- Localização -
A ilha do Pico é a segunda maior ilha do arquipélago atlântico português dos Açores, com uma área aproximada de 447km2, e é uma das três ilhas que constituem o Triângulo, juntamente com as ilhas do Faial e de São Jorge, no Grupo Central, a 38º28'10,315''N, 28º24'05,794''W (Montanha do Pico).
A ilha do Pico está separada da ilha do Faial por um canal com cerca de 6 km de largura e uma profundidade média de 95 m, a Norte do alinhamento Ponta da Espalamaca-Ilhéus da Madalena, enquanto que a Sul daquele alinhamento a profundidade média das águas é de cerca de 140 m. A ilha de São Jorge está localizada a Norte da ilha do Pico, a cerca de 18 km, separadas por um canal com profundidades na ordem dos 1200 m.
A ilha do Pico, possui um comprimento máximo de 46,35 km, entre a Ponta do Arieiro (Madalena) e a Ponta da Ilha (Manhenha). A sua largura máxima, medida perpendicularmente ao máximo comprimento, é de 16,05 km, entre a Ponta Negra (Cabrito) e a Lage do Cavalo (Ponta de São Mateus). O perímetro da ilha é de cerca de 119 km.
O ponto mais elevado da ilha do Pico localiza-se no topo do cone do Piquinho (ou Pico Pequeno), a 2351 m. No sector oriental da ilha as maiores altitudes são atingidas no Caveiro (1076 m) e na região do Topo (1022 m).
Administrativamente, a ilha do Pico compreende as freguesias de Calheta do Nesquim, Lajes do Pico, Piedade, Ribeiras, São João, Ribeirinha, Bandeiras, Candelária, Criação Velha, Madalena, São Caetano, São Mateus, Praínha, Santa Luzia, Santo Amaro, Santo António e São Roque do Pico, distribuídas por três concelhos, Lajes, Madalena e São Roque.
Os aglomerados populacionais da ilha dispõem-se ao longo do litoral, onde, de acordo com o XIII Recenseamento Geral da População (INE, 1992), residiam 15 129 pessoas, distribuídas pelos concelhos de Lajes do Pico (5508), Madalena (5962) e São Roque do Pico (3659).
- Clima -
Em termos genéricos e à semelhança das restantes ilhas do arquipélago, o clima da ilha do Pico é temperado oceânico e caracteriza-se por temperaturas amenas (com pequenas amplitudes térmicas anuais), precipitação regular ao longo de todo o ano, elevada humidade relativa do ar, céu em geral nublado e frequentes ventos fortes. A precipitação média anual varia entre 4547 mm/ano e 3168 mm/ano, para cotas entre 750-800 m, enquanto que junto ao litoral Norte, a cotas inferiores a 100 m, a precipitação média anual oscila entre 1002 mm/ano e 1895 mm/ano. Na costa Sul da Montanha, as precipitações são sensivelmente idênticas, embora não atingindo o valor máximo indicado.
Dois fenómenos climáticos assumem uma importância acrescida na ilha do Pico, atendendo às altitudes atingidas: a queda de neve e a presença de nevoeiros. No primeiro caso, esta é mais significativa entre Janeiro e Março e dá-se sobretudo a cotas superiores aos 1500 m. É essencialmente no troço da Montanha de cotas superiores a 2000 m que a cobertura de neve pode persistir por um período de tempo considerável, variável consoante o rigor do inverno e a exposição do relevo. O nevoeiro, por seu turno, é mais frequente no Verão, nomeadamente no mês de Junho e, no caso da ilha do Pico, resulta de um complexo sistema de circulação do ar, em virtude da influência provocada pelo relevo da Montanha. Para além das zonas mais elevadas da Montanha, é usual a existência de nevoeiros ou cobertura nebulosa na zona oriental da ilha, designadamente nas zonas mais elevadas do Planalto da Achada, sobretudo na parte final do dia.
No que diz respeito à temperatura, esta varia regularmente ao longo de todo o ano, observando-se os valores mais elevados em Julho e Agosto (Temp. média de 22ºC-23ºC) e os mais baixos em Janeiro e Fevereiro (Temp. média de 13ºC-14ºC).
Quanto ao vento e de acordo com dados disponibilizados pelo INMG, relativos ao período 1983-1993 e medidos no Aeródromo do Pico, as velocidades médias mensais variam entre 11,4 km/h (em Julho) e 20,9 km/h (em Janeiro). Os valores mais elevados de velocidades médias, por seu turno, são atingidos com ventos do quadrante SW (28,3 km/h e 27,4 km/h, em Dezembro e Fevereiro, respectivamente) e do quadrante NW (27,3 km/h, em Janeiro).
- Descoberta e Povoamento -
Não se conhece a data exacta da descoberta da ilha do Pico, nem o nome ou nomes dos seus descobridores, mas, no ano de 1439 a existência da ilha do Pico, conjuntamente com a do Faial, seria já do conhecimento da Coroa Portuguesa. De facto, apesar das primeiras viagens de reconhecimento do arquipélago açoriano (com o objectivo de lançar gado nas várias ilhas) terem ocorrido entre 1431 e 1432, a primeira referência das autoridades portuguesas sobre as ilhas dos Açores corresponde a um documento datado de 2 de Julho de 1439, no qual se autoriza a colonização das 7 ilhas já conhecidas, com exclusão das ilhas de Flores e Corvo, não descobertas à data.
