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terça-feira, 27 de setembro de 2022

INCERTEZAS DO UNIVERSO NOSSO DE CADA MANHÃ

 série EMPÍRICA MENTE

reedição


Image by Google

Já parou pra pensar que o seu tudo não te deixa entender que você não é nada?

Talvez, se você quisesse me escutar,
eu te diria das minhas poucas verdades
e das minhas muitas ansiedades.
Então, você relutaria,
e dificilmente casaria suas verdades com as minhas.
Entregaria a um deus qualquer do destino
todos os seus medos e dedos tortos,
aqueles mesmos,
cansados que estão em apontar caminhos a esmo,
ou grotões e abismos por onde você tem se escondido.

Somos tão grandes aqui, não somos?
Mas não passamos de egos submissos de nossas vontades de grandeza,
e cada um desses egos,
arrulha trincas barulhentas das correntes que nos prendem.
Quer saber?
Essas correntes nos desaprendem a tal ponto,
que não percebemos nosso real tamanho.
Enormes aqui,
átomos de poeira na amplitude verdadeira.

Não, não somos uma besteira da criação,
mas nem em sonho somos o umbigo do planetário de um jardim celeste.
Somos, sim, parte de uma cadeia em expansão,
engrenagens parindo ações e reações,
onde o ritmo rangente e irritantemente cadente dessa roda viva
não nos deixa tempo nem opções para desatenção ou lamentação.

Somos poeira a mercê de um vento solar.
Ventania que se volta, reverte-se a ponto de apagar o próprio sol.
Caminhamos para um apagar das luzes da nossa casa/universo.

Você tem medo do escuro?

Marcio Rutes


não copie sem autorização, mesmo dando os devidos créditos.
SEJA EDUCADO (A). SOLICITE AUTORIZAÇÃO.


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

MACIEIRA ANCIÃ

 da série Empírica Mente


imagem do Google
Há um caos no tempo, como se fosse um rasgo no futuro, ou o passatempo amalucado de um deus brincalhão e tão ou mais demente do que crente em suas criaturas. Mal sabe ele que suas brincadeiras, que a ele parecem tão inocentes, são meramente incipientes. Não. Talvez incipiente não seja a palavra adequada para esse ato vil de largar a esmo uma criatura tão frágil quanto o tal humano por aí, nesse inferno pré-lúdico que estampa cada face que brota da escuridão. Esse deus apenas pensa que brinca, mas ele próprio já é fruto da anarquia bizarra de outro deus maior. Penso que nisso tudo, um deus faça parte apenas da constelação de vários céus, divididos uns dos outros por meros véus alaranjados e transparentes.

Tem um deus para cada gosto, ou até mesmo um para mero tira-gosto. Crenças absurdas nascem do nada e morrem assim, a desdém daqueles que saem por aí, reconfigurando a crendice com palavras puramente espúrias, pífias e rangidas em dentes que mal servem para mastigar algo putrefato. Existem deuses belos, que regam seus séquitos com chuva de água de flores, enquanto exigem sacrifícios de virgens para que a beleza vingue em determinado lugar. Que chuva é essa? Flores que vertem seiva sanguinea? Enquanto isso, numa outra esquina celestial qualquer, outro deus apela pela dissociação da ignorância, distribuindo sabedoria embarcada em sub-deuses em forma de vento. O problema é que o vento nem sempre é manso, e ao invés de construir, torna tudo pura ruína. E a sabedoria se perde pela mão pesada daquele que impera tal qual um rinoceronte ignorante num trono de folhas secas.

Tem deus da colheita, da floresta, da chuva, do manifesto inconformista, da marmita azeda, das virgens orelhudas, e o que eu mais gosto, do cogumelo da esquina. Ah! Esses últimos não existem? Por que não? Se existem tantos deuses por aí, alguns inventados enquanto se apruma o cotovelo no balcão de um bordel qualquer, por que não posso inventar os meus?

E no fim das contas, é bem assim. Vai se moldando um deus a seu bel prazer, que atenda suas reverências enquanto mal se consegue fazer uma única referência verdadeira à existência de um céu que não seja esse infinito escuro que temos diante da crista do olhar humano.

E assim, caro companheiro, fomos criados e largados a mercê de um cosmos devorador de consciências. Dizem que tem um deus por aí, que cria, que conspira entre estrelas e planetas, mas que depois larga seus bibelôs a própria sorte. Esse é o deus do momento, poderoso o suficiente para ser um ente gigantesco mas, em sua infinita magnitude, se esconder dentro do olhar de um ser minúsculo e sem cílios. Então, repito aqui uma frase que me deixou muito animado, extraída de uma série de tv um tanto antiga, do fim do século passado: “A verdade está lá fora, juntamente com um punhado de mentiras.”¹.

