28 de novembro de 2013

Palavras de nossas moradas

Sabiam que a palavra casa em Latim não era usada para nomear moradas em geral? As moradas maiores e melhores eram chamadas de domus. Daí derivou-se a palavrinha: domicílio e algumas outras. A palavra mansão, por sua vez, vem do Latim mansio, de mansus, particípio passado de manere, “ficar,permanecer”. Tal palavra acabou designando uma casa de grandes dimensões e de muito boa apresentação, onde permanecer não é nenhum esforço.
Telha também veio do latim: tegere, “cobrir”. Em Biologia, tegumento é o nome dado à pele que cobre um animal, tudo a ver. Pátio - como seria bom que todas as moradas tivessem um pátio e um quintal para a criançada brincar e os adultos flanarem. A palavra pátio vem de patere, “aberto, amplo, visível”.
Corredor é do latino currere, “correr”. Parte da casa que interliga os comodos e normalmente se mantém desimpedida, de modo que dá até para correr ao longo dela, imagino seja esse o sentido.
Li por ai que nos palácios franceses os arquitetos ainda não tinham incorporado a ideia do corredor, de modo que passava-se de um quarto pelo outro para se chegar até onde se queria e essa é uma das razões para as camas antigas terem aquelas colunas nos cantos e dosséis de tecido que ocultam o seu interior. Achei essa informação "inútil" o máximo, como li num blog amigo esses dias: "O supérfluo é coisa muito necessária" Voltaire
Quarto vem do Latim quatuor, cuja significação é “a quarta parte da casa”, não necessariamente em área, mas em função. Cozinha é do Latim coquere, “cozinhar”. Banheiro de balneum, “banho privado”.
A palavra “privado” é porque, na antiga Roma, era costume se tomar banho em estabelecimentos públicos, onde eram feitos encontros entre amigos e se discutiam as fofocas mais recentes.
Sótão, muito legal ter um sotão, a palavra vem do Latim subtulum, de subtus, “o que está debaixo”. Subentende-se: debaixo do telhado, da cobertura da casa. Hoje são poucas as casas que têm um espaço utilizável entre o telhado e o forro. Na casa de minha mãe tem e eu já subi lá e achei uma aventura. A existência dele está esquecida, tendo inclusive muita tralha por lá,  coisas que jamais vão ser usadas ou são necessárias tipo dois dias depois que se criou coragem para se livrar delas, sabem como é? Só de curiosidade, no clima da descontração, a expressão “ter macaquinhos no sótão” já foi muito usada para designar uma pessoa que tinha caraminholas na cabeça.
Porão, lá na casa de minha mãe também tem um que só se agaixando com juntas treinadas na yôga para entrar e se movimentar e vestimenta tipo uniforme da Nasa, pois deve ter de tudo por lá. A palavra latina de origem desse local pouco comum nas casa é planus, “liso, chato, plano”. Em náutica, nos navios, designa-se como porão o espaço entre o convés mais baixo e o fundo do casco.
Forro, também tem lá e esta palavra, ao contrário das outras, não tem origem latina. Vem do Francês antigofeurre, “guarnição interna” e em construções designa a separação horizontal entre o telhado e os aposentos. Acho muito chique esse termo, um dia ainda vou residir em uma casa enorme e dizer para alguém: - Vou para os meus aposentos!
Indo do luxo a realidade que muito vivi de baldes espalhados pelo chão, panos, puxa-puxa de coisas de lá para cá, barulhos de pinga-pinga. Quem vive ou já viveu numa casa de telhas, sabe dessas e outras histórias de goteiras e essa palavrinha gotejante veio do latim gutta, “gota”. Chega né! Cansei, tipo tivesse faxinado uma mansão.

7 comentários:

  1. Adorei passear pelas palavras e aprender ou relembrar contigo, nesse modo tão lindo que tens de nos contar! beijos,lindo dia! chica

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  2. menina eu aprendo todo dia aqui \o/

    bjokas =)

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  3. Viver é aprender...adoro essas curiosidades! :)
    Passando para deixar aquele beijo e um assoprinho na orelha para dar aquele arrepio! ui!
    bjs

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  4. Oi Tina!

    Olha, seu post de ontem sobre a velocidade, me tocou tanto e tem muito a ver com o tema do encontro de grupo que será neste sábado. Vou utilizá-lo numa das vivências, depois te conto o resultado, estou colocando seu link na lista de indicações lá no meu blog, o pessoal vai adorar…
    Bjs

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  5. Oi Tina! É uma pena que não tem mais latim nas escolas! Muita coisa perdemos sobre a origem das palavras. Bem interessante seu texto! Gostei! bjs,

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  6. Muito, Muito Obrigada!
    Amei o texto e as imagens, você é muito querida.
    Bjs

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  7. Que legal Tina, adorei que partilhasse os baldes e goteiras, também já vivi estas situações que eram um transtorne pra minha mãe, mas para nós crianças foi uma fase lúdica e inesquecível.
    Obrigada pelas preciosas informações, aprendi muito .
    Grande abraço

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