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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Meu Nome é Ray (3 Generations, 2015)

Elle Fanning surge irreconhecível para contar a história de um garoto trans. A ideia, que sempre pareceu tão incrível, decepciona quando o que vemos a nossa frente é apenas um filme fraco, preguiçoso e sem personalidade alguma. 

por Fernando Labanca

A trajetória do longa metragem é bastante curiosa. Lançado em festivais em 2015 com o título "About Ray", as críticas não foram muito favoráveis o que fez com que a diretora, Gaby Dellal, tivesse uma decisão bastante arriscada: reeditar seu filme. Logo, depois de tantas datas de lançamento serem alteradas e com um novo nome, passando a se chamar "3 Generations", a obra que já era bastante aguardada devido seu promissor trailer, caiu no esquecimento. Inclusive, aqui no Brasil, sua estréia sempre foi incerta e anos depois, finalmente, chegou apenas na Netflix. Depois dessa demora para podermos conferir "Meu Nome é Ray", a decepção é grande. Não é nada do que parecia ser. Se isso foi resultado de sua reedição, jamais saberemos. O que é nítido, apenas, é que ele está muito abaixo do esperado.


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Crítica: Demônio de Neon (The Neon Demon, 2016)

O diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn chamou a atenção dos críticos com "Drive" (2011), sua obra mais prestigiada, nascendo ali uma expectativa muito grande para seu próximo projeto. No entanto, com a recepção bastante negativa de "Apenas Deus Perdoa" (2013), seu segundo longa-metragem lançado em grandes Festivais, deixou de ser aquele profissional aclamado por todos, ainda que sua obra chamasse a atenção por sua belíssima estética, onde entrega uma forte assinatura. "Demônio de Neon" traz consigo este peso. Seria ele realmente um diretor promissor ou apenas um profissional perfeccionista preocupado em manter uma identidade forjada? Vaiado no último Festival de Cannes, NWR tornou-se quase que uma persona non grata após a exibição de seu filme, perdendo a confiança dos críticos. Cabe agora, esperar a reação do público, que sendo aprovado ou não, sempre haverá aquela curiosidade sobre seus próximos trabalhos.

por Fernando Labanca


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Crítica: Compramos um Zoológico (We Bought a Zoo, 2011)

Cameron Crowe. Nome por trás de grandes obras do cinema como "Quase Famosos" e "Vanilla Sky", retorna depois de seis anos sem lançar um filme, com a história real de Benjamin Mee, um jornalista que resolveu comprar um zoológico, em formato típico "filme para toda a família", o diretor realiza aqui seu trabalho menos autoral, mas ainda assim, emocionante. 

por Fernando Labanca

Antes de mais nada, sou um admirador do trabalho de Cameron Crowe, aliás, foi o elemento que convenceu a assistir este longa, o vejo como um dos melhores diretores de cinema e seus filmes listam entre os melhores que já vi, fato. Então, sou bastante suspeito para analisar sua obra. Mais uma vez ele trabalha com a comédia dramática se destacando, como sempre, a belíssima trilha sonora, marca registrada em sua filmografia. 

Baseado numa inusitada história real, conhecemos o jornalista Benjamin Mee (Matt Damon), que escreve artigos sobre grandes aventuras, mas passa por um momento delicado em sua vida pessoal, perdeu sua esposa e tem de lidar com o luto e ainda dar força para seus filhos, a pequena e doce Rosie (Maggie Elizabeth Jones) e o adolescente revoltado Dylan (Colin Ford), com quem tem uma relação bastante conturbada. Decidido a ter uma vida nova, recomeçar e tentar encontrar a felicidade em outro lugar, já que tudo a seu redor o lembra sua esposa, enfim encontra um local, a casa perfeita, longe de tudo, o problema é que ela já estava habitada, por animais.

Um zoológico abandonado com mais de 200 espécies selvagens e que só se reergueria com um novo dono, e essa era a condição do local, e sem experiência alguma, Benjamin se torna o dono do zoológico e vendo toda aquela nova situação o ambiente perfeito para se reerguer como pessoa e como pai. Junto com a casa e os animais, havia também um pequeno grupo de trabalhadores, como a zeladora Kelly Foster (Scarlett Johansson) que passa a guiá-lo e a jovem Lily (Elle Fanning), a "menina boba da roça" que se apaixona rapidamente por Dylan, sem saber que a grande vontade dele é dar o fora do lugar. 