A verdade é essa (ao menos assim eu penso): existe um deus, e ele é gigantesco. A mentira, no entanto, vem ancorada, dizendo que ele se esconde. Não, ele não se esconde. Ele está aí, e é realmente gigantesco. Não podemos vê-lo porque, pasme, estamos dentro dele. Nosso mundo, nosso universo sem fim, é puramente a consciência desse deus, e não se iluda, achando que não existem outros deuses. Existem sim. Uma constelação deles. Todos morando lá fora, numa coletividade divina inexplicável e insuportavelmente inimaginável. E cada um desses seres fantásticos tem seus “mundos” internos, seus universos imaginativos, suas consciências vivas ou, ao menos, em formação.

Não diria que fazemos parte de “matrix”. Vou além, e afirmo que nós somos matrix, pois penso que podemos ser o fruto da imaginação de um ser apaixonado pelo ato da criação. Ele não nos abandonou a esmo. Jamais faria isso com algo que ele idealiza faz tanto tempo. Ele apenas está em seu sono reparador, mas logo acordará.

Enquanto isso, alguém escreveu que “...homens e suas sombras me contam que lágrimas são migalhas de pão de quem não voltou pra casa, e qualquer asa é uma afronta aos que se mantém presos nesse concreto em ebulição. Não são mendigos de sonhos, mas de realidade.”².

Saiba, meu amigo, que a maior carência humana é justamente essa, a da realidade. É muito triste querer ter crença e não poder tocar naquilo que seria o combustível de sua fé. Palavras não passam de um amontoado de letras, e tanto escrevem verdades quanto mentiras, podem fantasiar, maquiar aquilo que é real, esconder o que é gigantesco ou tornar soturno o raiar de um dia ensolarado. Palavras cortam mais do que chicote. Talvez, justamente por tudo isso, é que esse deus que me move não fale. Ele prefere imaginar, racionalizando suas ações diretamente para o fruto bendito de suas querências. Não há livre arbítrio. O que existe é a liberdade de sonhar. Mas ninguém consegue controlar o que se sonha, não é?

imagem do Google
A realidade mais palpável vem daí, de um sonhador alucinado que adormeceu sob uma macieira anciã, aquela mesma que não frutificava mais. Eva não comeu a maçã, e o coitado do Adão é meramente a ilustração machista das mãos daqueles que mal e porcamente sabiam o que era o mundo, mas que conheciam muito bem o poder escravizador que a palavra possui. Não foi um deus quem criou paraísos perdidos para bajular o ser humano. Pelo contrário. Foi um deus quem deu a chave para que essa clausura fosse aberta. E quando as portas desse paraíso foram derrubadas, a magia se fez clara e definitiva. Ele, esse deus, tentou dar ao ser humano um pouco de, veja só, REALIDADE. E o que nós fizemos?

Eu digo o que fizemos. Pegamos essa realidade e a transformamos em algo mentiroso, pois não sabemos viver de nada concreto. Inventamos, pois, o sofisma.

Séculos se passaram, e o que mais fazemos é justamente isso. Inventamos verdades para esconder as mentiras. E tudo está lá fora, nesse grande omelete sem ovos que é o universo dos pensamentos de um deus que jamais abandonou seus sonhos.


Marcio Rutes



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referências:

¹ - da série Arquivo X

² - da crônica DE AZUL ENTARDECIDO, de Samara Bassi

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O CAOS DA TEORIA



dominó - imagem do Google
Incansável é a busca do ser humano por respostas aos mistérios da vida e do universo. Existem alguns desses segredos que viraram chavão, como o tal “de onde viemos e para onde vamos?” (especulações populares referentes ao meio científico), ou ainda os assuntos da fé (criação, céu e inferno, entre outras dúvidas dentro das crenças), e por aí vai. Mas perceba que nada disso é pequeno, coisa que se resolve com simples especulações ou conjecturas, ou horas perdidas em divagações e filosofia de boteco. Nesses assuntos, e em muitos outros, as cátedras ainda engatinham tais quais bebês prematuros, isso devido ao grau de complexidade que envolve cada um desses assuntos.

Muitos deles, claro, se resolvidos ou respondidos, não irão alterar em nada a rota natural de nossos destinos. Um ou outro, inclusive, sofrem fundamentações espúrias vindas da ânsia humana em questionar sem razão. Outros são assuntos sérios e poderiam indicar mudanças significativas em nossa forma de conduzir as coisas. Enfim, são problemas a serem resolvidos, e que tomam um tempo imenso da humanidade. Penso que parte desse esforço poderia ser dedicado a assuntos de grau de complexidade bem menor, mas que afetam diretamente tudo o que acontece a nossa volta.

