O Espírito da Coisa acrilico sobre tela
60X90cm
Julho de 2008
Esta é a tela que dá o título à exposição (em boa verdade é mais o contrário mas, enfim...). A estrutura geral da composição foi rapidamente encontrada. O que demorou mais tempo a definir foi a personagem central. Acabou por ser um rapazinho (uma memória do careca em 1º plano?) mas antes foi uma rapariguinha. É mais um exemplo da forma como determino a natureza iconológica dos meus trabalhos que resultam de longos momentos defronte à obra inacabada, reflectindo sobre o que me está a obra a dizer e sobre o que lhe estou eu a dizer a ela. Acabamos por estabelecer um compromisso que depois é apresentado ao observador eventual para que faça dela o que melhor entender ou for capaz de fazer.
Em termos formais, esta tela é um pouco conservadora se tiver em conta as experiências que tenho vindo a fazer nos últimos meses. As figuras dançam entre os meus adorados góticos (embora não consiga a lisura nem o brilho dos meus ídolos desse período) e a crueza do mestre Goya, que tanto observo quando estou a pintar.
Enfim, não querendo parecer aquilo que nunca serei, é uma pintura razoável, sem grandes virtuosismos (porque os não tenho nem domino) mas carregada de dramatismo romântico, como eu gosto.
Em termos técnicos posso frisar que se trata do resultado de um exercício que me foi proposto por Jorge Pinheiro, quando fui seu aluno na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Os tons mais profundos foram alcançados sem recorrer nunca à tinta preta, embora por vezes isso seja difícil de acreditar.
Nota: a foto é realmente muito má.