Há frases que definem todo um filme, neste caso, uma dita por Benjamin "Tudo o que você precisa é vinte segundos de coragem insana, literalmente vinte segundos, e eu prometo que resultará em algo grandioso". É exatamente sobre isso que Cameron Crowe coloca em discussão, a coragem de se arriscar, seja em algo patético, algo em que todos irão dizer milhões de razões para não fazê-lo, mas faça, se arrisque, uma simples ação corajosa pode dar grandes resultados, gerar muitos frutos, pode salvar toda uma vida. Comprar um zoológico é exatamente o que ninguém sonha em fazer e foi exatamente o que ele fez e foi exatamente o elemento que salvou sua vida. E assim como todos os filmes de Crowe, as lições são valiosas, e você terá vontade de estar com um caderno para anotar os belos diálogos. Além, é claro, de falar sobre a dor da perda e nos mostra com bastante delicadeza esta trajetória de luto das personagens, e emociona sem ser melodramático e sem forçar o público a cair em lágrimas, emociona na dose certa e diferente de filmes como "Reencontrando a Felicidade", aqui, aqueles que perderam quem amava tentam de fato reencontrar a felicidade.

Chegou ao cinema há uma semana e já é conhecido como "filme de férias", aquele filme que agradará toda a família e que daqui alguns anos estará na "Sessão da Tarde". Sim, o que de fato é. No entanto, consegue como poucos filmes ser infantil na medida certa para agradar os mais pequenos, mas ao mesmo tempo sabe ser filosófico e inteligente capaz de agradar os mais adultos, tarefa difícil. Admiro a forma como Cameron guiou o longa, sua infantilidade não incomoda, é um ótimo filme para as férias e quando estiver na sessão da tarde, sem sombra de dúvida, será o melhor da programação. Os animais mostrados provavelmente encantarão os menores, e para minha felicidade não surgem na tela fazendo caras e bocas e agindo de forma humana forçando o humor, surgem de forma natural. Há toda uma atmosfera criada, a vida com animais, a relação homem-natureza, enfim, há todo um belo clima que convence e não soa forçado.

Matt Damon me surpreendeu, construiu um ótimo protagonista, realiza grandes cenas, convence desde sua relação com o irmão, interpretado por Thomas Haden Church, com quem tem boa química, até com os mais pequenos, convenceu como pai, e convenceu como o homem completamente perdido neste cenário. Destaque para uma grande cena, onde ele tem uma dura discussão com seu filho, interpretado por Colin Ford, que também surpreende, cheguei a arrepiar. A pequena Maggie Elizabeth Jones é incrivelmente doce e meiga, tem uma atuação notável, não faz a tipica criança-adulta, e por isso chama mais a atenção. Ainda temos Patrick Fugit, um dos trabalhadores e que fez o alter ego de Cameron Crowe em "Quase Famosos", o que explica sua presença aqui, logo que não faz muita coisa em cena, e a bela Elle Fanning, numa personagem bem diferente do usual, eu diria, gostei da forma como ela fez sua personagem e mesmo não tendo tanto espaço, se destaca (que aliás, provou este ano ter guiado sua carreira bem melhor que sua irmã, Dakota, cada vez mais perdida). E Scarlett Johansson, deixando de lado seu lado mais sexy e praticamente sem maquiagem, aparece mais masculinizada, mas ainda assim, bela, e se sai bem. 

Destaque para a trilha sonora de Jónsi, vocalista da banda islandesa Sigur Rós, elevando e muito o nível do filme, graças a ela, algumas sequências são um verdadeiro espetáculo, vale citar a belíssima canção "Hoppípolla", tocada na cena final. Boa trilha sonora, muito filmes possuem, a diferença é que Cameron Crowe sabe como pouquíssimos cineastas manuseá-las de forma tão competente. O longa peca pela falta de conflitos durante a projeção, há sequências que parecem que nada está realmente acontecendo e também por forçar um relacionamento entre as personagens de Damon e Johansson, o que de fato não há química nenhuma entre eles, teria terminado melhor se terminassem como amigos, teria sido mais maduro e surpreenderia por isso, mas infelizmente se rende ao óbvio, além de tentar ser engraçado em algumas passagens, mas falha, as partes mais dramáticas se destacam. Mas no geral, um filme adorável, bem família, que sabe emocionar e encantar facilmente, devido a trilha sonora e a direção impecável de Cameron Crowe que tem o dom de transformar um simples ato do cotidiano numa cena grandiosa. Há boas intenções, boas frases de efeito e idéias nada inovadoras, entretanto, tão bem realizadas que vale a pena ser admirada. Não é tão bom quanto os outros trabalhos do diretor, mas ainda assim, um trabalho notável. Recomendo.