Assim é a raça humana. Dedica esforços imensos para vergar um metal que sequer está ao alcance dos olhos mas que intimida somente pelo pressuposto de sua existência, enquanto o que machuca de verdade é a minúscula pedra que está no sapato e que, com a repetição dos micro ferimentos que causa, poderá criar uma enorme ferida.


Escotomas?

O menor dos seus problemas pode ser, amiúde, seu maior atraso. É claro que sim, pois na sua ânsia de crescer a qualquer custo, só o que você vê é aquilo que está gritante e diante dos teus olhos. O que é pequeno ou secundário, mas que está ali e se repetindo a todo instante, passa despercebido.

O acumulo do que é pequeno pode criar uma montanha. Então, quando você dá conta do que está acontecendo, existe um muro quase intransponível diante de você, e moldado inteiramente com aqueles tijolinhos miúdos, irrelevantes até aquele instante. Durante muito tempo, só o que você fazia era desviar, ou passar sobre eles. Afinal, eram só tijolinhos, não é? Até que um dia, assim numa terça-feira qualquer e chuvosa, você notou que não dava mais para contornar, e muito menos existia algo (ou alguém) que auxiliasse você a passar por cima.


Passar por cima?

Isso soa de um jeito estranho, não é? Muitas vezes, ficamos até envaidecidos quando alguém comenta algo assim conosco: “Você é incrível. Passa por cima de tudo como se nada existisse.”. Até que num dado momento notamos uma inversão nessa “verdade”, e vemos que estamos a mercê de um atropelamento por parte de tudo aquilo que “passamos por cima”. O sentimento de fragilidade aparece, e o que era para ser algo fácil para um caráter imediatista, passa a ser um sofrimento claro e angustiante, próprio daqueles que negligenciaram os efeitos que seus atos poderiam acarretar durante um percurso tão delicado quanto a vida.

E nessa hora, o que mais se quer é passar por baixo, de um jeito discreto e silencioso, sem ser percebido por ninguém.


Ninguém?

Não é bem assim. É nesse instante que um conflito interno começa. Pessoas que “passam por cima de tudo” são turronas, donas de uma personalidade forte, e acham que não precisam de ninguém. Nunca. Se, por acaso ou por fato premeditado, precisam de alguém, é por puro interesse.

Então, no momento em que estão no chão, o que deveria ser mais difícil é admitir que se precisa de ajuda. Mas não. As pessoas até admitem, mas o ato de pedir ajuda leva a outro, o de assumir erros e, também, a responsabilidade por tudo o que esses erros acarretaram. E tudo desanda de vez.


Infortúnios?

imagem do site Hype Science
Edward Lorenz descreve muito bem o que os pequenos e quase invisíveis acontecimentos podem causar em nossa vida. Na década de 1960, disse ele que o bater das asas de uma borboleta no Brasil pode causar, tempos depois, um tornado no Texas”¹. Mais tarde e com aprofundamentos, isso veio a ser conhecido como a TEORIA DO CAOS, que tenta explicar como “uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. Por isso, tais eventos seriam praticamente imprevisíveis - caóticos, portanto.².

Não sei o que pensar sobre a Teoria do Caos. Aqui, caos poderia ser definido como algo sem ordem, em completa confusão, caótico. Então, o exemplo da borboleta citado por Lorenz não bate. Imagino a cadeia de reações necessária, de forma ORDENADA, para que tal coisa ocorra. Um evento desse porte, com tanta complexidade, não pode ocorrer vindo apenas das coincidências. É claro que é apenas o ponto de vista de um leigo, e você pode dizer que a coincidência é um dos condimentos principais do caos. E se partirmos do princípio que essa teoria é real, então nós todos, tudo a nossa volta, é fruto do caos. E que também todo problema de dimensões estratosféricas pode ter (e tem, seguindo a teoria) raízes em eventos minúsculos.

Neste caso, então, cada infortúnio de sua vida, por maior que seja, teve origem em algo imensamente menor, em alguma coisa que você sequer reparou ou negligenciou, pensando que nada aconteceria se você simplesmente ignorasse tal coisa. Voltamos, assim, aos pequenos problemas.


Tudo está escrito?

