"elites extractivas"
Pela total semelhança com o caso português, é interessante conhecer a “teoria das elites extractivas” (ou ao que eu chamo a “teoria da corrupção institucional”) de César Molinas, economista espanhol. Há uma total identificação do comportamento da classe política da área da governação espanhola com a de Portugal. E, seguramente, que tais comportamentos das classes políticas de alguns outros países europeus não será muito distinta.
Teoria das "elites extractivas" de César Molinas
1. O conceito “elite extractiva” é formulado pelos economistas Daron Acemoglu e Jim Robinson, e o definem como “um sistema de captura de rendimentos que permite, sem criar riqueza nova, extrair rendimentos da maioria da população em benefício próprio”.
2. O economista César Molinas aplica esta teoria ao caso espanhol. Afirma que a classe política espanhola se converteu num “grupo de interesses particular”, que criaram um sistema para captar (ou extrair) rendimentos da população com o fim exclusivo de manter-se à custa do contribuinte, directa ou indiretamente.
3. Esta elite política reproduz-se mediante um sistema eleitoral que não permite a eleição individual de candidatos, senão de partidos. Desta maneira as cúpulas partidárias controlam ferreamente todos os centros de poder do Estado.
4. A elite política espanhola tende a provocar borbulhas económicas de que nunca se responsabiliza, graças a seu controlo sobre os órgãos de regulação. O caso de Bankia (ou na situação portuguesa o caso BCP), é um exemplo claro: destroçaram-na e não se apurou nenhuma responsabilidade. Os políticos também causaram a borbulha imobiliária, pois tinham poder para decidir o preço do solo através de requalificações ou desenvolver planos urbanísticos. Outros exemplos são as subvenções às energias renováveis ou a construção de infra-estruturas desnecessárias, como palácios de congressos ou de justiça faraónicos, centros desportivos não terminados ou auto-estradas que ninguém usa.
5. As reformas estruturais que a situação actual exige foram convertidas em meros cortes e subidas de impostos, (corte nas funções sociais do Estado, aumento de impostos sobre o Trabalho, redução de salários e pensões, privatizações com a venda ao Capital e ao desbarato do património nacional) e não na supressão de fundações, empresas e organismos públicos parasitários. Quer dizer, cortaram nos rendimentos produtivos (a dos cidadãos e empresas privadas) e mantiveram as improdutivas (donde a classe política extrai os rendimentos).