NOTA: 8





segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cinema: Super 8 (Super 8, 2011)


Em 2009 surgia nos cinemas "Star Trek", mostrando os eventos iniciais desta famosa franquia, grande responsabilidade para um diretor quase que iniciante, JJ Abrams, a mente por trás da série "Lost" encarou o desafio e fez não só um dos melhores filmes daquele ano, como uma das mais fantásticas ficções científicas desta década. Era fato, a sétima arte revelara um talento. Este ano, Abrams surge com "Super 8" e prova de vez que é um dos bons diretores da atualidade, numa trama criativa que relembra os clássicos da década de 80, para guiá-lo ninguém melhor que Steven Spielberg, que trabalha aqui como produtor. O cinema precisava relembrar o que já foi bom, "Super 8" veio na hora certa.

por Fernando Labanca

Verão de 79. Joe Lamb (Joel Courtney) é um garoto apaixonado por cinema e junto com seus amigos, Charles, Martin e Cary tentam concluir um filme caseiro de terror trash para participarem de uma competição local de jovens cineastas. Até que devido a um acidente, sua mãe falece, tendo que conviver apenas com seu pai (Kyle Chandler), que nunca soubera exercer a função de pai muito bem, sempre muito afastado e nunca compreendendo os sentimentos do filho. Joe, então, decide rodar o filme e esquecer seus problemas, tudo melhora, aliás, quando a atriz convidada para a única personagem feminina da trama é a garota que estava afim no colégio, Alice (Elle Fanning). Até que certa noite, quando eles resolvem filmar numa estação ferroviária, acontece um evento curioso, um trem em alta velocidade atravessa os trilhos chocando com uma caminhonete, causando uma enorme colisão.

Deste acidente, uma teia de acontecimentos começa a surgir na pequena cidade Lillian. O exército que já rondava o local passa a ir atrás de pistas para o ocorrido e compreender o que aquele motorista fazia naquele momento, o mesmo fazem os garotos que percebem que não fora um mero acidente. Não muito tempo depois, coisas começam a desaparecer, além de cachorros e pessoas, deixando um ar de mistério e suspense por todas as ruas. Mas havia uma Super 8 no memento da colisão que poderá revelar muitas respostas.

Este ano, "Super 8" iniciou uma divulgação pesada, desde teasers nos cinemas ou pequenos vídeos na internet que nada revelavam do que realmente se tratava o filme. Esse mistério valeu a pena, essa curiosidade que eles conseguiram plantar no público (pelo menos em mim, deu certo) fez com que cada cena ali na tela fosse uma grata surpresa. Há um mistério que cerca o filme inteiro e a maneira como ele é guiado é digno de grande produção Hollywoodiana, há um bom suspense e JJ Abrams acerta mais uma vez, sabe guiar esses acontecimentos. O roteiro é fantástico, em questão de minutos, inúmeros fatos ocorrem, toda a história se altera e tudo flui de forma objetiva, clara, sem parecer forçada ou acelerada. Tudo acontece em seu tempo, mas sem muitas enrolações, o mistério funciona muito bem e nos prende do início ao fim! Trabalho de gênio.



Trabalho de gênio de JJ Abrams, não só por ter conseguido amarrar o suspense, mas por ter feito algo de altíssima qualidade, resgatou o que houve, não necessariamente de melhor no cinema, mas de uma fase cheia de ingenuidade e que sentimos falta às vezes, filmes como "ET" ou "Goonies", onde crianças são as protagonistas, e há aquela aventura bem desenvolvida e todo um clima de inocência, que entretem e diverte. "Super 8" é uma belíssima homenagem a este cinema que ficou para trás, uma homenagem as nossas "sessões da tarde", mas diferente de todo o resto que trabalha em Hollywood, JJ Abrams resolveu não adaptar ou refilmar algo já criado, ele encarou o desafio de fazer algo novo, e utilizando deste clima nostálgico para inserir uma trama completamente diferente. A idéia funciona muito bem, a história é bem simples, poderia muito bem ter sido criada na década de 80, assim como os clássicos de Spielberg que ainda fazem sentido nos dias de hoje. E toda esta nostalgia mesclada com a tecnologia que o cinema possui, há grandes efeitos, mas felizmente ficam em segundo plano.