Aceitar a Teoria do Caos é como afirmar a não existência do tão famigerado DESTINO. Sim, pois se essa mesma borboleta que bateu as asas no Brasil e causou um tornado no Texas precisar sobrevoar outra área que não aquela para onde ela deveria ir (isso motivado pela chegada de outro vento forte que uma borboleta qualquer causou ao bater suas asas em algum local remoto), ela será capturada por algum predador e não depositará suas larvas, as mesmas que iriam virar outras borboletas e que causariam outros ventos, que desviariam rotas de outras borboletas, impedindo-as de seguir assim seus desígnios naturais. Tal coisa provocaria um desastre na cadeia alimentar (seguindo a Teoria do Caos), causando impacto na alimentação de seus predadores, que poderiam até deixar de nascer, o que influenciaria também a nutrição e, com isso, a normalidade na existência daqueles que estão um degrau acima nessa pirâmide predatória. Se colocarmos tudo isso numa época que me antecedeu, e como meus pais se alimentam de carne, e estão no topo da cadeia alimentar, vai saber se eles não seriam afetados? Neste caso, eu não estaria aqui, e tudo por causa de uma dita borboleta com síndrome de ventilador.

Estou a um passo de trocar a Teoria do Caos por aquela outra que diz que “tudo é Matrix³. Ou seja, nada é realidade, apenas mera percepção. Porém, alguém diria que foi uma borboleta metida a besta que resolveu pousar num computador e, com isso, gerou Matrix. Acho mais saudável permanecer no Caos.

Enquanto isso, outro alguém dirá que sim, o destino existe, pois alguma força superior já havia previsto, e escrito, que a bendita borboleta nasceria e bateria as asas alí, naquele fatídico momento, a ponto de causar em seu final o tornado. Dirá, é claro, que cada elemento necessário para corroborar o resultado final também foi escrito e descrito minuciosamente no livro sagrado dos três tempos (passado, presente e futuro). Destino. Tudo está escrito.

Não afirmo nada. Só sento e escuto, penso, e fico amalucado. É um círculo, onde cada resposta gera uma infinidade de outras perguntas. E quem sabe seja justamente isso, essa cadeia de ações e reações, que mais me cative, e ela vem justamente da afirmação do Caos.

Eis a parte sólida do mistério. Justamente aquela que mais me dá arrepios e que me deixa reticente. O medo de abrir a caixa.


Pandora?

Em linhas muito superficiais, e para não tomar tempo, Pandora é um paralelo grego ao mito de Adão e Eva, porém um tanto mais dramático.

Caixa de Pandora - imagem do Google
Veja que interessante essas passagens que extraí de um texto: “Pandora está associada com fazer o mal que não pode ser desfeito., “Pandora foi enviada para Epimeteu, que já tinha sido alertado por seu irmão a não aceitar nada dos deuses. Ele, por ‘ver sempre depois’, agiu de forma precipitada e ficou encantado com a bela Pandora. Ela chegou trazendo uma caixa fechada, um presente de casamento para Epimeteu. e “Ao abrir a caixa na frente de seu marido, Pandora liberou todos os males que até hoje afligem a humanidade, como os desentendimentos, as guerras e as doenças. Ela ainda tentou fechar a caixa, mas só conseguiu prender a esperança..

A precipitação levou o tal Epimeteu a se apaixonar por Pandora. Ele “via sempre depois”. Mas havia sido avisado por seu irmão (Prometeu) de que algo ruim poderia acontecer caso ele se encantasse pela bela dona. Prometeu “via sempre antes”. No fim das contas, Epimeteu não seguiu os conselhos do irmão, deu uma cantada na moçoila (ou caiu na cantada dela), a caixa foi aberta e o mundo foi contaminado por tudo o que não presta. Ironicamente, a única coisa que ficou presa na caixa foi a esperança. Ou, pelo menos, se pensa assim. Mas vai saber o que restou lá dentro ainda, não é?

É uma história dramática, com um enredo que somente os gregos poderiam compor, mas é uma parábola fantástica e que cabe como uma luva aqui, em minhas divagações.

Prometeu (aquele que via antes), antecedeu que algo estava errado. Ainda era um pequeno problema. Epimeteu (aquele que via depois), nem deu ouvidos ao irmão. Passou por cima de tudo, e o que era apenas uma desconfiança em seu princípio, ou um indício de um problema ainda pequeno (bastaria não abrir a caixa para que o problema se resolvesse), virou uma catástrofe que afligiu todo o mundo.

A grande questão aqui vem de um dito popular bem conhecido: a curiosidade matou o gato.

