--- A água e o seu tratamento
Sendo animais de zonas de água pouco profunda, não muito limpa e parada, podendo chegar mesmo a ficar estagnada, os
Betta não são muito esquisitos no que diz respeito à água onde vivem. Assim, esta deverá ser limpa, isenta de germes e de substâncias contaminantes mas não deverá ser completamente desmineralizada ou excessivamente filtrada. Este tipo de água pode ser facilmente obtido a partir de uma fonte natural mas, se o for, deverá ser fervida antes de usar, uma vez que normalmente aquela conterá microorganismos. No entanto, a melhor maneira de obter uma água com as características de dureza (quantidade de calcário) e de pH (acidez) óptimas para a criação da generalidade dos peixes é retirá-la da canalização lá de casa (abastecida pela rede de águas municipal). Esta água é tratada, sendo o seu pH próximo de 7 (neutra, portanto) - aproximadamente 6,5. Tem o inconveniente de conter desinfectantes - substâncias à base de cloro - que matam quase instantaneamente os peixes. Existem várias formas de retirar/eliminar essas substâncias, sendo as mais comuns alguns dos produtos existentes no mercado. O que eu uso, não tanto para eliminar o cloro mas porque funciona também como tratamento para os fungos e outras infecções bucais, é o
Betta plus da Nutrafin. Protege também o exterior do peixe (escamas e pele) em caso de cortes e arranhões. No entanto, a forma mais segura de eliminar as substâncias tóxicas da água é deixá-la num contentor (pode ser um garrafão de 5 litros, tendo o cuidado de não encher até ao bucal, uma vez que é necessária uma boa área de exposição ao ar atmosférico) ao ar durante pelo menos 24 a 36 horas, dependendo da temperatura ambiente (quanto mais frio, mais tempo demora a difusão dos gases). Só assim podemos garantir que a água não irá causar estragos no nosso aquário.
Ora, uma vez que os peixes não gostam muito de ser manuseados, deve limitar-se o contacto com os mesmos. Por esta razão, restrinjo as mudanças de água a uma vez por semana, no máximo duas. É lógico que isto varia de acordo com vários factores: nos meses mais quentes poderá ter que se efectuar um maior número de mudanças de água e menos no tempo frio; quanto mais alimentarmos os peixes maior será o número de mudanças a que seremos obrigados; em períodos de convalescença ou de tratamento a certas doenças deveremos aumentar o número de substituições da água; etc. Normalmente uso um copo de pequenas dimensões (e de preferência de plástico ou isopor para evitar ao máximo as perdas de calor) para retirar os peixes do aquário enquanto procedo às respectivas limpezas. Se se verificar que uma mudança parcial da água é suficiente (por exemplo para limpar os dejectos que se acumulam no fundo) devemos utilizar um tubo de borracha transparente (a transparência permite monitorizar a formação de colónias de fungos ou bactérias ou ainda a acumulação de resíduos no seu interior). Este permitirá, por sifonagem, limpar os resíduos sólidos formados, bem como substituir uma boa porção da água (até 2/3 da mesma) sem ter que se mexer nos animais. Convém manter uma relativamente grande quantidade de garrafões/recipientes com água a "envelhecer" (a perder o cloro) pois nunca se sabe quando ela irá ser necessária.
Em cada substituição de água costumo adicionar umas gotas de um antifungos (normalmente o
Fungistop da Tetra) e/ou de um antibacteriano/anti-pontos brancos (o
Punktol ultra da JBL) na proporção de uma gota para cada litro. Também se deve ter em atenção que a água adicionada deve estar, impreterivelmente, à temperatura da água do aquário.
--- O aquecimento
Se morar num país tropical ou num apartamento com aquecimento central/aclimatização constante, este parágrafo não lhe diz grande respeito. Isto porque, nessa situação, os seus
Betta irão sentir-se (desde que garantidas as restantes condições) praticamente em casa.
Se não vive num clima quente e não possui ar condicionado em casa ou vive, como é o meu caso, num clima que é por vezes excessivamente frio, deverá ter em consideração alguns aspectos. Os
Betta provêm de países cuja temperatura é bastante elevada, mantendo-se, em geral, entre os 15 - 18 e os 25 - 30 graus Celsius. Embora possa sobreviver em temperaturas inferiores a este intervalo, sofrerão bastante em tais condições e nunca serão animais completamente saudáveis, apresentando uma duração de vida bastante reduzida em relação aos que sempre viveram em temperaturas ideais.
