Depois dizem que nós, brasileiros, somos supersticiosos. Mas, eu digo:
Italianos são hiper supersticiosos...ou não rsrsrs!
Escrevendo depois de ter passado só 16 dias por lá, consigo
lembrar de cara de seis vezes que ouvi a palavra superstição.
No primeiro dia, em Roma, fui a Fontana di Trevi e entrei de cabeça na crença
de que se jogar uma moeda na fonte você volta a cidade e ainda arruma um
namorado italiano. Fechei até os olhos, virei de costas e pedi baixinho. Quero
metade da minha moeda de 01 euro de volta...retornar a esse lugar eu quero, mas
um romano só se for educadinho rsrsrs
Depois desse dia foram incontáveis as histórias de crenças e
convicções.
Por exemplo, em Milão é preciso dar uma volta em um touro
pintado no chão de uma galeria de lojas caras para se ganhar muito dinheiro. E
muita gente faz isso! Eu só descobri o que era aquela dança indígena quando já
estava longe de Milão e uma amiga me perguntou no Facebook:
Deu a volta no touro?
Em Veneza a crença é baseada em uma história triste. Na
entrada da Piazza San Marco existem dois grandes pilares e quem é veneziano não
passa entre os dois. Dão a volta e passam por fora. Isso se deve a que entre os
pilares era montada a guilhotina e a forca com que sacrificavam os condenados. Se
você pensar que para pegar a lancha para entrar e sair de Veneza você passa sempre
por ali, olha só que pesado isso...
Já em Florença a história tem a ver com um porco do
mato...rsrs
Todos tem que passar a mão no focinho da estátua do bicho se
quiserem ser bem sucedidos nos negócios que envolvem dinheiro. Isso se explica
porque nessa praça os banqueiros da época feudal e depois quando surgiu o
mercantilismo se reuniam para fazer negócios com seus produtos.
Por via das dúvidas esfreguei com vontade o nariz achatado.
E por conta dessa história, me vem na cabeça uma outra engraçada. Nesse dia, em
Florença, eu e um casal amigo almoçamos no Mercado Central e depois queríamos
comprar bolsa em uma feira que fica nessa praça. Mas, nos perdemos e cadê que
conseguíamos.
Parei junto de uma senhora e disse no melhor italiano com
libras:
Per favore, a piazza de....de...de...e esfreguei o nariz de cima pra baixo. Ela
riu e me mostrou o caminho. Mas é tudo bem parecido nas ruas de lá e mais
adiante foi a vez do Orlando parar em uma banca de jornal e esfregar o nariz
igual ao que fazem na estátua...e lá fomos nós e não é que de nariz em nariz
chegamos no local certo...rsrsrs
Em Verona, quem não sabe da crença imortalizada no filme “Cartas para Julieta”?
Dessa vez não fiz porque todo mundo faz.
Tomada por uma emoção imensa em estar no cenário da mais linda história de amor
de todos os tempos, eu fiz porque foi mais forte do que qualquer racionalidade
que possa haver. Me afastei dos outros, parei ali na passagem onde ficam os
muros, pedi baixinho que um dia alguém me ame do mesmo modo que eu ame esse
alguém. Procurei um papelzinho branco no fundo da bolsa e escrevi meu nome,
colando no muro com o que tinha...um band-aid. Vai que dá certo e na próxima
vida isso acontece?!
E finalmente a superstição mais sem noção que vi. Em frente à
casa em que morou Julieta, embaixo do seu balcão tão lindo, existe uma estátua
dela em bronze. Não é que algum bobão (homem, é claro) inventou que quem
passasse a mão nos seios de Julieta teria sorte no amor. Pode ser mais sem pé e
sem cabeça? Romeu e Julieta protagonizaram a mais linda e triste história entre
dois seres que se amam. Erotizaram Julieta...e a turistada toda tirando foto
com a mão no peito do símbolo máximo do amor pode isso?!
Por certo, essas superstições tem uma forte tendência de servirem
para agradar turistas secos por fotos e novidades, mas no fundo, quem seria
capaz de duvidar completamente, de tudo?!
E aproveitando que estamos na Europa, lembremos de um dito espanhol:
Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!