Por outro lado, "Super 8" peca pela sua conclusão. O roteiro arma toda uma estrutura gigantesca, com grandes acontecimentos e querendo ou não, nasce dentro do público uma expectativa muito alta a cada minuto, esperamos um grande final, surpreendente, e infelizmente isso não ocorre. O filme termina e fica um certo vazio, não teve o final que merecia, a razão para todo o mistério é simples demais, parece pequeno diante de todo o filme. Mas ainda assim, este defeito não destrói o beleza do longa, o propósito dele é ser simples. Ainda vemos na tela, ótimas locações, e uma bela construção dos anos 70/80, desde os cenários ao fantástico figurino, tudo remete perfeitamente aquela época e aos filmes que vimos deste tempo.

Quem brilha mesmo na obra, é sem sombra de dúvida seu elenco de jovens atores, garotos, que agem como garotos e que conseguem levar o filme nas costas com tranquilidade, são verdadeiros protagonistas, que nos guiam, nos diverte e nos emociona em determinadas partes. As atitudes desses meninos convencem, desde a paixão pelo cinema, a relação familiar e a descoberta de um novo amor. Joel Courtney, com mais destaque na trama, funciona bem, assim como os outros garotos com quem contracena. Os veteranos Kyle Chandler e Noah Emmerich também não decepcionam. Mas o destaque de "Super 8" vai para a interessantíssima Elle Fanning, que vem desenvolvendo um ótimo trabalho nos cinemas, e aqui ela brilha e logo nas primeiras cenas vemos seu grande talento.

Sim, "Super 8" tem seus pequenos defeitos, mas ainda digo com toda a certeza, é um dos filmes mais interessantes que fora lançado nos cinemas este ano, por revitalizar uma parte morta na sétima arte, um estilo que se perdera no caminho, e ainda assim conseguir ser original. É muito bom ir ao cinema em pleno 2011 e se deparar com uma idéia como esta, me senti entrando numa máquina do tempo, quando os filmes que hoje vemos na "sessão da tarde" eram lançados em tela grande. Aliás, ao ver "Super 8" realmente me senti vendo um filme "sessão da tarde" e pela primeira vez senti que isso não era um defeito e sim uma grande qualidade, é um ótimo filme sessão da tarde, que merece ser visto, apreciado. Palmas para JJ Abrams, mais uma vez: TRABALHO DE GÊNIO!

NOTA: 8


segunda-feira, 14 de março de 2011

Sofia Coppola em Um Lugar Qualquer

Filha do gênio Francis Ford Coppola, a jovem diretora provou que tem comepetência para estar entre os grandes nomes de Hollywood, não por ser simplesmente filha de uma grande diretor, mas por um talento próprio. Depois de uma tentaiva frustada em se tornar atriz entre as décadas de 70 e 90( e isso envolve Framboesas de Ouro e tudo o mais) , Sofia resolveu permanecer no cinema, mas de outra forma, dirigindo, e hoje agradecemos sua escolha, pois é sim, uma das melhores diretoras da atualiadade e em uma pequena filmografia provou que pode ir muito longe. Mostrando sempre uma visão feminina sobre diversos fatos, filmando com delicadeza e muita simplicidade, Sofia construiu quatro pequenas obras-primas, e antes de comentar seu mais recente trabalho, "Um Lugar Qualquer", lembrarei seus belos trabalhos anteriores...

por Fernando Labanca


As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides, 1999)

Começou muito bem, e hoje, olhando para trás, foi sua melhor obra! Baseado no livro de Jeffrey Eugenides, o filme conta um grande acontecimento na vida de quatro garotos na década de 70, quando conheceram as cinco filhas da família Lisbon. Loiras, belas, com um ar de inocência e ao mesmo tempo, mistério: Cecilia, Lux, Bonnie, Mary e Theresa.

As garotas viviam sobre o forte conservadorismo de seus pais, eis que a mais nova, Cecilia tenta suicidio, mas não dá certo, assustando seus pais que resolvem integrá-las a comunidade, fazendo elas se socializarem acreditando que este era o problema. Mas numa festa, Cecilia tenta novamente e conclui com secesso seu plano e morre. Para desepero dos pais que passam a ser mal vistos pelas outras famílias.

