É com grande prazer que apresentamos dois poemas desta poeta (ou poetisa, como ela preferir) de versos crepusculares, fortes como uma travessia.
Maiara não é uma promessa, mas uma realidade poética. Seu blog (http://maiaragouveia.blogspot.com/) está entre os nossos favoritos, e recomendo deveras para uma visão mais ampla de sua obra.
André Setti
Besta Faminta
Corpo masculino: besta faminta.
Devora o milagre.
O néctar que derrama não sacia
a pele ávida.
Um anjo sente náusea.
Enquanto sugo o membro rijo: coluna sagrada.
A nudez agressiva esfola e esfola
e apanho na cara.
Gozo muito. No desespero de salvar a carne.
Sei que ressuscito. E sinto mágoa.
Maiara Gouveia
Virá o Dilúvio
Homens impotentes compram preservativos para o PC.
Mulheres de resina exibem os seios na propaganda.
Casas hialóides abrigam celebridades instantâneas.
Estabilizantes com açúcar alimentam a população.
Poetas são cães de lata. Não cantam. Mas sabem rosnar.
O campus fornece a ração de óleo contra ferrugem.
Sofrer é coisa (que se trata no divã).
A via de acesso ao mito está repleta de entulho.
Por isso os antigos seres vão desabar sem anúncio
nesse campo miserável do império do capital.
Maiara Gouveia
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
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2 comentários:
Oi André,
versos crepusculares? Amei. Obrigada. Houve alteração nos poemas, mas deixei um recadinho aos leitores do meu blog (& o convite para uma visitinha ao Cultuar. Abração, Mai.
oi!
ah, que legal a postagem! muito bom e forte o primeiro poema. adorei.
tb sou visitante da certeza de fazer o mal.
beijinhos
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