Como se pode manter a temperatura de água ideal para a criação ou manutenção destes peixes?
Muitos criadores optam, pois torna-se menos dispendioso, manter o aquecimento da água do aquário ou contentor utilizando para o efeito o calor libertado por certos aparelhos ou mesmo por um aquário maior, colocando aqueles sobre estes últimos. Isto pode ser vantajoso em termos energéticos mas torna-se dispendioso em termos da saúde dos peixes. A temperatura da maioria dos aparelhos (por exemplo, de uma TV ou de um aquecedor/irradiador de parede) não é constante e o calor que se liberta de um aquário não será o suficiente para manter um pequeno frasco ou outro aquário à temperatura necessária, pelo que esta sofrerá flutuações em função da temperatura ambiente. E, pior que as baixas ou altas temperaturas para a saúde dos peixes, são as grandes variações da mesma. Muito embora os
Betta sejam dos peixes mais resitentes às variações de temperatura, tolerando diferenças bruscas de cerca de 6 graus Celsius, isto só deverá acontecer muito ocasionalmente, pelo que as variações frequentes levarão inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo, ao aparecimento de doenças e à morte.
Deve então optar-se, sempre que possível (de preferência, sempre) pela utilização de
aquecedores. São aparelhos que combinam uma resistência eléctrica com um termóstato ambiente e que ligam e desligam em função da temperatura do meio envolvente, possuindo um regulador que permite adaptar a temperatura a cada espécie de peixe ou mesmo ajustá-la ao longo das estações do ano. Este dispositivo deve sempre ser testado antes da introdução dos peixes, os quais só serão colocados no aquário quando a temperatura tiver estabilizado no valor pretendido. Existem várias marcas e modelos no mercado, sendo mesmo vendidos nas grandes superfícies comerciais, mas para a criação deste tipo de peixes devem adquirir-se modelos pequenos (também utilizados para o aquecimento de tartarugueiras) pois são mais económicos (existem de 25 e 50W) e mais fáceis de acomodar num aquário ou recipiente de pequenas dimensões.
Se estivermos a usar frascos pequenos para acomodar vários peixes, estes poderão ser acondicionados dentro de um tabuleiro ou contentor de plástico com água, na qual mergulharemos o nosso termóstato (tipo banho-maria). Nunca deve deixar-se o referido aparelho ligado fora de água, pelo que o não devemos remover antes de desligar da corrente nem deixar evaporar a água de forma a deixá-lo a descoberto (em aquários destapados - sem placa de condensação, que pode ser um mero vidro ou placa de plástico - devemos ir adicionando água periodicamente, de forma a repôr a perdida por evaporação).
Como fazer as mudas de água periódicas?
Os
Betta, embora sejam peixes muito resistentes, mesmo no que diz respeito às variações de temperatura a que são sujeitos (podem tolerar variações de até 6 graus), rapidamente adoecem ou ficam debilitados se os tratarmos com pouca atenção. Deste modo, devemos ter o maior cuidado quando substituimos a água aos animais. Embora o aquário deva ser lavado com alguma periodicidade, uma vez que ocorrerá acumulação de bactérias, fungos e mesmo algas nas suas paredes e sobre os aquecedores, a maioria das mudanças de água pode e deve ser feita por sifonagem. Para tal, devemos ter um tubo de plástico transparente (semelhante aos vendidos para as bombas de aeração) mas de diâmetro um pouco maior e, com o auxílio do mesmo, retiramos cerca de dois terços da água do aquário (cuidado para não deixar o peixe a seco ou o aquecedor emerso, uma vez que o mesmo poderá estalar, com todas as consequências adversas resultantes dessa situação). Este tubo, que se vende em qualquer loja de ferragens (nas casas de especialidade tornam-se um pouco mais caras) é , depois de devidamente lavado e desinfectado, um utensílio muito útil e que servirá também para repor a água retirada. A água nunca deverá ser despejada de uma só vez, pois assim não haverá uma transição gradual das suas características e o peixe estranhará e muito. Um cuidado também muito importante é o de
aquecer a água que irá ser introduzida no aquário até uma temperatura o mais próxima possível da que lá se fazia sentir. Para tal, podem usar-se dois recipientes de plástico bem lavados (eu uso um garrafão de plástico de 5 litros e um alguidar), num dos quais se colocará a água a dar aos peixes e no outro água da torneira aquecida. Colocando-se o recipiente com a água a aquecer dentro do outro com a água aquecida, conseguimos uma eficaz transferência de calor. A água aquecida pode ter que ser substituída, a determinada altura, por mais água quente, pois rapidamente arrefece. Para evitar sobreaquecimentos ou águas muito frias, coloco sempre um termómetro de aquário, em vidro, dentro do recipiente com a água para a substituição. Deve ter-se o máximo cuidado para nunca misturar as águas, mesmo em proporções pequenas, uma vez que o cloro e outros desinfectantes da água da torneira será fatal para os pequenos peixes.
