quinta-feira, julho 12, 2018

TAMANHO ÚNICO!



Se teve uma coisa que fiz na Itália foi andar de barco. Sem grandes navios. De barco mesmo. Barco com muita gente, barco somente com nosso grupo, lancha tranquila, lancha com emoção.
Fui a diversas ilhas. Desde as fantásticas que formam o arquipélado de “ Cinque Terre”, até algumas famosas como Portofino ( A pérola da Riviera) o destino dos ricos e famosos em suas férias de verão.
Mas foi em Isola Bella que aconteceram os fatos que vou narrar.

Cheguei na ilha um tanto enjoada por conta do barqueiro italiano que fez acrobacias com a lancha, o que além de me provocar medo me irritou profundamente. Ora, se eu quisesse emoção ia para Everest na Disney.
Ao desembarcar o guia nos levou até um museu que tinha um lindo jardim...por 30 euros. Perguntei a recepcionista que tipo de museu era, ela com a simpatia italiana disse:
_ Não sei...
Se ela não sabia, porque eu deveria saber.
Sai dali e fui gastar os 30 euros em outro lugar.

Sem ser o museu, a única atração de Isola Bella é uma mini Feirinha de Itaipava. E lá vou eu catar coisinhas pra comprar e passar o tempo.
Um imã de geladeira aqui, uma pashmina ali...até que dei de cara com a blusa.
Linda, com uma estampa bem moleca da Audrey Hepburn!
Parei no ato e me aproximei toda sorridente. Pequei na pontinha da blusa e olhei para a vendedora dizendo:
_ Quanto costa?
A garota me olhou de cima a baixo e balançou a cabeça negativamente. Perguntei novamente:
_Quanto costa?
Ela nem me respondeu, pegou grosseiramente a camisa da minha mão e apontou a etiqueta – taglia unica.
E completou com um olhar de desprezo:
_ non per te
Virei imediatamente e sai dali me sentindo a Mobi Dick em pessoa.
Um misto de tristeza e indignação. A blusa era grande! Tamanho único grande!

Continuei andando amuada e umas duas barracas a frente encontrei meu grupo, fomos tomar um café num bar de roqueiros e depois eles foram tirar fotos.
Eu estava inquieta. A blusa não me saia da cabeça. Muito menos a atitude da vendedora.
Parei para olhar umas bolsas e acabei falando em português. Uma surpresa quando uma italiana que passava traduziu para a vendedora o que eu perguntei.
Sorriu pra mim e disse que amava muito o Brasil. Que o seu sonho era morar aqui.
De repente seus olhos encheram de agua e ela falou que seu grande amor era brasileiro e que tinha morrido em um acidente.
Eu esbocei falar alguma coisa em italo-espanhol-libras.
Quando ela ligou o celular e me mostrou a tela.
Fiquei boquiaberta.
Seu amor era Ayrton Senna.
Falamos dele. De seu Instituto no Brasil. Da última corrida naquele 1º de março. De sua carreira. Do homem que era.
As duas bem emocionadas.
Depois ela me deu um abraço muito apertado e disse que sentia felicidade quando ouvia alguém falando português e se foi.

Não tive coragem de perguntar se ela teve mesmo algo com ele ou se era só um amor platônico de fã.
Mas aquela mulher linda mudou meu dia.

Mudou tanto que voltei na barraca da blusa.
Não disse nada. Peguei a blusa. Peguei os 15 euros, preço que estava escrito na etiqueta e disse:
_ Embrulha, vou levar!
_ Não entendeu minha filha? Embrulha...é minha!
E sai toda feliz. Quando cheguei no hotel a primeira coisa que fiz foi vestir.
E deu! Ficou justa...vai ficar melhor se eu emagrecer uns dois quilos...mas deu...e se eu quiser usar assim, agarradinha no corpo, problema meu.
Nenhuma italiana antipática vai dizer o que eu posso ou não posso usar!

Conclusão: O que não faz uma história de amor na vida de uma brasileira!

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