Ontem fui a Lisboa e há que tempos que desejava voltar ao King (sala 2) e assim fiz, fui finalmente ver: Irina Palm.
Já não ia ao King há uns 5 anos, é tal e qual, como sempre, um lugar calmo, muito sossegado, silêncio, éramos 3 mulheres na sala, apenas e só.
Todas iam sózinhas. A solidão prolifera por todos os recantos do planeta, cada vez mais.
Enfim, é o que há…não posso esperar mais!!! Há quem receba um convite de alguém, vá ao cinema e depois continuam o programa com interessantes conversas, passeios pela cidade, terminando numa qualquer esplanada ou bar com uma janela sobre o rio.
Eu adoraria que isso me acontecesse…mas, para quê sonhar?
A realidade é sempre a mesma. Se convido A diz não por isto, se convido B diz não por aquilo, a resposta é sempre Não…
Também gostaria de após o filme saber a opinião de outra pessoa que também o tenha visto e, andando sempre só, fico-me apenas pela minha própria opinião.
Bem, mas agora o que interessa é o filme. Filme grandioso pela forma como nos mostra os desafios da vida e como reagimos a eles em nome do amor por outro ser, encontrando nos mais estranhos comportamentos uma enorme dignidade. Com uma carreira de 40 anos na música, Marianne Faithfull estreia-se num papel principal em "Irina Palm", um drama britânico do alemão Sam Garbarski, premiado na Berlinale do passado ano.
Maggie (Marianne Faithfull) é uma mulher ainda atormentada pela morte do marido, que se vê a braços com uma terrível tragédia: o seu neto, Ollie (Corey Burke) tem uma grave doença, e só uma viagem à Austrália o impedirá de ter uma morte certa.
Com o filho Tom (Kevin Bishop) e a nora Sarah (Siobhan Hewlett) junta à cama do filho no hospital, Maggie começa a procura de emprego. Apercebendo-se que será recusada em qualquer lado, decide entrar no Sexy World, uma sex-shop no Soho, para responder ao anúncio da necessidade de empregadas. Desfeito o equívoco que este nome comportava, esta avó londrina começa um estranho trabalho para uma mulher da sua idade: dentro de uma recôndita cabine, unida ao exterior por aquilo que se apelida de glory hole, masturba homens de forma incógnita, com vista a receber a quantidade de dinheiro suficiente que possibilite a viagem e internamento do neto naquele país da Oceania.
Cedo, Maggie transforma-se num caso de sucesso: adoptando o nome artístico de Irina Palm, saído da criatividade do dono da loja onde actua, o imigrante Miki (Miki Manojlovic), recebe o montante em falta, não contando que o seu filho descobrisse a estranha profissão que adoptou.
Dividida entre um amor recente por Miki, a necessidade de pagar a dívida, e a vida do neto, Maggie entra numa complicada encruzilhada.
Recebeu uma nomeação de Melhor Actriz nos European Film Awards de 2007.A tímida Maggie tem um começo atribulado no “Sexy World”, que fica apenas à distância de uma viagem de comboio do seu subúrbio conservador. Luísa, a desembaraçada colega, ajuda-a nos primeiros tempos e as duas desenvolvem uma sincera amizade. O mafioso dono, Miki, rende-se à diligente Maggie, e transforma-a na muito requisitada e muito lucrativa Irina Palm que, por sua vez, prova a si mesma que afinal não é assim tão velha e inútil. A sua vida dupla atrai rapidamente as atenções das vizinhas coscuvilheiras que se metem na sua vida. A determinada mulher mantém-se discreta, escondendo a origem do dinheiro até do filho, que está desconfiado.A descoberta é inevitável e Maggie tem de enfrentar a pior face da hipocrisia provinciana ao mesmo tempo que se questiona. Sempre de cabeça erguida, a graciosa Maggie encontra muito mais do que o amor da família...
Realização:Sam Garbarski
Com: Marianne Faithful, Miki Manojlovic, Kevin Bishop, Siobhan Hewlett, Dorka Gryllus, Jenny Agutter
Site Oficial: Irina PalmGénero: Drama
Distribuição: Atalanta Filmes
Classificação: M/12
Bélgica/Alem/Luxemb/R.Unido/França, 2006
103 min