Mostrando postagens com marcador Will Gluck. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Will Gluck. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Crítica: A Mentira (Easy A, 2010)

Indicado a Melhor Atriz Comédia no Globo de Ouro 2011 pela performance de Emma Stone, o longa que tem como principal referência a obra "A Letra Escarlate" de Nathaniel Howthorne, onde o roteiro a adapta para a atualidade, tendo como cenário um colégio norte-americano, com direito a jovem que se sente invisível, líderes de torcida, mascote de jogos de basquete, jovens "religiosos" e conservadores. Acha que já viu esse filme? Pois não se engane, provavelmente você nunca viu nada igual.

por Fernando Labanca

Neste colégio já citado acima, é onde estuda Olive (Emma Stone) aquela que se sente invisível, não se encaixa em nenhum grupo e tem apenas uma grande amiga, a desavergonhada Rhiannon (Aly Michalka), e para se sentir tão "importante" quanto a amiga, Olive mente sobre um encontro com um rapaz e vai além, mente que nesse mesmo encontro perdeu sua virgindade. O problema é que a metida a religiosa Marianne (Amanda Bynes) ouve a conversa e espalha que a jovem não é mais virgem, sendo assim, assunto de todo o colégio, deixando de um dia para o outro de ser a garota que ninguém vê para a garota sem pudores. 

Entretanto, se vendo finalmente como popular, Olive tenta usar este boato a seu favor, e vê a chance perfeita para isso quando seu amigo gay pede sua ajuda para forjar um encontro com ele, para que pudesse desmentir sobre sua homossexualidade e ficar com fama de garanhão. Este plano ganha fama, depois, vem os gordinhos e os caras estranhos que não conseguem ficar com ninguém, e passam a pagar para ela fingir encontros. Entretanto, tudo acaba indo longe demais, ficando cada vez mais impossível reverter a situação e salvar enfim sua reputação.



Basicamente, a história é essa, bem basicamente, logo que o roteiro bem esperto de Bert V. Royal vai muito além disso, há a inserção de inúmeras personagens que entram em cena de maneira inteligente e se desenvolvem muito bem na trama. Desde os estranhos pais de Olive, interpretados por Patricia Clarkson e Stanley Tucci, ao cara que é afim dela, Penn Badgley (o mocinho de Gossip Girl), pois é claro, não poderia faltar o romance, mas até nessa parte o filme acerta, a maneira como eles se conhecem é interessante. Ainda temos a boa presença de Thomas Haden Church como professor de Olive e sua esposa, Lisa Kudrow que surge de repente na trama, mas que eleva o nível, numa personagem crucial para o desenvolver da história e surpreende pelas suas atitudes. Enfim, um grande ponto positivo de "A Mentira" foram as personagens, que de início parecem caricatos e copias de filmes adolescentes, surpreendem ao decorrer da trama.

"Easy A" é uma comédia bastante original, que pega como cenário um colégio norte americano, insere todos os estereótipos possíveis do gênero, e os distorcem, tem como base o óbvio, mas já nas primeiras falas temos a certeza de que mostraria algo um tanto quanto inovador. O modo irônico e satírico como a protagonista enxerga as coisas, inclusive sua própria desgraça, os pais que não fazem os típicos bons exemplos e não tentam converter a filha e toda a maneira como a trama vai sendo desenvolvida, com diálogos ágeis e cheios de referências, sendo uma das melhores, a citação de John Hughes, criador de clássicos como "Curtindo a Vida Adoidado" e "O Clube dos Cinco". O diretor Will Gluck (Amizade Colorida) fez um grande trabalho, num filme dinâmico e cheio de estilo.


