Por vezes acredito que só consigo
ser feliz quando estou triste. Talvez assim faça sentido esta dualidade de
forças contrárias, outrora explicadas na física e as suas leis. Se existe uma
força, existe outra contrária. Os momentos mais felizes quase sempre são
resultado da ausência da infelicidade. Tal como a saúde é um estado transitório
da doença, como dizia o meu Avô. Engraçado como parece que andamos todos a
fazer coisas contrárias àquelas que queremos ou mesmo cultivar imagens de nós
próprios que não são aquelas com as quais nos identificamos ou queremos que
sejam reconhecidas pelos outros.
Tal como quando duas forças de
sentidos contrários se anulam quando os seus valores se igualam, também nós
parecemos não nos movermos no espaço e no tempo, presos num referencial, numa
translação estática, sem sentido, perdidos pela falta de moção. Num jogo de
forças neuronais, qual vence? Serei puxado para um dos lados ou simplesmente
flutuo pelas minhas memórias, estagnado, gravitando entre as lembranças, num
país que já não aparece nos mapas e que figura apenas em livros de História?
Sempre lamentarei a vitória só
corpo sobre a minha mente, ou da minha mente sobre o meu corpo. Ainda não sei
distinguir. Talvez de facto aqui gostasse que a força resultante foça nula e
que a soma dos meus pensamentos fosse igual a subtracção da minha componente
orgânica, à qual todos nos achamos dependentes até ao fim da sua função. Ora
aqui fica evidente que o corpo ganha este jogo de regras subtis, uma vez que
toma decisão sobre o seu fim, mesmo que a mente não tenha encontrado em si o
mesmo destino, a mesma decisão de término. Ou talvez será de facto a mente que,
ao se enrolar em si própria num novelo sem pontas, acaba por dar vários nós ao
corpo que gentilmente os vai tentado aceitar e resolver, talvez mesmo se
adaptar até já não haver solução.
Acredito mesmo que somos
invariavelmente a resultante de todas estas forças e que elas não se aplicam a
nós, como a tudo o que envolve. E que por cada acção que praticamos, um outra é
desencadeada numa cascata de acontecimentos que pouco ou nada somos capazes de
prever. Tão fácil como saber que por cada semente que plantamos, mais oxigénio
do qual somos dependentes estará mais disponível. Talvez morrer seja apenas
devolver algo que pedimos por empréstimo.
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