Formatura - Emoções diversas

No meu tempo, a “Formatura” era uma coisa estranha.  Era uma solenidade cansativa onde os formandos entravam em fila, se posicionavam e depois eram chamados um por um. Então, vinham os discursos dos oradores, paraninfos e etc...

Como o nome está dizendo, era muito formal e com muita seriedade. Ao sermos chamados, cumprimentávamos os professores na bancada, recebíamos o canudo e voltávamos para o lugar.  As fotos eram tiradas do jeito que dava com a gente em movimento.

Os amigos e os parentes iam para dar moral, mas era uma coisa tão maçante para eles que um dos meus colegas formandos disse:

            – Devíamos convidar nossos inimigos para formatura e não os amigos. 

Naquele ambiente tão sério, tínhamos que segurar as risadas, o que fazia com que a coisa se tornasse muito chata mesmo sendo um momento único na vida da gente. 

Eu me lembro da quentura que subiu pelo meu peito quando entrei no salão de atos da PUC-RS ao som da música tema do filme Carruagens do Fogo. Foi uma emoção tão indescritível que só quem passou por isto para entender.

Devido ao meu envolvimento, nem me passou pela cabeça a emoção que meus pais, que fizeram tanto esforço para que eu me formasse, tiveram naquele momento.

O que mudou nas formaturas para os tempos de hoje?

Bom! Analisando bem, ainda é uma solenidade cansativa onde os formandos entram em fila, se posicionam para depois serem chamados um por um e blá blá blá...

Porém, hoje está muito mais divertido.

Os formandos escolhem uma música para tocar quando são chamados e podem dançar, fazer gracinhas, se abraçar e fazer pose para fotos. Ainda, nós da plateia podemos gritar. O que torna tudo muito mais interativo e divertido.

Eu não sou supersticioso, mas meu número preferido é o 15, meu filho nasceu em um dia 15, o dia do Analista de Sistemas, área que eu atuo, é 15 de agosto e justamente neste dia, o 15, meu filho se formou em Ciências da Computação.

Ao ver meu filho entrando no salão de atos da PUC-RS repetindo o mesmo ritual, em um curso similar ao que eu fiz, ao som da música tema do 007, que é a música que eu escolheria para mim se tivesse a opção na minha época, eu posso imaginar o que ele sentiu, mas só então percebi e entendi a emoção que meus pais sentiram quando eu me formei.

Não dá para explicar. É preciso sentir. É preciso viver.

As lágrimas foram generosas, pois não vieram para não me cegar assim me deixando deliciar aquele momento que eu ainda não havia vivido como coadjuvante. Afinal, participar de formaturas de amigos, por mais carinho que temos,  não é a mesma coisa que de um filho.

Tirando a corujice de um pai babão e orgulhoso, tudo parecia que seria um final de formatura normal até o momento que o Diretor do Centro Acadêmico, representando o Reitor, anunciou que havia um prêmio para o aluno de melhor média de notas. Bom! Acho que já estraguei a surpresa do texto... (pausa para as lágrimas) ... mas é isto mesmo.  Ele anunciou o nome do Rodrigo, meu filho.

Eu confesso que não esperava. Não por achar que que ele não tivesse condições e sim porque entre tantos formandos é uma coisa muito difícil e o foco ali era a graduação. Porém, quando o Diretor falou do prêmio eu pensei “por que não?” com a esperança de qualquer pai naquela situação, e quando o nome foi anunciado, eu dei um grito e um pulo da cadeira como se eu estivesse em um estádio na hora de um gol do meu time em final de campeonato. Só que em um gol, a gente fica de 3 a 5 minutos comemorando, se abraçando com o vizinho do lado que nem conhece e dependendo da situação do jogo ficamos comemorando por mais tempo, e naquele momento da premiação, não fiquei em pé por muito tempo. Enquanto a nossa família permaneceu levantada, eu sentei porque a emoção foi tão forte que não consegui me sustentar. Lágrimas me vieram aos olhos, mas não escorreram, respirei fundo e sorri.

Eu já dei os parabéns a ele, mais de uma vez, mas agora não é hora de parabeniza-lo e sim dizer apenas uma coisa:

– Obrigado, meu filho!