O longa trata se assuntos interessantes e mesmo levando tudo no [bom] humor deixa espaço para boas reflexões. A protagonista é extremamente interessante, e ver como ela não se assusta com sua má reputação nos relembra os anos de colégio e como ter má reputação é o que no fundo todos querem, o filme nos mostra isso, o como os bons valores estão revertidos neste nova sociedade, o como ser taxado de pegador é tão importante para os homens e como é importante para as mulheres provarem a todos de que não são santas. O como as pessoas se importam em encontrar uma definição para as outras, em descobrir se fulano é gay ou se fulana perdeu ou não a virgindade, o que tira completamente a liberdade de sermos quem queremos ser, pois a todo momento, é como se devêssemos uma explicação a alguém. Também vemos aquele já citado bullying que é inserido na trama mais uma vez de forma inovadora, sem querer ser moralista, simplesmente mostrando que existe e que querendo ou não, pessoas sofrem com ele. 

Entre tantos pontos positivos, ainda há um outro grande elemento, Emma Stone. Simplesmente magnífico o que esta atriz nos proporciona, carismática, versátil, domina seu texto, sabe ser cômica, mas também manda muito bem nos momentos mais sérios, enfim, se mostra aqui, uma incrível atriz, muito merecido suas premiações pelo papel. O restante do ótimo elenco, também se destacam, para minha surpresa, até mesmo Amanda Bynes e Cam Gigandet. A trilha sonora também fora outro bom ponto da obra, chegando na tela em quase todas as cenas, dando um bom ritmo para o filme, destaque para a incrível sequência de Stone cantando "Pocketful of Sunshine" de Natasha Bedingfield e a divertida relação que a personagem tem com a canção, além das boas músicas de Death Cabe for Cutie e One Republic, entre outras.

Um filme ágil, divertido, com um incrível roteiro, cheio de boas referências e boas idéias. Original, criativo, com bons personagens e incríveis atores em cena. Infelizmente aqui no Brasil, fora lançado diretamente nas locadoras, perdendo grande público que poderia ter ganho. E mesmo se tratando de uma comédia adolescente, o londa de Will Gluck trás inteligência a poderá agradar os mais exigentes, talvez o fato de não ser uma obra muito convencional e ter inúmeras citações de nível elevado explique o fato de não ter chegado aos cinemas. Mas para aqueles que querem ver mais do mesmo, "A Mentira" também se entrega ao casal romântico, e que talvez essa tenha sido sua maior falha, ter criado todo um universo original, mas se render ao óbvio em sua finalização, dando o final feliz que o público gosta de ver. Ainda assim, recomendo.

NOTA: 8,5





sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Crítica: Amizade Colorida (Friends With Benefits, 2011)

Você já deve ter se perguntado o porquê das comédias românticas nunca mostrarem um relacionamento de verdade, desde a maneira como o casal se conhece, passando pelos conflitos até seu final, por muitas vezes, irreal, nos mostram uma fantasia, algo que nunca aconteceria. Pois bem, "Amizade Colorida" vem para questionar tudo isso, e se sai muito bem!

por Fernando Labanca

O longa conta com a presença de Mila Kunis e Justin Timberlake, dois ex-coadjuvantes de peso em recentes filmes premiados, ela em "Cisne Negro" de Darren Aronofski, ele em "A Rede Social" de David Fincher, agora, os dois protagonizam e ambos tem espaço de sobra para provar talento. Dirigido por Will Gluck (de "A Mentira"), o filme muito antes de ter sido lançado já era comparado com outra produção, "Sexo Sem Compromisso", recentre trabalho de Natalie Portman e Ashton Kutcher, que mostrava a relação de dois amigos muito íntimos baseada somente no sexo. Mas desde o ínicio de "Amizade Colorida", percebemos que se trata de uma história bem diferente e no resultado final, é bem superior ao filme de Portman.

Conhecemos Jamie (Kunis), uma bela moça que trabalha recrutando e encaminhando pessoas para grandes empresas, é assim que conhece Dylan (Timberlake) que se interessa numa vaga como editor de sites, área que possui grande conhecimento, mas tem dúvidas sobre morar em Nova York, até que Jamie como parte de seu trabalho, convense o estranho a ficar e prova o quanto a cidade é fantástica e quanto ele cresceria profissionalmente. Assim, surge uma inesperada amizade, logo que ele não conhecia ninguém no local e ela passa a ser sua única companhia. Eis que certo dia, ambos discutem sobre a carência que sentem de sexo, e assim surge uma espécie de pacto, onde transariam quando sentissem vontade e nada de relacionamento sério, ninguém se afeiçoando a ninguém, somente sexo, nada além disso!