Mesmo sabendo que algo muito ruim poderia acontecer, a caixa foi aberta. O que os moveu? A bestialidade que esculpe o caráter humano? A curiosidade em desvendar o desconhecido? A necessidade premente em desobedecer? Ou por que simplesmente resolveram passar por cima de tudo e acharam que poderiam resolver tudo depois?

Não sei se eu abriria a caixa, mas garanto que minha curiosidade seria tanta, a ponto de me tirar dos eixos.


Onde está o fim?

O fim está no começo. Uma pergunta gera uma resposta, que gera outra pergunta para outra resposta e, assim, desenhamos o símbolo do infinito. Nunca termina, pois sequer sabemos se um dia começou. Quando você responder a última pergunta, o fim terá sido modificado, e isso provocado pelas reações de seus atos e de tantos outros que questionam até mesmo seus próprios questionamentos.

No fim das contas, tudo parece ser uma questão de ação e reação. Se ordenadas, são destino. Se caóticas, cabem dentro da teoria do caos. Entre elas um muro de dúvidas.

O que sei é que para evitar um problema maior, preciso cuidar do acúmulo dos problemas menores. E isso é difícil, pois vê-los nem sempre é tarefa facilitada para o ser humano. Talvez isso aconteça por algo que carregamos em nós, a tal megalomania. Ou por desatenção, falta de zelo para conosco, insanidade, falta de responsabilidade... ou outra coisa qualquer.

Mas isso tudo, a causa de não ver os problemas menores, é justamente UM PROBLEMA MENOR. Depois penso nisso. Não acho que gerará algo maior.


Será que não?



Marcio Rutes



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notas:
¹ e ² - A Teoria do Caos.
trechos extraídos da página Mundo Estranho 

³ - Tudo é Matrix
saiba mais em Hype Science

⁴ - Caixa de Pandora
trechos extraídos da página Mundo Educação 

quinta-feira, 4 de junho de 2015

VERDADES E MENTIRAS

série EMPÍRICA MENTE


imagem coletada no Google
Talvez você queira, um dia, mudar o mundo. Quem sabe você pretenda ser um líder religioso que orientará muitos para a paz. Você pode vir a ser um guru, um conselheiro, alguém admirado e procurado por muitos que buscam as verdades e mentiras que existem por aí.

Mas, como entender e mudar o mundo, se você não é capaz de se entender? Como saber o que é necessário para a paz, se você próprio vive em conflito? Como aconselhar alguém, se o que mais brota de tua mente é a dúvida?

A catarse, a exteriorização dos sentimentos… sim, são necessários, mas há que se saber até onde podemos “exteriorizar” e, sempre, o que devemos exteriorizar. Algumas miudezas devemos levar conosco, para uma jornada longa e que castigará os pés. Um caminho árduo, sinuoso e sombrio nasce conosco, embutido num lugar único e que leva a um destino que apenas uma única pessoa pode chegar, se chegar: seu próprio “eu”.

Fazemos nossas próprias verdades, e como muitos dizem por aí, uma mentira dita muitas vezes vira uma verdade. Você tem dito verdades para si mesmo, ou se enche de mentiras para tentar, assim, satisfazer o espírito com algo que lá adiante servirá como desculpa para sua covardia em encarar as realidades que tanto te assustam?

Nem toda verdade é uma verdade por inteiro, assim como nem toda mentira tem seu cunho irreal. Então, no que acreditar? O que contar para seu íntimo? Como mensurar toda essa informação que te chega sem se contaminar com toda essa imensa aura de fumaça pegajosa que recobre o que você deveria estar rejeitando?

Não existe uma verdade única. Não existe. Existem as verdades que você quer ouvir. Existem as verdades que saciam teu ego submisso ou submetedor. Existem as verdades que corrompem e assustam. Existem as verdades que denigrem ou que fabricam heróis e vilões. Existem as verdades do corpo. Existem as verdades da alma.

Existem, no entanto, algumas verdades que estão atrás de barreiras quase intransponíveis. São verdades que não dizem respeito apenas a você, mero pedaço de carne que um dia apodrecerá para sustentar aquilo que você hoje destrói. São verdades não corrompidas, guardadas numa ampulheta celeste própria para marcar o tempo que te resta antes mesmo dele começar a correr. São verdades que uma mente capciosa e um espírito fraco jamais entenderão. São verdades que não falam nada e que sequer podem ser descritas por palavras, pois elas não são tangíveis a olho nu ou visíveis para mãos feitas de carne. Distantes demais para a ciência descrevê-las, mas próximas em demasia para que o ser humano se perca dentro delas.

