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Esses últimos dias foram (e ainda estão sendo) muito tristes pra mim.... na quinta-feira tive uma recaída muito forte, quase enlouqueço de tanto chorar, me peguei com meus exames, com as únicas lembranças que me fazem ter certeza de que tudo realmente aconteceu, que realmente eu tive, mesmo que por pouco tempo, meu filhote junto à mim...
As pessoas acham que estou bem e sinceramente eu não consigo entender como elas acham isso... está na minha cara, me olho no espelho todos os dias, na esperança de ver outra coisa além do que consigo ver, mas não, eu estou lá, com a cara de quem está sofrendo, de quem está profundamente triste... ninguém vê isso, pelo contrário, me encaram e dizem: "vai passar, você é jovem, tem muito tempo pela frente".... pode até ser, embora eu não acredite muito nisso...
O "se" é uma coisa muito forte e muito presente neste momento de minha vida... "se" ele estivesse aqui, "se" eu soubesse que ia sofrer assim, "se", "se", "se".... tantas incertezas que nunca se tornarão concretas; tantas lágrimas e sofrimentos derramados seriam evitados "se" não tivesse acontecido esta tragédia....
E assim vou vivendo, dia após dia, na contagem dos anticoncepcionais tomados, me sentindo uma presidiária de mim mesma, esperando o dia da libertação, o dia que poderei recomeçar, o dia que poderei tentar novamente, sempre com a incerteza do "se" rondando minha vida...
Tem dias que nem quero levantar da cama, na realidade, nem queria acordar... ver mais um dia nascendo e constatar que minha barriga está vazia, que ninguém habita mais aquele ventre, que tudo está tão seco, oco.... às vezes acho que vou explodir, que não terei forças pra suportar algo tão inexplicável que é a tal saudade!!!
Tento me concentrar, me distrair com outros assuntos, meto a cara nos meus livros ou em cursos, na esperança de sentir novos ares, porém, sempre volto ao mesmo lugar, ao mundo da tristeza e dos "se".... e ao meu redor, um mundo cheio de grávidas, bebês, conversas de mãe, dúvidas de amigas que, por minha profissão, eu tenho mais que o dever de orientar na amamentação, nas melhores posturas para alimentar, nos primeiros balbucios, nas primeiras palavras...
O pior é que tenho que suprimir esta dor... não posso expressar que estou sofrendo, que sinto muita tristeza por tudo que me aconteceu... não tenho ninguém pra dividir esta dor que me sufoca, que me estrangula o peito, que me faz ter a sensação que sou uma bomba-relógio, prestes à explodir a qualquer momento... e, assim vou vivendo, lembrando em alguns momentos, chorando baixinho e escondida em outros, mas nunca esquecendo que "se" ele tivesse aqui, tudo seria diferente....