Jamie, por sua vez, sempre foi fã de comédias românticas e sempre se questionou porque os relacionamentos perfeitos não existem na vida real, e nisso acaba que criando um bloqueio emocional em si mesma, e mesmo "estando" com Dylan se arrisca em outros relacionamentos paralelos mas que fracassam e acaba sempre parando nos braços de seu "amigo". Até que quanto mais tempo os dois passam juntos, um vai conhecendo mais o outro, a família, os erros do passado, os medos, as fraquezas de cada um e sem que percebam vão criando um laço muito forte entre eles, uma conexão que não haviam planejado.


Gosto de comédias românticas, mas admito que elas são ainda melhores quanto tantam fugir do óbvio e tentam seguir um caminho menos fantasioso e mais realista, casos raros como "500 Dias Com Ela" e "Ele Não Está Tão Afim de Você". "Amizade Colorida" é mais um caso raro, que discute de forma não tão madura quanto os outros exemplos, mas ainda assim, de forma inteligente, onde o roteiro acerta o foco e nos mostra de forma bastante eficiente um "relacionamento moderno", ao mesmo tempo em que questiona as mentiras que a ficção nos conta e como o cinema influencia nossa mente nos fazendo acreditar em mulheres ou homens que não existem. Assim, conhecemos Jamie, aquela que se apega ao cinema e diz não acreditar em relacionamentos como os da ficção, mas que no fundo, ainda espera aquele príncipe, o problema é que Dylan não é bem aquele príncipe, é humano, é fraco, erra e está longe de ser perfeito.

O roteiro é bom, bem desenvolvido, a maneira como o casal se conhece convense, assim como os problemas que enfrentam e o mesmo digo de seu final. Diferente de "Sexo Sem Compromisso", o roteiro não se perde em outros personagens secundários, o foco aqui é o casal, portanto os temas abordados são trabalhados de forma mais eficiente, e os coadjuvantes que surgem não são inúteis e nem bobos como no geral das comédias românticas. Outro ponto positivo é a trilha sonora, muito bem aproveitada nas cenas, com direito a "Closing Time" do Semisonic, em uma passagem divertida em um flash mob bem estiloso e bem realizado. Entre esta, há outras inúmeras cenas boas, diálogos bem escritos e sequências que ficam na nossa mente mesmo depois de já ter terminado.

Mila Kunis é extremamente carismática, diverte e para completar, atua bem. Apesar de jovem, a atriz já possui uma certa experiência frente às câmeras e soube com competência protagonizar o filme. Justin Timberlake para surpresa de toda a nação, atua bem também, e funciona como ator, e ao lado de Kunis, os dois formam um divertido casal, talvez um dos mais interessantes que surgiu este ano nos cinemas, há uma química incrível entre eles, conversam como se conhecessem há anos, há naturalidade em ambas as performances. Dentre os coadjuvantes, vemos o sempre ótimo Richard Jenkins, Jenna Elfman, boa em cena, Woody Harrelson, impecável como amigo gay de Dylan e Patricia Clarkson na personagem mais exagerada do longa e acaba que se saindo não muito bem.

Uma das comédias românticas mais interessantes deste ano, fato! Vale pela química entre o casal principal, só por Mila Kunis e Justin Timberlake já vale o ingresso. Mas ainda há outros elementos que fazem deste filme, uma obra interessante e muito bem realizada. Perde um pouco a força no meio do filme, mas recupera na parte final e termina muito bem. Apesar de questionar a forma como os relacionamentos amorosos são mostrados no cinema, "Amizade Colorida" não foge tanto dos clichês e por muitas vezes segue um caminho já seguido, tenta driblar mas acaba que caindo na armadilha de ser clichê, mas afinal, que mal há nisso? Quando bem inseridos, clichês são válidos e neste caso, funcionou muito bem. Um filme divertido, bem engraçado, entretenimento de qualidade e que também sabe emocionar! Recomedo.

NOTA: 8,5


Outras notícias