Do que elas falam? Como vou saber, companheiro, se sou um mero andarilho ainda, preso na corrente do tempo e do vento? Ainda estou capengando com minhas próprias conjurações, e das minhas pernas, sequer os joelhos desatolei.

Mude o mundo, mas primeiro, preocupe-se em arrumar tua casa. Nada pode ser começado do meio. Ou tua casa pouco importa para você? Uma maratona se começa no primeiro passo. Maldita é a mania que o tal humano carrega em tentar apressar tudo. Apresse o vento, e ele vira tempestade. E sabe o que é engraçado? Na tempestade, casas saem voando, mas o junco verga e volta. A natureza levou milhares de anos para aperfeiçoar o junco.

Somos inteligentes? Sim, é claro que somos. Mas, o que é a inteligência senão a capacidade de raciocínio somada à quantidade de conhecimento adquirido e a velocidade com que se processa tudo isso?

Conhecimento? De que? Verdadeiro, ou contado pelo homem?

Sim, somos inteligentes. Raciocinamos sobre aquilo que nos dão, e quem somos nós para contestar os livros que mandam ler? Somos inteligentes sobre aquilo que conhecemos, mas somos alienados diante da quantidade absurda de falsa informação alardeada todos os dias por todos os meios que fazem tudo isso chegar aos nossos ouvidos.

Beba Coca-Cola, compre Batom, eu quero minha Calói, gordura demais faz mal, café faz bem, seja vegetariano e viva uma vida saudável, o corpo precisa de carne, o homem descende do macaco, os continentes eram formados por um único bloco, meu deus é melhor que o teu, use camisinha, cuidado com o câncer de pele, aspirina é um bom analgésico mas faz mal pro estômago, alopatia irá te curar, a religião salvará o mundo, a religião acabará com o mundo, homem deve constituir família com uma mulher, dê a outra face, cure chulé com vinagre, somente a fé liberta, a ciência explicará, deus voltará, deus não existe, deus existe, você é aquilo que você come, você come aquilo que você é, o inferno te espera, a terra é o inferno... etc... etc... etc.............. etc.

O inferno está dentro de sua mente, não dentro de seu espírito. Se você pensa que aqui é o inferno, então viverá uma vida atribulada, onde quase nada dará certo. Seu espírito busca sempre o equilíbrio, onde o bem e o mal te darão a sabedoria suficiente para caminhar em paz. Equilíbrio entre um e outro, o negativo e o positivo. E você não precisa ser um doutor em nada para buscar esse equilíbrio, como também ninguém poderá fazer isso por você. No entanto, você precisa estar disposto a buscar isso dentro do lugar mais complexo que existe: você mesmo. Então o inferno começará a fazer sentindo, e você verá que ele é construído por você mesmo e para você mesmo. Céu e inferno, equilibrados, te fazem caminhar entre um e outro, mas quando você não se permite tal equilíbrio, poderá cair dentro da fogueira que você tanto insiste em apurar.

Ao tentar buscar o equilíbrio dentro de seu "eu", você não irá se perder, pelo menos não mais do que já está perdido. Você é um labirinto, mas não se preocupe com isso. Labirintos existem unicamente para te dar o tempo necessário para se preparar para aquilo que irá encontrar no fim do caminho. E se você não encontrar a porta derradeira do labirinto, é porque não se preparou o suficiente. A paciência não é um dom, mas um requisito necessário para não se perder ainda mais dentro de você mesmo. E ela, a paciência, deve ser aprendida e desenvolvida, exercitada a cada instante e com muito empenho. Muitos jamais conseguirão desenvolvê-la e, por consequência, nunca encontrarão o rumo certo dentro de seu labirinto íntimo.

E se a pessoa conseguir achar a saída, o que ela irá encontrar do lado de fora?

Nada, pois esta não é uma saída para fora. Jamais falei isso. Falei em “fim do caminho”, que na realidade é, somente, uma pequena parte de uma jornada sem fim. Você está entrando, e não saindo. Ao encontrar esse “fim do caminho”, você começará a entender que as verdades são desnecessárias, pois não existem mentiras, pelo menos não aquelas que se pensa existir quando falamos dos mistérios do universo. Somos energia, e a carne é apenas um mero frasco que acomoda nossa essência. Alimento para o corpo se acha em qualquer quintal, mas para o espírito, esse precisamos cultivar internamente, em nós mesmos.

imagem coletada no blog Mundo Bonsai
Então, se você entendeu o que escrevi acima, no fim do labirinto você poderá encontrar a si próprio, preso e perdido pelas verdades e mentiras humanas. Você se vê vítima de sua própria tirania. Uma coisa eu te garanto, companheiro. Quebrar as correntes que te prendem não será tarefa fácil. Ninguém gosta de desacreditar naquilo que levou uma vida inteira achando ser verdade. E nesse momento, ao olhar para trás, você verá que seu labirinto se modificou e ficou milhares de vezes mais complexo. Então, te cabe uma decisão: voltar e desistir, fingindo que aquilo tudo não passa de um sonho muito louco ou uma alucinação causada por algum cogumelo muito do besta, ou enfrentar as verdades e mentiras terrenas para, assim, começar a buscar aquilo que talvez você jamais alcance, que são justamente os mistérios que passarão a te guiar.

