O livro das almas

Para começar um recado para aqueles criticozinhos que nasceram nos anos 90, mas fizeram suas críticas baseados na premissa de que a banda dos anos 80 não existe mais: Estamos em pleno século XXI, no ano de 2015, os anos 80 são apenas uma lembrança, quem parou lá está enterrado ou cremado.
O mundo foi em frente e com ele o Iron Maiden.
Quer algo dos anos 80? Compre uma cópia do Piece of Mind ou do Powerslave, mas não encha o saco.
The Book of Souls é tão clássico quanto os melhores discos da banda e por méritos próprios, não por descendência.

Arrisco dizer que é o melhor álbum da banda desde Seventh Son of a Seventh Son.
Assim... Não é um grande disco porque é um disco do Iron, mas é um grande disco do Iron.
Dá para entender? Não?
Então ouça If Eternity Should Fail e entenda.
É provavelmente a melhor música da banda enquanto sexteto com seu refrão forte e levada cadenciada, pesada e densa.

A produção de Kevin Shirley não mexeu no som da banda.
A voz de Dickinson faz acrobacias com as letras; Os três guitarristas se completando um ao outro com seu timbre, sua assinatura pessoal sem exageros e Nicko McBrain conduzindo as canções sem preguiça se  utilizando de pratos china splash e cowbells que soam como novidades, embora não sejam.
O que se ouve é puro Iron Maiden, tanto que o single Speed of Light é inconfundível e segundo  o próprio Nicko é uma homenagem ao Deep Purple.

Um dos pontos em que os meninos que não viram os 80 estão se pegando é a repetição citando Shadows of The Valley como exemplo e dizem que há autoplágio no riff de abertura (Wasted Years, do Somewhere in Time) e na letra que tem um verso que termina em “Sea of Madness”.
Não é plágio, é autorreferência. Se o Ramones ainda estivesse na ativa, provavelmente eles diriam a mesma coisa dos novos discos.
Também reclamaram da duração das canções. Bobeira.
The Red and the Black - que leva a assinatura de Steve Harris - é puro Maiden.
The Book of Souls é uma das mais lindas músicas que a banda já compôs.
E que fique claro, não é porque é linda que é uma balada sentimental ou canção romântica.
Mas foi com a faixa final: Empire of the Clouds que a coisa ficou realmente séria
“-São dezoito minutos!” – estrilaram os meninos acostumados com músicas fáceis de quatro minutos.
Sim... São os dezoito minutos mais diferentes de um disco do Maiden jamais ouvidos.
A começar pela introdução com um inédito piano, passando pelas diversas partes da música que ilustram a história do acidente do dirigível britânico R101 em 1930.
Não há muitas palavras para descrever de forma exata.
Emocionante é pouco.

Não se sente que as músicas são longas. Não dá para se preocupar com a duração das faixas de tão agradáveis.
E para aquele zémané que nunca se deu ao trabalho de ler uma letra, mas insiste em dizer: “-Airo Meide é satanista!”, Tears of a Clown  é a madeira perfeita para arrebentar preconceituoso.
O disco prova que a banda não se acomodou e que respeita seus fãs se esmerando em lançar discos com novidades e boas doses de inventividade.
Quem é fã vai amar. Quem não é tem grandes chances de vir a ser e claro: haters gonna hate... Ever.
Problema deles.

Comentários

Marques disse…
Excelente.
Assino embaixo, álbum espetacular.