Então...Murphy me ama. Mas nem é sobre ele que eu vou escrever aqui.
Na quinta cai na rua, uma lombada no asfalto eu atravessando apressada o pé virou e lá fui eu. Caí em frente de um bar onde algumas pessoas assistiam algo na TV. O que quero contar começa exatamente nesse ponto.
_Senhora, não se assuste. Posso lhe ajudar?
Eu estava sentada no chão e do meu ângulo só vi os pés. Descalços, imundos como quase sempre estão os moradores em situação de rua.
_ Não precisa já vou levantar. É só parar de doer.
_Não fica com medo. Eu sou técnico de enfermagem. Posso tirar o seu tênis?
Ele estava abaixado na minha frente e algo naquele olhar me convenceu.
_Pode...eu respondi chorando bastante.
Ele tirou o meu tenis, virou meu pé para um lado, para o outro, pra cima, para baixo, pediu que eu mexesse os dedos.
Olha, com certeza não é uma fratura grave ou a senhora não conseguiria fazer esses movimentos. Era bom ir tirar um rx. Colocar bastante gelo, passar algo tipo o "doutorzinho".
Eu olhei pra ele sem uma palavra.
_ A senhora deixa eu levantar?
Balancei a cabeça que sim. Ele era tão magro, estava tão sujo.
_Você me aguenta?
_Pode deixar eu sei fazer isso.
Me segurou pelo dois braços, quase um abraço e me colocou de pé.
_Quer que eu lhe acompanhe até em casa?
_Não meu filho, tem uma pessoa me esperando ali bem pertinho.
_Vai com Deus e coloca gelo!
Bem...naquela tarde acabei na São José e depois de um rx foi descoberta uma microfratura no tornozelo. Nada grave, como disse o meu amigo da rua.
E desde então eu só penso nele e no tanto de preconceito que temos com quem esta em situação de rua. A gente não sabe a história por trás da pessoa, por vezes eles nos são até invisíveis. Quantos motivos levam uma pessoa a essa condição? Nem todos são agressivos, ladrões, desocupados, drogados.
Ele foi a única pessoa que levantou de onde estava e veio me ajudar.
Um anjo, desses que a gente encontra no caminho disfarçado de gente.
Que Deus o proteja pra todo o sempre. Quanto a mim, quando eu puder vou catar esse rapaz em Copacabana e vou sentar e conversar com ele, quem sabe e se ele quiser eu consigo ajudar e retribuir o tanto de carinho que ele me deu....ah vou mesmo!
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