Difícil, não é?

Um dia você entenderá que pode voar. Não com asas, mas com aquilo que te foi dado, teu pensamento. Só lembre que até a mais robusta águia enfrenta problemas com o vento forte. Nessas horas, ela pousa e repousa, esperando pacientemente a ventania passar. Mesmo desprovida da capacidade de raciocinar, ela usa seus instintos. Estes, por sua vez, são suas verdades, as únicas que ela conhece. Para a águia, não existem mentiras.


Entendeu agora?


Marcio Rutes



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quarta-feira, 18 de junho de 2014

RECICLANDO A PRÓPRIA EXISTÊNCIA

série EMPÍRICA MENTE


Átomo - image by Google
E enfim, tudo é matéria. Tudo é energia. E tudo se recicla num ciclo sem fim.

No entanto, não sou daqueles que afirma que “somos apenas poeira cósmica”. Não, nós não somos. Alguns otimizam a maneira de pensar e agir, de ser e sentir, e vão além daquilo a que foram destinados, enquanto outros sequer conseguem atingir uma mera condição de poeira.

E que a energia cósmica nos abençoe e proteja, pois dela sacio minha fome e para ela serei, futuramente, alimento.

Se estou, com isso, negando a existência de Deus? Sim e não.
Antes de qualquer coisa, preciso saber de qual deus estamos falando. Existem vários e para todos os gostos, pois hoje virou moda cada um ter o seu ou inventar um que vá na direção oposta do outro.

Ah! Você fala daquele ser onipresente e onipotente, divindade das divindades, que tudo vê e tudo castiga ou premia? Daquele que sempre existiu mas que jamais se apresentou formalmente? Daquele que por mais que se tente, jamais se consegue tocar? Bom, se é desse que estamos falando, sim, eu nego a existência.

Mas se estamos falando daquele que vive aqui, pertinho, brilhando no respingo de orvalho, e que mais tarde evaporará para compor novamente o ar que respiramos, ou daquele que está presente nos elementos químicos que fazem o sol queimar e, por consequência, brilhar e aquecer esse mundo todo, ou ainda daquele que brota da fotossíntese das plantas, desse eu não nego a existência.

Quem sabe eu tenha demorado demais para permitir que minha mente acalmasse com as perguntas e, simplesmente, aceitasse os sinais do universo. A energia que toca a pele de cada um é exatamente a mesma que move cada verme que consumirá um ser após sua morte para, com isso, reverter aquilo que se pensa “morto” em energia novamente. Enfim, tudo é reaproveitado, até a baforada de gás carbônico que expelimos após o ato da respiração. Somos reciclados para proporcionar energia a tantas outras formas existentes neste mundo.

infinito - image by Google
Se eu acredito em reencarnação? É claro que sim. Acabei de descrever justamente isso no parágrafo acima. Sempre que a natureza retoma sua propriedade sobre cada um de nós, ela tece seus protocolos e reenvia nossa energia para as matas, para os rios, para o solo. Literalmente, viramos esterco. E nem pense em torcer o nariz para tal coisa. Caso você não tenha percebido, seu próprio corpo já é “material reciclado”. Ou de onde você acha que veio toda a matéria que te compõe? Ela vem do alimento que você consome, da água que você bebe, do ar que você respira. E a maioria dessas coisas vem da terra, que foi adubada com folhas mortas, ou animais, que em decomposição, servem de alimento justamente para aquilo que vai te alimentar. Ou até que alimentaram sua mãe para, com essa energia, poder gerar seus óvulos.

“Do pó viemos, e para o pó retornaremos”. É. Posso até aceitar tal dito, mas prefiro pensar que um UM DIA FOMOS ENERGIA E, BREVEMENTE, VOLTAREMOS A SER.

E já que é assim, então que se preserve melhor aquilo que nos gerou, alimentou e que, num futuro próximo, nos reciclará para que possamos renascer, seja lá na forma que for. Quase uma “reencarnação”. Não concorda?