Se não é possível datar com precisão a descoberta da ilha do Pico, a mesma dificuldade existe quando se pretende definir com rigor a data inicial do seu povoamento. Terá havido um natural intervalo de tempo entre a descoberta e o povoamento desta ilha, atendendo a que os primeiros povoadores dos Açores se estabeleceram nas ilhas de Santa Maria e São Miguel, descobertas primeiro e localizadas mais perto da metrópole.
Embora a partir de 1470 tenha ocorrido um processo de consolidação do povoamento das ilhas dos grupos oriental e central do arquipélago, o povoamento da ilha do Pico esbarrou com algumas dificuldades em atrair e fixar os habitantes, devido a factores como a difícil abordagem marítima (orla marítima de desenho retalhado e alcantilado), a natureza geológica dos terrenos (designadamente uma predominância de terrenos pedregosos) e os recursos de água disponíveis, ou seja, a inexistência de um ancoradouro naturalmente seguro para o desembarque, a pobreza dos solos existentes na quase totalidade da ilha do Pico e a predominância de formações lávicas, muito permeáveis, que, facilitando a rápida infiltração das águas, se traduzia no reduzido número de ribeiras e riachos existentes.
O povoamento da ilha do Pico inicia-se, então, por volta do ano de 1482, pelo lado Sul, na zona das Ribeiras, a que se seguiu um outro núcleo na zona da Ribeira do Meio. A constituição do primitivo núcleo habitacional na costa Sul da ilha do Pico leva à formação do município das Lajes do Pico, em 1503, data em que as crónicas da época referem a existência da vila das Lajes. O povoamento da zona Norte da ilha desenvolve-se a partir do ano de 1510 e, perante o aumento da população e a sua dispersão pela ilha do Pico, é criada, no ano de 1542, a Vila de São Roque do Pico. A existência de dois concelhos na ilha do Pico prolonga-se até à criação da Vila da Madalena, por alvará de Março de 1723, face à sua crescente importância económica e à estreita relação com a ilha do Faial.
No que diz respeito à origem dos povoadores, a maioria dos cronistas sustenta que os primeiros habitantes terão vindo da ilha do Faial, sendo de considerar, neste contexto, um importante contributo flamengo no povoamento da ilha do Pico.
- Património -
Destacam-se no seu património natural e cultural, a Paisagem Protegida da Cultura da vinha do Pico, declarada Património Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2004, a Reserva Natural da Montanha do Pico, diversos Sítios de Interesse Comunitário (SIC's) e Zonas de Protecção Especial (ZPE's).
A Gruta das Torres desperta grande interesse no âmbito da vulcanologia, e representa um pouco da história geológica da ilha.
Na área turística a oferta é variada.
O Museu do Pico com os seus três núcleos, o Museu da Indústria Baleeira, o Museu do Vinho e o Museo dos Baleeiros, este último sendo o mais visitado de todos os museus da região e considerado um dos melhores do país, será, porventura, o ex-libris da ilha do Pico em termos histórico-museológicos e até etnográficos.
É de referir, ainda, que a actividade de observação de cetáceos, vulgarmente designada por "whalewatching", representa um papel importantíssimo, quer a nível económico, quer ao nível do aproveitamento conjugado de um "recurso natural" (os cetáceos) com os saberes seculares (actividade baleeira), contribuindo para o aprofundar do conhecimento e da preservação dos patrimónios cultural e natural, que tem uma crescente procura por parte dos turistas que visitam a ilha do Pico.
Ainda no âmbito da oferta turística, existem dois hotéis de 3 estrelas, no concelho da Madalena, um aldeamento turístico, igualmente de 3 estrelas, no concelho das Lajes, um Solar de Portugal (a Casa das Barcas, no concelho de São Roque), entre outras casa de campo e de turismo rural, e adegas, para além dos parques de campismo municipais.
Na restauração há a destacar, de entre a oferta variada, o restaurante O Ancoradouro, situado na Areia Larga, freguesia e concelho da Madalena, expoente da gastronomia da ilha do Pico.
A ilha é servida por dois supermercados, onde se podem encontrar os principais bens de necessidade.
Na área da saúde, existem 3 centros de saúde, um em cada concelho.
Depois de toda esta descrição, que, apesar de tudo, fica bastante aquém da realidade, perguntarão "Mas como podemos chegar à ilha do Pico?"
De facto, já não é a "epopeia" de outros tempos. Actualmente, existem ligações aéreas directas de Lisboa para a ilha do Pico através da transportadora aérea nacional TAP, infelizmente ainda apenas uma vez por semana. Alternativamente, e com outra frequência (dependendo da época do ano), pode-se viajar de Lisboa para a vizinha ilha do Faial e, a partir desta, chegar ao Pico atravessando o Canal de barco (as travessias são diárias e com diversas viagens ao longo do dia).
Quer seja directamente de Lisboa para o Pico, ou de Lisboa para o Faial, a viagem de avião tem a duração aproximada de 2 horas e meia. No caso da travessia marítima Faial-Pico há que acrescentar mais meia hora (no Verão esta travessia poderá ser encurtada para 15 minutos, se for realizada por um dos barcos rápidos da empresa que opera as ligações marítimas do Triângulo).