Aproveitando a liberdade, Lux (Kirsten Dusnt, incrível), a mais rebelde, passa a se relacionar com o bonitão do colégio (Josh Hartnett) e perde sua virgindade, mas é abandonada e ao chegar tarde em casa, ela e suas irmãs passam a ser punidas de forma cruel, passam a ser prisioneiras na própria casa, é quando resolvem se comunicar por sinais com os vizinhos, os quatro garotos que as idolatravam, eram suas heroínas, tentaram durante anos resolver os mistérios que rondavam a casa das Lisbon.

Um filme intrigante, assustador, melancólico, mas ao mesmo tempo, belo e sensível. Sofia Coppola consegue com competência nos trasportar para a época, nos envolver com as jovens assim como aqueles garotos, e apesar do modo feminino e delicado de mostrar os acontecimentos, conhecemos a história pelo olhar dos meninos, portanto algumas perguntas não são respondidas, mas também, como compreender o suicidio? Como entender as mentes complicadas das adolescentes, que assim como dito certa hora, "as meninas era mulheres disfarçadas que entendiam o amor e até a morte". Vale ressaltar algumas árvores que durante o filme são cortadas, que de acordo com a prefeitura estavam mortas, e assim como aqueles que cortavam os troncos, impedindo que a natureza fizesse o trabalho completo, os pais Lisbon também impediram, de certa forma, que suas filhas seguissem o curso natural das coisas.

Belíssima fotografia, ótimo roteiro e destaque também para a trilha sonora, sempre o ponto alto de seus filmes. Kirsten Dunst está ótima, a melhor atuação do filme, apesar dos poucos diálogos, a atriz é notável.

NOTA: 9.0


Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003)

Rodado em apenas alguns dias, o filme foi uma revelação em 2003, ganhando o Oscar de Melhor Roteiro Original, além de 3 Globos de Ouro e 3 Baftas. Conta com Scarlett Johansson e Bill Murray nos papeis principais, ainda conta com participações de Anna Faris e Giovanni Ribisi.

Conhecemos um ator decadente, Bob Harris (Murray), norte-americano que passa uma temporada em Tóquio para gravar um comercial, se sente solitário neste mundo desconhecido, um completo estranho, além do vazio de sua vida pessoal, um péssimo marido e um pai ausente. Não muito longe na grande cidade, uma bela moça (Johansson), vive isolada em seu apartamento a espera de seu marido (Ribisi) que trabalha e ambos vivem um relacionamento vago, aquele que já caiu na rotina.

Perdida neste mundo, onde a língua e os costumes são outros, passa a enxergar sua vida de outra maneira após conhecer Bob. Ambos se unem, para combater a solidão e o vazio que sentem de suas vidas, e passam a ver Tóquio em outras cores, descobrem novos lugares e assim nasce uma amizade sincera, não uma paixão, mas uma relação de companheirismo, de carinho.

Sofia Coppola surpreende como diretora, criando mais uma pequena obra-prima, com trilha sonora eficiente, e boas locações, cenas belas aos olhos e mais uma vez, poucos diálogos, onde a imagem fala por si, e o silêncio, logo se subentende, o vazio das personagens. Em alguns minutos de filme, o roteiro nos mostra essa sincera relação, e nos faz refletir sobre o vazio que pode ser a vida, sobre nossas vidas que muitas vezes não fazem o menor sentido.

Bill Murray em um dos melhores momentos de sua carreira e a revelação de Scarlett Johansson, que se encaixou perfeitamente em sua personagem e também marca um momento notável de sua belíssima trajetória como atriz. O longa perde alguns pontos pela lentidão, pela monotonia e pela falta de ritmo de algumas sequências.

NOTA: 7.0



Maria Antonieta (Marie Antoineitte, 2006)

Mais uma vez contando com Kirsten Dunst como protagonista, o filme dividiu opiniões entre os críticos, onde grande parte deles o julgaram como algo vazio de conteúdo, sem nenhuma relação com a história e principalmente pela inserção de uma trilha sonora completamente fora de época, o inddie rock!

Ao som de Natural's Not In It da banda Gang of Four, conhecemos Maria Antonieta, com seus belos vestidos e cabelos empecáveis e muita maquiagem. Para manter uma relação política e cultural entre Austria e França, a austríaca Maria é levada aos 15 anos para o Palácio de Versalhes para conhecer seu mais novo pretendente, Luis XVI (Jason Schwartzman), o príncipe até então. Aos se casar adolescente, ela passa a ser mal vista pela alta sociedade por não dar ao filho do Rei um herdeiro e passa a sofrer grande pressão do todos ao seu redor. Aos 19 anos vira rainha, quando Luis XV morre, enquanto isso, a França passa por grandes problemas sociais.