Marcio Rutes



Leia a primeira parte em

ENTRE CRENÇAS E CALACEIOS




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domingo, 2 de fevereiro de 2014

ENTRE CRENÇAS E CALACEIOS

série EMPÍRICA MENTE


Ampulheta - by Google.

Questionaram: e tua fé?
―É, eu tenho, e é minha...
...antagônica, platônica,
rifada em meio aos pássaros do morro.
―É, eu tenho, independente de algum José,
sadia, vadia, vertiginosa, contagiosa,
não falecida de nenhum mal-agouro.
―É, eu tenho, vista da compadecida,
enterrada na casa simples lá do meio do mato,
nas curvas de um cipreste brotado do peito da árvore morta.
―É, eu tenho, feita de verdades não pungentes
sem indolências nem imposições pestilentas,
e não essa crença alvissareira de uma reta já quase torta.




Questionaram: e como ela é?
―É feita de caos e suor, dor e sabor,
é puro tom de vão de cerca, cor de saliência,
existência pura, energia crua,
finita no ponto em que eu enxergar o fim de mim mesmo,
a esmo,
no ermo abismo dos meus sonhos.
Catedral é sem sino,
uma tapera serve para templo das minhas crenças,
nascidas e herdadas das adulteras idéias que me preenchem os poros.
Sagrados são os ossos não lascados
que ainda persistem em me manter ereto,
certo de que a verdade ainda virá numa esquina qualquer.
bailado na chuva - by Googel
E sepulcro algum soterra minha ânsia,
não de salvação,
e sim, de elevação.
Um bailar de pés descalços,
de um corpo nu,
de um profano ensejo,
de um desejo da carne,
desse vertiginoso síbilo profano,
latente e indescente de meu cerne,
que mal tem?
Que pecado é?
Assim, na calaça desse sonho vadio,
teimoso em encostar-se no meio de minhas rebeldias,
vou acreditando nele,
vou escutando suas palavras:
não corra, pois não adianta;
não teime, pois tudo é muito maior;
não desanime, pois se parar será engolido;
não afirme, pois vai se decepcionar;
não desatine, pois ainda nem começou;
não finde, pois o começo está em você;
não feche os olhos, pois tudo é muito rápido;
não seja mais, pois tudo é muito menos;
não creia excessivamente, pois qualquer verdade pode ser mentira;
e jamais duvide, pois qualquer bobagem pode revelar mistérios.”.




corpo nu - by Google
E quanto a mim, eu digo:
Nas verdades dúbias,
sigo reto pelas curvas que me tomam,
pelo doce-ardido de um delta de águas raras,
iluminadas na brancura da tez alva,
aura e porosa em certos cantos,
lisa e “aprisionante” em qualquer outro instante.
É meu santuário, meu oráculo,
sanatório de minhas divagações,
lascívia de minhas intenções carnais,
ou mais.







Marcio Rutes

não copie sem autorização, mesmo dando os devidos créditos.
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terça-feira, 29 de outubro de 2013

INCERTEZAS DO UNIVERSO NOSSO DE CADA MANHÃ

série EMPÍRICA MENTE

texto inspirado no conjunto da obra de Samara Bassi.

image by Google


Já parou pra pensar que o seu tudo não te deixa entender que você não é nada!

Talvez, se você quisesse me escutar,
eu te diria das minhas poucas verdades
e das minhas muitas ansiedades.
Então, você relutaria,
e dificilmente casaria suas verdades com as minhas.
Entregaria a um deus qualquer do destino
todos os seus medos e dedos tortos
aqueles mesmos
cansados que estão em apontar caminhos a esmo
ou grotões e abismos por onde você tem se escondido.

Somos tão grandes aqui, não somos?
Mas não passamos de egos submissos de nossas vontades de grandeza,
e cada um desses egos
arrulha trincas barulhentas das correntes que nos prendem.
Quer saber?
Essas correntes nos desaprendem a tal ponto
que não percebemos nosso real tamanho.
Enormes aqui,
átomos de poeira na amplitude verdadeira.

Não, não somos uma besteira da criação,
mas nem em sonho somos o umbigo do planetário de um jardim celeste.
Somos, sim, parte de uma cadeia em expansão,
engrenagens parindo ações e reações,
onde o ritmo rangente e irritantemente cadente dessa roda viva
não nos deixa tempo nem opções para desatenção ou lamentação.

Somos poeira a mercê de um vento solar.
Ventania que se volta, reverte-se a ponto de apagar o próprio sol.
Caminhamos para um apagar das luzes da nossa casa/universo.


Você tem medo do escuro?

Marcio Rutes


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