M.I.A.* alerta autarquias e a população!
Estiveram vários elementos do Movimento Ibérico Antinuclear presentes
em Seia no simpático, mas a necessitar de mais envolvimento, festival de cinema
ambiental o Cine-eco, este ano sob o epigrama Nuclear, Não Obrigado.
Neste foram passados dois documentários notáveis sobre Chernobyl (um o
grande prémio!) e duas excelentes peças jornalísticas sobre Almaraz. De referir
ainda um interessante sobre a história do urânio (também premiado!), todavia
dando todavia pouca importância às consequências e ligações desta mineração,
que felizmente contou com as palavras informadas de António Minhoto, da
comissão dos ex-trabalhadores.
Mas foi no dia dos documentários sobre Almaraz que
houve debate, a sério.
Nesse podemos confirmar que a nossa Protecção Civil está entregue a Nª
Senhora de Fátima no que se refere a qualquer hipotético acidente nuclear.
Numa altura em que os trabalhadores do Conselho de Segurança Nuclear (C.S.N.) espanhol, denunciam a administração
do mesmo e referem o paralelismo entre o que se passou Fukushima e “que o
contribuiu para a gravidade do acidente e o que nos diz o C.S.N.” sobre
Almaraz.
No debate ficou claro que a nossa Protecção Civil:
1- tem um plano de evacuação que deve estar no mesmo local onde estava
o plano de emergência e de evacuação de Chernobyl. Fechado no cofre forte da
central... que explodiu.
Pois esse plano de evacuação, a existir, é ignorado pelas autarquias do
Tejo de Castelo Branco e de Portalegre, é ignorado pelas forças vivas, escolas,
associações profissionais, sociais, sindicais ou empresariais. Ninguém conhece,
ninguém ouviu falar, nunca foi feito qualquer simulacro, não há nenhuma
preparação, de nada, nem o envolvimento de ninguém, nimguém mesmo. Está fechado
nalgum cofre...
Numa altura em que o risco de uma central com um imenso historial de
incidentes, e acidentes, mesmo tendo já que motivado o quase fecho do
abastecimento de água a Lisboa nos anos 80, numa altura em que as peças
defeituosas motivam alarme nas centrais francesas mas são tidas por
irrelevantes pela administração do C.S.N. (mas não pelos seus técnicos e
cientistas!), a nossa Protecção Civil refere que tem um plano de evacuação.
“Fia-te na Virgem e não corras” disse um dos membros do M.I.A. quando
um responsável da Protecção civil o anunciou.
Autarquias é hora de agir!
2- Mas mais grave foi o total, total e absoluto desconhecimento pelo
mesmo responsável da Protecção Civil da
intervenção de emergência necessária. Seja o lançamento na rede de água de
iodo, seja a disponibilização de pastilhas aos cidadãos das zonas afectadas.
Na Bélgica e em muitas zonas da Alemanha todos os cidadãos já tem esse
fornecimento, por lei. Por cá um encolher de ombros e “não é connosco é um
problema de saúde”.
É imperativo que alguém, e desde logo as autarquias sujeitas a graves
consequências no caso de um imponderável nesta central nuclear, se imponham,
uma vez que a acção do nosso ministro do Ambiente, que tem um pedido de
audiência do M.I.A há bastante tempo e que ao contrário do Parlamento e das
autarquias não quer ser informado do que se passa nestas centrais, (a acção do
nosso ministro do Ambiente continua a ser ao arrepio do tratado luso-espanhol e
das directivas europeias, escassa e dispiciente).
É imperativo que as autarquias estejam alertas, exijam que se façam
exercícios de evacuação e sejam disponibilizadas pastilhas de iodo para as
populações, ou sejam armazenadas em condições adequadas.
O M.I.A., todas as inúmeras organizações e forças políticas e sociais
portuguesas, extremenhas e ibéricas que se têm empenhado a uma só voz, exigem o
encerramento, imediato, de Almaraz. Porque a sua produção é desnecessária e
negligenciável, porque é demasiado arriscada a continuação da sua laboração,
porque os riscos sociais ambientais são tremendos.
Mas também exigimos que todas as medidas de segurança das populações,
todos os meios de minimizar riscos, que infelizmente não se compaginam com
documentos fechados em gavetas, ou acções depois da hora do acidente.
A nossa Protecção Civil deve ser desde já pro-activa e é isso que deve
ser a exigência das autarquias e das forças sociais de todo o país!
António Eloy
*Movimento Ibérico Anti-nuclear
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