Mas uma jovem no poder, o que ela mais esperaria de sua vida? Maria Antonieta queria era as festas, maquiadores ao seu dispor, muitas e muitas roupas, ousar em seu modo de vestir e em seus cortes de cabelo, além disso, viver a vida com tudo o que ela acreditava ter direito, com tudo com que seu dinheiro pudesse comprar.

Basicamente o filme é isto. Assistimos as ilusões de uma vida perfeita de Antonieta e o longa de Sofia não prende nos problemas que o pais enfrentava, nem nas guerras que aconteciam, o foco é somente a superficialidade deste mundo e aqui ela não perdoa e mostra um retrato que pouco se viu nos cinemas, em filmes de época, Sofia nos mostra a futilidade desta vida e as falsas relações que todos mantinham.

Ao meu ver, o mais ousado filme de época que vi, Sofia faz sua visão da história, pega um acotecimento real e faz sua releitura, não uma cópia de outro filme de época já feito, um projeto único e muito original. A trilha sonora composta por ótimas bandas como The Strokes, New Order e The Cure, faz uma incrível metáfora a vida de Maria, uma jovem que estava no lugar errado, não pertencia aquele tempo, não pertencia aquela vida. Destaque para o incrível figurino que venceu o Oscar, além de um design de produção riquíssimo, cenários, maquiagem, fotografia, tudo em perfeito estado.

NOTA: 7.5




Um Lugar Qualquer (Somewhere, 2010)

Vencedor do Leão de Ouro como Melhor Filme no Festival de Veneza e um grande sucesso aqui no Brasil na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ano passado. Sofia Coppola retoma o mesmo estilo que a consagrou, repetindo as mesmas fórmulas de "Encontros e Desencontros".

Johnny Marco (Stephen Dorff) é um ator bem sucedido de Hollywood, e após sofrer um acidente nos set de filmagem, quebrando um braço, passa uns dias de repouso no hotel Chateau Marmont. Com uma péssima reputação, separado de sua esposa e um pai ausente, passa as horas com toda a futilidade que o mundo de Hollywood pode oferecer, jogos eletrônicos, novas roupas e strippers ao seu dispor.

Eis que sua rotina é abalada com a presença de sua filha de 11 anos Cleo (Elle Fanning), que passa a frequentar seu apartamento com bastante frequência. Ele a deixa entrar em sua vida, e a jovem passa a acompanhá-lo em sua vazia rotina, dias na beira de uma piscina, comida nos mais requintados restaurantes, festivais, premiações, divulgação de trabalho. Mas nem tudo permanece a mesma coisa, com a aproximação da filha, Johnny passa a refletir sobre suas escolhas, sobre os rumos que seguiu e percebe que ser um pai de verdade, pode enfim lhe trazer algum sentido para sua vida vazia.

Poucos diálogos, filme rápido, objetivo. Uma sequência de belas imagens ao som de músicas de qualidade como Foo Fighters e The Strokes. Assistimos como um video caseiro toda a rotina deste astro do cinema, aquele ser que todos idolatram, mas ninguém sequer imagina o quão sem sentido pode ser sua vida. Assistimos a bela e sensível relação que nasce dessas duas pessoas, pai e filha, em sequências ás vezes até que divertidas outras até que emocionantes, como o final.

Stephen Dorff entra na brincadeira de Sofia e interpreta com competência seu Johnny Marco, acreditamos em seu sucesso externo e sua decadência pessoal, diverte com suas expressões e se mostra um ator interessante pouco explorado por Hollywood e depois deste filme, digo, com toda certeza, um talento desperdiçado e este é sim, um de seus melhores trabalhos como ator. Elle Fanning é uma grata revelação, depois de participar de grandes projetos como "Babel" e "O Curioso Caso de Banjamin Button", a atriz se mostra bem a vontade, natural e constrói ao lado de Dorff uma bela química.

Mesmo indo contra a muitas pessoas que acompanham a carreira da diretora, acredito que "Um Lugar Qualquer" apesar das inúmeras semelhanças com "Lost in Translation", seja ainda melhor que seu trabalho de 2003. Consegue ir mais ao ponto, conclui melhor, e mesmo tendo menos diálogos, os poucos que existem, são mais impactantes e mais expressivos. Um belo filme, divertido, encantador e emocionante. Daqueles que a gente assiste e tem a vontade de levar para casa.


NOTA: 8,5


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