor que tudo isto)
Se assim fores, serás um Homem.
If, Rudyard Kipling