Quando se lava o aquário, o peixe deverá ser retirado para um recipiente lavado (e não usado na culinária nem com substâncias químicas tóxicas ou gorduras) de tamanho relativamente grande para que não arrefecça rapidamente. O aquário deve ser lavado com água e esfregado com um pano ou um esfregão exclusivo para este efeito, pois de outra maneira estaremos a conspurcar, mais do que a limpar, o contentor.
Não se deve mudar a água muitas vezes seguidas e com pouco tempo entre elas (a não ser que o peixe apresente sintomas de alguma doença devida a bactérias ou fungos ou o excesso de comida tenha conspurcado muito a mesma) pois é uma situação muito stressante para os animais.
--- Alimentação
Os
Betta não são peixes muito exigentes quanto à alimentação. Embora varie um pouco de peixe para peixe, normalmente aceitam qualquer tipo de alimento que lhes forneçamos, podendo ser alimentados quase exclusivamente com flocos. No entanto, como qualquer animal (nós, humanos, incluidos) eles necessitam de uma alimentação variada e, como tal, equilibrada para se manterem saudáveis, devendo evitar-se os excessos mas também as carências elimentares.
São vários os tipos de alimentos que se podem fornecer a estes animais: flocos (o mais comum alimento para peixes e encontrado em qualquer loja, da especialidade ou não) e alimentos vivos ou frescos. Nesta última categoria incluem-se pequenas moscas ou mosquitos e suas larvas, lagartas da farinha, microvermes, dáfnias ou "pulgas-de-água", vermes do leite e principalmente
artémias. Estas últimas constituem um dos melhores alimentos devido à facilidade com que se podem criar a partir de ovos secos e também por constituirem um pitéu atractivo e bastante nutritivo. Também podem ser adquiridas
congeladas.
Chama-se a atenção para o facto de que o alimento introduzido é também um potencial contaminante da água do aquário, podendo ser utilizado como nutriente não apenas pelos peixes mas também por fungos e bactérias. Desta forma, toda e qualquer comida deve ser facultada aos pequenos vertebrados de forma lenta e gradual, em doses que sejam rapidamente consumidas. Também se devem evitar alimentos contendo líquidos orgânicos que se dissolverão rapidamente na água ou de rápida decomposição. Por exemplo, recomendo fortemente que a introdução de microvermes, de artémias adultas ou outros que possam conspurcar a água, sejam dados aos peixes algum tempo antes de se fazer uma mudança total da mesma.
Todo e qualquer resíduo alimentar que permanecer na água (e que os Betta não irão comer -são peixes muito esquisitos por vezes no que diz respeito a comida encharcada) deverá ser retirado por sifonagem ou mesmo com a ajuda de uma pipeta de plástico. Desta forma evitaremos a estagnação da água e a infecção dos animais por certas doenças).
Em relação aos meus peixes adultos, alimento-os duas a três vezes ao dia, com pequenas porções de flocos -
TetraBetta - e com larvas vermelhas de mosquito liofilizadas da
Nutrafin. Ocasionalmente dou-lhes também, como complemento e antes de uma muda de água, artémias adultas congeladas.
Boa tarde. Peço ajuda! Após ler intermináveis artigos. Já tive duas tentativas falhadas. Dá-se o acasalamento, os elevinos nascem e um dia depois nem um vivo (deparecem todos), mas vemos o macho a colocá-los em cima no ninho. Não deliniei nenhum espaço para o ninho, o macho escolhe sempre um canto do aquário. Onde estou a errar?
ResponderEliminar